🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
A caminho dos 50 anos do 25 de abril recordamos um Portugal sem liberdade e refletimos sobre um Portugal futuro não podias com Raquel Mourão Lopes e Francisco Sena Santos não podias reunir-se decreto lei 406 74 é já democracia 29 de agosto a fim de dar cumprimento ao disposto no
Programa do movimento das Forças Armadas o governo provisório decreta para valer como lei o seguinte artigo primeiro a todos os cidadãos é garantido o livre exercício do direito de se reunirem pacificamente em lugares públicos abertos ao público e particulares independentemente de autorizações para fins não contrários à lei à moral aos
Direitos das pessoas singulares ou coletivas e à ordem e à tranquilidade públicas não podias reunirte é o tema do nosso programa de hoje eu sou a Raquel Mourão Lopes comigo está como sempre o Francisco cena Santos Olá Francisco e hoje temos connosco a Isabel do Carmo médica especialista em endocrinologia
Diabetes e Nutrição é professora associada na universidade de Lisboa enquanto estudante e dirigente associativa participou nas revoltas estudantis de 1962 foi Aliás a primeira mulher a ousar pedir a palavra em reuniões que eram obviamente dominadas pelos homens foi presa pela pide em 1970 em 1972 em 73 fundou foi uma das fundadoras
Do partido revolucionário do proletariado conhecido pela ligação ao grupo armado brigado das revolucionárias já lá iremos comendadora da Ordem da Liberdade nasceu 34 anos antes do 25 de Abril Olá Isabel e obrigada por estar connosco e temos também o calaf palanga é escritor e músico nascido em Benguela Angola é cofundador da editora
Discográfica enchufada e membro dos Buraca som sistema saudosos cronista na imprensa Portuguesa no público nomeadamente e saudados dessas crónicas também mas também na imprensa angolana e Brasileira curador de festivais literários também os brancos sabem dançar é o título do seu primeiro romance vamos ver o que trará um próximo
Atualmente vive em Berlim nasceu 4 anos depois do 25 de Abril estão apresentados os nossos convidados Francisco a Isabel estava a entrar nos 20 anos Aluna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Hospital de Santa Maria e h foi apanhada pela crise académica de 62 a primeira das grandes crises e
Estudantis já Sampaio foi eh um líder nessa nessa crise de de 62 e a Isabel foi eu já usei aqui o odjetivo valente foi para o estádio Universitário para o estádio a altura era o estádio do cudu eh e interveio tomou a palavra o lembra-se o que é que interveio sobre o
Quê sobre as mulheres eh para dizer que as mulheres não são só o repouso do guerreiro São Guerreiro também eh e que portanto a as raparigas naquele caso as universitá á e deviam entrar na luta lado a lado com rapazes e como é que isso foi recebido Isabel essas palavras
E é preciso dizer que isto dos preconceitos contra as raparigas e contra as mulheres era um bocadinho transversal às várias ideologias hum claro que em relação a ao estado novo ao regime era pior não é porque era o conceito da mulher como dona de casa e e
De e para tomar conta dos filhos e com aquela retaguarda de mulheres analfabetas que existiam não é eh e nós as universitárias eram pouquinhas e e portanto o conceito do regime Era este Deus pári e família estas coisas são assim também na na sociedade em geral era assim e as
Mesmo as pessoas mais de Vanguarda eram atravessadas por por algum preconceito em relação às às raparigas voltos ao estádio qual era agenda daquela daquela daquela reunião daquele plenário eram uma rga ag rga reunião geral de alun muita gente eh das diferentes e escolas er principalmente das três das três
Faculdades dali que era letras direito e medicina mas vinham pessoas das outras faculdades o técnico era muito poderoso na altura Poderoso em luta em luta estudantil o o o técnico sim e o técnico era onde se faziam as reuniões Inter associações e eu pertencia à ria Uhum eu
Pertencia à ria o Jorge São pai foi presidente da ria eh o úrico Figueiredo era uma pessoa também muito importante dentro da da da ria da ria e da faculdade de medicina h e e os e em medicina como éramos muito coletivistas íamos assim em grupo para técnico
