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Renascer depois do divórcio é o tema deste Episódio com a psicóloga Cláudia Morais o podcast Simple Flow tem o apoio da s Lor a marca número um mundial em lentes oftálmicas a minha convidado é psicóloga psicoterapeuta terapeuta familiar e autora é tão bom ter-te aqui Cláudia que bom que bom Fá eu gosto
Muito de falar contigo sobre estes temas do divórcio eh aliás tu tens aqui um livro que é sempre o livro que eu recomendo a toda a gente continuar a ser família depois do divórcio Porque para mim é mesmo uma Bíblia que na altura quando escrevi o prefácio já fiz
Referência a isso porque na verdade estão aqui todas aquelas informações que eu acho que nós deveríamos saber não só quem se está a divorciar quem pensa divorciar-se quem lida com pessoas que se estão a divorciar porque nos ajuda a organizar e a a nossa cabeça os nossos
Sentimentos e eu queria começar aqui por uma coisa que já te ouvi dizer várias vezes tu falas no divórcio como h o segundo acontecimento mais estressante na vida de uma pessoa ou seja mais estressante do que isso ou a perda de um filho ou perda de um cônjuge caso
Contrário Este é realmente muito muito impactante continua a ser assim apesar de existirem cada vez mais divórcios continua continua a ser assim e é muito curioso porque nós temos esta ideia do divórcio quase como uma coisa que se banalizou e portanto exatamente e acaba por ser no sentido de estarmos cada vez
Mais familiarizados até com crianças filhas de pais separados na maior parte das turmas eh Há mu as crianças assim o que não significa que se tenha banalizado em termos emocionais é de facto duríssimo e é duríssimo para todas as pessoas envolvidas em particular para a pessoa que toma a iniciativa de se
Divorciar e que tantas vezes se confronta com sentimentos desagradáveis com que não estava a contar não é porque à partida quando alguém toma a decisão de se divorciar parece que é Pacífico parece e parece que ok Vou sentir-me aliviado ou aliviada e vai tudo correr
Correr bem sem sem dor e não é assim não Ou seja essa dor é suposto vivê-la é suposto senti-la e há que se calhar começar por aceitar isso faz parte do processo completamente aliás qualquer escolha que nós façamos vai ter desvantagens vai ter perdas quando nós saímos de casa dos nossos pais é
Maravilhoso é toda a exploração mas há sempre umas Ah há sentimentos desagradáveis há saudade há tristeza há perda faz parte da vida ora num divórcio também como não claro como não o um um dos Sentimentos eu diria enfim que talvez aconteça com mais frequência quando as pessoas se divorciam falam
Muito da tristeza falam muitas vezes também de raiva eh de sentir também ansiedade medo em relação ao futuro todos estes sentimentos são sentimentos que eh vamos dizer que são normais e que os devemos primeiro aceitar para poder iniciar o processo completamente só acrescentaria aí mais um que é o da
Culpa ou seja há normalmente sentimentos in mas a culpa só porque a pessoa tomou iniciativa ou culpa mesmo para quem não tomou iniciativa a se divorciar a culpa a culpa tem muito a ver com a sensação de fracasso não é o que é normal ou seja
Nós nós damos muito de nós nós damos muitas vezes tudo de nós não só à relação como ao projeto não é um projeto de vida que tu tinhas e que não vingou não Exatamente exatamente e portanto os sentimentos de culpa também são normais e é como dizias é mesmo mesmo importante
Acolhermos esses sentimentos todos ou seja não é enterrarnos neles conta que não estás a sentir não não de todo é acolher ou seja aceitar que tudo tem um tempo e no fundo quanto mais autenticamente nós vivermos esses sentimentos também muito provavelmente mais solidamente nós vamos passar à fase
Seguinte Ok vamos poder de facto Renascer e crescer até porque o divórcio também pode ser uma oportunidade CR oport é enfim acaba por ser mesmo uma oportunidade há uma questão que tem a ver com e que antigamente era muito comum havia muito estigma À Volta do do divórcio bom os tempos mudar
Eu perto a exuma a ser preciso tu preparar para os olhares do outro quando sabem que tu te estás a divorciar sim mas eu arriscaria dizer que nos dias de hoje esse esse estigma é mais autoimposto ou seja muitas vezes aquilo que acontece é que as pessoas que estão
