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Bom por onde é que eu começo por onde quiseres F Se fse começar por onde eu nasci e tal não é eu eu nasci em Angola em Loanda N7 já ten 46 anos hum não parece digte já Ah obrigada parece menos é isso parece muito menos bç isso é dos
Gênes é dos genos É capaz Hum e pronto e nasci cresci em angla e depois eh aos 21 anos a eu vim fazer uma viagem para a Europa portanto não seria minha primeira viagem a Europa mas sozinha com o meu dinheiro que eu trabalhei ali dois anitos para para
Ganhar algum dinheiro para poder fazer uma viagem sem os meus pais uhum hum fiz essa viagem e psta cá pronto tive em em Portugal e em Espanha e depois fui até a França que era o o meu trajeto que estava previsto e Conheci alguém que me convidou para casar para fazer família e
Eu convido-te Exato eu gosto dizer que el Mas foi mesmo assim Mas foi mesmo assim de facto os franceses falam mesmo assim J V dar um ví Ok e então Eh pronto e sim foi assim um amor à primeira vista então h eu recei em Angola para me
Despedir dos meus pais e como deve imaginar não foi uma situação fácil podes-me tratar por tu é mais fácil ai custa-me tanto mas tenta tenta tenta é é melhor é tá bem isto aqui é um podcast para nós falarmos sem sem coisas sem sem merdes é para falarmos à vontade mas há
Pessoas para as quais as merdes é tratar tu tá ver pronto mas vamos eu vou prometo que vou tentar boa não não flui comigo não mas é isso eu depois fiquei cá e h no caso em França casei-me fiz duas filhas e e depois decidimos que eu devia continuar a estudar porque tinha
Estava a estudar em Angola e como na altura eu ainda não falava francês foi logo no início da minha estadia decidimos ir para Coimbra uhum ah para fazer os meus estudos com o pai francês exatamente com o com o marido no caso certo e o pai das filhas É isso mesmo e
Então F fo Coimbra e depois bom eu de facto a semelhança do que eu já senti em Angola de facto direito não era para mim Eh eu gostava bastante da ideia de de dominar as leis e e da interpretação Enfim tudo que tinha a ver com isso mas
De facto praticar direito não fazia parte dos meus planos eu eu fui por essa via porque em Angola na altura não havia muitas opções não é era tudo que era ciências enfim engenharia medicina e direito enfim um bocado comer em Portugal a certa altura e não havia m e
Portanto direito foi aquela que eu fui porque de facto era menos mal para mim menos mal digamos opção Ah e então vim para Coimbra e de facto confirmou-se que não estava bem não era aquilo que eu queria fazer e depois de facto chego cá
E há todo um leque de opções que é uma coisa que não havia na altura em Angola e então pensei Olha vou fazer aquilo que me apetece e o que é que me apetecia fazer antes de sair de Angola uhum enquanto eu era jovem adolescente e eu tinha vontade de fazer política de
Entrar para política de participar ativamente mas os meus pais não me deixaram por causa de um velho trauma familiar eh E então Eh eu bom eh achavam que o contexto angolano não não não era favorável e que devia adiar esse projeto ou simplesmente em verdade por outro
Caminho por medo sim por medo porque o meu pai quando eu nasci eh estava preso foi preso político portanto em 77 E então aquilo criou um drama enorme e nunca mais ninguém quis saber política na família e então quando cheguei cá eh e eu Desculpa só interromper isso ainda
Acontece Angola ainda há medo eh eu eu cada vez menos cada vez menos mas o cada vez menos significa que ainda existe não eu eu acho que não a pessoas não ten medo de ir para política já francamente Eu acho que já não é já não é de tema
Aquilo foi um contexto muito particular foi PIS Independência eh que como antes daqui do 74 não é também havia esse perigo não é não se podia falar à vontade que podias ir preso ex não sem dúvida tava uma série do país a passar por uma série de transformações não é o
Período pós-colonial eh E então havia que decidir o caminho a dar ao país e nem toda a gente concordava então havia ali um grupo de pessoas que tinha uma voz um bocadinho mais ativa e foram essas pessoas que de certa forma foram vítimas dessa situação de de uma data
