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A caminho dos 50 anos do 25 de abril recordamos um Portugal sem liberdade e refletimos sobre um Portugal futuro não podias com Raquel Mourão Lopes e Francisco Sena Santos Olá eu sou a Raquel Mourão Lopes comigo está como sempre o Francisco Sena Santos Olá Francisco e este é o não
Podias ver ouvir e ler vos [Música] ignorar vemos ouvimos e Lemos estamos a escutar a cantata da Paz música composta por Francisco fanhais a partir de um verso escrito por Sofia de mel briner para uma vigília na capela do rato em Lisboa contra a guerra colonial
E a favor da Liberdade vemos ouvimos e Lemos três verbos que não eram exatamente exercidos livremente antes do 25 de Abril é sobre isso que vamos conversar nos próximos minutos com três convidados hoje e passo a apresentá-los António Costa Santos Nosso Herói nas manhãs de três com a incrível cultura
Erudita é jornalista escritor começou em 76 no Diário passou pelo set pelo Expresso e tem agora pois o fixo na rádio na antena 2 escreveu guiões para cinema e televisão romance ensai humorístico livros infant A juvenis é autor ainda de proibido um livro que está na minha mesa de cabeceira desde
Que comecei eu não podias tal é a inspiração que me tem proporcionado nasceu 17 Anos Antes do 25 de Abril Depois temos o Manuel poreza realizador de cinema e de televisão nomeado já por duas vezes para os International Amy Awards tem também trabalhos premiados em vários festivais já esteve em can também
Já escreveu para teatro e ensinou também aí sem qualquer surpresa recebeu prémios é realizador de dois dos grandes êxitos televisivos dos últimos tempos Até que a vida nos par que chegou à Netflix e a incontornável pôr do sol nasceu 10 anos depois do 25 de abril e temos também a
Teresinha landeiro fadista e autora entrou pela primeira vez numa casa de fados aos 12 anos e o impacto foi tal imagine-se que aos 16 tornou-se fadista residente da mesa de Frades tem três álbums lançados namoro agora e para dançar e para chorar Já deste ano com que tem andado a esgotar salas de
Espetáculo em todo o país nasceu 22 anos depois do 25 de Abril estão apresentados os nossos convidados Francisco bnos ouvir o vemos ouvimos e Lemos e a Sofia é mesmo mágica António António Costa Santos h trabalhaste o que era proibido H antes do 25 de Abril encontraste
Alguma coisa que que fosse estranho não ser proibida não não não encontrei era tudo proibido e o que não era proibido não se fazia porque as pessoas ou pensavam que era proibido porque tudo era proibido ou porque parecia mal porque não se fazia ia contra a moral e os bons
Costumes pois As convenções sociais eram quase tão pesadas quantoas proibições legais não tantas já não se sabia de facto o que é que era de facto proibido ou não o que era a proibição mais estranha para ti a proibição mais estranha para mim tu conversas com muitos estudantes sim com jovens que não
Fazem a mínima ideia do que aquele tempo até nem acreditam eu acho que eles não acreditam muito no que eu digo eh a proibição mais estranha eu era adolescente não é a proibição mais mais incomodativa para mim era a que dizia respeito aos namoros ao contacto
Físico era proibido dar um beijo na boca na via pública um já aqui tivemos um episódio dedicado a isso não podias beijar pod público E essa era a que me dava mais mau jeito não é o Manel Manela tem um beijo na boca no dia da Liberdade
No F5 de Abril não é não foi Manel a dar o beijo mas estava aqui a pensar como ainda não era n tem tem um tem um beijo na boca para nos contar na televisão sim e em filme sim e tenho uma série agora acabada de fazer acabada de
Preparar que é sobre o 25 de abril e é sobre sempre pessoas Sim sempre vai se chamar sempre 25 de Abril sempre sim 25 de Abril sempre proibições nunca mais a pelo menos essas Ah sim é é uma é uma série sobre sobre as pessoas comuns e como como faz falta
Ficcionar também à volta desse desse período não é pessoas nós sabemos muito pouco sobre as pessoas que estavam no Largo do Carmo e que andaram por por aquelas ruas que estavam sei lá na rua da Assunção Rua da Assunção não e Rua do Arsenal hum sim imensas imensas
Histórias por exemplo eu lembro-me antes de começar a fazer esta série eu fui almoçar ou aliás jantar com o João Gil e o João Gil cont em jeito de partilha que passou o dia a correr o dia do 25 de abil passei-o a correr eu achei isso
Incrível para mim não é que estava na altura a pensar como é que eu vou filmar uma coisa que não que só sei por ler ou por ver ou por ouvir contar n é os meus pais amigos dos meus pais Malta muito ligada à luta diária pela Liberdade não