A divorciarse e em particular as pessoas que são deixadas sentem-se de facto envergonhadas perante muitas vezes até perante as pessoas mais próximas ou seja como é que eu vou dizer aos meus pais como é que eu vou dizer aos meus amigos isso reflete-se por exemplo no facto de
As pessoas muitas vezes continuarem a usar a aliança ou seja publicamente exatamente para não serem confrontadas com perguntas para as quais muitas vezes não estão Preparadas para para responder portanto sim continua a haver algum estigma mas eu diria que hoje em dia muito mais autoimposto claro que depois
Há há algumas famílias que são mais conservador examente depois há aqui uma outra questão que é muitas vezes aquilo que acontece é que as pessoas estão prestes a divorciar-se estão inundadas de medo precisamente a propósito dos olhares dos outros e basta que haja um membro da família Fátima um membro que
Seja capaz de dizer eu estou aqui para ti eu estou aqui para ti Aconteça o que acontecer para que as pessoas rela completamente Eu já trabalhei com algumas pessoas que estavam prestes a separar-se mas que basicamente não estavam com a coragem para para o fazer completamente completamente o Amparo é tudo não é
Quando nós sabemos que já não é por ali e sabemos que vai ser precisa coragem para avançar coragem também para enfrentar a dor do outro nós vamos precisar de nos sentirmos amparados panto Não há nada como termos alguém que goste de nós e que nos diga isto não é
Eu vou estar aqui para ti é muito curioso eh eu não tenho nenum problema em partilhar isto até porque tudo isto já tem muitos anos na minha vida mas lembro-me eu já me divorciei duas vezes mas lembro-me que das duas vezes eh quando tive uma conversa com os meus
Pais lembro-me que os meus pais me disseram as razões só tu é que as sabes Mas acontece o que acontecer nós vamos estar sempre aqui e era o que eu precisava de ouvir para ter coragem de eh enfim dar este passo que muitas vezes não era só um passo decidido por mim a
Outra parte também o queria mas não deixa de ser obviamente uma mudança muito grande mas o facto de os pais dizerem acontece o que acontecer esta esta retaguarda está salvaguardada dá Muito conforto emocional Muito conforto Exatamente exatamente agora quando quando eh uma relação termina quando um casamento enfim ou uma relação termina
Como é que se lida com isto como é que eh nós começamos aqui um caminho que eu diria que é um processo H que se acabe por revelar reconstrutivo como é que o fazemos então eu diria que tudo começa com o tal acolhimento dos nossos sentimentos mas depois é preciso
Partir para aquilo queum que eu chamo da responsabilidade Ou seja é tentador nós olharmos para trás e basicamente culparmos a pessoa que estava ao nosso lado seja quando somos nós a tomar a iniciativa seja quando é a outra pessoa e muitas vezes agarramos noos a isso até
Para olhar para o futuro ou seja o que é que correu aqui mal e o que é que eu preciso agora de procurar e eu diria que o caminho pode ser exatamente ao contrário ou seja o que é que eu porventura não explorei nesta relação O
Que é que eu podia ter feito e porventura não fiz o que é que eu quero fazer diferente o que é que eu quero para a minha vida e portanto quando nós começamos a colocar-nos estas questões é muito mais provável que reconheçamos o nosso poder porque o divórcio também é
Muito sobre falta de poder no sentido de de repente aquele projeto com que eu sonhei desfez-se e portanto mesmo que tenha sido eu a tomar a iniciativa de me divorciar é natural que eu me sinta sem poder ou seja perdida Ok mas aí desculpa interromper Cláudio não não percas o teu
Raciocínio mas aí talvez seja importante explicar que quando tu entras neste autoquestionamento relativamente ao que fizeste e o que podes fazer diferente não estamos à procura de culpabilização nada esta fronteira que veem explicar não é para a pessoa no final dizer porque fui péssima porque andei sempre a
Trabalhar e não tive em casa porque não sei lá não tem a ver quando eu falo em responsabilidade tem a ver conosco Ou seja quando nós nos sentimos perdidos de uma maneira geral isso também significa que de alguma maneira não estivemos atentos aos nossos sentimentos Às nossas necessidades claro que uma relação É
