Vídeo: MiniDoc – E depois da revolução: o que conquistaram as mulheres? | Cinco Décadas de Democracia

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[Música] Hoje após 50 anos de democracia as mulheres são mais livres para tomar as suas decisões construir as suas carreiras expressar as suas opiniões e ter um papel ativo na sociedade foram muitas as batalhas para chegarem até aqui e muitas outras che vinham para os desafios que ainda enfrentam vencimento

Igual para trabalho igual repartição de tarefas domésticas e de prestação cuidados igual representação nas es feras de poder Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a realizar uma cirurgia em Portugal foi a primeira a fotar na península ibérica alegando que sabia ler e escrever e que era chefe de família

Por ser viúva mas o direito ao voto ainda tardaria apesar de a partir de 1931 algumas mulheres poderem votar só com o 25 de abril de 74 todas as mulheres puderam exercer o voto sem quaisquer restrições esse direito tornou-se Universal A partir dessa altura as mulheres puderam também manifestar-se livremente nas ruas e

Erguer a voz pelas suas reivindicações os homens não são Donos das mulheres quer dizer não são já foram não é casados ou não casados viver juntos ou não viver não são não as mulheres não são propriedade como eles também não são propriedade [Música] delas as principais mudanças relativamente às condições

Sociais das mulheres e dos homens em 50 anos foram muitas [Risadas] parágrafo Amélia Santos sou CEO e cofundadora da inos nós somos uma marca de eletrónica de consumo que atua no setor da alta filidade digital AM Melia lidera a sua empresa com sucesso Há apenas 50 anos isso não lhe teria sido

Possível antes do 25 de abril de 74 as mulheres precisavam da autorização dos maridos até para terem os seus próprios Negócios Eu acho que deve muito o meu percurso e ao início do mesmo eh o facto dos meus pais me terem incentivado a tirar um curso de engenharia informática

Onde eu era uma de seis em 200 eu nunca senti ser mulheres numa área de tecnologia e e ter as a função de CEO como eu tenho e nunca senti que fosse diferente de ser um homem A única diferença acaba por ser não não não ter Neste contexto muito mais pares a Mel

Faz parte de uma minoria as mulheres portuguesas continuam subrepresentadas no topo da hierarquia das empresas durante o estado de novo a submissão das mulheres à condição de cuidadoras do Lar estava profundamente enraizada por lei cabia-lhes o governo doméstico o concurso mulher ideal português é realizado pela revista donas de casa

Desde 1966 e Visa a promoção da mulher nas suas diversas facetas de mulher dona de casa esposa mãe e também como elemento social ativo e trabalhador é difícil imaginar ser mulher Nessa altura eu não sei se conseguiria sequer fazer o que faço hoje e não imagino a fazer arte [Música]

Censurada poucas mulheres chegavam ao ensino superior não podiam seguir a carreira diplomática nem aceder à magistratura não podiam sequer sair do país ou ter uma conta bancária sem a autorização do [Música] marido a seguir ao 25 de abril de 74 iniciou-se processo de instituição de direitos sociais económicos e

Cívicos muitas mulheres tiveram acesso a um mundo novo eu penso que a minha eh geração foi uma geração que acreditou que era possível mudar antes do 25 de abril e com uma consciência social muito forte a Constituição de 1976 foi muito importante do ponto de vista e do

Direito em relação às mulheres e como havia discriminações legais nomeadamente no código civil no direito da família em várias áreas eh eh antes do 25 de Abril havia profissões fechadas às mulheres as mulheres não podiam ser diplomatas nem juízes que hoje olhando para a realidade portuguesa até achamos acharemos uma

Coisa estranha para nós é tão Evidente hoje em dia que quem tem as qualificações necessárias e quem tem a vontade e o gosto de trabalhar na área internacional pode ser Diplomata que às vezes é quase inconcebível pensar como é que é possível que há tão pouco tempo há

50 anos atrás eh isso não fosse possível é H um um um valor adquirido que resulta H do trabalho e de muita gente logo a seguir ao 25 de Abril era evidente que essas regras iam ser modificadas depois da Constituição proíbe as discriminações e proíbe as com efeito imediato se

Pensarmos que que há cinco décadas as mulheres não tinham direito ao voto não é só a partir do 25 de Abril é que conquistamos esse direito acho especialmente importante continuar a a exercê-lo de uma forma massiva e e por esta consciência histórica mas também sobretudo pelo futuro é a única forma de

