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Esta é a história do dia da Rádio observador há remédio para as urgências [Música] eu não acho que haja nenhum cenário de caos há um cenário de dificuldades mas as pessoas estão todas a ser atendidas na segunda-feira quando os utentes esperavam horas e horas na urgência do
Maior hospital do país o Santa Maria em Lisboa o ministro da saúde que a situação não só não é tão como parece como não é generalizada estamos muito concentrados na necessidade de responder à contingência que estamos a viver o ministro acrescenta que o Governo está a atuar para criar condições que evitem um
Cenário que se mantém horas e horas de espera Nas urgências estamos ao mesmo tempo a tomar medidas estruturais mas como todos compreendem as medidas estruturais demoram tempo a produzir efeitos são medidas que visam alargar o acesso aos cuidados de saúde primários reorganizar as urgências procurar criar espaços alternativos para que as pessoas
Quando têm uma doença aguda não tenham que recorrer à urgência essas medidas estruturais vão produzir os seus [Música] efeitos demissões em bloco de responsáveis por serviços de urgência serviços encerrados doentes encaminhados para grandes hospitais como o Santa Maria em Lisboa o cenário é preocupante e ninguém o
Consegue resolver com a rapidez de que os utentes necessitam vou conversar com João Varandas Fernandes que no período entre 2004 e 2008 foi diretor de urgências do hospital de São José em Lisboa foi este médico que introduziu naquele hospital o sistema conhecido como Triagem de Manchester o tal das
Pulseiras azul verde amarela laranja e vermelho eu sou Ricardo Conceição e esta é a história do [Música] dia muito bem-vindo Dr João Varandas Fernandes Olá Ricardo vamos aqui começar com uma noção básica O que é uma urgência médica e uma emergência médica são coisas diferentes há uma diferença entre casos urgentes e casos
Emergentes e há Infelizmente quem confunda urgências com emergência hum são situações distintas nas situações de urgência eh eh é pela definição geral corre-se o risco de perda de funções vitais mas não existe a intervenção de cuidados médicos no imediato na maioria das vezes enquanto que numa situação de
Emergência existe um risco de perca de vida ou de funções orgânicas e necessita de uma intervenção médica o mais rapidamente possível e nesta altura estamos a ter uma grande afluência aos serviços que resolvem emergências por por parte de doentes urgentes podemos dizer isto não nós estamos a ter uma
Grande afluência aos serviços de casos urgentes não são de casos emergentes exato Porque conforme temos conhecimento a percentagem de episódios de urgência com níveis de prioridade mais baixa ou seja pela Triagem de Manchester do azul verde e branco comparativamente seg os relatórios oficiais em 2021 foi de 44 4%
Ou seja mais 1 ponto e meio percentual do que em 2020 E também temos que ter em linha de conta que historicamente Portugal é o país da ocde com mais episódios de urgência per cápita o que revela na minha opinião a persistência de de situações de recurso inadequado e que
Possam ser e que podem ser evitadas à fluência aos serviços de urgência e isso acontece porque não há respostas alternativas por exemplo aqueles velhos SAP o serviço de atendimento permanente desapareceram ou estari aqui errado não há essas alternativas haver alternativas existem agora temos que temos que dizer
Que há uma insuficiência de respostas a montante também há uma insuficiência de respostas a jusante uhum estamos a falar AJ usante dos hospitais existe os cuidados de saúde primários não estão a dar resposta obviamente assim como H os cuidados continuados também não estão a dar resposta e portanto os hospitais
Estão neste momento com um aperto quer a montante quer a jusante estando neste momento a sua atividade programada nomeadamente no que diz a resposta imediata às consultas à marcação de consultas e às suas listas de espera obviamente que há um aumento desse número de casos em virtude deste aperto
Que eu lhe acabo de referir que era montante queera a jusante sen Doutor vamos imaginar que alguém que está a acompanhar as notícias e eu vou aproveitar que tenha aqui um um especialista em trauma um ortopedista e essa pessoa torce o pé a deser uma uma escada o tornozelo incha dói quando põe
O pé no no chão mas pensa bom eu não vou para o hospital ficar 10 ou 12 horas ou 14 à espera ou seja esta situação que estamos a viver em sua opinião pode minar a confiança dos utentes numa que será uma das nossas maiores joias ou
Conquistas que é um eh serviço Nacional de saúde Universal eu eu penso que não não não vai minar a confiança dos portugueses que o serviço Nacional de saúde na sua base na sua essência tem tido respostas e boas tem tido respostas em muitas das situações como se viu agora ultimamente
