A morte de uma mulher pode mudar o Irão? | vídeo

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Este podcast tem o apoio da Gama Audi e Tron Esta é a história do dia da Rádio observador como a morte de uma mulher pode mudar o [Música] irão al sahani é eurodeputada é sueca de origem iraquiana numa sessão no Parlamento europeu agarrou o cabelo e cortou uma madeixa usando uma tesoura ao

Mesmo tempo dizia a palavra azadi Liberdade em persa dezenas de mulheres estão também a cortar pequenos pedaços de cabelo atrizes francesas ou portuguesa Fernanda Serrano fizeram o mesmo em solidariedade com os protestos das mulheres no irão protestos [Música] em os Estados Unidos e os Isra de serem osores [Música]

Maham foi detida a 13 de Setembro por alegado uso inadequado do hijab o vé islâmico teria umas madeixas de cabelo à mostra TR dias depois era conhecida a notícia da morte da jovem de 22 anos iraniana de origem curta a morte de ma desencadeou uma onda de protestos já

Ultrapassou as fronteiras do Irão as mulheres cortam pedaços de cabelo em homenagem a esta vítima da intolerância até que ponto estes protestos desencadeados por mulheres contra um regim dominado por hom e pelo fundamentalism podem derrotar o regime vou convers professor de relações internacionais da Universidade do Minho Paulo bati Ramos eu sou Ricardo

Conceição e esta é a história do dia bem-vindo Professor Paulo Batista Ramos Obrigado pelo convite professor consegue resumir assim no minuto a revolução iraniana a mudança do regime do chá da Pérsia para o tempo do zatas assim no minuto sobre a revolução de 1979 O que é que se pode dizer muito

Sucintamente Tudo começa assim o evento marcante até fazendo um paralelismo com que está a passar hoje no irão é o o funeral do do filho mais velho do comen em 1977 numa cidade santa do do Irão chamada com e a partir do das celebrações digamos assim da da cerimónia fúnebre

Eh começam a desencadear-se um pouco por todo o irão protestos contra o chá que e vão percorrer todo o ano de 1978 portanto os iranianos vão estar na rua com estava no exílio estava no Iraque e já era um grande símbolo digamos assim da oposição ao regime do

Chá que era visto como eh pró ocidental eh um pouco anti iraniano Mas acima de tudo anti Muçulmano e toda esta agitação turbulência sociopolítica do ano 1978 vai culminar amente na Revolução eh do início de 1979 fevereiro de 1979 o chá abandona o o país e é precisamente comen

Que o primeiro a chegar digamos assim o primeiro a marcar terreno A regressa de Paris na altura El já já estava em Paris há alguns meses no exílio e regressa a a tirão e vai ser ele encabeçar vai ser ele o grande símbolo digamos assim da oposição ao chá que também tinha ao

Fim e ao cabo certa medida também era uma oposição ao mundo ocidental com o qual o já tinha alianças principalmente Estados Unidos eh Israel O que há aqui de interessante e até para fazer um paralelismo com o que se está a passar hoje no irão é que há várias tendências

Sociais políticas em torno do comen portanto comen era um fundamentalista islâmico tinha uma visão particular que ele próprio tinha criado sobre como é que deveria ser governado o o irão mas na realidade havia comunistas havia clérigos moderados havia Democratas havia liberais e esperando que comen fizesse essa abertura digamos

Assim não fosse uma transição de uma de uma ditadura ou de uma monarquia absoluta para uma revolução e islâmica mas sim que fosse para uma revolução democrática ou para um Islão democrático na verdade comen Foi bastante mais hábil que todas essas forças que se movimentavam na altura e conseguiu enfim implementar a

Sua visão digamos assim aquilo que podia ser o regime futuro do do Irão e podemos dizer que afinal estamos perante um regime que é dominado por fundamentalistas islâmicos neste caso chitas certo eh é um regime fundamentalista islâmico Como eu disse há pouco assente numa visão particular do ayatola comen é preciso também ter