Importante em Angola que é o 27 de maio porque foi muita gente presa não foi só o meu pai H E então depois disso a família fiou traumatizada e não quis saber da política ninguém quis fazer política além de mim e disseram fiquei quieta vai estudar aí vai ser advogada
Ou quiser mas tudo menos isso e então quando cheguei cá H ainda naturalmente não me ocorreu logo fazer porque não tinha mínima noção do que é que estava aqui a passar não conhecia o país suficiente para isso então fui fazer algo que eu também gostava eu gostava eu gosto de escrever
E então fui primeiro fazer guionismo depois fiz processão audiovisual já aqui em Lisboa deixei Coimbra vim para Lisboa fiz a produção audiovisual e comecei a fazer produção audiovisual fizemos ainda uns quantos documentários eu e a minha equipa uma delas está comigo agora no partido engraçado já é uma parceria que
Vem desde desde a altura e portanto Começamos a trabalhar audiovisual depois fiz um fui diretora de um festival de cinema ibro americano que se chamava rola Lisboa que era ali no São Jorge em em Lisboa Hum e a verdade é que constato que não se pode viver de cinema em
Portugal não em todo caso numa Ótica de produção e descrita descrita da é sempre os mesmos é muito difícil é muito difícil e eu apoia sempre os mesmos produtores os mesmos realizadores seja uma pessoa que queira viver disso vai ter muita dificuldade produtoras Novas tem muita sim sem dúvida eu constatei isso muito
Rapidamente e pensei bom não e não pode ser Eu sempre tive o espírito muito independente como como te disse H bocadinho já eu estava a trabalhar eh para poder fazer a minha viagem pagar sem ter que dar satisfações aos meus pais e portanto não era não não podia
Estar dependente de subsídios e estas coisas das quais vive o cinema não é e o mundo audiovisual E então Eh e euia começar a fazer negócios e pronto e tenho uma cabecinha criativa então não em descrição se falar Olha foram vários eu não diria mas foram
Em várias áreas do nosto mas no fundo o objetivo era sempre o mesmo o que eu gostava de fazer o que eu sabia fazer era criar marcas era criar negócios criar marcas e então eu criei duas marcas primeiro uma de de tests testes Lar Foi mesmo assim olha eu eu eu gosto
Muito de estar em casa sou dona de casa não é e daquelas E então achava piada achava que não já é difícil arranjar hoje em dia mas ainda existem e então eu achava que não havia testes suficientes eu queria para minha casa uma coisa mais gira então pensei Olha nem mais como eu
Há de haver montes de mulheres que querem isso então crii uma marca bem gira que eu exportava para Angola porque era um mercado que que vive ainda muito vivia na altura e ainda hoje vive muito da da da importação no caso não é ah e então consi a exportar para lá correu
Muito bem e uma coisa que tinha em particular Angola naquela altura era que nós íamos com a intenção de vender os testes por exemplo não é mas depois o comprador dos Testes dizia-me olha agora faltam-me fardas estou Test Olha já agora estamos a vender os texos lá mas
Será que conso fazer para a minha empresa umas fardas então lá estávamos nós a desenhar umas fardas enfim era era era engraçado foste desenvolvendo no fundo sim fui desenvolvendo E aproveitando as oportunidades porque isto é que eu sei fazer bem é aproveitar oportunidades e ter uma perfeita noção
Dos timings E quando é que deve estar em certo Negócio ou não Hum E então correu bem nós continuamos a desenvolver e depois é tal coisa das tantas eh estávamos a vender F fardas para um para um hotel e o homem do hotel já nos diz agora faz-me os testes vocês todos para
Para o meu hotel e agora já agora será que vocês conseguem arranjar Quem Me forneça aos móveis enfim Angola era muito assim naquela altura e de facto nós não não éramos nós que produzíamos propriamente e portanto era fácil contactar chegar aqui ao norte por exemplo e virar quem fornecesse quem
Fornecesse isso e fizesse Portanto o o trabalho a prodam ponte no e nós fazíamos a ponte nós fazíamos a venda e bom correu muito bem entretanto eh criei uma outra marca e essa já era de de cabeleireiros portanto sim que se chamava Carapinha chique e foi Definitivamente a marca mais que alguma
Vez melhor marca de cabeleireiros em Angola não até agora não se não se superou ainda existe h a marca ainda existe eu tive que ceder porque eu depois já estava cá a fazer os filhos voltei voltei a ter filhos voltei a casar-me entretanto ah e não tinha já