É o pai do Manel poreza é e é uma figura da política em Portugal sim exatamente sim Exatamente exatamente o meu pai o meu pai teve também uma certa influência neste meu amor pela data e pelo que ela significa e p Mas vamos lá à história do
Beijo foi foi este o gancho a história do beijo então e podes podes posso contar posso contar posso contar era 25 de Abril era 25 de abrilo era 25 de Abril a primeiro dia e em boa verdade isto tem inspirado na história de um primo do meu pai o nosso primo António
Que era soldado e estava na rua que dese do quartel do Carmo ali a dos a dos Alfa revistas apontando a sua G3 na eminência de acontecer qualquer qu coisa que ele não sabia muito bem ninguém sabia muito bem o que é que estava a acontecer e de
Repente há uma senhora que diz ó ó amigo venha cá a cima que eu tenho aqui Chai e bolos e ele passou a apontar a sua G3 da varanda para enquanto bebia Chai e comia bolos evidentemente aproveitando hidratado alimentado portanto não havia pontaria que falhasse nessas circunstâncias e nós acrescentamos uma
Figura de um soldado negro que que que se cruzou se cruzou e Ainda bem com uma realidade contada pelo pelo nosso amigo Alfredo Cunha que tirou a fotografia do único soldado negro que estava na frente de combate nesse dia tu acrescentasse ou seja imaginaste e AF e
Afinal era a realidade ele existiu Ainda bem que existiu porque nos serviu para falar de que esta luta pela Liberdade naquele dia foi muito importante mas nós Depois ficamos desatentos à liberdade dos outros não é e acho que continuamos desatentos a muitas liberdades porque a nossa
Chega-nos isso é uma coisa tão triste eu acho que que se perdeu mais e este é a génese deste projeto e desta ideia desta série é que o 25 de Abril nasceu acho eu e essa é ess isso foi o legado que eu Essa foi a herança que eu trago comigo e
Tento passar para para os que estão lá em casa pelo menos é que foi foi sonhar um foi sonhar um país em conjunto sonhar em conjunto é uma coisa que se perdeu eu eu sonho a minha casa não sonho o meu bairro não sonho o meu país não sonho eh
Nem sequer sonho muito bem as associações de pais das escolas nãoé é um é um pesadelo exato já lá vamos a esses sonhos em conjunto e ao exercício da liberdade Mas ainda não nos contaste o beijo na boca prto verade a verdade é essa seja o que acontece é que este
Soldado negro que existiu está na frente de combate e de repente há uma rapariga que vem na frente de combate Largo do caro S era uma frente de combate de facto era libertação do país era era um momento decisivo Exatamente exatamente e há uma rapariga segundo a legenda dessa
Fotografia que nos caiu no colo depois de nós criarmos essa história que é uma rapariga que vem ter com ele e lhe espeta um beijo na boca e eu acho que isto é tão bonito uma rapariga branca que vem com ter com saade negra e lhe
Espeta um beijo na boca isso podia ser um podia ser quase uma tatuagem nesse dia eu acho eh é uma imagem que está no livro 25 de Abril quinta-feira Quira com o Adelino T era o título que eu adorava ter para a minha série mas
Que já não dá porque é é só uma quinta-feira e é uma quinta-feira que faz tanta diferença e tudo se resolve numa quinta-feira estic ali mais um bocadinho até à entrada de sexta com com o com a junta de salvação Nacional aquele Episódio algo surreal em que
Aparecem figuras meio estranhas na Mas é isso não foi preciso o fim de semana não é sim sim resolveu Sim Sim há há um uma reportagem do Fialho goveia no dia seguinte eu tive aqui na RTP nos arquivos a a ver muitas imagens não é e
A pergunta é então como é que se sente como é que se sente eh Normal normal eu de lindo normal mas está sem gravata sim sim está sem gravata mas normal normal dia seginte as gravatas foram todas tens memória falta-nos memória sobre aquele tempo precisamos de memória sobre aquele
Tempo eu acho que toda recolha de memória mesmo a série que o que o Manel a acabou e faz falta porque eu não tenho memória do que foi a República a implantação da República também tivemos 48 anos eh contra essa primeira república mas faz muita falta e faz sobretudo falta ter noção de
Que por exemplo tudo era proibido que é para evitarmos cair na mesma asneira nós mais ou menos contemporâneos no estudo na Escola não se aprendia eu não aprendi a primeira república na escola eu também não também não para mim a primeira república era uma coisa