Medicina na altura ainda não tinha Associação de estudantes tinha uma pro Associação de estudantes fico proibida a associação em lutas anteriores foi foi proibida eh e portanto um grupo muito bom que havia lá uma Jardin Rui de Oliveira havia uma enorme sala C no piso menos um
A sala era onde é agora o toxinas o bar a cantina era uma sala grande e a entrada era livre nós éramos muito para a frente Isabel mas numa altura em que não podias reunir-se como é que era organizar uma uma reunião desta magnitude não é como é que isso se
Fazia er usar pois e entrava toda a gente Delegados de curso e outros gostavam de de ser e outros e e pessoas que se dedicavam mais à cultura às exposições e e era porta aberta Hum E durante no decurso dessas reuniões havia o temor de estarem a ser ouvidos por
Alguém que pudesse vir a causar problemas cer éramos de certeza não é e como é que isso seeria com esta Nossa liberalismo que ainda bem que existia para não estarmos cá com secretismo eh e com certeza que havia ali gente da Pit que que ouvia eh e portanto também não
Íamos dizer nada de confidencial nem de secreto não não amos mas para ali combinar nenhuma reunião e ultra secreta mas chegavam a reunir-se centenas como é que era centenas nas nessas reuniões apró são não eram centenas 50 agora as Tais RG tinha que era na na na sala de
Alunos isso era comita gente era toda a gente a certa altura era toda a gente é um exagero mas é er como eram depois quando estávamos em greve como e nove aulas eh as greves eram mesmo Gerais não ninguém furava a greve quase ninguém um momento em que eram Gerais uhum nem
Sempre no princípio houve ali pessoas que visitaram houve uma viragem importante quando as pessoas da ação católica da juque passaram a aderir E aí houve uma vira movimento católico tem uma importância muito relevante nesse período na luta essa essa essa essa volta essa volta que que foi dada calaf
Tens tens viajado pelo mundo em encontraste algum sítio onde onde a vida foi eh seja Sim bem eu nasci em Angola não é pois e e atravessei o período da da guerra civil não é H segunda metade dos anos 70 anos 80 ex exatamente e tenho Memórias
De de que eras miúdo ainda sim mas mas em Angola nós temos uma consciência política muito cedo não é o país está em guerra Então logo tens que Estar atento e e e sensível coisas simples como como por exemplo os teus professores ou pais avisarem que não se pode apanhar canetas
Na rua porque pode ser uma bomba enfim esse tipo de coisas depois claro não é a sombra do serviço militar que a gente sabe que é que pode ser o fim não é então isso está sempre a pairar nas nossas cabeças principalmente dos rapazes que sabemos que chegar aos 18
Anos e iríamos para serviço serviço militar no antigo colonizador Portugal não se podia reunir e lá sim o que eu tenho dessas histórias eu que me conto os meus pais os meus avós né que viveram nesse período e e era bastante difícil Aliás não é mais de três pessoas era
Quase e não é uma ordem de prisão automática e e claro não é est sensível e conha S da história H Claro não é tenho a memória pelo menos dos livros que li da poesia que se produziu na casa dos tantos de Império por exemplo que que é uma é a
Poesia que me formou é a literatura que me formou foram esses escritores depois os nacionalistas que foram Quais são os que mais te tocaram H hilker vietos da Cruz vir Cruz é um grandes Mário Pinto de Andrade enfim agustino Neto claro também todos essas todas essas vozes mas também a h Noel de
Sousa uma mulher exato e havia também uma mulher que eu não me lembro do nome exato mas era da família espírito santo que na cas al da Espírito Santo seria Creio que sim porque não é pelo menos nas biografias e nas nas histórias que vou lendo dessa dessa geração havia
Reuniões na na na casa da da da família Espírito Santo reuniões secretas que lá inventavam foras que julo não ter nada a ver com com com a família que depois criou um grupo económico em Portugal eh não era uma família de Sant Tomé de origem Sant tomense Mas nesta casa por