Atenção Ele já tinha 77 anos quando tomou o poder portanto em 1979 ele já era uma personalidade também muito respeitada por causa da sua idade na altura de 37 anos ainda é muito mais do que hoje em dia não é e ele tinha criado uma nova filosofia política

Chamada V fai com a fim cava teocracia que é a fundamentação da teocracia islâmica eu tinha criado isso no exílio em palestras el teve no exílio no Iraque a ao sul bagdade no seminário mais antigo do do chismo que é n jaf e portanto Foi aí que ele construiu toda a

Filosofia política que depois vai implementar eh com a revolução islâmica que assenta efetivamente em princípios eh fundamentalistas ou integrista no sentido em que a religião os textos sagrados é que devem comandar toda a vida da política social quer dos inidos quer do Estado quer da sociedade o

Regime contou com esse apoio popular e de vários setores pelo menos no arranque esse sentimento foi mudando está tudo igual hoje aquilo que era ali no início dos anos 80 eh não não está tudo igual o sentimento foi mais mais mudante foi a própria estrutura da população a estrutura

Demográfica que se altur Quando ocorreu a Revolução existiam mais ou menos 40 milhões de iranianos hoje os iranianos são Cerca de 80 milhões O que é que isto significa que a maioria da população eh não conheceu por is simplesmente a revolução islâmica portanto 40% hoje em dia da população iraniana tem menos de

25 anos e muitos eh já nasceram após 1979 e portanto a revolução islâmica já é algo distante para a maioria da população eh iraniana tirando a elite que se mantém uma elite gerontocrático que se mantém eh No Poder Além do que para consolidar o poder comen instituiu logo um regime repressivo e portanto

Começa logo uma política de repressão cria a guarda da revolução islâmica cria os bazis portanto todo uma série de forças policiais e militares que vão garantir e salvaguardar eh o regime que saiu da revolução islâmica portanto a república islâmica eh do Irão e que na prática eh tem uma atuação

Muito Idêntica ou Idêntica ou até pior do que a polícia política no tempo do do chá e a 13 de Setembro uma jovem de 22 anos é detida e três dias depois morre às mãos da polícia da moral é detida por mau uso do Lenço H E deste tipo

Particular de lenço ou de véo islâmico o hijab exatamente eh é detida aparentemente até tava a usar o ijab o tal lenço aou véo islâmico mas estaria usá-lo de forma inapropriada que é muito comum no irão a maioria das Jovens e das mulheres no irão eh apesar

De ser obrigatório o do Lenço usam assim de uma forma um pouco livre um pouco solta portanto não tapam completamente o cabelo não tapam completamente a cara e portanto usam até aquilo como uma forma Fashion digamos assim Aliás sempre foi um pouco essa a tradição iraniana não é

Já dos tempos do do chá sim o no chá não era de todo obrigatório a utilização do do do hijab não é portanto no tempo do chá apesar de ser não existir pluralismo político digamos assim existia pluralismo social portanto havia uma abertura completa dos costumes e eh o

Governo do chá tentava não interferir na vida pessoal privada de cada um nem nas questões eh religiosas e portanto no tempo do chá havia efetivamente um pluralismo em termos de género também as mulheres tinham eh tendencialmente os mesmos direitos que os homens Aliás o comen salta para a ribalta política ou

Para o grande combate político nos anos no início dos anos 60 quando são eleitas as primeiras mulheres como deputadas mas agora existe essa polícia da moral sim existe essa polícia moral existem muitas polícias no no irão incluindo doos bigi eh que eh fazem esta vigilância Total totalitária digamos

Assim dos costumes e dos comportamentos do dos cidadãos se estão de acordo com com a a lei H islâmica é muito comum este tipo de repressão portanto isto que aconteceu à maam min é relativamente comum no irão eu lembro por exemplo os ataques com ácido que as mulheres costumam sofrer

Por não usarem o vé de forma correta desta vez foram um pouco mais longe eh digamos assim a polícia levou para a esquadra e efetivamente indica que que ela morreu na esquadra e que enfim sofreu pancadas no crânio e que terá sido isso que levou à morte ela teve em