Também sobre os sentimentos do outro sobre a curiosidade em relação àquilo que o outro quer quando eu coloco estas perguntas tem também a ver com o reconhecimento daquilo que dá e daquilo que não dá ou seja quando eu exploro as necessidades do outro quando eu exploro a personalidade do outro sim eu posso
Constatar que não é para mim ou que já não é para mim porque nós vamos mudando ao longo da nossa vida e portanto há uma uma sexóloga psicóloga e sexual gestel que diz que a maior parte de Nós Da Nossa geração vai ter duas ou três relações significativas ao longo da vida
E para alguns com sorte essas duas ou três relações vão ser com a mesma pessoa ou seja mesmo para quem está casado e vai continuar casado vai haver mudança vai haver ganhos e perdas e portanto nós vamos precisar de continuamente ao longo da nossa vida colocar-nos estas questões
Ou seja como é que isto Seja lá o que isto for me faz sentir do que é que eu preciso o que é que eu quero quer e depois o que é que eu posso fazer e repara não é um Eu numa perspectiva narcísica é um Eu numa perspectiva do
Empoderamento ou seja Ok Esta é a minha realidade agora e quando eu começo a colocar-me estas questões eu começo também a explorar aquilo que eu posso fazer para o meu bem-estar para a minha felicidade seja ela depois relacional ou não porque quando a atitude é é o oposto
Do que tu estás a dizer Cláudia Ou seja no fundo como se estivesses à procura de um Bod expiatório não é deixa ver quem é que é o responsável pelo F desta relação quem é que Mas normalmente já com o dedo apontado não é não é assim assim no
Sentido de ver o que é que eu aqui posso fazer diferente mas já apontado tu acabas por gastar toda a tua energia o que eu sinto é que essas pessoas são pessoas que ficam mais tristes do que as outras porque estão tão focadas em encontrar razões para odiar aquela
Pessoa para justificar porque é que aquele projeto de vida não deu que elas acabam por drenar a sua própria energia e no final olham para elas e não sentem capacidade para nada é sensação que eu tenim de ouvir sim sim sim sim mas é isso ou seja mesmo quando uma pessoa
Está numa relação e está naquela situação em que não sabe se há de ficar ou se há de pôr colocar ali um ponto final muitas vezes a perspectiva é essa que é o que é que esta pessoa Afinal está a dar-me O que é que esta pessoa
Não me está a dar e eu creio que o caminho até para que nos sintamos genuinamente em paz não pode ser esse ou seja o caminho tem de ser o da curiosidade do respeito pela individualidade do outro ou seja porque muitas vezes aquilo que eu oço é ele ou
Ela não tem tanta ambição como eu ele ou ela não quer sair tanto quanto eu ele ou ela não quer isto e eu quero aquilo Ok mas aquela é a pessoa que Nós escolhemos com aquelas características e como eu costumo dizer aquilo que nós mais de que
Nós mais gostamos no outro de uma maneira geral também se volta contra nós porque a pessoa calma de quem eu gosto pode ser a pessoa que lá está não é tão empreendedor ou não é tão sonhador quanto eu gostaria fosse ora aquilo que nós queremos numa relação é podermos
Sermos nós não é e portanto eu tenho de oferecer à pessoa que está ao meu lado essa possibilidade a possibilidade de ser ele próprio ou ela própria e não fazer uma suposta mudança para se adaptar a eu digo suposta porque eu acho que ninguém muda ou se a pessoa muda
Muda de uma forma forçada e torna-se uma pessoa infeliz or B Ora bem e muitas vezes no fim de uma relação nós damos por nós a achar que ok esta pessoa segume esta pessoa anulou não não não no máximo eu desrespeitei as minhas necessidades ou os meus sentimentos Ou
Seja é muito importante a Assunção dessa responsabilidade ou seja de que formas é que eu não estive atenta ao longo desta relação às minhas necessidades aquilo que eu quero porque isso também dá trabalho não é tudo dá trabalho na É verdade para manter equilíbrio tudo dá trabalho quando acontece uma uma
Separação de que forma é que nós e Caso existam filhos de que forma é que nós devemos gerir os filhos de forma a que eles não sejam hh eu eu diria duplamente penalizados porque obviamente é sempre uma perda não é deixar de ter o pai e a
