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Bem-vindos à hora da verdade a nossa convidada desta semana é ruta agulhas psicóloga e coordenadora do grupo Vita o grupo de acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da igreja católica em Portugal uma estrutura que entrou em funcionamento em Abril do ano
Passado na sequência da extinção da comissão independente eu sou a Ana Catarina André e comigo está também a jornalista do público Ana Dias Cordeiro Obrigada desde já por ter aceitado o convite para esta entrevista o grupo Vita apresentou recentemente à Conferência Episcopal Portuguesa uma proposta com critérios para a atribuição
De Reparações financeiras às vítimas disse que a solução encontrada foi ajustar-se a cada caso de que forma é que isso pode acontecer antes de mais muito obrigado pelo convite pois nós apresentamos essa proposta agora no início do ano a pedido da própria Conferência Episcopal que no final do ano passado nos tinha pedido
Para pensarmos sobre o assunto portanto fizemos aqui um mapeamento e um levantamento da daquilo que tem vindo a acontecer nos outros países de outros modelos de reparação financeira que TM vindo a ser seguidos e criamos uma proposta que nos pareceu adequada justa muito transparente porque achamos que de
Facto são são características que deve ter h e apresentá-la efetivamente agora H ao ao grupo mais restrito portanto da CEP portanto este conselho permanente que agora vai analisar e vai discutir internamente e refletir e portanto estamos nest neste momento a aguardar esse feedback H perceber se é piso ou
Será necessário fazer algum tipo de ajuste enfim encontrar aqui um caminho um caminho conjunto Mas é uma proposta que que no fundo vem em sequência da da reflexão que a própria CEP penso tem vindo a fazer nesse sentido e que entendo neste momento que será um caminho a seguir e
Já há alguma alguma perspectiva para quando é que será possível saber e conhecer essa proposta não nós muito honestamente não sabemos portanto entregamos a proposta a na Conferência Episcopal e agora são eles que têm aqui o ónus da da reflexão e o anos da decisão portanto não não sei quando nem
Como nem de que forma é que saberemos essa essa decisão e depois como é que isto poderá vir a ser concretizado pediram pareceres a outros especialistas ou basearam-se no que aconteceu noutros países pedimos peço desculpa pedimos sim pedimos parecer até houve um grupo de juristas a católicos não confundindo com a associação de
Juristas católicos portanto são realidades diferentes que por sua iniciativa fez também uma reflexão eh bastante cuidada sobre o que tem vindo a acontecer noutros países e que nós recebemos e que nós reun com quem nós reunimos e portanto hoje escutamos também com aqui pensando aqui no grupo
Vita também de uma forma mais alargada com com o advogado nomeadamente que que nos dá aqui a nossa consultoria do ponto de vista jurídico o Padre João vergamota que nos faz aqui Assessoria do ponto de vista também do direito canónico e portanto fizemos aqui uma reflexão um pouco mais alargada sim e quantas
Vítimas É que pediram uma compensação financeira até o momento 11 temos 11 situações em que de uma forma formal explícita esse pedido foi feito já já se sabe a quem é que vai caber o pagamento destas Reparações se H CP se às dioceses não sei muito honestamente não sei são
Detalhes e tomadas de decisão que eu acredito que sejam tomados e decididos depois do modelo da reparação está definido hum o mesmo em relação então aos valores de referência para para para para o pagamento dessas essas vítimas sim é muito prematuro falar-se eh porque seria primeiro seria uma mera especulação e em
Segundo lugar é prematuro falar-se Porque isto tem que ter vários várias fases é um processo com várias fases e a primeira fase é pensar-se o modelo não é como é que estas atribuições vão ser pensadas calculadas eh como é que se vão avaliar caso a caso com base em
Critérios portanto há aqui um uma primeira um primeiro conjunto de de reflexão que tem que ser feito Portanto tem que se chegar aqui a uma decisão e depois essas questões que me coloca que são muito pertinentes mas farão sentido numa fase posterior E desde quando falou em 11 vítimas terem pedido Reparações
Financeiras desde quando em quanto tempo desde Abril desde que foi constituído ou desde fo desde início desde o início Nós entramos em funcionamento formalmente a 22 de Maio fomos apresentados publicamente em abril mas entramos em funcionamento a 22 de Maio precisamos desse tempo para Nos preparar e para
Criar aqui a estrutura e portanto estas 11 pessoas são desde Maio do ano passado até ao dia de hoje esperaria que mais pessoas manifestassem esse esses pedidos concretamente não não esperaria não não esperaria por duas razões primeiro por toda a experiência que já tenho na área
Do do abuso sexual com vítimas hh que sei que de facto Há outras ações que podem ser sentidas como mais reparadoras que não é propriamente um um uma compensação económica e depois concretamente nas pessoas que temos ouvido que nos contactam a nós Vita eh E sendo que neste momento já temos 83
Situações reportadas também ao dia de hoje eh via telefone via e-mail Mas acima de tudo via telefone h e sei porque as ouço e porque os meus colegas as ouvem e conversam com todas Estas pessoas que para Estas pessoas de facto não é reparação financeira que é sentida
Como como aquilo que é o mais reparador portanto estamos a falar efetivamente de 11 pessoas noic Uno de 83 situações que nos chegaram até o momento claro que desde que este tema começou a ser falado este número aumentou portanto a primeira vez que nos perguntaram Quantas pessoas tinham pedido formalmente este apoio
Financeiro tínhamos o número de quatro e neste momento temos o número de 11 portanto Houve aqui de facto uma subida não só de pessoas que entretanto nos contactaram E e manifestaram essa essa vontade como pessoas que Nós já tínhamos eh conhecido antes portanto já estavam em acompanh mente inclusive é com
Psicólogos ou com psiquiatras da nossa bolsa e que na altura tinham dito que não queriam este apoio ou que não que não pensavam nisso dessa forma e que neste momento dizem Agora eu mudei de ideias repensei e penso nisto de outra forma portanto eu diria que este é um número sempre muito dinâmico
H porque também há ambivalência por parte das pessoas são processos que não são lineares e e hoje podemos pensar de uma forma amanhã Podemos pensar de outra e portanto vejo isso com muita naturalidade e portanto acredito que este n seja diferente daqui há algum tempo mas implica portanto uma validação
Digamos assim do testemunho da das vítimas essa atribuição da da conversação vai ter que depender disso naturalmente mas aí já estamos novamente a falar do processo que está ainda a ser pensado que é como é que essa validação pode ser feita quem é que a vai fazer de
Que forma não é portanto neste momento estamos a pensar isso estamos nesta fase do processo dizia dizia há pouco que não que as vítimas que o que as vítimas mais pedem não é é a reparação financeira O que é que exatamente as vítimas e pedem e em que é que consiste esse trabalho