Proibida sabia se que era o 5 de outubro e a primeira república eram os senhores que i a está tudo o programa se dentro de momentos de 1910 para 1926 tu começaste a trabalhar em 76 como dissemos no Diário não é nessa altura já se escrevia livremente mas os teus
Camaradas de redação contaram certamente histórias de como é que se tava a censura como é que se escrevia na escrevia nas Entrelinhas e por exemplo falar da União Soviética estava liminarmente cortado e proibido e contaram-me que e faziam sobretudo no Jornal A Bola com no tempo do caros pinhão e daqueles grandes jornalistas
Que davam alegr notícias de futebol que metesse a União Soviética só p o prazer prazer de poder o Carlos espinhão uma vez escreveu sobre o Benfica Os Vermelhos e aquilo foi Riscado foi foi cortado e passou só podia dizer os encarnados os encarnados não podia ser Os Vermelhos que truques é que havia
António que truques é que f havia estes truques de trocar e os nomes às pessoas o José Afonso por exemplo no Diário de Lisboa era eu agora já não me lembro qual era o pseudónimo mas fazia um troca de letras para poder porque era proibido falar só o nome do
José Afonso já era já era cortado e era também um exercício de imaginação claro e um exercício de cumplicidade com o leitor porque nós quando líamos eh aprendemos a ler nas Entrelinhas e no nos Espaços em branco que eram proibidos também não se podia deixar espaço em
Branco na página mas podia-se deixar uma bola cinzenta e nós já sabíamos que aquele bocado tinha sido cortado há uma virtude no tempo nesse tempo antigo nesse tempo antes da da revolução que é a a gente boa que escrevia nos jornais textos muito bem escritos uhum gente de
Alta qualidade O Diário de Lisboa a bola mas o diário de Lisboa eu lembro-me foi com o diário de Lisboa que eu aprendi a ler as crónicas da Maria Judite de Carvalho As Crónicas da Maria Judite de Carvalho As Crónicas do castrin do castrin Acho o canal da crítica do castrin os suplementos
Literários O Diário de Lisboa e também o popm not sentos literários tinha o stal Monteiro que começou no com o diári João Abel manta e o sempre fiz no Diário de Lisboa eh o suplemento da mosca tinha a guidinha as redações da guidinha eh escrevia M bem havia coisas
Havia nas margens coisas coisas no coisas sim e eu dá-me ideia que a censura permitia mais a por exemplo ao República do que ao séo ao Diário de Notícias que eram jornais institucionais quase do regime uhum Teresinha tu nasceste 22 anos depois do 25 de Abril mas tens também uma ligação familiar À
Revolução da qual queríamos ouvir-te falar tenho muita sorte de ter sido muito bem rodeada e ter calhado uma família tão boa como Eu costumo dizer no sentido de sempre me explicaram nas linhas todas não era preciso ler nas Entrelinhas o que é que era a liberdade e o que é que era não
Ter liberdade os meus avós foram capitães de abril e os meus pais também cresceram com esse com esse peso de me passar a mim João Lopes Capitão José Lopes da Força Aérea exat exatamente da Força Aérea e do Movimento dos Capitães Sim sim e e fizeram questão de deixar
Essa essa passagem essa mensagem nos meus pais e que eles nos passassem a mim ou meu irmão tudo tudo o que representa para eles a liberdade sempre crescemos a ouvir os cantores que que deram voz a a à liberdade e que nunca e que nunca baixaram os braços quando não era
Possível falar sobre determinadas coisas eh depois também tive a sorte de ter uma professora primária que fazia questão de nos lembrar também do quão importante Era este dia e e e e até fizemos um espetáculo de final de ano num dos anos sobre o Zeca Afonso porque o Zeca Afonso
Depois viveu em Azeitão havia-se uma certa ligação então tivemos que aprender várias canções e fazer um espetáculo de homenagem portanto em casa sempre se falou da liberdade e e do que é que é a perda de liberdade o que é que cantaste o Zeca cantamos tanta coisa eu eu o que
Gosto mais é a estrela da alva ex como é como é a estrela da alva dorme meu menino a estrela da alva ou então vejam bem que não há só G votas em terra Quando o homem se põe a pensar e e foi sempre muito inspirada os meus pais
Sempre sempre ouviram em casa Branco Z Afonso serinho sempre ouvimos e e é talvez é talvez isso que eu levo até quando canto e quando escrevo eu não sei sequer o que é que é ter uma palavra censurada numa letra minha ou não ou ou ser proibido falar de determinado
Assunto mas mas quando estás a escrever porque de facto tu obviamente és uma belíssima intérprete tivemos aqui uma pequeníssima amostra mas és também uma autora uma escritora e bastante ousada criativa não é e portanto tens perfeita consciência de que estás a escrever em num exercício pleno da Liberdade Sim sim