Exemplo a milker marrio de Andrade reuniram-se várias vezes e muito das não é das ideias que depois fundaram o nacionalismo eh africano né dos palop nasceu a luta pela Liberdade em Angola é é uma luta tramada foi uma uma luta constante porque nós saímos de um período não é do
PIS 25 de abril e quase início da guerra civil imediata tiverão terá sido a última etapa da luta pela Liberdade em em Angola essa luta é constante e ainda está a acontecer ex neste exato momento ainda acontecer porque a liberdade tem vários né várias formas e várias né ela
Se apresenta e se dá e se manifesta de várias formas Claro por exemplo h eu escrevo na imprensa angolana e nunca tive censura direta mas o jornal que eu escrevi escrevia foi fechado comprado por alguém que a gente não sabe bem quem numa altura crítica por exemplo
Na altura do da prisão do lato Beirão que que houve eleições na 2 anos depois e o jornal foi comprado assim figuras que a gente não sabe como resolver um problema e como como é que estes temas e eu acho que também jordis aqui em Portugal foram comprados por essas
Figuras acabamos de assistir a isso não é exato como é que estes temas que tu testemunhas e que te foram contados Como diz pelos teus pais e pelos teus avós entram e ganham espaço nos teus escritos são uma presença forte não é eu eu eu eu
Eu digo sempre e sempre que me chamam para falar sobre o 25 de Abril porque eu acho que às vezes há uma romantização do 25 de Abril n é porque não houve mortos Acho que são três ou quatro pessoas que morreram nesse dia mas essa guerra foi
Travada em África né foi travada na Guiné com muitas mortes 10.000 exato e issso e isso Hum não é foi marcante Aliás o 25 de Abril se deu por causa das Guerras nas nas antigas colónias e nós não romantizamos isso Aliás Tá bem presente eh n é em nós principalmente aqueles que
Advogam e e lutam pelas democracias eh sabemos o quão precioso foi o 25 de Abril o quão delicado e frágil é essa liberdade que se conquistou naquele momento essa luta pela Liberdade está Estava está no código genético dos Buraca H sim e não Ou seja Buraca faz arte não é essa foi essa
É Nossa premissa não somos um ativistas políticos ui mas mas a arte é um exercício de liberdade não é claro mas mas como cidadãos né E como como pessoas que se preocupam com o bem-estar do do do próximo Claro não é tentamos criar espaço para que pessoas possam falar
Para que pessoas possam se reunir eh eu acho que a alegria é um grande ato né de liberdade ser feliz é uma grande afronta paraas ditaduras e para os as as regimes não é que voltando voltando voltando à Isabel voz Pioneira nas lutas académicas e isso tem um preço e então
Cadeia cadeia sim mas se o preço também é social uhum mesmo mesmo em liberdade é isso pagou ess uma rapariga subir à Tribuna e e falar senti sentiu pressão nesse dia no dia não nesse dia não tive pressão não pressão ou seja sei lá Jorge Samp Figueiredo acharam bem que que aquela
Rapariga é uma pessoa que fica um bocadinho socialmente à parte é uma rapariga que se atreve a ir para o meio dos rapazes falar eh e e socialmente isso tem algum claro que os meus pais ficaram todos orgulhosos não é ficaram F ter ficado preocupados e com medo pois orgulhosos e
Com medo H mas depois claro depois tive tive e prisões eh e foi presa quando já era médica quando já tinha terminado o curso quando fui presa já era médica uhum foi uma tavas a crescer aonde como estavas a excer medicina aonde Ah eu fui as primeiras primeir Nós entramos para o
Internado policlínico P1 P2 p3 P4 cena se sabe todos teve lá próximo h e primeiro fazíamos o internato e no internato havia um ano de estágio que não se ganhava e depois um ano em que já se ganhava isso dava bastante liberdade a mim deu-me liberdade para alugar uma
Casa Montei um mas aluguei eh e depois para acrescentar isso eh nós fazíamos e qualquer coisa que nos centro naquilo que existia de centros de saúde que eram as caixas sim as caixas eram muito má as caixas eram muito má mas era o que havia é era o que havia
Mas de vez em quando eoc casso como uma grande renovação etc os os medicamentos não eram comparticipados o que significava que nós receitá e estávamos a ver que aquela pessoa sen não ia comprar não tinha dinheiro para comprar Senor não tinha dinheiro juntávamos as amostras todas para ver se podíamos dar