Que vão fazendo também com estas pessoas que vos procuram uhum eh muitas pessoas só querem desabafar ligam-se de facto O que é que eles gostariam que nós fizéssemos a seguir se é uma sinalização para a igreja eh para o Ministério Público naturalmente se se a pessoa não tiver falecido se o
Suspeito não tiver falecido se precisa de apoio psicológico psiquiátrico ou outro tipo de apoio Muitas pessoas dizem-nos não eu não quero mais nada eu só queria mesmo que algumas pessoas dizem só queria mesmo que contassem comigo quando eu ouo a Rute dizer na televisão temos x pessoas eu quero
Sentir que o meu número já lá está que não não estou que tenha alguma forma visibilidade da minha situação não é que não é totalmente anónima E que conta e que a minha situação conta Depois temos muitas outras pessoas que portanto destas 83 nós atendemos até ao momento
51 pessoas temos mais de três agendamentos agora para para muito breve portanto estas 54 55 pessoas que aceitam este agendamento aceitam muitas vezes também porque estão de facto motivadas para conversar connosco querem partilhar mais informação às vezes começam a entrevista connosco fou dizendo que que não querem mais pensar no assunto que
Enfim que querem de alguma forma arrumar este assunto e e depois às vezes terminam a a a entrevista ou contacta-nos alguns dias depois a dizer isto veem ativar memórias agora já não durmo estou cont tactos de pânico e se calhar aquele apoio psicológico que eu disse que não precisava se calhar agora
Preciso e portanto temos pessoas de facto depois dão este passo eh e temos já um um número significativo cerca de 15 16 17 pessoas em apoio psicológico às vezes este número vai variando porque há pessoas que entretanto suspendem depois retomam portanto nem sempre são processos com a regularidade também
Necessária mas entendo isto também com naturalidade acho que também é fruto muitas vezes da ambivalência das pessoas quero falar ai agora não quero falar H acho que me vai fazer bem falar ai não se calhar vai me fazer pior e portanto às vezes marcam-se consultas estão marcadas a pessoa desmarca na véspera às
Vezes inicia a processo tem duas três consultas pede para fazer uma pausa depois retoma portanto por isso é que às vezes os números até das consultas eh vão flutuando mas temos de facto muitas pessoas já em apoio psicológico algumas também apoio psiquiátrico tivemos também já cerca de quatro cinco pessoas claramente com
Necessidades do ponto de vista social em que e aqui também com a articulação do nosso elemento do grupo que é assistente social foi necessário articular com câmaras com juntas de Freguesia e com instituições ligadas à oferta de emprego H com a própria tanto a Casa da Misericórdia de Lisboa enfim tentarmos
Criar aqui de alguma forma ativar alguma rede de apoio e de suporte para pessoas que estavam a em de facto numa situação de grande fragilidade eu eu acharia talvez importante para os para os ouvintes e e para os leitores eh talvez explicar só um bocadinho se realmente
Estas pessoas que chegam ao grupo Vita se têm São não são as mesmas que estão enfim que tem os seus testemunhos no relatório da ex comissão independente eh ou se são algumas são ou se não não se sabe se há esse cruzamento dessa informação de se são as mesmas ou não
São as mesmas pessoas nós sabemos sempre porque nós perguntamos quando as pessoas não nos dizem de forma espontânea nós tentamos perceber se é a primeira vez que fala sobre isso e se não é com quem falou antes quando e em que contexto e portanto conseguimos perceber que deste
Universo mais ou menos até ao momento cerca de um terço portanto não é de facto a maioria não é cerca de 13 apenas São pessoas que já a contactaram com a comissão independente previamente algumas delas só preencheram o formulário que estava disponível na internet outras preencheram e depois
Tiveram um atendimento ou presencial ou online também com um elemento da comissão independente mas de facto a maioria das pessoas que vem ter connosco não falou com a comissão independente e aquilo que algumas nos dizem é que durante o ano em que a comissão independente existiu ponderaram tinham
Dúvidas Será que falo Será que não falo então portanto a comissão extinguiu-se e Muitas delas sentiram que aquela janela de oportunidade desapareceu e surgiu aqui algum arrependimento arrependimento neste sentido perdi a minha oportunidade quando o grupo Vita surge é quase como se tenho aqui uma segunda oportunidade e
Vou agarrá-la e portanto temos muitas pessoas que pensaram e ponderaram em falar antes e não o fizeram e fazem-no agora eh enfim muito também motivados com esta necessidade de terem alguma voz e de sentirem que este este silêncio que são são é um silêncio de décadas em
Média as pessoas que nós avaliamos e que escutamos até ao momento tem aqui um segredo de cerca de 40 anos 45 portanto são muitos anos em silêncio a dada altura e voltando um pouco à questão do apoio psicológico o grupo Vita pediu H falou da necessidade de alargar a rede
De psicólogos a rede de psiquiatras que que que acompanham as vítimas neste momento essa rede de suporte é suficiente para dar resposta às solicitações há quatro zonas do país muito concretamente que ainda estão quatro territórios que ainda estão mais a descoberto que é Évora E aproveito para para dizer porque colegas que nos
Possam estar a ouvir Évora Porto Alegre guarda e a Madeira portanto são as zonas do país onde de facto temos aqui h mais carência de eh profissionais que tem que ser profissionais especialistas e já com alguma experiência na área da violência sexual portanto fizemos um um primeiro
Uma primeira seleção e temos cerca de 70 psicólogos pelo país que foram de alguma forma aqui não é filtrados de acordo com alguns critérios que vimos com a ordem dos psicólogos eh e temos estas quatro regiões de facto mais a descoberto claro que também temos algumas vítimas muitas
Vezes são elas até que o pedem até às vezes por questões de de de dificuldade motora estou-me a lembrar de um senhor que está acamado estão a lembrar de um outro senhor que está em casa dois aliás em cadeira de rodas e portanto tem muita dificuldade em em movimentar-se pedem
Mesmo um acompanhamento online e portanto ao ser um acompanhamento online maior parte das vezes é pelo Whatsapp porque maior parte das vezes as pessoas não têm computador não tê outro tipo de tecnologia mas nós encontramos aqui uma forma de chegar até às pessoas psiquiatras temos menos pois naturalmente porque também há menos
Psiquiatras em Portugal temos neste momento psiquiatria assegurada na grande Lisboa na grande Porto no grande Porto nos Açores e na madeira o que é que acontece quando nos surgem porque já aconteceu surgem situações noutras zonas do país por exemplo em Psiquiatria pedimos referência a estes colegas da psiquiatria estes médicos que nos
Referenciem alguém na zona x ou na zona y e de alguma forma fazem-nos aqui um bocadinho esta aponte para que a pessoa não deixe de ficar sem sem a consulta que precisa e relativamente à sensibilização e formação que o grupo vi tem também está bastante empenhado