Eu tenho plena consciência de que ah eu cresci a ouvir por exemplo a Mali Rodrigues e quando ISO o fato peniche abandono e percebo aquilo que que ela e o Alan fizeram naquela altura ela cantou ao amigo ao Alan que foi exilado naquela altura eh ela teve a coragem de cantar aquela
Letra podia não a ter cantado É nítida percebe-se muito bem sobre o que aqu ela está a falar Hum E ela teve essa coragem mas mas teve a sorte de não ser censurada na aquela altura mas eu nunca eu nunca eu não consigo imaginar sequer o que é que é
Ter que ter esse cuidado ou ter que passar por isso não não ser não sermos livres na na plenitude da nossa arte de não agora não podes cantar isto porque desculpa mas não não pode ess poar a Amalia é para ti uma grande figura Uma extraordinária figura é embora nunca
Tenha sido sempre eh ah porque a m estava com um pé num lado e um pé no outro via sempre essa questão mas eu acho que ela também teve a coragem de ser ousada em determinados momentos e de levantar certas bandeiras de forma pronto um grande jornalista um grande
Repórter Fernando da Costa e diz que ela era inteligentíssima e extraordinariamente Manhosa exatamente não eu acho eu acho que a Amália era das das artistas naquela altura mais e culta e mais ela era rebuscada nas na forma como fazia as coisas e e esse abandono é Fabuloso aquela que a
Composição do Alan é fabulosa a interpretação dela é fabulosa e é arrepiante é é uma e marca perfeitamente O que é que estava a acontecer não não não há coisas que não arrisco o ar assustado não há coisas que são dela que não são para mais ninguém
Na minha opinião claro que há pessoas que arriscam Mas eu vejo as coisas assim há coisas que são só para algumas pessoas e é uma história deles daqueles dois amigos tão pessoal tão que eu que para mim é importante ouvi-la e e relembrá-la sempre mas é uma história
Deles não é minha Manel tu enfim já fal do sempre mas o pôr do sol é inevitável desculpa eu sei que estás um bocadinho maçado de falar desse hiper sucesso que horror ter no currículo uma coisa assim exato mas pronto enfim o pôr do sol é na verdade um exercício um enorme exercício
De criatividade fulgurante Mas também de uma enorme Liberdade sobretudo pelo nonsense não é que é um bocadinho o denominador comum de tudo o que ali se passa Portanto vocês quando escreveram foi também beneficiando obviamente da liberdade de poderem escrever o que quiserem mas com a consciência desse exercício eh acima de tudo conscientes
De que estávamos a fazê-lo para uma casa em que a liberdade é importante e não estou a passar o pano na RTP É mesmo verdade quando se fala de serviço público Às vezes tende-se a isolar isso como uma espécie de cloud Não é para falar agora para a Malta nova uma Cloud
Que é assim inalcançável mas a liberdade também é arriscar e dar ou seja delegar a liberdade criativa é uma coisa difícil eu acho que deve ser uma coisa difícil não não me ponho nunca no no papel do do diretor de programas ou de um canal Acho que deve ser uma coisa muito complicada
Nós do nosso lado quando estávamos a fazer o pôr do sol começamos por pensar em todas as coisas que acontecem em novelas e fazer uma lista extensa de dos lugares com tu aqui esta hora frases dessas cavalos pessoas ricas gémeas Gémea ceguinha Gémea Beta gmia má Claro eh e e revistas de moda
Evidentemente pronto o que é que o que é que man aques pequenos almoços in aquele pequeno almoço tem 5 m de comida escadarias perigosas não é onde se perdem bebés e coisas assim exatamente S ali aquele pequeno almoço tem um pinho de leitão Albino que toda a gente sabe
Que é uma coisa que é difícil de arranjar não mas em boa verdade H aquilo que nós aquilo aquilo com que nós nos deparamos foi o entusiasmo À Volta do riso e da comédia de toda a Malta que foi tomando conhecimento de que isto estava a acontecer H eh quase que vi de
Catalisador para mais percebes ou seja nós propusemos isto a RTP so a forma de um trailer fizemos um trailer de um dia e meio juntamos pessoas e na altura o Lourenço não queria ser cantor queria ser Skater profissional e e e depois quando mostramos a RTP foi
Olha nós temos isto aqui tivemos esta ideia e pá is é muito Gir então agora queremos não sei quê então a Malta foi contribuindo para uma espécie de liberdade coletiva mostra que o risco compensa compensa compensa muito compensa muito e e sobretudo quando eu acho que este foi um caminho já trilhado