Amostra fez isso muitas vezes fez isso muitas vezes h e depois fiz domicílios as caixas também cobriam alguns bairros eu fiz e domicílios na zona da Alfama e do Alto São João era era outro país era outro país Era um país de miséria mesmo dentro da mesma cidade é isso como
Dentro da mesma cidade dentro da mesma cidade havia alvalade pois as avidas novas avidas novas Av de Roma avena de Roma e havia Alfama e Alto São João e as casas onde eu entrei eram casas Miseráveis é preciso dizê-lo é preciso dizê-lo muitas vezes Mas no ano
Passado há do anos houve um incêndio e numa casa perto de alfem na Mouraria Onde viviam 20 pessoas um Cub mas eram Imigrantes nãoé eram eram Imigrantes com i o que é terrível são pessoas como as outras eh mas aqui eram trabalhadores portugueses e portanto eram trabalhadores portugueses Miseráveis que viviam em
Condições miseráveis sem sem sem sem condições de casa de banho nem nada disso com muita gente dentro da mesma habitação com cheiro de sujidade e de de porcaria e depois com atendimento médico que não era mesmo o atendimento médico não era aquilo que que que devia ser havia antes da minha geração
Possivelmente eles eram vistos por alguns médicos mas que não sei qual era o estatuto só sei é que quando nós começávamos a ver tensões e ao escultar eles as pessoas ficavam contentíssimo er eram cuidadas porque é que a médica Isabel do Carme foi presa presa política
Pela primeira vez fui presa em 70 porque houve Alguém já era Marcel citano era suposto era suposto ser uma a primavera foi uma primavera muito violenta cheia de vend vais passou do Primavera para o inverno logo a seguir e eu lembro que a Aurora Rodrigues que foi
Das pessoas mais torturadas na pide pela pela celeb gente de Madalena foi em 73 por uma agente Madalena foi em 73 eu também fui despida pela Madalena a Madalena gostava muito de despir as mulheres que eram presas porque achava como era isso despia era ela desp nua a pessoa
Já não me lembro bem eu já ia deito feito para para essas circunstâncias porque a Conceição Matos foi presa bastante antes e a Conceição fez-me uma descrição toda e e eu já ia eu digo várias vezes isso à Conceição por causa de ti é que eu já ia preparada para
Enfrentar a Madalena mas não completamente preparada não é isso é uma experiência absolutamente terrível tinha a madali quando quando quando era uma mulher que talvez de 40 Anos 30 e tal 40 e ela há pouco tempo sempre ind existia portanto criatura ruim má era uma pessoa
Má chegaram a cruzar-se já depois do 25 de Abril ou não nunca ela vive em Setúbal falaram-me dela e mas eu acho que nem eu nem nem as outras pessoas que ela interrogou ou ou que torturou foram Isabel foi torturada não não foi não foi
Bem Se mandar mandarem na despir ou é o começo de uma isso ISO mas eu o que eu o que eu digo sempre é que eu era uma rapariga toda muito para a frente e e tinha um desprezo muito grande para aquelas pessoas mas imagino que uma camponesa do coço sim eh eventualmente
Analfabeta eh Como dizia um dos gambas há pouco tempo em relação à mãe dele que também foi despida era uma senhora conservadora nos costumes ela ele dizia nem diante do meu pai ela nunca se tinha despido portanto h e a a muit porque o despir é humilhar era para humilhar e
Depois começou o interrogatório e depois começou o interrogatório deixaram a vestir-se para o interrogatório já não foi não fui entregado despida mas aquilo que se passou com a Conceição e com com a Aurora foram humilhações terríveis eh sobretudo mas também havia pessoas que se deixavam mais humilhado do que
Outras não é Ou era mais humilhante para umas do que para outras eu eu eu vivia nessa altura com o Orlando lindim Ramos e eles levaram-me para a uma sala onde estavam despides e disseram está aqui a amante do lindinho Ok para mim tanto fazia eh não não não era nada de de
Humilhante mas acredito para outras pessoas estava preso ele o guardan tinha estado presa em penis durante 5 anos e estava em liberdade assistiu foi estas minhas prisões que que eram feitas sem violência mas com muita brutalidade Em que circunstâncias é que foi presa dessa primeira vez sempre em casa fui sempre