Portanto são é Dra ruta agulhas que está nesse a fazer esse essa esse papel e e quantoas outras pessoas e também teria interesse saber O que é que se ensina nessas sessões de de formação e de sensibilização pois nós temos aqui dois tipos de ações Como diz e bem temos
Ações de sensibilização que são ações mais curtas eh às vezes de uma hora uma coisa muito muito focada em que o Instituto religioso nos dias gostava que falassem eh durante cerca de 1 hora 1 hora e meia para este grupo de padres ou de religiosos por exemplo claro que aí é
É apenas uma mera sensibilização no fundo falar aqui um bocadinho de uma forma mais alargada e mais superfí Inicial naturalmente sobre o que é que é esta situação da violência para que é que serve o grupo Vita etc e depois temos ações de duração mais média por
Exemplo 4 6 8 horas e depois temos programas formativos um pouco mais aprofundados 20 25 horas pelo menos numa fase inicial os objetivos são também ajustados e a duração é ajustada em função de quem é população alvo e o que é que precisa eh nós estamos a falar
Daqu no universo da igreja que é o universo de milhares de pessoas entre padres diáconos H agentes pastorais professores de educação moral e religiosa e católica catequistas docentes e não docentes de escolas católicas eh portanto nós temos aqui um universo muito muito grande nós naturalmente tivemos que criar aqui uma
Estratégia para conseguirmos chegar a mais pessoas e a nossa estratégia é um modelo en Cascata ou seja nós identificamos um grupo de profissionais daquela área que treinamos e que formamos com mais num nível de aprofundamento maior quem faz isso normalmente sou eu e a minha colega Joana Alexandre e também por vezes o
Ricardo Barroso quando a formação também incide aqui sobre a perspectiva dos agressores h e depois essas pessoas no fundo vão se assumir é esse o objetivo como agentes formativos por exemplo eh nós temos mais de 100 institutos religiosos em Portugal 132 se não estou em erro é é humanamente impossível dar
Formação a 132 institutos cend que alguns têm centenas ou mesmo milhares de pessoas Então o que é que nós fizemos num primeiro momento através da cirp portanto a conferência do dos religiosos dos institutos religiosos em Portugal identificamos 20 institutos E esses 20 institutos selecionaram duas três pessoas por Instituto E essas pessoas já
Tiveram agora aqui um primeiro bloco de 20 horas de Formação este bloco acaba vamos começar outro bloco igual com outros 20 institutos vamos assim 20 a 20 agora estes que acabam este primeiro bloco de Formação Inicial destes vão sair x que vão assumir-se como agentes formativos no seu Instituto religioso Ou
Seja vão de alguma forma passar aqui um bocadinho Esta palavra e estes conteúdos de alguma forma para conseguirmos chegar mais longe claro que estes agentes formativos às vezes também sentem um pouco inseguros porque tem menos experiência não e e 20 horas de Formação não chega para se sentirem devidamente
Preparados eh e capacitados para essa formação então aqui o grupo Vita assume um papel de retaguarda e de no fundo estar aqui um bocadinho nos Bastidores a ajudar estes agentes formativos a preparar e a dinamizar as ações formativas dentro do seu Instituto religioso por exemplo mas o que é que se
Ensina exatamente pronto depois o que é que se ensina se nós olharmos para o manual de prevenção que nós publicamos em dezembro passado que está disponível no nosso site para download completamente gratuito naturalmente eh no fundo tudo aquilo que está no manual é trabalhado nas ações de Formação mais
Ou menos aprofundadamente em função da duração dessas mesmas ações ou seja há uma primeira parte que é enfim é impossível não não falar nela que é a definição de conceitos eh porque para muitas pessoas por vezes ainda há aquela ideia errada de que por exemplo se não
Houver contacto físico Então não é abuso ou que determinado tipo de conversas apenas eh sem toque nos genitais pode também não ser abuso e portanto há que desconstruir um conjunto de Mitos há que desconstruir e há uma primeira fase da formação que é muito isso clarificar conceitos desconstruir mitos olhar a
Violência sexual e o abuso sexual de frente falar sobre isto de uma forma tranquila e Serena sem tabus chamando as coisas pelos nomes que é algo que às vezes é difícil e depois temos que perceber a dinâmica da vitimologia porque é que as vítimas Não Contam
Porque é que são tantos anos de segredo porque é que sentem culpa porque é que tê tanto medo de revelar porque é que às vezes tentaram revelar e nem não foram acreditadas eh porque muitas vezes estamos a falar aqui de uma dinâmica que tem a ver com a dinâmica da própria
Situação que envolve naturalmente o segredo a culpa a vergonha eh envolve alguém com quem se tem uma relação de proximidade porque é que é tão difícil para uma vítima fazer queixa de algém que abusou dela porque ao mesmo tempo é alguém de quem gosta é alguém que até
Admira nomeadamente se for um padre por exemplo não é uma figura aqui um bocadinho quase usada na perspectiva das vítimas é importante que as pessoas percebam estas dinâmicas a dinâmica do segredo é preciso também que se perceba e sempre que temos possibilidade também temos um módulo de formação sobre os agressores
Estas pessoas que cometem estes crimes que funcionamento têm que dificuldades têm Qual é a diferença entre alguém que agride e um pedófilo o que é que é isto ser pedófilo portanto para também fazermos aqui uma distinção E acima de tudo também se perceber a necessidade de intervenção com estas pessoas que estas
Pessoas não deixam de abusar só porque são afastadas ou mudadas de paróquia não é Portanto o comportamento é muitas vezes compulsivo não abusam da criança x não abusar da criança Y portanto é muito importante que as pessoas percebam isso até para que a própria igreja Comece
Cada vez mais a assumir também aqui um papel de pressão junto destas pessoas para que estas pessoas aceitem o processo terapêutico depois mas isso está a acontecer a igreja tá a conseguir está a ser bem sucedida nisso porque muitas vezes houve-se que um padre foi afastado de uma paróquia mas depois que
Voltou sim eh neste momento no seu entender eh no no meu entender há aqui um caminho que ainda tem que ser feito já estamos a fazer esse caminho no que diz respeito às vítimas No que diz respeito às pessoas que cometem crimes de natureza sexual o caminho está temos
Mais caminho por trilhar tivemos apenas uma situação de pedido de ajuda como também é público de uma pessoa que agrediu sexualmente e que aceitou ajuda mas lá está aceitou ajuda porque foi também pressionada pelo Instituto religioso onde pertencia Portanto tem que haver aqui da parte da igreja esta
Este reconhecimento de que o pedido de ajuda normalmente não é voluntário não há esta motivação para pedir ajuda porque na na Perspectiva do agressor há um conjunto de distorções acham que não fizeram nada de mal que a vítima é que provocou e que se gostou Então é porque