Por outros eu acho que o pô do sol é é bom enquanto exemplo porque já tinha havido alguém lá atrás estou a falar do do do Herman José no no caso do diário de Mario luu não é H E mesmo do Nicolau briner e que foram e do raú solnado quer
Dizer foram abrindo portas para este olharmos para a nossa ficção e dizer assim mas porque é que as pessoas gostam tanto de pessoas a ver o Whisky quando chegam a casa não é estúpido isto não não estamos aqui a não onde está a escapar qualquer coisa e o Henrique Dias
Que escreve o porto sol diz muito bem que a nossa grande vantagem é que o ridículo mora ao lado e isso é é excelente às vezes na nossa própria casa vá sobretudo a nossa na minha casa posso garantir que mora lá o ridículo assim a
Rodos mas mas é isso ou seja foi o risco valeu a pena sobretudo Porque estávamos em terreno seguro para arriscar isso é eu arriscaria dizer que é raro encontrar quando a Malta está muito atenta ratings e shares e números e isso é o inimigo máximo do do humor é um
Terreno que o próprio serviço público abriu o Herman exatamente Exatamente exatamente não e o Herman tem uma coisa que é aquela tem aquela máxima incrível que ele só ele é que sabe eu sou um devoto eh religioso da da da religião do Herman e que é saber fazer saber fazer cócegas
No sítio certo e o Herman é o é o tem as melhores mãos para fazer cigas Neste País e já sabemos para mim pelo menos é sendo que ele próprio também viveu um episódio de não sei se chamaremos censura mas censura nos nossos dias democracia Ach Claras Ach Claras eu
Lembro-me bem desse serão pois tu conceb isso de criar uma obra escrevê-la dedicarte a ela saber se tens ali uma uma pérola que queres partilhar com o público e de repente vem um lápis e risca e três páginas de de diálogos não concebo mas acho que
H a hipótese desse lápis deve fazer de nós artistas os tais profissionais da finta ainda hoje da melhor Claro sem dúvida porque o lápis existe sobre várias formas eu acho que nós damos por garantida esta coisa de Ah que porreiro posso dizer o que quero e entendo não é
Bem assim nem sei sequer se à luz dessa bandeira do posso di posso dizer tudo o que me apetece se calhar estamos a viver dias difíceis porque isso está a generalizar de uma maneira ir responsvel sim eu acho que piorou agora eu acho que nós estamos na pior fase de eu não posso
Dizer determinadas coisas porque Vão julgar que eu penso não é uma coisa completamente censura social é disso que estás a falar sim sim completamente absurdo absurdo acho que leva a autocensura sim sim sim nós já não dizemos porque já temos medo do que é que a pessoa do outro lado eu até sentes
Isso trinha quando estás a cantar por exemplo quando estás no naquele Pequenino sítio cantar não eu não sinto isso a cantar eu sinto isso entrevistas por exemplo exatamente enquanto exerço o outro lado da minha profissão do mediatismo relativo que existe ou ou das cuidado não digas não sei quê cuidado
Não não é que eu também seja uma pessoa que diga coisas despropositadas não considero mas há sempre esta coisa de Ah se calhar não posso falar sobre determinado assunto ou não me posso posicionar desta maneira ou não posso porque mas é o qu o receio do
Cancelamento is isto é eu acho que é a palavra deste destes últimos 10 anos é o cancelamento sim mas por outro lado is isso é interessante mas eu acho que isso é um sintoma também de que nem toda a gente é livre certo Ou seja eu olho para
Grupos que não têm o o o o estranho lugar de fala que agora se fala porque precisamente as pessoas ainda não os têm muito em consideração percebes o que estou a dizer ou seja o que eu sinto é que sim há essa dificuldade em não ferir ai não posso dizer não sobretudo em
Relação ao humor aquelas a discussão dos limites do humor é das coisas que mais me enerva Claro porque o humor não pode ter Limites não pode ter limites eu posso sentir-me ou não ofendido isso é outro campeonato completamente distinto mas eu acho que ainda de facto a
Liberdade não chegou a toda a gente e nós que lá está isso tem a ver com a maneira como nós cuidamos dela nós que somos brancos classe média privilegiada e damos por garantida esta liberdade e portanto nesse sentido eh é excelente aver um programa que diz não podias para
Alertar que nós que estamos nesta situação de Privilégio Obrigada Manel el está eu estou eu sou eu sou convid mais vezes que eu venho aqui vemos o sempre por isso é só natural que tu elogis Sem dúvida nenhuma mas é isso que é aquela coisa de eu acho que nós ainda