Em casa hum lã ele chegava mal mal rompia a Aurora e ele chegavam eh e nas duas vezes em que eles me fizeram isso eles levavam já uns caixotes preparados para meterem os livros que todos que apanhavam mas com que com que alegações aqui levavam presa sem nenhumas uhum não
Não hav acção não não não eh eh na segunda vez houve a acusação E nós iríamos a plenário eu e o Rui de Oliveira iríamos a plenário se se o regime não tivesse acabado com a acusação de termos feito a divulgação da morte do Ribeiro Santos e mas na
Primeira vez acusação n no 25 de Abril a Isabel estava e na clandestinidade em LB estava na clandestinidade no Porto no porto hum tinha apanhado um susto em Lisboa e uma vez iam buscá-la a casa de um colega e a casa de um colega que é
Meu amigo e posso dizer o nome dele ele é muito discreto foi diretor do Hospital de Santa Maria e eu fui fui da direção dele eh o o o João Álvaro Correa da Cunha eu estava em casa dele escondida porque arranjava muitas casas de apoio desse género e a empregada veio dizer
Estão lá uns homens em baixo a perguntar quem é que está cá em cima eu desix pelas escadas peguei numa malinha disci para as escadas e eles subiram para o elevador e depois ainda estou para perceber e porque como é que eu saio da
Porta e depois é filme de O que que se sente num momento desses medo medo o que se sente é medo falaou cá fora e o que é que correu foi para fme uma mercearia e e e Telefonei para para um um sítio de apoio e depois altura Tição para posso
Usar o telefone porque era porque era assim fixa tinha que se pagar era calá festas histórias têm já 50 anos tu viveste a tua vida entre Angola Portugal agora estás em Berlim como é que tu Olhas desde a capital alemã para Portugal no no ano em que celebramos os
50 anos do 25 de Abril Com ternura com reserva com enfim sim a minha preocupação é geral com com o mundo né com o estado da Democracia Berlim recentemente né teve e muita gente a ir à Rua e e de um lado e
De outro de um lado e de outro e e há um como é que vou dizer h os imigrantes com i não é e estão a servir de Bod expiatório eu sou imigrante não é eu não nasci na Europa hah e e custa-me custa-me ver como
A memória é curta não é e por mais que se escreva por mais que se tenha discursos por mais que a gente venha e espaços como este né E falar sobre a importância de manter a memória viva ainda assim né o ser humano tem a tendência em n é apagar os momentos
Traumáticos e e e aceitar enfim né Por não quero não quero usar e nem quero chamar nomes mas a verdade é que essa esse esse fantasma esse perigo daquilo que o 25 de Abril veio combater está bem presente está na Europa Está em Berlim está em Portugal
Mas dirias que um grupo de Emigrantes com i como estamos a sublinhar já pode em qualquer circunstância em qualquer capital europeia reunir-se sem ter problemas ou Ainda há o risco de correr não assim há há as pessoas podem se reunir isso sem sem dúvida tou dizer reunir simbolicamente obviamente s mas
Há uma como é que V dizer eh dignidade não é o o eu que digo sempre 25 de Abril trouxe valores trouxe hh fez noos acordar para para coisas que são elementares para a humanidade não é respeito a dignidade o direito à Vida direito a uma casa direito à saúde
Direito à educação essas coisas nãoé e e ver isso ser posto em causa que parece que não é no mundo a gente diz ah não mas vamos só vamos só ser um pouquinho de direita até aqui vamos não é ser um pouco reacionários até aqui mas esse
Esse pouquinho até aqui é o início do fim não é acho que isab rest resto exatamente acho que a Isabel foi Testemunha e viu como é que se destróem Nações não é com o medo pregar o medo e e o medo não é só essa coisa né de Ah
Não vou ser torturado o medo também n vou perder o meu emprego e vou perder o meu espaço e e vem o de fora né vem estrangeiro e depois temos medo do outro esss out ví temos uma temos uma médica à mesa o vírus do ódio da indignidade eh