Também enfim não há ali qualquer problema minimizam a gravidade dos seus atos e por isso na formação nós tentamos que todos estes destinatários percebam esta dinâmica também do funcionamento do agressor para perceber que é importante pressionar porque se estamos à espera de que eles voluntariamente peçam ajuda de
Facto vai ser uma espera um bocadinho em Glória não é porque sabemos que que esse processo é muito difícil de acontecer assim espontaneamente como é que se faz esse trabalho junto dos abusadores falava há pouco nesta distorção eh que estas pessoas tê ou seja de verem ver realidade de outra maneira digamos
Assim como é que se vai vai e mudando e transformando este cenário digamos assim Isto são processos terapêuticos que são dem morosos estamos a falar de anos Eh claro que depende depois também do tipo de situação em que nós temos entre mãos é um jovem adulto que tem uma trajetória
De comportamento desviante mais recente ou estamos a falar de um adulto de 50 anos que tem uma trajetória muito mais cristalizada e muito mais enraizada e naturalmente sabemos que os comportamentos são mais difíceis de mudar muitas vezes estes agressores também precisam de uma abordagem p psiquiátrica e medicamentosa em paralelo
Portanto há aqui uma abordagem normalmente assim em paralelo da psicologia e da psiquiatria e normalmente aquilo que se trabalha com com estas pessoas Eh estamos a falar das distorções cognitivas lá está destas leituras distorcidas da do abuso e do impacto também que esse abuso tem ou poderá vir a ter para a vítima
Trabalhamos a empatia a capacidade de regulação das emoções eh a Sexualidade de uma maneira geral porque muitas vezes fazendo aqui um bocadinho uma trajetória do desenvolvimento percebemos que são pessoas que começaram a ter uma trajetória já de alguma forma desviante desde a adolescência portanto Muitas vezes os seus primeiros contactos com a
Sexualidade foi foram já contactos desviantes por vezes também abusivos mas não necessariamente na sua maioria eh e portanto isso é um trabalho de acompanhamento que sabemos que numa primeira fase a motivação para esse acompanhamento é baixa é baixa portanto Ah já não volto a fazer Estou Curado
Nunca mais vou pensar nisso não sei para é que preciso de vir aqui Isto são H comentários típicos de pessoas que cometem crimes sexuais numa fase inicial do acompanhamento portanto não havendo uma pressão muitas vezes externa uma vez que não há esta motivação interna não há muitas vezes o reconhecimento da
Gravidade da situação e do impacto não havendo esta motivação externa às vezes é de facto difícil que os processos mantenham por isso é que de facto temos aqui este este foco não é na igreja no sentido de poder pressionar e perceber que se não o fizer a probabilidade de
Reincidência é muito maior não é portanto eu sei que tem havido algumas críticas desde o início ao grupo Vita eh sobre porque é que também trabalhamos com os agressores e e e não me canso de o dizer primeiro temos pessoas diferentes a trabalhar com vítimas e com
Agressores temos no porto por acaso até há uma uma divisão geográfica no porto o professor Ricardo Barroso temos a nossa psiquiatra que agora é a Dra Ema Conde ouve uma mudança de psiquiatria na área da psiquiatria portanto uma pessoa com muita experiência na área de intervenção com agressores e portanto tudo o que
Diga respeito à intervenção com agressores é assegurada por estes dois elementos do grupo Vita eu e os outros três elementos estamos focados nas vítimas e trabalhar com os agressores é prevenir a reincidência nós não podemos ficar descansados porque houve uma uma queixa e aquele Padre por exemplo é
Afastado é suspenso é suspenso vai para casa mas ao pé de casa tem vizinhos e e pode ter sobrinhos e pode ir ao parque infantil e estarem lá outras crianças portanto não é não é uma situação que nos deixe tranquilos e não pode ser e confortáveis portanto nós temos que
Pensar que aquela pessoa tem de ser intervencionada porque senão protegemos uma determinada comunidade por exemplo naquela Paróquia mas não estamos a proteger outras crianças e portanto Isto é também trabalhado na formação eu diria que talvez a área onde há maior desconhecimento Há muitas falsas crenças associadas a às pessoas que cometem
Estes crimes e Depois temos uma parte fundamental da formação que que é o enfoque na prevenção portanto é muito importante esta ideia não é nós estamos aqui e Este é o nosso foco e o dom arnelas quando me ligou H por acaso curiosamente está quase a fazer um ano
Que ele me ligou foi no dia 19 de Março do ano passado e me foi e me colocou este desafio e a primeira coisa que ele me disse é a vossa missão eu quero que seja as vítimas a escuta das vítimas e o acompanhamento das vítimas e de facto
Nós estamos muito preocupados em reparar não é não é aquilo que está no passado mas temos que olhar para o presente temos que olhar para o futuro e portanto olhar para o futuro é prevenir E aí o que nós estamos a tentar fazer com asos várias estruturas da igreja é que todas
Estas pessoas desde as escolas os catequistas as paróquias etc saibam identificar mapas de risco saber fazer um mapa de risco o que é que é um mapa de risco é uma ferramenta muito importante para eu poder antecipar os riscos Associados por exemplo a um Retiro que são diferentes de um dos
Riscos por exemplo numa aula de educação moral e religiosa católica ou por exemplo no acampamento dos escuteiros os riscos são diferentes portanto que riscos é que pode haver aqui aqui aqui então que medidas preventivas é que eu vou implementar para prevenir não é criar códigos de Conduta felizmente
Vamos nos deparando já com muitas instituições que já vão tendo os seus códigos de Conduta mas Muitas delas ainda não têm um código de conduta é um conjunto de regras um conjunto de princípios que todas as pessoas que estão por exemplo naquela escola ou ou naquela diocese ou naquela da Paróquia
Tem obrigação de conhecer refere-se por exemplo a coisas como não não não estar com uma criança numa Sala fechada por exemplo por exemplo ou outros outras regras dest G Sim nós quando falamos em quant conduta falamos normalmente em três grandes áreas que é o que é que
Deve ser promovido O que é que deve ser completamente proibido no outro Extremo e aqui numa zona intermédia O que é que deve ser evitado porque o evitado não quer dizer que seja um crime Claro mas pode ser ambíguo por exemplo dar uma boleia a uma cri um adulto dá uma boleia
Sozinho a uma criança não tem que ser proibido há determinadas circunstâncias em que isso pode ter que acontecer mas calhar tem que acontecer com aviso prévio de outras pessoas com o conhecimento prévio de outras pessoas e com uma justificação Cabal para o efeito não é essa questão
Que diz das das salas por exemplo não terem vidro das pessoas estarem menos visíveis começa a sentir uma preocupação muito interessante que vem dos próprios pais pais que tê crianças em colégios pais cujas crianças se confessam num determin idade local que nos procuram dizendo atenção eu não suspeito ninguém