Não percebemos muito bem Isto são 50 anos mas é um bebé é mesmo bebé e acho que agora aquilo que importa e o António estava a dizer isto com muita razão que é como é que se pensam os próximos 50 anos uhum e Ok o António escreveu agora
Um livro foi proibido até aqui o que é que hoje em dia parece livre mas não é Manel aliás António a pergunta é para ti direta eu eu acho que além disso ficou na na minha geração e na geração das pessoas mais velhas do que eu eh ficou
Na nossa cabeça o proibicionismo eh nós temos tendência para por um lado mesmo passados 50 anos sobre o dia da Liberdade temos tendência para ter medo de exercer certas liberdades e por outro temos tendência para andar a proibir e isto proibir é entre aspas não é proibir os outros e
Fomos formatados formatados para policiar para achar que a nossa opinião ou o que nós fazemos os nossos comportamentos é que são justos e corretos e os dos outros são para proibir e para censurar no mínimo e e acho que isso foi uma herança que espero que quem nasceu depois do 25 de
Abril vá perdendo isso ou nem nem sequer adquira esse eu tenho mas eu tenho uma opinião em relação à Nova Geração à minha geração uhum eh por exemplo se falássemos de liberdade e puséssemos em causa a liberdade no tempo dos meus avós eu ainda vi os meus avós revoltarem-se
Zangar-se ficarem zangados quando se punh em questão a liberdade porque para eles era um assunto mesmo muito sério porque eles eles não a tiveram durante muito tempo portanto era uma questão realmente séria e e e nem se é isso e nem se punha em questão para eles era inconcebível hav existir existir gente
Que era contra 25 de Abril o meu os meus avós ficavam realmente revoltados porque eles diziam as pessoas não têm noção de como é que muitas das pessoas viviam a pobreza que existia a fome que se passava eram questões para eles mesmo muito complicadas e o que eu sinto com a
Nossa geração é que como nós nunca passamos por isso há pessoas que não valorizam essa liberdade e estamos a ficar e eu acredito e estava a falar ISO com o meu pai há pouco tempo estamos a tornar-nos um povo muito egoísta muito goista os meus eu vi aos meus avós e a
Partilha que existia entre eles os meus avós curiosamente sempre foram melhores amigos por isso é que os os pais conheceram e isso é super engraçado sempre foram pessoas muito generosas de olhar naturalmente para o lado e não era porque eram boas pessoas é eu acho que
Como vieram do que vieram a visão deles era completamente diferente e nós estamos nos a tornar um povo ah mais aberto tentar ser mais abertos e a aceitar tudo aquilo que existe mas muito mais egoístas mas muito mais egoístas mas e o que é que falta então à
Tua geração para que para que essa sensibilização lhes chegue eu acho que é conversão eu acho que falta diálogo Espetacular Eu acho que falta muito diálogo as pessoas não conversam estão fechadas nos seus mundos cada vez cada vez mais importa é a carreira e e e e a parte Social Social
Como é que se vê e de como é que os outros os vem mas não conversam não há conversas com pessoas mais velhas perdeu-se o interesse perdeu-se a curiosidade lê-se cada vez menos eu eu vej is assim junto Exatamente olha nem mais há uma coisa vocês conhecem o o o
Paradoxo do intolerante do Carlo Popper sim temos de ser intolerantes com os intolerantes porque temos mesmo de ser ou seja porque a intolerância o intolerante que entra e diz assim ah mas eu também tenho direito a falar não se calhar não tens se calhar não tens e
Isso e lá está aqu há boc Cá estamos a dar a volta por aí que é essa coisa de já não posso dizer o perigo de facto há coisas que nós não Devíamos dizer porque ferem outras e depois há aquelas pessoas que vão ferir outras por aquilo que vão
Dizer e sabem que vão ferir vão exatamente e nós e e portanto sobre a sobre a bandeira da Liberdade diz Mas eu também tenho direito a dizer não não tens direito a dizer porque vais maguar sóis há coisas que não e eu acho que isso a nossa geração ah a tua geração e
A minha portanto mais ou menos ali muito próximas tem de facto eu acho que tu Disseste tudo com coisa de não falamos nós não falamos e portanto não falamos em conjunto por exemplo uma coisa que tem sido ridicularizada na ficção agora puxando aqui abraso à minha sardinha que
Eu acho que me enerva profundamente é quando se revê aquele período eu acho mesmo muito interessante que se fizessem Plenário sobretudo acho mesmo e uma maneira como a ficou mostra é assim estes gajos eram tão estúpidos que até para decidir se iam à casa de banho ou não fazia um