Sentes que ele está a crescer na Alemanha por exemplo em outros sítios da Europa ele é alimentado em lugares que tu bem imaginas tá na escola de nossas crianças tá na forma por exemplo de nós contarmos tá na escola das crianças Sim nós assim é uma por exemplo
Hã Não vou entrar fugir ao tema mas vou só tentar pintar um quadro quando se pinta não é uma ideia de Portugal herói etc etc etc isso era propaganda uhum do estado novo não é e essa propaganda não foi acabada Não continua continua a ser ensinada logo
Quando né se vem figuras Como estão a surgir e a né a pegarem nesses símbolos e dizerem que a portugalidade é isso E é isso que é ser português eidade aos ciganos uma mentira sem português não é isso não é isso são são heróis são figuras que foram mataram assassinaram
Etc etc mas quando a gente coloca esses lugar essas figuras nesse pedestal acredita estamos a abrir a porta para aquilo que estamos a ver agora é sim no entanto há coisas que dão Esperança eu tenho feito uma exposição iante contra o racismo e a escravatura e vou lá sempre
Falar e falo nas escolas e aproximo-me dos Miúdos e digo qual é a tua raça e a maior parte dos Miúdos tem me respondido não há raças uhum raça humana mas fui ali em Alcântara para para na universidade da terceira idade e perguntei a uma senhora que tem a pele
Igual à minha Qual é a sua raça e a senhora disse Branca eu disse ah mas a senhora acha que a sua pele é branca eu não acho a minha também não é eh portanto Há Uma Geração mais antiga eu tenho-me animado com estas outras respostas que tenho apanhado dos Miúdos que é
Fantástico e depois explique-lhes a vitamina D e que as pessoas tiveram que ficar brancas mais claras para o norte por causa da vitamina D etc mas há alguma esperança muito bem vamos conhecer o terceiro convidado deste nosso programa poucas abstenções isto deu-nos uma ideia de que os estores
Estavam de facto interessados na criação do seu sindicato coisa que ainda não tinha sido possível antes de do aparecimento do 25 de Abril não podias reunirte vamos conhecer e dar a conhecer a a incrível almadense que é só o nome mais incrível de sempre que aqui está representada pelo Luís
Milheiro que nasceu 12 anos antes do 25 de Abril O que é a incrível almadense para quem Para aos poucos e diria eu que nunca ouviram falar dela é uma coletividade que tem 175 anos não é só isso passou três séculos e mas em relação ao tema e é uma coletividade que
Sempre foi democrática para música Te sempre foi democrático porque que a mesmo de quando começa a ditadura as assembleias as assembleias Gerais não o mês de aniversário da incrível é outubro Hum e outubro faziam-se as sessões solenes que aquilo enchia e porque convidavam Democratas velhos republicanos o Dr Simões Raposo o Dr
Vieira de Almeida também chegou lá a ir portanto eram e e e eram pessoas que eram convidadas depois aquilo empolgava de tal maneira com a plateia que começavam a falar contra o regime incrível é uma comunidade é de alguma maneira é uma comunidade hoje menos não
É porque o associativismo pronto não é o que era não é como nós sabemos o 25 de Abril Teve muitas coisas boas mas para o associativismo foi de certa maneira M drasto embora Esta palavra não não existe porque o associativismo era e existe porque é pá as pessoas se
Associarem é uma necessidade humana e as pessoas quando começam a viver melhor pensam que já não precisam dos outros como todos nós sabemos e é um problema e o associativismo vive esse problema Hoje Somos Todos ricos já não como as cooperativas não hoje não existem cooperativas tudo isso existiu porque as
Pessoas sentiam mesmo necessidade de se reagrupar até porque o estado não dava nada às pessoas as pessoas tinham mesmo desde até associações mutualistas como a Dra Isabel falou não é de de de mesmo já quando ela era médica não é a dificuldade de medicamentos de de de logo aí portanto
Como não foi os 48 anos de ditadura para as pessoas não as pessoas tinham meso de se agregar unir para conseguirem as coisas e alguma vez tiveram problemas nessas reuniões de de gente n incrível havia problemas Claro mas mas com as autoridades sim mas mas mas as pessoas