De mantermos a democracia viva e de e de e de mantermos a democracia ao serviço da Igualdade da Igualdade real não é a democracia e o desenvolvimento socioeconómico do país trouxeram Profundas mudanças as estruturas familiares têm vindo a alterar-se e a dimensão dos agregados a contrair-se têm

Vindo a aumentar os casais sem filhos ou filhas as famílias recompostas e as famílias monoparentais consequência entre outros fatores do aumento do número de divórcios ou separações não podemos dizer que que nas estruturas familiares propriamente da conformação familiar nos últimos 50 anos podemos dizer que as famílias se transformaram

Em famílias mais pequenas e portanto no no sentido da estrutura familiar podemos dizer que há de facto essa contração do tamanho das famílias das chamadas famílias nucleares há também o problema da contração da natalidade não é portanto há uma uma mudança Grande a esse nível e e portanto há uma uma uma

Descendência média que não cobre as gerações não é portanto dois fazem dois digamos assim mais qualquer coisa para as perdas deixou de ser assim o que é que você Ach do divórcio do aborto o aborto pois acho bem comecem a legalizá-lo [Música] provavelmente vem logo à ideia primeira

Conquista a pílula ninguém eh advoga eh o acesso ao aborto como uma forma de contraceção teve um papel extraordinariamente importante se nós pensarmos que antes de 25 de Abril enfim Isto são sempre cálculos muito falíveis mas falava-se muitas vezes por ano mais de 100.000 mais de 100.000 interrupções voluntárias da gravidez aconteciam em

Condições em termos clínicos e completamente desfavoráveis aos resultados que depis hav um conjunto de adaptações que as estruturas familiares foram sendo obrigadas a fazer também por este processo que é um processo de protagonismo de das mulheres serem sujeitos não é sujeitos do seu próprio destino sujeitos no sentido de no fundo

Aproveitarem também as mudanças do Plano dos direitos que entretanto se ocorreram não é agora em democracia as mulheres podiam traçar o seu próprio caminho independentemente do que os homens e a sociedade esperavam delas tem 8 horas de trabalho o marido tem outras 8 horas chega a casa o marido senta-se a ler o

Jornal ou a ver televisão ou vai para a taverna ou vai para o café segundo os costumes e hábitos que ele tenha e a mulher ficou a fazer todo o seu serviço de casa quem costuma fazer os trabalhos lá em casa é minha mulher e a minha

Filha senhora não faz às vezes ajudo eh O que é que costuma fazer vulgarmente dormir pertencem estes hábitos ao passado não totalmente em muitos casos basta substituir o jornal por telemóvel e a situação não muda muito eu acho que existe um desfasamento significativo porque houve uma mudança muito profunda nas últimas décadas em

Direção a uma nova mentalidade e a Novos Valores em que a igualdade de género se tornou um valor Central Um Valor a que as pessoas aderem com exceções é evidente mas que do grosso modo não há em Portugal muita gente que V Contrariar a ideia de que a igualdade é uma coisa

Boa e de que as mulheres também têm obviamente direitos bastante similares aos dos homens mas posto esta ideia como todas as ideias ela não é concretizada na prática apesar das mudanças em sentido positivo por várias razões há atavismos relativamente ao trabalho das mulheres H sobrecarga com os cuidados

Com a família e obviamente a mentalidades mais profundas que desafiam essa ideia fundamental que é uma nova representação dominante por assim dizer na sociedade portuguesa a igualdade é uma coisa boa e os portugueses sem dúvida aderem a esta ideia não for à educação a força do estereótipo seria

Ainda maior no início da década de 1970 quase um ter das mulheres portuguesas não sabiam ler nem escrever atualmente só 4% estão nessa situação maioritariamente idosas nas universidades a Estudantes estão em maioria desde 1986 também abandonam menos o sistema escolar ainda hoje nós sabemos que onde há mais problemas onde eh Há mais

Obstáculos nas oportunidades para homens e mulheres é exatamente no mercado de trabalho e principalmente para as mulheres que são mães ou que querem ser filhos nós temos uma segregação académica enorme eh que depois tem eh eh muita repercussão no mercado de trabalho também ele altamente segregado porque continuamos a estar muito