Referindo o último exemplo em relação ao covid tem tido respostas francamente positivas e h na hora e portanto também não podemos ser assim tão negativos em relação a uma perspectiva que é uma perspectiva de que e e assenta numa realidade que é de facto nesta H determinadas alturas do ano onde temos
Uma afluência maior aos serviços de urgência Isso é verdade e por aquilo que eu já lhe disse obviamente os serviços de urgência neste momento estão a funcionar como estavam há 10 15 20 anos atrás eh independentemente de tudo o que tenha sido feito para dissuadir ou para atenuar esta afluência eh dos pacientes
Ao serviço de urgência nomeadamente foi feita a triagem de Manchester foi feita que que que os duentes passariam a ser admitidos por grau de gravidade e não por or chegada foi feita as taxas moderadoras for feit os incentivos às equipas dedicadas para o serviço de urgência Sim foram tomadas uma série de
Medidas ao longo do tempo podiam não ter sido suficientes como não foram Como se comprova que não foram mas foram tomadas uma série de medidas para que isto enfim estivesse melhor só que isso não mas mas mas como é que preservamos este Pilar se olha preservamos este Pilar organizando
De uma forma melhor interagindo interinstitucional finalmente entre os cuidados primários de saúde entre os hospitais e os hospitais entre si também com os vários níveis de de urgência que que que de facto estão qualificados para poder atender e depois também e e eh a jusante toda uma resposta nos
Entrenament dos hospitais um grande número também elevado de casos sociais que estão enfim estão a ocupar camas que deviam ser camas de internamentos de doentes eh eh entrados pelo serviço de urgência e que muitas das vezes permitem que esses doentes não sejam internados estejam acumulados no serviço de
Urgência isto é uma realidade já voltamos à conversa com João Varandas Fernandes o médico que introduziu o sistema de Triagem de Manchester no hospital de São José em [Música] Lisboa no mundo em que uns rezam a Jesus outros a Maomé e há até os que vem em Buda o verdadeiro guia
E depois há quem não acredita em nada será que a religião ainda serve para alguma coisa O Jesuíta Francisco Mota vai responder a esta pergunta no novo curso da academia observador inscreva-se academia observador grandes cursos a pequenos preços estamos de regresso à conversa com João Varandas Fernandes médico lidera o centro de responsabilidade
Integrado de Traumatologia pédica do Centro Hospitalar Lisboa Central S Doutor quando esteve à frente das urgências do São José entre 2004 e 2008 e avançou com a triagem do sistema de Manchester acabando com aquele sistema de que falava há pouco de por ordem de chegada eu já era jornalista e lembro-me
Bem que o assunto deu Brado queria aqui que nos Contasse um episódio relativo a Essa sua decisão nomeadamente a história de uma caveira ol obviamente que aqui já lavam uns anos e e e e há várias histórias em relação não foi fácil fazer aplicar a triagem de maesta porque em
Simultâneo tivemos que reorganizar os espaços físicos do serviço de urgência do hospital de São José que é um serviço tradicionalmente h e com história na área cirúrgica e na área do trauma para além de ter um uma boa qualificação em termos médicos também como é óbvio Mas
Tem uma história e portanto nós na altura quando introduzimos a triagem de macher fizemos obras de adaptação física em criação de gabinetes informatiz o serviço de urgência não há assim tantos anos portanto estamos a falar em 2004 e começamos a informatizar oos serviço de urgência at aí era era a Cinha de papel
Que circulava bem como até aí também eram os doentes que eram atendidos por ordem de chegada e não por ordem de gravidade à exceção dos doentes emergentes exatamente e obviamente que quando começamos a quando concluímos as obras com o objetivo de implementarmos A triagem de machester o primeiro cuidado
Que eu tive como diretor de urgência foi ter uma equipa transversal eh desde enfermeiros técnicos administrativos técnicos diagnóstico e terapêutico e hum Profissionais de Saúde dos mais variados das carreiras que fosse que fôssemos ali uma autêntica equipa porque eu percebi logo à logo à partida que não iria ser
Fácil e hum ou seja introduzir a triagem de Manchester apesar de estar comprovadamente e cientificamente demonstrado que era uma mais valia quer para para as instituições quer para os próprios dentes e de facto houve ali uma uma certa uma certa barreira eh de um grande setor médico não é verdade que se
Opunha a que as triagens fossem feitas por enfermeiros A triagem Como sabe é uma Mat triagem algorítmica feita por enfermeiros eu sempre defendi que olha por exemplo no meu serviço atual faço aqui um parênteses o Centro Integrado o seus enfermeiros estão a fazer consultas fazem as consultas no no no no após alta