Fingiu-se muitas vezes parvas não é de que que era ótimo Ah não sabia há uma coisa curiosa mas isto agora vou dar um salto no tempo que até existe que é o um CTO do do Zeca Afonso o Zeca Afonso e no no final dos anos 60 70 estava proibido
Cantar em público sim e então o que é que acontecia havia concertos ele não aparecia nos cartazes aparecia de surpresa isso aconteceu na incrível Claro depois a pid soube não é e e depois o que é que isto foi para em 1970 não tá muito atado Porque lá tá pel por
Não ele não ser anunciado no nos cartazes e depois é é giro porque eh Isto foi no o salão de festas da incrível e há duas possibilidades de fuga de que de do salão há há uma fuga para a sede social que era por um alçapão que que subia pelo alçapão ia-se
Ter a sede social e depois saí pela Rua Capitão Leitão que fica e e e também havia outra situação que era também por umas escadinhas que iam ter ao cinema portanto h h aquela sala onde os músicos tocavam que aquilo não me lembro agora o nome técnico e e também podiam sair
Pelas portas laterais do cinema que iam ter outra ruel e dor salgado Ou seja é incrível estava ali num quarteirão e o Zeca saiu por aí saiu eu penso que saiu pela pela capita Leitão mas há estas duas versões que pronto Não eu não sei qual é a verdadeira acerta não é duas
Versões de fuga dele e conseguiu fugir incrível hoje em dia ainda é esse essa imagem ainda tem esse símbolo de de resistência ou ou está um bocadinho des resistência pela história são 175 anos de história mas ponto mas é mais história não é o que é que acontece hoje
Na na incrível incrível tem continua a ter música que a música e a banda filarmónica tem muitos jovens que a banda é aliás eu não sei até que ponto é que é verdade mas dizem que a incrível é a única banda nacional que tocou sempre
Nos 175 ou tem há 175 anos que tem bamento que há há maisas coletividades centenárias mas que tiveram pausas e incrível tem p é muito difícil né manter Escola de Música nos dias de hoje tambm tem teatro faz muita questão de ter teatro e tem jovens no teatro Mas é é
Muito difícil não é muito bem muito obrigada luí por nos ter trazido este bocadinho da história da Incrível [Música] amadense não podias [Música] reunirte bom vamos a uma última curtíssima curtíssima Ronda propunha que em um minuto cada um Isabel do Carmo e CF nos dissessem se acham que Há algum
Risco de que as conquistas do 25 de Abril sofram um retrocesso um minuto vou ser ditadora nisto peço desculpa a infelicidade da expressão mas há um risco e o risco está à vista eh há pessoas que eh dirigentes partidários e de organizações umas legais e parlamentares outras
E fora do Parlamento que T uma linguagem e um pensamento que é um pensamento ID à ditadura fascista os meios de que dispõem são muito mais poderosos C partilhas este receio sim infelizmente tenho que concordar com a Isabel existe o risco e o risco Sem dúvida
É no plano político com certeza mas é também uma coisa que não tivemos tempo de falar mas eu acho que era importante deixar pelo menos neste minuto o Model económico que tá a sustentar as sociedades ocidentais em grande parte que essas da que estão a
Sentir e né estão a ver as democracias a serem ameaçadas esse esse plano económico eh não funciona não é não nos serve já temos provas de que o capitalismo não é a solução para o progresso e há que mudar muito bem Ficam ficam ensa leva depois é ao tipo de protesto facista
Agradeço à Isabel do Carmo ao calá fé palanga e ao Luís milheiro convidados deste nosso não podias vamos às despedidas não podias é uma parceria da antena 3 com a comissão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril tem produção da Marta Cavaleiro Hoje teve também o apoio técnico da Incrível Marta Cavaleiro
Sonoplastia do Walter Santos com o Ricardo Sérgio reportagem fotográfica da Catarina Peixoto que está farta de ser elogiada e assim vou poupá-la desta vez eu sou a Raquel Marão Lopes comigo está como sempre o Francisco Sena Santos podem ver-nos no YouTube podem ouvir-nos a todo o momento nas habituais
Plataformas de Podcast e em antena 3. rtp.pt e claro em FM em direto às 10 da manhã na antena 3 sábado sim sábado não e assim sendo como sempre até ao próximo sábado sim até ao outro sábado