Plenário não era bem assim se bem que hve houve certamente muitos Eu tive uma conversa com o Rui oxo fotógrafo que ele não quase que não pde abandonar o plenário ele tava a dizer bom a minha filha tá a nascer eu recebi agora uma chamada você está a pôr os seus
Interesses pessoais em frente à frente do do partido E ele disse pá desculpem queer ela saber eu voume embora mas isso é muito engraçado Ou seja eu acho que de facto nós não falamos falamos mas não falamos daquilo que dói é isso estamos numa Estamos numa fase em que não queremos magoar ninguém
Então andamos sempre com paninhos quentes e ninguém se quer magoar e ninguém quer falar dos temas realmente fraturante de ninguém quer saber ninguém e é isso é isso exatamente eu acho que aquilo que nos falta muito sinceramente e vou falar contra todas as pessoas que eu conheço da minha idade é que nos
Falta que nos doa não nos dói d-nos pouco como é que aconteceu aa de rapaz como é que humamos para isso eu eu acho que é natural eu acho que isto é cíclico mas porque só compreendemos se passarmos pelas coisas é isso que não é eu acho
Que não nos custa não nos custa às vezes eu acho que às vezes devia ser preciso um bocadinho custar noos custar noos No melhor sentido não me devia custar pedir ajuda acho eu que não devia custar pedir ajuda eh e hoje em dia custa muito pedir ajuda e custa ainda muito mais ajudar
Que é uma coisa estúpida não faz sentido nenhum eh certamente todos nós conhecemos pessoas que estão a passar dificuldades e dificilmente algum de nós prescindiu de uma de uma tarde ouvir um CD um CD onde é que eu estou por l ou seja não perdemos isso eu acho que
Isso como é que se chegou aí eu eu eu tenho a minha teoria que é os meus avós passaram por coisas que os meus pais já não passaram e eu não passei pelas mesmas coisas que meus paai passaram eu nunca tive os meus pais acho que também nunca tiveram dificuldades
Também são são de uma de uma de um de uma um estado social privilegiado pronto mas is em boa verdade nós fomos fomos fomos consolidando confortos mas é daí então que vem esta individualismo que tu agora estás Sim claro que sim ou seja tu queres o melhor aspirador pois não é tu
Queres que o teu cão tenha o pelo lustroso noutro dia eu por exemplo eu passei o meu cão prioridades eu passei o meu cão sem trela o meu cão é um rafeiro não faz mal a uma mosca tem medo de moscas o meu Camp meu C chama-se
Strogonof A primeira vez que eu falo do meu C no programa de rádio Obrigado eh mas é isso eh e tava a passá-lo e de repente há um cão que vem com uma senhora o meu cão envolve-se com ele numa brincadeira ela fica muito atrapalhada e diz o meu é um golden e
Está preso e eu diga assim mas isto faz que isto caba na cabeça de alguém por favor ess essa fala tem de entrar numa série eu estou claro que eu já já atoi aqui alguns no meu corpo só para não me esquecer mas isto O meu é um golden e está preso
Que pena o seu Golden estar preso que pena e eu pensei assim Isto é uma metáfora tão espetacular para os dias correm que o meu um golden está preso coitado do Golden quem elade das pessoas controlarem e proibirem os outros entras numa rua sentido proibido por engano e
Tens dezenas de câmaras senhoras de vídeovigilância a dizerem Ah não pode e tal e os os outros automobilistas António ainda assim acho que valia a pena nós com a tua ajuda recordarmos aqui algumas das proibições insólitas que tu que tu também descreves no teu livro e enfim também para servirem de
Alerta não é do o estado em que já vivemos podes por favor nomear algumas aquelas que talvez te tenham surpreendido mais ou que ou antecios que nos surpreendam a nós Sim era proibido andar de bicicleta sem licença é uma coisa que me surpreendeu porque eu era um menino privilegiado e andava de
Bicicleta no jardim sem grandes problemas eh as proibições relacionadas com as mulheres eram duplamente castigadas antes do 25 de Abril das viagens não é por exemplo não podam pod sair do país sem autorização do marido do pai podia se não quisesse que a mulher trabalhasse fora de casa
Num num emprego qualquer podia ir ter com o patrão e exigir Que el que ele a despedisse as proibições relacionadas com mulheres eram eh incríveis havia proibição de casamento de enfermeiras porque trabalhavam por turnos portanto teriam que passear até casa à noite e uma mulher que andasse sozinha na rua
Durante a noite só podia ser prostituta eh as professoras primárias Tinham que ter a autorização do Ministério da Educação para se casarem e o mar ou o noivo o futuro marido tinha que provar que as poderia sustentar economicamente se elas deixassem de trabalhar a subalternização das mulheres também na