Mãe na mesma casa ou enfim a quem está a cuidar deles h de que forma é que nós ajudamos os nossos filhos neste processo bom eu diria que duas duas formas primeiro é reconhecer que ninguém está no seu melhor num processo de divórcio e quando eu digo ninguém é nem eu nem a
Outra pessoa muitas vezes eu eu ouo as pessoas dizerem Eu nunca imaginei que ele ou ela pudesse fazer isto num processo de de separação e quando nós tomamos esta consciência de que Ok mas ele ou ela também está ali num turbilhão de sentimentos ele ou ela não está no
Seu melhor então nós vamos conseguir não é sermos condescendentes com o ex ou a ex mas é sermos compassivos ou seja Ok esta pessoa também está em sofrimento e alguns algumas das escolhas que está a fazer vêm mais desse sofrimento isto ainda a propósito dos filhos por outro
Lado é pensarmos a longo prazo ou seja cada escolha que eu estou a fazer agora vai ser vista daqui a 10 20 ou 30 anos pelos meus filhos como é que eu quero que quando os meus filhos forem adultos olhem para trás para este momento porque
Eu posso a cada escolha pensar neles e pensar no que é o melhor para eles quando eu estou ao telefone com a minha mãe ou com uma amiga e o meu filho está ali ao lado será que eu quero mesmo ter conversas a que ele assista em que eu
Estou a a falar mal do pai dele não não é isso que eu quero eu quero que o meu filho daqui a 20 ou 30 anos seja capaz de se lembrar deste período com proteção ou seja Ok os meus pais separaram-se mas eu não não fui exposto ou não fui
Exposta à guerra entre eles então a cada escolha Ok aquela pessoa por exemplo não vem trazer as crianças à hora a que estava combinada Será que eu quero zangar-me com ele ou com ela no momento da troca Não não é isso que eu quero eu quero proteger os meus filhos e eu quero
Ser capaz de depois comunicar com o meu ex no sentido de chamar a atenção dele ou dela para respeitar o que estava combin para as necessidades das crianças ou seja porque quando eu me atraso na troca e eventualmente até de uma forma intencional para prejudicar a vida do
Outro porque ainda estou aqui com raiva eu não estou verdadeiramente a prejudicar aquela pessoa eu estou a prejudicar os meus filhos Ok porque eu estou a trazer tensão desnecessária num período que é necessariamente de perda e de adaptação então aquilo que eu vou querer é oferecer tanta segurança quanto
Possível a estas crianças que não pediram para haver um divórcio não escolheram Ok e que estão aqui a adaptar-se normalmente de uma forma resiliente e é importante que os pais e mães também interiorizem isso ou seja mas será mais resiliente quanto os pais tiverem esta capacidade de fazer esta
Esta mudança de uma forma equilibrada a isso sem dúvida nenhuma sim sim sim e é isso é é no fundo é colocar o chip naquilo que são efetivamente os interesses da criança ou seja de que formas é que a minha escolha de agora por mais simples mais miudinha que ela
Seja que Impacto é que isto está a ter ou vai ter nos meus filhos não é como é que eles vão olhar para trás porque eu quero que eles se orgulhem de mim e do pai deles também a propósito deste período até porque nós não sabemos qual
Vai ser a vida dos nossos filhos de todo de e se e se os meus filhos adultos passarem por um processo de separação ou de divórcio tenham tido um bom exemplo não é e esse exemplo também passa por assumir os nossos sentimentos ou seja nós queremos que os nossos filhos nos
Vejam como humanos e portanto com humanos que têm sentimentos desagradáveis mas que os gerem e que prosperam prosperam não por milagre Mas porque arregaçam as mangas claro ok h e eu estava-te a ouvir e a pensar que bom eu concordo a 1000% com o que tu estás a
Dizer eu procurei nas duas situações em que me divorciei fazer isso eh embora idades bastante diferentes mas lembro-me perfeitamente que o meu chip era proteger uma vez a minha filha uma vez o meu filho ou seja aqui não pode haver nada que esta criança diga mas o que é
Que está a passar entre os meus pais e separamos sempre muito bem uma coisa era as coisas que tínhamos que tratar à volta dos filhos outras coisas outra coisa era as coisas que íamos nós tratar adultos eh e é muito curioso porque enfim a minha filha já tem 24 anos e o