Tempo para dedicar para ir fazer viagens para Angola e e estar a tratar disso então tive que que delegar eh eu não sei bem o que é que se fez eh O que é que eu eu inicialmente não justamente inicialmente não não estava M tentada em vender então levei algum tempo e passou
Algum tempo até até eu tomar a decisão de vender que eu que é mais recente porque de facto insistiram bastante e eu não estava a tentar vender Porque eu de facto não tinha confiança no mercado suficiente para garantir a a continuidade do trabalho com o nível de
Qualidade que eu que eu que eu encarava que eu fazia E então H mas depois tanto insistir então te insistiram que eu acabei por aceder à marca por vender a marca e bom agora Estou a espera que esta que estes novos donos da marca Estou curiosa para ver o que é que vão
Fazer dela ok Hum e pronto e finalmente chegou uma altura em que de facto os negócios tinham corrido bem graças a Deus com com as suas vicissitudes como todos os negócios mas genericamente o balanço é bom foi bom E aí eu aí pensei bom já tenho os quatro filhos porque
Foram dois mais dois já a vida tá tranquila tou apaixonada pelo meu marido e ele por mim em princípio tá tudo estável que eu saiba exato tá tudo estável e então agora sim quando já ninguém me pode dizer o que é que eu tenho tenho não tenho que fazer quando
Tou estável é altura que vou fazer finalmente a política que eu queria fazer H tanto tempo uhum e pronto e e comecei a olhar mas porque em Angola porque em Portugal e não em Angola por exemplo que é de onde o país onde tu nasceste não é É verdade mas eu não
Estou em Angola já há quase tanto tempo quanto Vivi lá não é por seja já te consideras mais portuguesa do que angolana é ou ou meio meioo não eu não nem preciso de me sentir mais ou menos é simplesmente de facto a realidade que eu
Vivo é a portuguesa não é eu vivo cá Desde há 20 anos e os teus filhos estão cá também não os meus filhos estão todos cá quer dizer meu meu esposo tá cá a minha vida é cá efetivamente portanto a cidade onde eu vivo todos os dias o país
Que eu vivo todos os dias e que conheço e que conheço as dificuldades e para os quais Eu acordo todos os dias a pensarem como é poderia ser melhor é Portugal não é Angola não é E então Eh quer dizer não não é nós fazemos política onde estamos
Eh e portanto eh Além de que eu acerto altura neste meu percurso eu eu quando vim a Portugal já tinha a cidadania europeia e e portanto ser portuguesa não era uma não era uma urgência portanto não era uma urgência então foi algo que evoluiu
Em mim uhum ah e só quando chegou a um ponto em que já era evidente eu eu fui quase como uma relação amorosa não é Chegou a um ponto em que dizemos Ah sim de facto estamos aqui definitivamente é para passarmos todo o tempo o resto da
Vida juntos então agora vamos vamos nos casar e foi mais ou menos essa minha relação com Portugal até até que cheguei a um ponto que não foi há tanto tempo assim em que decidi de facto ter a natural portanto pir a naturalidade e Portuguesa no caso a cidadania
Portuguesa H apesar de ter condições para para tê-lo feito muito mais cedo mas de facto foi uma relação não era uma urgência que que tinhas que fazer no fundo não era urgência e e aconteceu com toda a naturalidade e naturalidade que que se deveu precisamente a toda todo o
Meu processo de integração do amor que desenvolvi pelo país o carin as pessoas as raízes que criei cá achas que pode ser achas que pode ser um contra o facto de teres Nascido em em Angola ou seja tu agora vais estar nas eleições não é Vais
Ter tens o teu partido que é muito recente o facto de não teres nascido cá achas que pode ser um contra ou até exatamente ou ou nem por isso eu acho que não eu acho que não porque quem me ouve Quem me vê quem já me começa a
Conhecer percebe que não há nada eh que não há dúvida nenhuma sobre o quão eu respeito gosto amo a cultura a a identidade a história Portuguesa e não só amo gosto e mas como também defendo se não gostasses também não vivias cá não é e defendo é verdade é verdade eu
Vivo cá por opçãoo Não há dúvida nenhuma podia estar em qualquer parte do mundo não é podia estar em Angola podia estar em França podia estar onde quisesse
1 comentário
Não é interessante.