Na proibição era tremenda Depois temos proibições a proibição do aborto que veio até muito dentro do tempo democrático do tempo democrático divórcio divórcio uhum h e e nessas nessas visitas à escolas de que o Francisco te falava há pouco quando explicas esse Universo de proibições que vigorava nessa altura
Estes Miúdos com quem falas surpreendem mais com o quê eh para já a proibição que marca mais essa geração e que eles não compreendem e que eu me custa um bocado a explicar a proibição da coca-cola são as as prioridades não é e não proibiam astias elásticas porque
Senão eles também se admirariam eh eu costumo fazer-lhes uma pergunta e começar que é o que é que vocês acham que devia ser proibido e tenho uma isso é um exercício muito curioso não é pois Qual é a resposta são sempre boas respostas e por exemplo isso agrada-me muito porque
Poderiam dizer devia ser proibido isto agora é uma baldari e aquelas coisas que se calhar as avós deles dizem diz mas não de manifestam-se contra uma proibição a única com presente que se manifestam é as escolas que proíbem o uso de telemóveis e eles isso revoltam-se e
Rebelam e dizem Ah mas agora também é proíbido o telemóvel eh mas dizem sempre não não estão de acordo é quase o maio de 68 para eles é proibido proibido antnio tantas tanta gente lutou pela pela Liberdade na clandestinidade muita gente sofrer imenso há gente muito
Valente na na na área das das Artes da cultura foi possível aparecer em grupos de teatro como como a comuna o grupo 4ro o João Lourenço Rui Mendes H ou seja havia Apesar o tep o teal do porto pois António Pedro h o apesar de tudo era possível furar era possível furar Claro
Era eh por exemplo o ribeirinho Francisco Ribeiro irmão do António Lopes Ribeiro portanto pessoas até ligadas ao ao regime eh conseguiu fazer no teatro da Trindade com uma companhia Teatro Nacional popular e conseguiu fazer o à espera de Godô do becket que não sendo breste estava proibido
Se calhar não estava proibido mas não se faria porque era o teatro do Absurdo e e o regime não queria cá coisas dessas o gato Instituto alemão aproveitava o facto de ser território estrangeiro em Lisboa para exatamente para fazer os bonequeiros os bonequeiros estrearam-se no no Instituto alemão com a imprecação
Diante das muralhas da China uhum eh havia sempre havia sempre quem ous ou como diz o Manel Alegre havia sempre quem dizia não e foi possível aquele extraordinário concerto de 29 de Março no lá tenho essa glória ah nós falamos disso na minha série em que o Zeca cantou o grândola E
Trocou a letra como era costume que ele não sabia a letra do grândola nem por nada e que que o grâ se torna uma senha Aliás já no final o grâ é misturado com Nacional sim sim com a o público todo a cantar isso grândola que tinha para o
Público tinha 2 anos porque era um disco de 71 não era das canções que não estavam proibidas era a única se calhar havia um milho o o o milho milho verde também não estava proibido também pois e por isso foi escolhida para E também porque foi cantada naquele e estavam com
Certeza Capitães da buril na na assistência dis que tinha perdido uma das estrofes no comboio sim não encontra da música tinha Tudo Proibido o bf tinha Tudo Proibido nesse sim ele ele eles ele vem ele vem cantar nesse nesse encontro da canção Portuguesa e essa altura disse pá estas
Duas estrofas eu não vou cantar Porque perdi no comboio acho foi uma eu foria gigante nós quisemos tentamos recolher ao máximas exato tentamos recolher ao máximo informação sobre isinho este encontro substituiu a substituiu foi herdeiro da grande noite do fato que a casa de imprensa organizava e depois naquele naquele ano 74 foi
Fez o fez agora 50 anos terzinha António e Manel agradeço-vos muito este programa nem foi uma entrevista nem fizemos perguntas foi uma ótima conversa bom vamos então às despedidas o programa não podias resulta de uma parceria entre a antena 3 e a a comissão comemorativa dos
50 anos do 25 de Abril tem produção da Marta Cavaleiro hoje tivemos o apoio técnico do Fábio Ribeiro eu sou Raquel Maurão Lopes comigo esteve como sempre o incrível Francisco Sena Santos podem ver-nos no canal do YouTube da antena 3 escutar noos a qualquer altura em antena 3. rtp.pt nas plataformas habituais de
Podcast e Claro na nossa querida rádio sábado sim sábado não às 10 da manhã aqui na 3 e lá para junho eh depois da hora do Porto do Sol podemos ver o sempre bom é isso lá estaremos para já não podias sendo assim até ao próximo sábado sim