Meu filho também já já vai fazer agora 15 e e tudo isto já passou há uns bons anos h a memória que eles têm é de pais que sempre se deram bem que foram sempre pessoas que conversaram de forma civilizada de forma educada que partilharam sítios em comum que
Estiveram nas iniciativas e nos momentos mais importantes da vida deles estávamos sempre lá os dois e era isto que eu queria que eles registrassem o resto somos nós adultos a resolver mas que tenhamos esse bom senso de não pegar nas nossas crianças e as utilizar como armas
De arremesso e isso isso é que é uma dor que depois deixa um rasto muito grande tenho esta perceção sim sim sem dúvida Sem dúvida eu eu comecei por dizer Fátima que ninguém está no seu melhor num processo de separação e ninguém está mesmo fazemos e dizemos coisas que nos
Arrependemos mas faz parte bem exatamente e mas é importante para mim pelo menos não é não é de todo ser condescendente com os adultos que estão em processo de separação e que cometem erros grosseiros em relação aos seus filhos não é isso mas é chamar a atenção para a possibilidade de os sentimentos
De culpa em relação a este erros poderem consumir os pais e mães e nós não queremos isso não é nós queremos de facto fazer as melhores escolhas para os nossos filhos mas é importante aceitarmos que vamos falhar ou podemos falhar e é aceitar a condição humana
Porque exatamente e não são não são os erros que nos definem não é eu digo muitas vezes isto aos meus filhos não são os erros que nos definem agora na medida em que eu me dê conta de que estou a errar no sentido de que estou a prejudicar então eu posso voltar atrás
Eu posso assumir a minha responsabilidade e tentar de facto fazer frente utilizar os filhos como armas de arremesso nunca Ok e há aqui um detalhe muito importante que que eu refiro sempre e hoje ainda não disse que é explicarmos aos filhos por mais surrealista que isto seja que não é
Culpa deles e quando eu falo em surrealismo é porque a maior parte dos pais e mães sabem que evidentemente o divórcio não é culpa das Crianças mas repara a maior parte dos casais também discutem à volta da educação das Crianças as crianças fantasiam portanto anuncia uma separação muitas vezes ah
Pai e a mãe discutiram porque não estavam de acordo em relação exatamente e portanto eu costumo dizer antes durante e depois do processo de separação assegurar que este é de facto um processo de decisão que é dos adultos não tem nada a ver com as crianças e elas não têm culpa nenhuma
Nenhuma nenhuma elas só têm que sentir amor da parte do pai e da parte da mãe eu acho que é o mais importante uma questão que já ouvi por diversas vezes as pessoas perguntarem e eu não sei se isto é possível responder assim de uma
Forma Clara que que é então mas qual é a proporção certa de contacto que uma pessoa que se está a divorciar deve ter com o seu ex ou com a sua ex é nunca estarem fisicamente é é de vez em quando encontrarem de que forma é que podemos
Equilibrar isto Cláudia não há uma fórmula não é não há uma fórmula que sirva sirva para todos exatamente aqui tem muito a ver com a tal responsabilidade no sentido de reconhecermos os nossos sentimentos e reconhecermos estarmos atentos também aos sentimentos do outro normalmente num processo de separação há um dos membros
Do casal que passa por aquilo que eu chamo do divórcio emocional ao longo ainda da relação e essa é normalmente a pessoa que toma a iniciativa de se divorciar no fundo vai-se já desligando exatamente e portanto a outra pessoa por mais desgastada que a relação esteja Ainda não fez esse divórcio emocional o
Que é que acontece quando o casal Toma essa decisão habitualmente há um que está emocionalmente mais ligado e portanto se por um lado eu quero poder conversar cordialmente com o outro genitor para o bem-estar dos meus filhos eu vou precisar ter aqui algum cuidado em relação à possibilidade de
Involuntariamente eu estar a alimentar a esperança da outra pessoa porque para quem ainda gosta para quem ainda ama no sentido romântico até ir tomar um café para falar sobre as coisas dos filhos pode reacender a esperança e nós não queremos isso porque nós não queremos basicamente estar aqui a arrancar um