Hh marcados por estereótipos de entre homens e mulheres sobre aquilo que é suposto um homem fazer e aquilo que é suposto uma mulher fazer e portanto temos se olharmos para os cursos superiores vemos que as áreas de humanísticas ainda têm uma grande preponderância de mulheres e as áreas científicas nomeadamente para a

Informática e agora o digital continuam maioritariamente a serem masculinas não é só ter mais rapazes numa área e menos raparigas noutra é que os rapazes vão para as áreas científicas que são as mais bem pagas são aquelas que têm H trabalhos que e que a sociedade revê como sendo de mais

Importância amé é líder num setor dominado pelos homens O fenómeno destravas a área da tecnologia há cargos e funções ainda pouco Associados às mulheres e quando uma mulher desafia do estereótipos isso continua a ser notícia o emprego das mulheres em Portugal tem algumas especificidades designadamente no quadro da União

Europeia desde logo a taxa de emprego das mulheres é relativamente elevada ou seja e a taxa de emprego neste momento ela nunca foi tão elevada é de cerca de 70 e de 70% portanto Acima da Média da União Europeia e Portugal está mais próximo neste indicador dos países do

Norte da Europa do que dos países da designada Europa do Sul quando e nos reportamos ao tal trabalho não pago de cuidado e doméstico aí em cada dia em Portugal as as mulheres afetam mais uma hora e 40 minutos do que os homens a estas a este a estas formas de

Trabalho não é possível combater as assimetrias remuneratórias entre mulheres e homens sem atacarmos a segregação no domínio das profissões sem combatermos aquilo que são as dificuldades na progressão na carreira sem combatermos as assimetrias no domínio da da do usufruto das licenças todas as áreas têm tido os Progressos sensíveis salvo em minha

Opinião a questão da violência contra as mulheres as transformações não ocorrem de um dia para o outro basta olhar para o exemplo da violência doméstica que no nosso país só passou a ser crime público em 2000 e é ainda hoje um enorme flagelo combater estes números dramáticos é um

Dos Desafios mas há muitos outros Quais são os mais importantes tem de haver uma vontade política deliberada intencional de que de promover de criar condições para que exista esta partilha igual de tarefas e responsabilidades entre mulheres e homens se nós não tivéssemos profissões predominantemente femininas e profissões predominantemente masculinas em que as

Primeiras são aquelas onde as remunerações são inferiores o diferencial remuneratório diminuiria se eliminássemos o diferencial remuneratório nós temos mulheres com mais poder de compra e certamente é benéfico para a economia e as mulheres tendem a reinvestir as suas remunerações os seus ganhos os seus rendimentos na família e muito em particular na

Educação das suas crianças portanto numa perspectiva de médio e de longo prazo estamos a falar em investimento em gerações quicadas futuras em capital humano que também beneficia obviamente a a economia as questões de paridade são questões que não dizem só respeito às mulheres são questões que dizem respeito

À sociedade como um todo porque uma sociedade paritária com igualdade de oportunidades para homens e mulheres será sempre uma sociedade eh muito mais sustentável do ponto de vista da sua economia Mas também da estabilidade económica e política e depois Ter uma estratégia para a igualdade integrada que cru políticas de recrutamento

Políticas de progressão de avaliação de desempenho remuneratórias para a conciliação com a vida familiar e pessoal ter depois planos para a igualdade que permitam operacionalizar esta estratégia penso que falta investir mais na na educação desde o pré-escolar eh na desconstrução dos estereótipos porque muitas vezes há uma falta de

Conhecimento para que é que serve a matemática ou para que que po poss de servir o digital muitas vezes as raparigas TM uma tem tem muita ideia de querem fazer coisas que mude o mundo querem fazer coisas para ajudar querem ser médicas querem ser enfermeiras e

Acham que o digital não tem nada a ver com isso mas no nosso mundo atual o digital tem que ver com tudo portanto é muito importante nós criarmos aqui uma literacia digital para as jovens explicar-lhes que realmente e elas podem tudo não há nenhuma profissão que lhes seja vedada

Neste percurso de 50 anos muitas foram as mulheres que atingiram metas outrora impensáveis mostrando que o mérito não é determinado pelo géo muitos obstáculos ainda persistem outros podem surgir é preciso evitar retrocessos consolidar as conquistas e continuar a desbravar o caminho para a [Música] igualdade [Música] [Música] i