Coma durante vários dias portanto no dia 13 ela é detida e no dia 16 ela morre eh e depois é na sequência do seu funeral portanto tal como no filho do comenia é na sequência do seu funeral que começam a ser desencadeados primeiro protestos na sua cidade natal que é no curdistão e

Depois um pouco por todo o irão e a repressão eh desses protestos tem sido eh violenta quantas pessoas já já morreram violentíssima eh neste momento de acordo com organizações não governamentais eh aproximadamente 100 pessoas já terão morrido e mais de 1000 já terão sido detidas agora eu também só

Gostaria de sublinhar que os últimos grandes protestos que aconteceram no irão foi em 2019 e digamos assim a Faísca que que os desencadeou foi o aumento dos preços de combustível e provocaram mais de 300 ou 400 mortes portanto os números são um pouco díspares mas foram centenas de mortes aqui

Também estamos numa situação que é relativamente eh comum ou tá de acordo com aquilo que tem sido os protestos no irão nos últimos pelo menos 10 anos já voltamos à conversa com o professor Paulo Batista Ramos da Universidade do Minho sobre a situação que se vive atualmente no

Irão sim a Gama Audi etron é 100% elétrica mas é mais do que isso leva-nos mais longe do que imaginamos encontra no silêncio o ritmo perfeito faz-nos olhar duas vezes se formos suficientemente rápidos por isso sim a Gama Audi hron é 100% elétrica e entre outras coisas fantásticas apoia

Do Audi o futuro é uma [Música] atitude estamos de regresso à conversa com o professor Paulo Batista Ramos esta canção que estamos a ouvir em fundo significaa cus símbolo de resistência e tem tocado em protestos e é muito usada H nas redes sociais este por causa de é também usado

Para os mais variados fins estes protestos em defesa da Liberdade tem apenas como base este desejo de liberdade Ô Professor H aqui mais Há outras questões sociais e económicas a alimentar todos estes protestos Há mais ento que há mais e eu acredito que sim que seja em nome da liberdade que a

Maioria das pessoas estão ir para as ruas principalmente os mais jovens eh mas a verdade é que por exemplo a inflação no irão tá na casa dos 60% portanto óvi M que também há condições socioeconómicas propícias digamos assim e ao desencadear destes protestos mas há outra questão que talvez tenha sido mais

Relevante do que propriamente as questões socioeconómicas que é o facto de daam amini ser de origem curda e o irão tem muitas minorias étnicas tem o curdistão iraniano tem o Azerbaijão iraniano dos azeris tem ul também uma minoria árabe junto ao golfo pérsico no cestão tem também uma uma minoria balus

Junto à Fronteira com o Paquistão isto para dizer que no seio da cidade iraniana também existem tensões eh etnon nacionalistas que eh tendem a ser os principais veículos normalmente Quando acontecem protestos no irão mesmo os os protestos contra o aumento dos preços de combustíveis o aumento dos preços dos

Bens essenciais como aconteceu em 2017 com os ovos eh pode haver ser essa a fagulha mas depois as regiões que normalmente que são mais rápidas a absorver a onda contestatária são precisamente as regiões onde vivem estas minorias étnicas não persas digamos assim no irão e eh o a questão que

Estamos a viver Hoje teve aver efetivamente eh eu julgo mais do que a liberdade mais do que a morte de da mas amini teve a ver com a questão dela ser curda e foi precisamente no curdistão iraniano nas cidades curdas onde se der os primeiros protestos que passam imediatamente para protestos antir

Regime e temos visto também tomadas de posição públicas de artistas ativistas um pouco por toda a Europa também no mundo ocidental até que ponto é que esta pressão externa pode ou não ter alguma influência e no irão isso é novo não é comum vermos a comunidade iraniana no exterior tão ativa

E e na organização de manifestações e contra o regime um pouco por todo o mundo normalmente são os grupos oposicionistas mais organizados como os MJ alcal que tomam a dianteira e a liderança desses protestos fora do irão mas eh desta vez estamos a ver efetivamente a a comunidade iraniana nos

