🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
O que este caso me trouxe e ainda trás é este esta lembrança permanente que não basta olharmos para a pessoa doente é preciso olharmos para o sistema progressivamente foi essa essa mudança de de direção da nossa parte que é OK agora temos que cuidar de quem cuida porque se não o fizermos
A pessoa doente Deixa de ter quem cuid dela e vamos ganhar um problema ainda maior porque a certa altura temos um sistema familiar profundamente [Música] doente chamo-me Vasco Nogueira sou médico psiquiatra e estou na psiquiatria há cerca de 15 anos esta doente eh surgiu na consulta e de psiquiatria na
Altura levada pela sua filha por queixas de esquecimentos Ou seja esquecimentos todos temos mas quando começam a envolver eh Dados biográficos importantes quando começam eh a envolver saídas de casa sem conseguir regressar eh pelo próprio pré enfim a coisa é começa a complicar-se começamos então o processo diagnóstico
Ou seja começamos por fazer uma avaliação neuroimagem Fazer uma avaliação neuropsicológica e rapidamente chegamos à conclusão que se tratava de um quadro de doença de alzheimer nesse caso o quadro apesar de tratamento começou a avançar e a avançar no sentido de se agravarem algumas incapacidades nomeadamente incapacidades que
Determinavam e a necessidade de um apoio mais próximo e esta doente Passa então a residir em casa da filha progressivamente começaram a surgir então a dificuldades no reconhecimento destes familiares mais próximos do próprio espaço e a certa altura gerou-se uma situação em que esta doente estava algo angustiada porque quase todos os
Dias se deparava com espaço que não conhecia e com pessoas que não reconhecia e esta doente desenvolveu uma uma forma muito particular de adaptação a esta mudança e esta incapacidade crescente a par do agravamento das dificuldades cognitivas começou então a surgir um comportamento de hóspede numa Residencial onde Tinha alguns
Funcionários muito simpáticos que cuidavam das necessidades básicas que garantiam que as coisas corriam bem e portanto para esta doent as coisas estavam de alguma forma sanadas em termos de das dificuldades dos das angústias que que iam surgindo Isto foi uma boa forma de perceber e dar sentido
A ao mundo que começava a ser difícil cada vez mais difícil de de compreender começamos então a not que era cada vez mais difícil para a filha lidar com com esta situação não porque a doente estivesse agitada porque fosse parmente resistente aos cuidados que lhe eram prestados mas porque era cada vez mais
Duro e penoso e angustiante para a filha ver progressivamente desaparecer à sua frente a mãe isso tornou mais PR a necessidade de uma intervenção especificamente dirigida à família neste caso à filha como cuidadora principal sempre que acompanhamos as pessoas durante algum tempo e E nesta situação foram cerca de 4 anos alturas chave
Neste caso em particular penso que a altura marcante foi quando fui à sala de espera onde vou sempre chamar as pessoas e as famílias e apenas surgiu à minha frente a filha e e houve ali duas emoções consecutivas uma primeira de mais ligada à apreensão que é será que a
Senhora faleceu logo a seguir uma de alívio que ok afinal não faleceu e está Apenas mais doente incapacitada do ponto de vista motor e portanto veio só a filha por um lado foi penoso nesse sentido sentir essa limitação por outro lado forçou-se a abrir essa essa porta
Para outras coisas que devemos e que podemos perfeitamente fazer oferecer aconselhamento oferecer cuidados a quem cuida oferecer orientação do ponto de vista legal isso foi de facto um momento que foi decisivo neste neste caso as consultas passaram a ser muito diferentes grande parte do tempo já não era dispendido a tentarmos aferir o
Funcionamento os sintomas novos ou não Da doente portanto muitas vezes ao fim de 30 segundos percebíamos que as coisas estavam mais ou menos sobreponíveis Ok e portanto e consigo era quase sempre assim que a consulta então era era redirecionada e portanto o tempo que tinha disponível era apenas e só focado
Na pessoa que tinha à minha frente e que na verdade era tão ou mais importante do que o pequeno ajuste farmacológico que eu pudesse fazer em relação ao doente e neste caso em particular com esta filha foi necessário tratarmos não só de todo todo esse aparato e todos esses
Procedimentos sociais jurídicos à medida que se aproximava o momento expectável da morte da doente que as ferramentas necessárias e as condições necessárias para um processo de luto dentro do possível saudável estavam Reunidas uma das coisas não diria que foi apenas este caso mas que este e outros igualmente
Marcantes foram tornando Claro é que sem uma estrutura e sem um um trabalho de fundo de preparação de cuidadores de profissionais que lidam com pessoas idosas com demência eh a intervenção médica é clar claramente insuficiente eh e portanto ao longo dos últimos anos e e particularmente na equipa que que agora
Integro fomos desenvolvendo e temos em em funcionamento vários grupos de cuidadores informais em que para além de abordarmos os aspectos centrais da demência dos seus sintomas também fornecemos um espaço seguro e um espaço de partilha para estes cuidadores em que podem de forma aberta e de forma espontânea partilhar experiências aprendizagens [Música] dificuldades
1 comentário
Ser cuidador é extremamente destrutivo,por vezes é irreparável.Fui cuidadora em dois periodos distintos.Vou tentar resumir:1995 morte subita da minha mãe, irmã mais velha,40 anos,com paralisia cerebral gravissima, 100%dependente,em cadeira de rodas (nao mastigava, não falava, não tinha controle de esfíncteres,etc)durante cerca de 5 anos.O estado dela foi-se agravando muito durante este periodo.Em 2006 ao meu pai foi-lhe diagnosticado um cancro no colon,ficando ostomizado durante + – 5anos.Com a morte da minha irmã fiquei filha unica,vivia numa aldeia a +-50km de lisboa.O que fiz?De imediato,em 1995,abandonei a actividade profissional-terapeuta ocupacional-e mudeii-me para a casa dos pais com marido e filha pequenina.Foi tudo muito complicado,com repercussões terriveis.Deixei de ser eu quase em tudo,o que se mantem,em grande parte, até hoje.Desintoxicar é quase impossivel!Após a morte da minha irmã tentei voltar a trabalhar pois gostava do que fazia,mas deparei-me, até com alterações legislativas que me impediram de continuar a exercer.Somando, fui cuidadora durante 10-11anos na totalidade,e fiquei nova para me reformar e velha pars trabalhar fosse em que área fosse.Claro que hoje estou a sentir também no valor da reforma que me foi atribuida.Nao vou dizer mais nada,embora haja muito,mas muito mais a relatar.Acarinhem/protejam os cuidadores,a seguranca social lucra muito com a.nossa existência!!!