O controle o contrle e o registo de a situação do doente 48 horas depois de terem tido Auto operatório é feito por por consulta telefónica ISO porque há uma equipa que se articula e que trabalha em trabalham todos para o mesmo fim não é é transversal nesta Triagem de Manchester começamos a introduzir
Começamos a fazer a formação e houve uma grande resistência de uma grande maioria de médicos que inclusivamente obstaculizar numa fase inicial que esta triagem fosse implementada e houvesse uma formação com vista à sua implementação e às páginas tantas eu debati com um problema que era ou avançava ou recuava e portanto enfim eh
Tinha uma decisão já muito já muito em termos pessoais tomada que eram bem quer dizer no norte já estava implementada a triagem Manchester havia muitos pontos do país onde estava implementada portanto eu sempre encontrei que de facto ela um hospital central final de linha Polivalente com todas as especialidades eh com
H com o bom nome que tinha com com a boa assistência que prestava com um grupo de profissionais competentíssimo em todas as áreas eu sempre entendia que devia de ir para a frente e fui e às páginas tantas deparei-me com vários obstáculos um dos quais foi eh médicos aem
Secretárias à porta de serviço de urgência e queriam ser eles a fazer a triagem claro que aguentaram a primeira meia hora do período da manhã e depois desistiram como é óbvio não é isto não se faz por por impulsos faz-se por organização e a outra foi deixarem um
Não é que que o meu serviço de apoio recolheu e que mostrou não é aliás está lá guardado H um caixote com uma com uma com uma caveira a dizer estás morto se avanças com a triagem de macher estás a dar cabo da carreira médica eu eu pedi-lhe que
Contasse essa essa história h para partilhá-la aqui connosco porque eu acho que dá bem a ideia da Resistência à mudança que há Neste País mesmo quando as coisas não não funcionam não é e e eu queria que aqui retomar o exemplo da do entorse o mais provável é que este
Senhor até pudesse receber uma pulseira verde e enquanto partilha a mesma sala de espera com outros doentes e que procuram ajuda nas soluções que o que o Dr Varandas Fernandes defende o hospital se este doente levar a pulseira Verde deve mandar este senhor para casa e depois alguém lhe telefona é isso Não
Não essa poderá ser eu defendo que os doentes deverão ser encaminhados sempre que possível desde ou Desde da saúde 24 os dos ou desde dos cuidados primários de saúde devem ser encaminhados orientados previamente quando isso não se verifica obviamente que o própria instituição o próprio hospital na minha
Opinião deve ter mecanismos de não direit dis suação mas direi de triagem próprios para além da triagem de maesta Uhum E acho que um doente que chega com uma entorse ligeira que o próprio doente não sabe avaliar se é ligeira ou não certo mas que cha com entorse em que
Entra no o hospital e recebe à partida uma pulseira verde ou azul obviamente que esse doente na minha opinião haverá ter tido a oportunidade de lhe ser dada a opção de ele escolher um dos três caminhos ou vai para ou há uma Via Verde para o centro saúde como hoje já se
Começa a divulgar e que eu sempre defendi há uma Via Verde para o centro de saúde para os cuidados primeiras de saúde e o doente volta aos cuidados primeiros de saúde e é observado previamente lá outra é a h aguardar em casa voltar para casa e aguardar que em
Vez de estar na sala de espera do hospital com todos os riscos inerentes à à à espera em hospital é ir para casa e aguardar uma chamada para que venha no seu tempo ser observado por serviços da especialidade no hospital a terceira hipótese obviamente é deixar-se estar no
Hospital mas aí assumo o risco assumo o risco de estar o número de horas que for eh que forem enfim que for que que que eu direi não é que for possível mas o número de horas que infelizmente vai ter que lá estar até a ser observado agora
Eu sempre defendi que de facto eh muitos dos casos se resolvem por teleconsultas há sempre a oportunidade de fazer eh nos próprios hospitais e se os doentes tiverem um sítio onde possam estar ou nas suas residências ou nos lares ou nas casas que de onde são acolhidos ou na
Família ou nos centros de saúde onde possam ter uma consulta em horário alargado há sempre oportunidade de fazer uma teleconsulta até com os meios eh informáticos que hoje dispomos com os meios tecnológicos que hoje dispomos há sempre essa oportunidade e portanto há sempre fórmulas nunca há uma fórmula
Para ajudar a organizar os serviços de urgência há uma soma de fórmulas há uma soma de de de de de de decisões que têm que ser tomadas eh of faseadamente algumas em conjunto para que possa de facto haver uma descompressão real sobre os serviços de urgência dos hospitais em
Portugal e outra das ideias Eh que que o soutor eh defende é a concentração de urgências num ou dois e hospitais H como é que isso funcionaria eh seria tido em conta por exemplo o número de habitantes ou o número de utentes que determinada eh unidade hospitalar serve obviamente