Estados Unidos no Canadá em França na Alemanha e a tomar a dianteira e com muito os intelectuais artistas iranianos e não só a solidarizarem se e com aquilo que está a passar no interior do Irão quanto ao impacto no regime em si eu francamente sou um pouco mais cético e

Acho que vai ser diminuto o regime normalmente costuma ignorar ou descartar todos estes tipos de manifestações e portanto duvido que isto tenha algum tipo de IMP depressão sobre principalmente o guia Supremo al que só falar sobre isto sobre a morte não devia ter usado mal já a fim

Quase pela sua morte não e há alternativas eh credíveis no irão para uma eventual mudança de regime e já lá vamos a essa pergunta se estes protestos podem ou não fazer cair o regime há alternativas nesta altura há há alternativas Há Há muitas alternativas o irão é uma sociedade bastante jovem eh

Bastante educada com muita população bastante educada com muita vontade de conhecer o mundo exterior com muito conhecimento do muito exterior e principalmente do ocidente muito virada com fortes ligações ao mundo ocidental que er a Europa que era aos Estados Unidos ao Canadá no Canadá uma grande comunidade

Eh eh iraniana e também existe digamos assim uma oposição ao regime organizada tanto interna como no exterior eu diria que oposição interna são são normalmente habilidades de pragmático ou de reformistas São perfeitamente capazes de transformar ou de fazer uma transição do regime de forma pacífica há uma oposição

Externa sediada no exterior que são os pevas portanto os herdeiros da monarquia do chque querem o regresso da monarquia ao país e outros grupos mais radicais esses eu diria que tem uma visão mais radical desta mudança de regime mas no interior do do próprio irão no interior das instituições principalmente civis

Políticas académicas há efetivamente capacidade e vontade de fazer esta transformação por dentro digamos assim eh do regime se vão ou não conseguir eh Isso já é outra questão tivemos Essa é essa é a pergunta não é se um regime desta natureza e com a força que tem

Pode ou não ser derrubado Ou pelo menos empurrado pela força Popular exatamente vimos enormes manifestações massivas também em 2009 com o movimento Verde portanto antes das Primaveras árabes ainda tiveram milhares milhões de pessoas nas ruas de irão durante meses e o regime enfim abanou mas não caiu o

Resultado foi o o o presidente eleito ajado na altura manteve-se no poder e os líderes tinham atado contra a mana de jado estão ainda em prisão domiciliária foram para prisão domiciliária em 2011 ainda se mantém em prisão domiciliária a questão hoje é até que ponto eh estes protestos são diferentes são mais eh

Vigorosos e até que ponto conseguem ou não abanar os alicerces do regime eu diria que a questão central está eh nas Forças e serviços de segurança e no Militar do do Irão enquanto este setor digamos assim da sociedade iraniana se mantiver coeso e unido como se tem mantido até aqui eu duvido muito

Que haja alguma capacidade digamos da sociedade civil destes jovens eh que consigam enfim eh provocar essa mudança do regime quer dizer ou estes protestos atingem realmente patamares eh nunca vistos durante os últimos 40 anos e provocam a tal dissensão ou ou fraturas no interior do tal steevens

Militar ou eh que pode afetar e a elite Religiosa e forçá-los a reformas eh de outra forma não estou a ver efetivamente como é que estes protestos por mais massivos que sejam como é que possam efetivamente provocar bos nos alicos do regime Muito obrigado Professor Paulo Batista Ramos obrigado eu foi um

Prazer Paulo Batista Ramos é professor de relações internacionais na Universidade do Minho e já participou noutros episódios da história do dia por exemplo sobre o poderio militar e nuclear Russo esta foi a história do dia neste Episódio ouvimos alguns sons forgados pel agência a sonoplastia é da beat Garcia a

Música do genérico do João Ribeiro eu sou Ricardo Conceição até [Música] segunda este podcast tem o apoio da Gama Audi etron