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bem-vindos de regresso a estas
entrevistas com que estamos a assinalar
os 10 anos do Observador os 5 anos da
Rádio observador e hoje temos connosco
Carlos Neto Professor Carlos Neto foi
hoje em dia professor aposentado da
faculdade motricidade humana
especialista em motricidade infantil eh
e que tem sobre esta matéria algumas
ideias que por vezes saem saem da rotina
saem da Norma como é como é costumo
dizer
eh Professor nós hoje temos crianças que
parecem viver ou agarradas aos
telemóveis ou eh dependentes de pais que
levam à escola que vão buscar à escola
que levam à ginástica Vão buscar à
ginástica e por aí adiante
eh temos excesso de pais galinhas ou
temos uma cultura que
eh não valoriza a brincadeira e o risco
em primeiro lugar queria agradecer o
convite dar os parabéns à nós é que
agradecemos estar cá dar asos parabéns
ao observador
não só pela sua história mas também pela
por esta iniciativa a pergunta que me
faz é de uma grande importância e
pertinência veja nós ao quear 25 50 anos
da democracia e de facto tivemos grandes
conquistas e de um ponto de vista
político social económico também
educativo a nível da Saúde etc mas
Poderíamos dizer que eh hoje
e estamos no momento em que crianças e
jovens estão a viver uma espécie de
violência invisível que nos escapa
muitas vezes a nossa atenção porque o
seu cotidiano é feito de uma forma muito
formatada
e muito
institucionalizada muito cheio de de
falta de tempo parental porque os pais
vivem muitas vezes em precariedade as
cristas passam 50 horas em média na
escola muitas vezes sentadas quietas
obedientes
em que tudo é proibido tudo tá
plastificado as escolas deixaram de ser
de
sedutoras não apelam ao risco não
cortaram as árvores cortaram os arbustos
e substitui-se a terra os paus a
areia uma espécie de piso tudo tudo
sinté tudo sintético e tudo plastificado
e esqueceu-se o corpo quer dizer que a
escola está formatada para uma ideia de
as crianças aprend terem conhecimentos
que segundo a visão dos adultos são
úteis para criarem as condições para
terem possibilidade de entrar na
universidade mas repar mas ao mesmo
tempo que que isso acontece nota-se que
há muitos pais que têm a preocupação de
levar à ginástica de levar ao jud de
levar ao karatê de levar as crianças T
verdadeiras agendas balê e isso e quer
dizer ao mesmo tempo há uma preocupação
que eles não fiquem Não fiquem sejam
atléticos Mas com pouca Liberdade Não é
porque exato mala de Bê ou mala de eu
acho que há
uma eu eu diria Quase que há negligência
negligência do Estado em primeiro lugar
negligência da família e da escola em
segundo lugar porque não se dá
oportunidade das Crianças poderem
brincar de forma livre e terem o tempo a
serem crianças que é uma etapa
absolutamente fundamental no seu
desenvolvimento porque de facto o
brincar é insubstituível o brincar é um
comportamento essencial é ancestral
Brota de dentro eh todas as crianças têm
impulso fundamental para explorarem para
perceberem conhecerem e o brincar é um
comportamento imprevisível
incerto e também inesperado e portanto
esse comportamento como é que elas
brincam hoje
brincam brinquedos de plástico e
telemóveis não as crianças hoje têm em
primeiro lugar muito falta de autonomia
não é a autonomia é muito muito muito
baixa porque não têm de facto
H autorização para de facto receber aí o
espaço de forma livre e hoje nas escolas
Como sabe há há regulamentos que impedem
as crianças de subir às arvos fazer
pinas à parede fazer rodas jogar as
escondidas e dizer é inaceitável o que
se está a passar uma verdadeira presiono
do corpo uma verdadeira presiono das
Crianças ninguém me explicou até hoje de
ponto de vista científico o que é que é
o conceito de intervalo escolar e o que
é que é o porque a escola ainda vive no
conceito de fábrica quer dizer tempo de
trabalho e tempo de lazer mas o tempo de
lazer o intervalo escolar não tem uma
fundamentação e uma justificação
científica porque mas já erá ci
anticamente Sim mas de facto nós estamos
em 2021 a escola hoje deve ser
perspectivada numa dimensão
completamente diferente no sentido de
estarmos a a funcionar não com alunos
mas com pessoas para as preparar para um
futuro desconhecido imprevisível e
incerto portanto nós temos aqui que
fazer uma revolução tranquila ao nível
da escola para mudar o seu paradigma o
seu modelo de funcionamento e dar essa
possibilidade de participação das
crianças no processo de aprendizagem de
ensino de as convidar a ter uma escola
sedutora e
que permita que elas possam lidar com
incerteza e e perceber a complexidade
dos fenómenos quer do próprio corpo quer
do ambiente que nos rodeia terem uma
visão ecológica inclusivamente do mundo
que não têm mas quem é que tem medo por
exemplo que uma criança uma crianças
falam joelho são os pais que são
exigentes é a escola que instalou idade
portuguesa nós ainda não acertamos o
passo com o resto da Europa você como
pode ver nos países a norte da Europa
anda tudo selvagem as crianças andam no
meio da natureza mas é mas sobretudo os
países nórdicos sim os países nórdicos
tem uma visão muito mais espartana da
educação e as crianças têm muito mais
autonomia de mobilidade tem muito mais
contato com a natureza mais confronto
com o risco tem mais liberdade e mais
autonomia mais espaço e acima de tudo
tem um currículo escolar que é mais
equilibrado entre atividades formais e
não formais Mas na vida delas de facto a