A minha criança ou os outros Miúdos ninguém se queixou de ninguém não há nenhuma suspeita de abuso aqui em cima da mesa mas nós pais não estamos confortáveis porque eu sei que a sala onde eles confessam não tem janelas ou porque eu sei que a sala no Colégio é
Assim portanto E aí nós alertamos essa Paróquia Esse colégio e qual é a reação dos representantes da igreja é uma reação positiva todas as situações que nós temos tido tive uma que me Foi reportada numa quinta-feira à noite 10 da noite eh porque nós grupo Vita temos um um
Telefone que Teoricamente e da linha Teoricamente acaba às 6 Mas é mesmo só Teoricamente nós atendemos muitas chamadas fora de horas e ao fim de semana e essa foi muito tardia lembro-me perfeitamente 10 10 e tal da noite numa quinta-feira nesse sexta-feira de manhã a primeira coisa que eu fiz foi
Contactar essa essa escola em quem quia ter uma escola foi dar conta da da preocupação daqueles pais foi que foi contactar o respetivo bispo da diocese que era o Bispo que estava responsável por aquele padre que fazia essa confissão numa Sala fechada sem haver qualquer suspeita de nada mas havia um
Desconforto Isto foi tudo tratado durante o fim de semana e na segunda-feira os procedimentos estavam alterados e depois tenho os pais a dizerem segunda-feira chegamos à escola e percebemos que os procedimentos foram alterados portanto é um bom exemplo felizmente temos mais claro que nem todas as estruturas da igreja são tão
Recetivos eh e estão tão disponíveis mas sinto genuinamente que tem havido aqui uma abertura e que se nós fazíamos muito no primeiro os primeiros meses tínhamos que ser muito proativos e ir bater um bocadinho à porta deste e daquele agora as pessas vêm ter connosco mas relativamente aos agressores disse que
Enf relativamente aos agressores não relativamente aos agressor agressoras que querem enfim ser Receber receber acompanhamento só há um Só houve um desde desde maio até agora sim sim e isso de que e por por ser pressionado portanto isso é um sinal de que é um processo difícil e Moroso não é portanto
Até porque não podemos esquecer que muitas pessoas que há suspeita que possam ter cometido este crime negam no é a primeira reação nós sabemos e pode para muitas destas pessoas haver aqui esta ideia de se eu aceito um processo de acompanhamento é quase Como se eu tivesse a assumir uma culpa então
Eu não eu não eu não sou culpada eu não fiz nada de mal então portanto aquela aquela situação que falou de o padre poder ser Suspenso da Paróquia mas poder ir a um parque infantil e ter contacto com crianças não se pode evitar nessas situações porque não há esse controlo
Não é a pessoa vai supensa e a justiça não pode interferir enquanto não houver enfim até porque muitos destes processos já estão prescritos do ponto de vista Legal ou seja a igreja até pode tomar iniciativa e afastar o padre tou dizer padre mas temos a falar de no conjunto
De pessoas não é no contexto da igreja eh do ponto de vista legal pode nada acontecer porque o crime prescreveu que essa é outra questão não é o limite da da prescrição destes crimes de facto tem um teto muito baixo não é e foi uma das propostas também que já apresentamos na
Assembleia da República destes prazos de prescrição serem revistos aquele Padre Imagina é suspens vai para casa não pode ter um polícia primeiro não há um polícia não é que pudesse assumir esse papel mas não pode haver aqui um controle de 24 horas por dia sobre aquela pessoa aquela pessoa não vai à
Paróquia ou não vai à diocese efetivamente porque tá afastada mas se calhar não tá fechada em casa ou se calhar está fechada em casa na internet e na internet nós temos o mundo à nossa frente Portanto acho que é um bocadinho ingénuo da nossa parte se nós acharmos
Que essas medidas chegam porque não chegam e por isso temos que insistir não só naturalmente no afastamento das pessoas relativamente a quaisquer funções que impliquem algum contacto direto ou até mesmo indireto com crianças jovens ou ultos vulneráveis Mas temos que pensar num processo de de intervenção terapêutica com estas
Pessoas porque senão de facto mudam é o alvo aquilo que nós sabemos é que eles mudam o alvo não deixam de abusar Porque estão afastados ou porque foram suspensos não mudam o alvo têm conhecimento situações dessas agora no contexto da igreja ainda não mas são 25 anos de prática nesta área e
Sabemos que muitas vezes são afastados de um contexto e vão abusar noutro e hoje em dia com a Internet é tudo muito fácil não é portanto são milhares e milhares de crianças à disposição eh desde que tema dos abusos ganhou destaque H senteo que houve já alguma mudança na cultura na mentalidade da
Igreja em alguns setores da igreja eu acredito que sim e acho que sim por aquilo que vou vendo e e como dizia há pouco nós neste momento não temos que ser tão proativos são as pessoas que vêm ter connosco por exemplo eh um grupo de professores de educação e religiosa
Moral e religiosa católica eh está a preparar um não sei se se chama Retiro se chamam não sei qual é o nome correto mas vão estar fora e com x Miúdos algumas centenas vão dormir em pavilhões ou em camaratas portanto no chão acho que em colchões Enfim nunca houve suspeita de
Nada nem foram acusados de nada e tomaram a iniciativa de vi ter connosco Olha nós temos estas medidas todas pensadas chega est de fazer mais alguma coisa digam-nos não é então explica-me lá como é que estão a pensar as dormidas Como é que vão ser os banhos como é que
Vai ser casa de banho quantos adultos têm para quantas crianças como é que vai o seru transporte portanto eles já tinham antecipado Praticamente tudo e nós ajudá-los a pensar no sentido de consolidar demos mais uma outra sugestão Mas portanto já vejo aqui esta disponibilidade de ajudem-nos e digam
Como é que devemos fazer este domingo que passou Passei a manhã a dar formação Instituto religioso com um grupo de de religiosas mulheres que têm na sua congregação jardins de Infância creches e lares de idosos muitos deles acamados e portanto o pedido foi digam-nos o que fazer que medidas é que
Devemos implementar quando temos estas duas franjas bebés crianças e os idosos portanto sentimos que há de facto aqui uma mudança de Cultura agora estamos a falar de um período de tempo poral muito curto não é portanto nós existimos nem há um ano se andarmos um ano para trás
Temos a comissão independente portanto é é uma história não é em Portugal muito recente basta pensar que nós temos feito este este caminho fora da igreja em Portugal pensando por exemplo nas escolas não é na proteção das crianças nas escolas e é um caminho que tem
Muitos anos tem décadas não é eu pelo menos trabalho com escolas na prevenção do abuso sexual há 20 anos 20 e aqui temos a falar dois tr 3 anos e é um caminho que ainda não está feito nas escolas ainda há escolas que não sabem o que fazer que têm reações completamente
Desajustadas quando há uma suspeita ou quando há mesmo uma confirmação de abuso portanto fazendo aqui um bocadinho o paralelismo também não podemos estar à espera que a igreja tenha aqui um salto qualitativo tão rápido como nós também Não vimos noutros contextos portanto eu acho que é preciso aqui algum tempo eh e