Penso sistematicamente não nós precisamos de arrancar o penso e depois lidar com as feridas portanto para alguns pais e mães vai ser completamente Ok continuarem a encontrar-se eventualmente até irem tomar café pouco tempo depois da Separação para outros pode ser importante Minimizar eh os contactos até para reduzir a raiva
Atenção e tentar comunicar essencialmente à volta das necessidades dos filhos e lá está sem a distração o ruído de raiva no extremo para alguns pais e mães aquilo que vai funcionar numa primeira fase é a comun por escrito ok lá está para reduzir atenção mas de
Novo é olharmos para a nossa situação e tentarmos ser curiosos em relação à aquilo que funciona melhor para a nossa família porque continuamos a ser uma família não é continuamos a ser uma família continuamos a ser a família dos nossos filhos não é eu sou a mãe ele é o pai
Continuamos a ser a família dos nossos filhos ainda que num formato diferente não é acontecendo esta separação como é que se começa a reconstrução como é que se renasce a partir daqui ou seja Que recursos é que existem que ferramentas é que eu posso implementar que me ajudem
Depois a fazer um caminho de reconstrução bom eu diria que o principal recurso são os recursos humanos Ou seja é a nossa rede de suporte em todos os momentos significativos da nossa vida nós vamos precisar das pessoas que gostam de nós e portanto nós vamos precisar para mais
Quando há filhos e há a guarda partilhada vai haver muitos momentos em que a bate e nós vamos precisar de acolher essa solidão mas não nos afundarmos nela portanto eh envolvermos a nossa rede de suporte socializarmos com essas pessoas não apenas na perspectiva de OK agora preciso de conhecer pessoas de conhecer
Um p rer o vazio não é correria para preencher um vazio não não não é OK haver espaço para sentir o que houver a sentir mas haver tamb haver distração a ver a exploração daquilo que porventura nós não exploramos naquele formato ou seja porque agora eu tenho mais mais
Tempo para mim eu tenho mais tempo para explorar interesses Quando não estou por exemplo com os meus filhos comigo e isso vai dar-me a tal sensação de prosperidade no sentido de há aqui um lado da minha individualidade que eu posso também explorar Ok e portanto eu
Diria que é por aí para algumas pessoas também vai ser através da terapia e não numa perspectiva de Ah eu estou aqui deprimido ou deprimida e preciso de tratamento não é isso mas mais numa perspectiva de processamento ou seja de arrumar as coisas não é completamente completamente mas é é isso ou seja
Quanto E se nós olharmos para trás nós vamos dar-nos conta de que a propósito de qualquer acontecimento difícil quanto mais nós falarmos sobre isso mais nós dominamos os nossos sentimentos e nos sentimos genuinamente em paz Claudia às vezes tu percebendo o que estás a sentir
É muito mais fácil tu rares e até de seres condescendente contigo não é exatamente então aquilo que nós queremos é isso é podermos falar lá está não é afundarmos e muitas vezes aquilo que eu ouço sobretudo no início após separação é os meus amigos ou as minhas amigas já
Estão cansados de me ouvir eu não quero sobrecarregá-lo e aquilo que acontece é que eu mes das vezes pergunto mas já perguntou já perguntou se as pessoas estão de facto fartas de o ouvir ou de a ouvir porque muitas vezes lá está são os sentimentos de culpa como eu dizia
Algumas pessoas vão precisar da terapia outras pessoas não vão precisar da terapia mas vão sempre precisar de falar sobre aquilo que estão a sentir de falar sobre os seus medos as suas dúvidas as suas incertezas a relação ao futuro porque é a falar que nós processamos não
É e processamos os nossos pensamentos e processamos os nossos sentimentos Portanto o caminho será por aí agora há aqui um um um uma oportunidade nós falávamos no início desta conversa o divórcio pode ser também uma oportunidade de crescimento eh de que forma ou seja de que forma é que tu
Pegas nesta dor e à medida que a vais arrumando vais eventualmente destapando outras áreas e outros caminhos que eventualmente até não conheces e que te fazem como eu li no teu livro vários testemunhos de pessoas que dizem hoje eu olho para o divórcio Hum e até Agradeço o que vivium porque a