Que hoje que hoje nós não podemos adotar eh para todo o país as mesmas medidas na minha opinião cada região H tem a sua demografia tem as doenças que são mais que são mais prevalecentes e portanto tem uma tem uma tem uma média de idades que ou é mais jovem ou é mais
Idosa tem vias de acesso que H regiões TM hoje o país felizmente tem boas vias de acesso mas Admito que hás regiões mais do interior que não sejam tão beneficiados nas vias de acesso rápidas mas no litoral há vias de acesso rápidas portanto eu defendo que a partir de uma
Determinada hora da noite em determinadas regiões haja aquilo que é a organização Metropolitana das urgências ou seja uma centralização de urgências por especialidades isso pode-se verificar ou desde as 20 até às 8 da manhã ou desde a meia-noite até às 8 da manhã o que tem a acompanhar na minha
Ótica uma um reforço dos recursos humanos Nas urgências que estão abertas e esse reforço dos recursos humanos implica uma mobilização uma mobilidade aliás dos recursos humanos dos hospitais que estão encerrados para as urgências que estão abertas E é isso que na minha opinião falta legislar que não está bem
Claro na lei e o s tor também diz que H há três pilares que são essenciais para que tudo isto avance que Pilares são esses eu acho eu acho que que há três princípios fundamentais que são indesmentível de saúde é um pilar que temos de preservar mas de modo adaptado aos
Tempos atuais e aos tempos futuros não podemos ter o serviço Nacional de saúde com as mesmas respostas que tínhamos há 20 30 40 anos depois há que ter aem linha de conta o segundo Pilar que é o trabalho no serviço Nacional de saúde é um trabalho de equipa e que demora anos
A formar para dar uma boa resposta em cuidados de saúde um especialista demora 10 12 14 anos a formar e depois há outra questão que para mim é fundamental que é pelo aspecto negativo é não vale a pena est a criar comissões de acompanhamento para resolver questões de organização
Que o país está cheio de e que não acabam por não resolver rigorosamente nada e a população não se sente nada de positivo nessa nessa nessa formação nessa nomeação dessas comissões ou seja se Doutor há remédios há medicamentos Mas neste caso é o paciente
É o doente é é o estado ou o poder político que não quer tomar estes remédios porque tem medo da contestação Olha eu eu quero dizer uma eu eu e eu penso que coragem política é uma característica que deve que deve ser tida em conta para os políticos que
Desejam reformar e eh as áreas que são necessárias reformar eh no nosso país e uma das razões pela das quais que esta reforma que é cada vez mais exigente fazer eh deve-se muito à falta à falta de coragem e a falta de coragem em enfrentar determinado tipo de problemas
Que existem que podem não ser enfrentar todas da mesma forma agora eu não vejo Grande justificação para que isto ainda não tenha sido não tenha sido realizado Eu percebo que há H enfim muitas vicissitudes que impedem muitas das vezes decisões e impedem muitas das vezes e medidas que sejam aplicadas em
Termos de terreno objetivamente mas eu acho que estamos a chegar a um ponto em que na minha opinião o Sistema Nacional de saúde serviço nacial de saúde está enfraquecido Hum Tem aqui um risco tem aqui Um risco de de colapso Hum que não sei se vai ser no curto se no Médio
Prazo mas e necessita neste momento adaptado aos tempos de hoje isto não é a mesma coisa que há 40 anos adaptado aos tempos de hoje necessita Obrigatoriamente Na minha opinião de um de uma grande divulgação e informação à população e de sensibilização não basta só fazer publicidade à saúde 24 a
População tem que estar inform ada de quando e como e Em que situações deve ver ao serviço de urgência Isso deve ser uma divulgação e uma informação constante regular e durante uma boa parte uma boa parte de das épocas em que a afluência se justifica ou então de prevenção dessas mesmas épocas porque
Fazer só uma campanha de informação e depois deixar-se e como que esquecida essa campanha de divulgação não resulta na minha opinião a população portugesa precisa de ser constantemente informada do que é que passa nos serviços de urgência Em que situações é que deve dir como é que deve dir onde é que se
Dirigir primiro eu acho que há uma falta de informação Porque Portugal é um país que investe pouco em prevenção pouquíssimo e e nós ao investirmos nisto nesta informação à população estávamos a investir simultaneamente em prevenção e acho que ess um pilar essencial e tem que ser e tem que ser realizado o mais
Rapidamente possível Muito obrigado dandas fernes [Música] Obrigado João Varandas Fernandes é médico ortopedista e foi oons durante 4 anos pelo servo de urcia doit de São José em Lisboa esta Foi a histria do dia a sonoplastia e música do genérico do João riro eu souo concei esta quintafeira ferado por isso só voltamos
Na sexta h