Sinto que estamos todos mobilizados nesse sentido nomeadamente as comissões diocesanas a quem também temos vindo a dar formação desde que começamos a as nossas funções e E agora como é que se combate outra questão que tem que tá também que está também associada ao abuso que é no fundo H uma cultura
Talvez entranhada entre as pessoas mais velhas que tendem a proteger e os padres a proteger os catequistas no fundo a não aceitar que uma dessas pessoas possa cometer um destes crimes como é como é que isto se vai combatendo bem isto acontece também na sociedade civil não é
Basta pensar no processo casap recuamos uns anos lembram-nos na indignação Geral das pessoas quando souberam que a o b eram figuras suspeitas porque e não estamos a falar de pessoas com a ligação à igreja não é aqui com a ligação à igreja o que é que nós vemos nós vemos
Que estas pessoas são vistas pela pelas pessoas à sua volta quase como divinas e muitas vítimas dizem-nos isso era Deus no céu e era aquele padre na terra a minha mãe mandava-me de fim de semana com o padre e estava tudo tranquilo não havia qualquer suspeita
Houve uma vítima que me disse que que foi almoçar com o padre e prolongou-se e só chegou a casa muito muito tarde e eu perguntei então e a sua mãe não não estranhou não estava com o padre como quem diz estava com o padre não há preocupações até podia vir no dia
Seguinte portanto esta facilidade com que se confia porque também para além de ser uma pessoa próxima de confiança se pensarmos então nas comunidades mais pequenas o padre é uma pessoa de referência não é que está presente na vida das pessoas Especialmente quando são comunidades mais mais católicas mais
Praticantes Portanto o padre é a referência eh é inquestionável a sua idoneidade não se questiona ponto E mesmo quando algumas vítimas tentavam contar ou falar eram completamente desacreditadas portanto aquilo que nós vemos na sociedade civil é que sabemos que é muito difícil para as famílias eh acreditar não é quando quando o suspeito
É um marido ou é um avô ou é um professor não é que se conhece ou quando é um treinador de futebol em quem se confia aqui tem para além desta dimensão da confiança e da familiaridade esta esta dimensão Divina que de facto é quase como se tornasse Estas pessoas
Completamente não é imunes a qualquer pecado e portanto é impensável que isso possa acontecer com aquela pessoa o que está previsto é que as comissões diocesanas e irão substituir o grupo vita a dado momento não sabendo quando mas acha que acredita que que isso vai ser possível sim eu acredito que isso
Vai ser possível Claro que não é é agora Aliás o grupo Vita quando é criado é com o reconhecimento de que não havia e se calhar ainda não há eh uma confiança a confiança necessária das pessoas para pedirem ajuda às comissões de uanas eu própria também integrei a comissão de
Yana de Lisboa tal como o Dr PED stres fizemos parte doos dois dessa primeira equipa que foi a primeira comissão que foi criada em Portugal em 2019 eh e sentimos está bem que depois veio a pandemia efetivamente mas o número era tão residual de situações a nível do do
País que de facto contrasta depois com os números da comissão independente então Estas pessoas todas sabiam que as comissões Independentes existiam e não pediram ajuda portanto claramente não Confiam depois Houve aqui um segundo momento que foi a retirada de elementos do clero das comissões de ocanas porque as comissões cenas até há relativamente
Pouco tempo tinham elemento do clero na sua Constituição e isso fazia com que as Chinha ficassem mais de pé atrás Então mas eu vou fazer queixa da igreja uma estrutura que tem pessoas da igreja na sua constituição Qual é a isenção não é qual é que é aqui a objetividade
Portanto Esse foi um movimento que foi feito entretanto O que é que nós temos vindo a fazer e por isso este trabalho que nós temos feito e continuamos a fazer diariamente de articulação com as comissões de ocanas não só de lhes dar formação que terminamos agora um
Primeiro ciclo de 25 horas formativo e vamos agora aprofundá-lo porque vamos iniciar um roteiro pelas várias dioceses do país eh e em cada diocese vamos voltar a trabalhar com cada comissão estamos permanentemente em articulação com a equipa de coordenação nacional e o objetivo é capacitar porque
Vamos lá ver as comissões de ocanas São profissionais como eu são psiquiatras são psicólogos são juristas são médicos são ex ex inspetores da PJ São ex-juízes ex Procuradores Alguns ainda no ativo portanto são profissionais como nós grupo vita a diferença é que de facto estão numa estrutura que ainda não tem a
Confiança necessária e a confiança não é algo que se ganha assim de um dia para o outro não é olha agora podem confiar ah pronto agora confiamos não portanto eu acho que é preciso aqui de facto algum tempo e por isso o grupo Vita assume-se como temporário embora não tenha um fim
Claro fizemos aqui uma primeira Estimativa de 3 anos não sei se vai chegar ou não mas tá tudo em aberto o que é que começamos a sentir que é positivo é que começam a aumentar o número de sinalizações diretamente às comissões Dean e isso é um sinal
Positivo pessoas que já não passam por nós vão diretamente à comissão de diocesana eh o facto também talvez não tem não seja se calhar muito público ainda mas mas sentimos que deve ser e que pode ser um sinal importante a disponibilidade que as próprias dioceses Nós temos muitas situações de vítimas
Que já foram recebidas pelos bispos individualmente a pedido das pessoas não houve uma única pessoa que tenha pedido isso que não tenha sido recebida pelo bispo e para muitas pessoas Isto é mesmo muito importante serem recebidas pelo bispo portanto acredito que este é um caminho não é portanto as pessoas vão
Sendo recebidas vão estando com a comissão diocesana quando nós precisamos de articular com a comissão diocesana a pessoa sabe que nós estamos em articulação definimos uma estratégia em conjunto sempre para para evitar a revitimização da da vítima H eh enfim Portanto vamos fazendo aqui um caminho que tem que ser um caminho
Conjunto porque acho que essa é a única forma de se calhar da aqui a 2 anos três quatro não sei podermos pensar Ok a confiança que as pessoas tiveram na comissão independente que tem hoje em nós não é dois grupos Independentes apesar de ambos terem sido criados pela
CEP mas com Total autonomia de facto eh e eu disse aqui há há uns meses num outro programa da Renascença que no dia em que eu sentisse que não tinha autonomia eh e e liberdade e Margem Não é para tomar decisões eraa o dia que euia embora e mantenho aquilo que digo
Portanto se estou ainda é porque efetivamente continuo a sentir que da igreja há Essa não é É nos dado de facto essa carta branca para decidirmos e para agirmos como como entendemos como trav vamos trabalhando com as comissões de ocanas eu acredito que com o tempo essa confiança chega Mas vai ser necessário