Vida me trouxe lições muito importantes como é que se como é que se faz isto cludia bom eu diria que tudo tem o seu tempo não é e eh até de uma de uma perspectiva muito prática quando se passa por esta perda não é já dissemos
Aqui várias vezes é uma perda é uma perda é uma perda sim é uma perda Mas de repente aquelas duas pessoas dão por si por exemplo a Renascer até em termos de identidade ou seja Quando estamos num em casal habitualmente há por exemplo uma distribuição de papéis há um que está
Mais em carregue sei lá das coisas de de casa das contas da burocracia há outro que está mais em carregue da educação das crianças e de repente nós temos isto tudo a nosso cargo e numa primeira fase pode parecer Avassalador numa segunda fase eu dou por mim a sentir-me
Empoderada eu eu não sabia lidar com as questões vamos imaginar do carro Ah e agora eu vou à oficina e agora eu faço isto Olha eu não tratava uma rito que a mim aconteceu ISO Mas é isso não é de repente olha Afinal eu consigo coisas com eletrodomésticos que eu não sabia
Que sabia resolver ora é isso Olha eu não sabia que sabia não é eu não sabia que sabia Eu não sabia que conseguia isto começa de facto aqui a a dar força no sentido de Ok tudo tem um lado bom ok e quando eu digo isto Fátima às vezes há
Quem se choque eu nunca me divorciei não é Não nunca passei por essa experiência o que não significa que não tenha tido momentos de Sofrimento maior momento de sofrimento na minha vida foi a perda do meu irmão foi chocante eh hoje em dia Algumas pessoas sentem-se chocadas
Quando eu digo que essa perda também trouxe coisas positivas para a nossa família Eu não trocaria nenhuma dessas coisas pela vida do meu irmão não é isso mas de facto por isso é que eu digo quanto mais nós falamos mais nós dominamos os sentimentos e os acontecimentos porque ao falarmos sobre
A nossa dor Nós também vamos chegar à outra parte que é todas as catástrofes têm trazem também oportunidades de crescimento e portanto nós damos por nós neste caso agora no divórcio a a perceber que somos capazes de mais do que aquilo que julgávamos E à medida que
O tempo vai passando e nos vamos dando conta disso vamos explorando também outras facetas de nós outras partes da nossa identidade que nós nem sabíamos que na que estavam a ser anuladas naquela relação Não por culpa da outra pessoa mas porque muitas vezes lá está nós estamos assoberbados com os nossos
Diferentes papéis e não estamos a olhar para nós e para aquilo que nós também queremos e muitas vezes aquilo que acontece numa fase seguinte é que eu dou por mim de novo numa relação mas muito mais consciente de mim mesma muito mais consciente de tudo aquilo que eu quero e
De tudo aquilo que eu também posso dar a esta relação e que porventura não dei lá está por não estar tão atenta eu não quero aqui dourar a pílula e dizer ai agora vamos todos divorciar noos que agora é que vai vai ser não é isso é
Difícil claro que é difícil é difícil mas é mas é olharmos para as coisas como elas são ou seja Ok é aqui que eu estou agora muito bem então eu vou explorar eu vou trazer questões como é que eu me sinto do que é que eu preciso o que é
Que eu quero o que é que eu posso fazer Ok e no fundo é esse autoconhecimento que também te permite eventualmente prevenir voltares a fazer as mesmas coisas numa relação seguinte porque se tu não te conheces se tu não conseguiste identificar o que é que aconteceu no teu
Processo no tempo que tiveste com aquela pessoa eh a seguir se tu não tens estas respostas tu facilmente entras numa relação exatamente com as mesmas características e aquilo que não te agradava volta a não te agradar se calhar exponencialmente ainda mais portanto Este é é uma oportunidade
Também não é tu perceberes o que é que o que é que vai aqui Uhum E isso exige tempo sim sim exige tempo e exige aqui uma outra coisa que é o reconhecimento de que em qualquer relação há há duas camadas numa discussão nós podemos nós podemos tentar perceber ok Porque é que