Tempo e a comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens garantiu que até ao final deste ano portanto 2024 iria apresentar em parceria com o Instituto Nacional de estatística um novo estudo eh sobre abusos sexuais a nível sexual a nível a nível nacional que iria para lá eh
Portanto AB a igreja abrangendo outros eh contextos de socialização das Crianças um um estudo aliás que tinha sido anunciado já o ano passado pela ministra Ana Mendes Godinho eh o iné entretanto esclareceu que não se trata de um novo estudo ou seja de um novo inquérito feito de raiz mas de uma
Análise mais detalhada de dados eh que já já existem e que estão dispersos por vários relatórios nós estamos perante e um novo estudo que faça então um retrato detalhado da verdadeira dimensão Global do problema em Portugal sim concordo consigo portanto aquilo que foi anunciado há um ano foi muito promissor
Aquilo que o iné veio agora dizer É ela sim a meu ver é muito insuficiente perante aquilo que nós precisamos porque a análise dos dados que já existem é a tal franja a tal pontinha do iceberg das situações que foram reportadas porque se esses dados existem seja nos relatórios
Da do razi não é portanto da administração interna seja num relatório das comissões de cpcj etc são dados sinalizados e o problema não são os dados sinalizados o problema é o Iber que está debaixo d’água aquele bloco gigante de situações que não foram nunca reportadas são estes anos e anos de
Silêncio que as pessoas guardam com ela portanto era necessário de facto como foi sugerido pela comissão independente nós já reforçamos isso inclusive é também na Assembleia da República quando fomos ouvidos e também foi essa a primeira proposta há cerca de um ano que foi apresentada de facto era um estudo
Que abrisse o âmbito portanto não ficasse só na igreja para conseguirmos perceber o que é que está debaixo da linha d’água analisar os dados que existem e compilar esses dados seja a análise que for feita é sempre a partir de D que já existem de situações que já
Foram reportadas E essas situações são sempre uma minoria Então o que é que pode ter acontecido entre o anúncio eh do governo no ano passado de que iria haver um um estudo aprofundado das situações e de situações novas e agora eh a decisão ou o anúncio do INED que o
O estudo vai ser de uma compilação de dados que já existem e não são Dados novos não sei essa é uma pergunta que terão que fazer ao iné eh para perceber o que é que que se passou mas que efetivamente este caminho que parece que está a ser tomado e que foi anunciado
Recentemente não é o caminho que se deseja de facto não é Ou seja estamos podemos eh criou-se aqui Uma expectativa de que o tema e fosse aprofundado hh e depois na verdade o estudo não não no fundo não materializa essa essa esse desejo ou essa intenção sim criou-se
Aqui Uma expectativa que é que era uma expectativa importante que é vamos lá tentar perceber um bocadinho a realidade fazer aqui um diagnóstico do que é que se passa em Portugal e o que é que se tem passado nas últimas décadas não só na igreja mas nas escolas na família no
Desporto nas atividades de lazer enfim todos estes contextos onde as crianças se movimentam era importante que esse estuto fosse feito neste âmbito nacional e alargado aos diversos contextos das Crianças mas enfim formação forma era uma forma também do estado e poder fazer alguma coisa eh para desocultar este este problema
Sim são necessários estes estudos de prevalência porque o que nós vamos tendo ao longo dos anos é o número de novos casos que vão surgindo não é temos a incidência do problema falar num estudo de prevalência é tentar perceber aqui uma realidade muitas vezes oculta é ir questionar hoje adultos tal como a
Igreja fez com a comissão independente que nos vem reportar as situações que aconteceram há 20 30 ou 40 50 anos atrás e essas situações não estão reportadas em relatório nenhum Estão guardadas no silêncio da pessoa portanto se Estas pessoas não tiverem oportunidade de falar tal como as 400 e
Tal não é que que que foram junto da comissão independente dizer olha aconteceu-me isto uma coisa que eu nunca partilhei com ninguém e eu agora tenho aqui uma janela de oportunidade pelo menos para não morrer com este segredo que é aquilo que muitas vítimas nos dizem Se todas as pessoas de Portugal
Tivessem essa possibilidade seguramente nós íamos ficar enfim eu diria que muito perturbados com esses resultados não é mas não fazendo então o Estado Este trabalho Este estudo aprofundado este levantamento que se quereria o que é que na sua opinião falta o estado fazer nesta área não faz nós primeiro Temos
Que conhecer a realidade faltam várias coisas não é nós precisamos temos conhecer a realidade para saber as melhores políticas quer de avaliação quer de intervenção quer de prevenção nós temos aqui três grandes focos eh não havendo Esse estudo continuamos a trabalhar aqui um bocadinho só com
Aquilo que vão sendo as franjas que vão surgindo não é que são estes números que efetivamente de acordo com os dados que nós vamos tendo anualmente têm vindo a crescer e o facto também se falar muito neste tema no contexto da igreja também tem disputado mais sinalizações
Deram-nos contas disso a PJ a pav enfim várias várias estruturas em Portugal que estão a perceber não é este reflexo isso é positivo não é nessa perspectiva mas há aqui um número muito muito muito maior eh de situações encobertas não havendo Este estudo bem temos que
Trabalhar com o que temos não é portanto de qualquer das maneiras quero acreditar que se Este estudo não é feito este ano será feito em breve quero ser otimista h e e para além de pensarmos na área da da intervenção nós já temos de alguma forma resposta para crianças mais ou menos não
É enfim também depende dos territórios em Portugal depende da zona do país vamos tendo algumas respostas eh ao nível da intervenção com crianças ou jovens que muitas vezes são vítimas de violência doméstica à estruturas que também apoiam estas crianças e jovens que também foram vítimas de violência
Sexual outras nem tanto portanto há uma rede montada para a violência doméstica que devia ser também igualmente montada para dar assegurar a intervenção com as vítimas de violência sexual e as vítimas de violência sexual não só crianças e jovens mas também adultas as vítimas adultas não têm praticamente resposta
Nenhuma em Portugal sabemos que o Sistema Nacional de saúde o serviço Nacional de saúde não é resposta h de todo eh e portanto falta uma resposta na área da intervenção portanto quando a situação já aconteceu no fundo aquilo que nós estamos a fazer com a bolsa de profissionais que criamos era
Preciso que estas bolsas não é existissem de uma forma estruturada e definitiva não é não ser uma coisa temporária eh pelo país fora e depois faltou o falta a intervenção com os agressores não é portanto aí mais ainda conta-se pelos dedos das mãos ou de uma mão se calhar os serviços em Portugal
Normalmente Associados mais contextos académicos universitários que tê respostas terapêuticas para agressores sexuais mas é muito estou-me a lembrar de um agressor sexual há uns anos que me dizia eu até houve uma altura que Pensei em pedir ajuda mas pedia ajuda a onde e a quem eu só vi era cartazes de
Violência doméstica violência doméstica eu nunca vi um cartaz a dizer Olhe se tens pensamentos sobre isto e isto pede ajuda aqui portanto Estas pessoas quando até T alguma motivação no caso aquele senhor tinha tido não encontrou resposta para o seu para a sua necessidade e depois temos o a outra questão que é
Aquela que nós focamos também muito que é a prevenção primária não é nós aqui no Vita nós temos cinco estudos de investigação a decorrer neste momento queos resultados são apresentados este ano e dois deles são especificamente na área da prevenção estamos a desenvolver dois programas de prevenção para
Trabalhar com as crianças dos 6 Aos 9 anos e outro crianças dos 10 aos 14 os programas estão neste momento a ser desenvolvidos para os mais velhinhos é um jogo digital porque os mais velhos enfim sentem-se melhor no mundo digital é mais apelativo para os mais pequenitos
São outro tipo de atividades que nós estamos a desenvolver em articulação com com o mestrado do do iscet com alunas de Mestrado h e que vamos implementar pré-testar e que vai ser implementado e quem vai assegurar esses programas são os catequistas são os escuteiros São os professores de educação moral eh enfim
São as pessoas que estão próximas das Crianças ora era importante novamente sair da igreja e pens pensar em programas desta natureza em todas as escolas portanto isto implicava aqui um envolvimento da dge o envolvimento do estado no sentido de garantir não é que que de facto ao longo dos seus
Currículos as crianças desde o pré-escolar tivessem Acesso aqui a alguma informação e fossem dotadas de algumas ferramentas para saber pedir ajuda perante uma situação desta natureza com base na sua experiência Quais são as áreas de socialização das crianças onde o fenómeno continua mais oculto por assim dizer onde é preciso eh
Trabalhar mais eh nesta nesta questão da desocultação a família porque é sempre aquele contexto que nós também achamos logo que é sagrado não é que é o local mais seguro do mundo e portanto eh a maior parte dos Pais muitas vezes informados e preocupados com estas questões continuam a ensinar aos seus
Filhos que o agressor é o estranho com cara de mau que sai detrás do arbusto o arbusto e e viola a criança portanto muito difícil para as famílias transmitir às crianças esta ideia de que o abusador pode estar dentro de casa pode ser alguém que frequenta a casa que
É muito próximo portanto claro que aqui temos muito que trabalhar com as famílias temos que trabalhar muito bem o contexto da escola e no contexto da escola há um outro fenómeno paralelo que tem vindo a ser mais falado nos últimos meses que é a violência entre pares violência sexual que são alunos que
Abusam de outros alunos por vezes em gang não é recentemente foi muito falado uma situação portanto é de facto um contexto também privilegiado porque não há a devida supervisão há sempre contextos mais propícios como atrás do atrás do Pavilhão no Balneário nas casas de bem etc e aquilo que eu sinto na
Maior parte das escolas é que ficam muito perdidas também sem saber o que fazer nessas situações e depois há o contexto do desporto que é um contexto onde também já temos vindo a dar alguns passos em Portugal nomeadamente com a criação da figura dos Guardiões que foi
Aqui uma figura que foi criada também em consequência de algumas diretrizes europeias e e e na qual eu e a colega Dra Joana estivemos envolvidas com o ipdj aqui na criação e na na definição desta figura do Guardião e tivemos já a dar formação aos Guardiões portanto O
Guardião será uma figura de referência começamos pelas federações e já há uma série de federações com um ou dois Guardiões e natal é um ponto focal no fundo havendo uma suspeita imagino na ginástica eh é com aquele Guardião da federação de ginástica que se articula e
Essa pessoa é al que tem mais formação mais conhecimentos e que está mais preparada para saber o que fazer e saber como agir não é só para a violência sexual para as diversas formas de violência e neste momento o ipdj está a dar o passo seguinte que é chegar aos
Clubes portanto a ideia o objetivo ambicioso mas muito importante é que cada clube e há imensos clubes em Portugal todas as modalidades cada Clube tenha o seu Guardião portanto alguém que de facto tem aqui Um Um percurso e uma formação específica para que as pessoas não fiquem todas muitas vezes
Enfim peço desculpa pelo termo mas aquilo que eu sinto é que asas ficam atarantados devidamente clarificados saber a quem reportar como reportar quando reportar há situações que podem hoje faz conta que é sexta se calhar podem ser reportadas na segunda Há outras que não podem não é depende da gravidade da
Situação se há perigo de de de perda de prova biológica O que é que está em causa Esse é um mundo onde eh os pais continuam a a confiar muito nos nos nos dores digamos assim nos treinadores nos enfim em quem eh no fundo fica com os seus filhos durante aquele período de
Tempo sim e muitas vezes com estágios com torneios fora com dormidas fora é é um é um contexto que também eh muito o que é que acontece muito são as boleias não é o pai do a leva o b o c e o d vê
Depois na outra vez é o outro pai ou outra mãe que leva e portanto há aqui muitas vezes lá está a parte-se deste pressuposto que todas as pessoas são de confiança que é um contexto seguro e nem sempre é um contexto seguro não é portanto Especialmente quando estamos
Aqui eh enfim às vezes com mas não é preciso haver dormidas nem nem torneios fora eu já já em tempos tive tive uma avaliação cerca de 10 10 mios ali dentre os 10 11 12 anos todos el eles tinham sido abusados pelo treinador de uma determinada modalidade não é não
Interessa agora qual e nenhum deles sabia que os outros eram e nem sequer havia torneios nem saídas fora era depois no Balneário a seguir aos treinos que ele arranjava um espaço e um tempo para ficar a sós com cada um dos jogadores ia rodando e acabou por abusar
De todos portanto e era algo que era impensável para aqueles pais não é que vem muitas vezes no treinador também aqui e quando e quando isto começa a subir em termos de Escalão quando começamos a pensar por exemplo já em alunos e eh atletas I dizer alunos
Atletas Federados às vezes já com outros objetivos até mais olímpicos quando começamos a ir para outros patamares a dificuldade de revelação das situações é muito maior porque é tudo que está em jogo não é e é muito esta ideia ainda recentemente alguém me dizia eh era vítima de violência física e e
Psicológica por parte da treinadora eh e esta rapariga uma jovem uma adolescente dizia mas eu eu pensava sempre mas depois eu não sou selecionada mas depois eu não sou escolhida mas depois eu fico para trás e portanto vou engolindo vou escondendo vou mantendo em silêncio portanto são é muito esta ideia também
Do que é que eu vou perder como a revelação portanto tudo isto são fatores que inibem o pedido de ajuda muito obrigada obrigada obrigado