Nós estamos a discutir estamos a discutir porque eu acho que se deve lavar a loiça imediatamente a seguir ao jantar e Porque ele acha que só no dia a seguir ou nós estamos a discutir pelo quê ou seja porque quando eu digo que a loiça deve ser levada a seguir ao jantar
Pode parecer aqui uma luta de poder mas eu estou ou posso estar apenas em busca do reconhecimento ou seja em busca de que aquela pessoa perceba que é importante para mim que por exemplo a cozinha fica fica arrumada e muitas vezes numa relação o que é que existe
Nós damos por nós numa situação em que há um dos membros do casal que tem um medo profundo de perder a relação enquanto há o outro membro do casal que tem um medo um medo profundo de se perder a si próprio e quando eu entro aqui neste braço de ferro em que Eu
Exijo que a loiça seja lavada desta maneira eu posso estar Posso não estar conectada com a minha real necessidade que é a a necessidade de Continuar a ser eu de não me anular nesta relação e portanto quando quando eu me dou conta disto eu posso tentar explorar Ok De
Onde é que isto vem de onde é que vem este meu medo de me entregar em pleno de onde é que vem este medo que faz com que nestas situações eu esteja aqui tão irritada tão irritada como se aquela pessoa fosse meu inimigo ou minha inimiga não e portanto quando nós
Olhamos para a relação seguinte e sobretudo quando passamos por um processo psicoterapêutico nós sim conseguimos olhar para trás e até rirmos com leveza de algumas situações mas na próxima relação nós vamos olhar para o outro mesmo que se comporte da mesma maneira que a pessoa com quem nós
Estivemos antes de uma forma diferente ah ok isto não é sobre aquilo que ele ou ela está a fazer isto é sobre os botões que isto ativa em mim ok olha Eh e tendo em conta o tema e porque queremos deixar aqui também alguns caminhos este tema de Renascer depois do divórcio queres
Deixar algumas dicas alguns conselhos para que aconteça este renascimento depois do divórcio bom eu diria de tudo que Sim sim eu eu diria que há aqui uma questão muito importante que tem a ver com Ok renascer para a maior parte das pessoas também é voltarem a estar numa
Numa relação amorosa e isso implica riscos não é isso implica voltar o risco de voltar a sofrer implica o risco de envolver as crianças e não saber se as coisas vão dar certo ou não e implica muitas vezes o medo de Ok quando é que
Eu faço isto não é quando é que eu apresento esta pessoa às crianças quando é que é o o o o momento ideal não e para mim é evidente que em tudo na vida é preciso haver respeito e autenticidade se se eu já estou numa relação mesmo que
Esteja no iniciozinho Fátima mas se eu estou emocionalmente envolvida e se eu sei que eu estou a mudar de uma maneira geral aquilo que eu quero é que os meus filhos O saibam por mim não quero que os meus filhos saibam por terceiros eu não quero que os meus filhos comecem a
Intuir que há aqui mudanças importantes a acontecer na minha vida e que eu estou a ocultar de alguma uma maneira e portanto não há um momento ideal eu diria que quanto mais cedo nós estivermos com certezas de que Ok eu estou aqui não é com a certeza de que
Vai durar para sempre mas eu eu estou aqui é aqui que eu quero estar então mais cedo devemos comunicar às pessoas que são importantes para nós e Isso inclui os nossos filhos na vida não há muitas garantias Ok eu não vou não vai chegar um momento em que eu tenha
Certeza nem a propósito do divórcio é importante deixar isto Claro não há um momento em que a pessoa diz Ah não eu estou completamente Seguro ou segura eu vou divorciar-se e não há consequências negativas não isso não vai acontecer isso é OK em nenhuma situação na vida
Mesmo nenhuma não é portanto Esse é o conselho principal que que deixas para que as pessoas no fundo enfim poderão ter outra relação ou não isso depois depende do caminho de cada um mas o importante é que não vejam o divórcio como eh o fim de uma vida mas Vejam o
Divórcio como algo que pode acontecer na nossa vida que é uma oportunidade que desde que arrumado no sítio certo torna pessoas infelizes pode nos tornar pessoas bastante felizes eu acho que essa a mensagem também temos que deixar aqui minha querida Cláudia muito obrigada obrigada por esta conversa o
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