qualidade de vida e principalmente a
atividade física
h a atividade lúdica é um princípio
absolutamente essencial na construção de
um corpo de uma mente porque nós Hoje
sabemos pela evidência científica que
corpos ativos dão ceros ativos através
de emoções e sentimentos e Isso é
perfeitamente Claro eh e não podemos ter
crianças sentadas e muitas vezes sem
capacidade de concentração e atencional
mete falando para professores que querem
que elas aprendam as coisas de uma forma
rápida à pressa como como acontece um
pouco na na mesma forma no desporto como
uma espécie de especialização preco em
que os atletas têm que sair formatados e
para terem resultados de imediato nós
temos que pensar numa qualidade do
ensino numa qualidade de aprendizagem
numa qualidade de envolvimento E acima
de tudo devolver a rua às crianças
devolver a cidade temos que pensar em
políticas urbanas mais adequadas para
que os cidadãos tenham mais queria
perguntar como é que enfim numa nos
atuais ambientes urbanos em que se vive
em altura em que as ruas estão ocupadas
por automóveis onde é que há as
traseiras onde se ia jogar à bola estou
a falar dos rapazes mas as raparigas iam
saltar à corda e agora agora os rapazes
saltam à corda e as raparigas jogam à
bola mas o problema é já não há
traseiras repar na nossa geração nós
tínhamos duas escolas a escola
tradicional conservadora replicativa
como ainda existe um pouco como o modelo
ainda se mantém um pouco assim mas
tínhamos uma outra escola que era a
escola da rua não é eh ainda que
vivessemos num país po perre num país
cheio de pobreza num país sem liberdade
de expressão um país com uma taxa de
analfabetismo enorme com com problemas
sérios de precariedade
eh ainda que se deve dizer que ainda não
erradicamos completamente essa pobreza
existente mas tínhamos liberdade de a
partir de uma terada altura do dia de
andar na rua encontrar amigos e poder
explorar o território termos identidade
do espaço onde vivíamos ao pé de casa
junto à casa na rua
e na cidade tínhamos de facto
possibilidades de autenticidade de
espontaneidade de descoberta de R espano
há também há um lado nisso que é
seguramente um lado da cultura que éessa
tudo o que seja surpresas portanto os
pais têm receio que alguém venha dar
rados com droga que enfim fala-se
portanto de pedofilia há muito receio de
que não haja espaços Seguros uma questão
é espaços Seguros outras coisas é
espaços acéticos exatamente eu acho que
não há
perceção no povo português que nós somos
um país e muito seguro e aliás nas nos
rankings internacionais somos o terceiro
ou quarto país mais seguro do mundo
somos o país mais visitado do mundo não
há razão para esta pandemia do medo que
se instalou não é de guardar as Crianças
A que andam agarradas por um lado por
uma mão e pelo outro andam com o
telemóvel andam com os ecrãs quer dizer
hoje vivemos aqui uma situação dramática
em primeiro lugar de grande sedentarismo
que é um grande problema de saúde
pública que atinge a infância mas atinge
todas as outras idades nós estamos com
mais obesidade nas crianças ou sim sim
Aumentou e significativamente e aliás
saiu agora um relatório do Atlas obesity
2023 que coloca um cenário dantesco para
o futuro em Portugal e no aumento 2,3
por ano de excesso de peso e portanto
aliás de obesidade O que significa que
num espaço de 10 anos nós teremos uma
população infantil com um programa
grandíssimo de saúde pública não é e
para além de todas as consequências que
isso tem na imagem do corpo na no até
até no propriamente no sucesso escolar
eh portanto há aqui uma série de
problemas que não estão a ser colocados
na agenda política e que do meu ponto de
vista é um erro eh absolutamente
inacreditável porque ninguém pensa nos
direitos das Crianças ninguém pensa na
vida delas ninguém pensa na vida das
famílias Tem que haver aqui uma
concertação social política de de
políticas públicas ousadas para que
tenhamos uma trabalho em rede uma
governança coletiva de melhorar a
qualidade de vida dos cidadãos
portugueses entre a família a escola e a
comunidade e nesta perspectiva
precisamos de pensar de uma forma mais
séria A questão de da Lei laboral
portanto Como é que os pais têm
possibilidades de ter tempo para os
filhos porque a norte da Europa a partir
das 3 da tarde todos os pais têm
possibilidade de fcar para os filhos
irem para eles com eles para a natureza
poderem andar a bicicleta poderem por
regra também começam a trabalhar mais
cedo sim evidentemente Mas temos que
mudar eventualmente os modelos e as
estratégias de de funcionamento do
trabalho não é eh porque eu vi na
Austrália vi no Canadá vi em outros
países em que as famílias têm tempo para
os filhos enquanto que em Portugal elas
passam a vida com uma escola a tempo
inteiro Esta escola a tempo inteiro
passa uma vida nas escolas completamente
aprisionadas e depis pergunta quando
quando falamos de ecrãs temos tendência
a falar dos telemóveis mas a televisão
não tem Às vezes o mesmo efeito Claro
que sim claro que sim e
repare imensa investigação científica
sobre os efeitos positivos e negativos
da utilização dispositivos digitais é
preciso distinguir o que são
dispositivos digitais lúdicos e o que
são dispositivos digitais para fins
pedagógicos ou para fins de aprendizagem
escolar no que respeita aos dispositivos
lúdicos as grandes agências
internacionais de facto
volveram uma capacidade de sedução e
enorme não é de
narrativas simbólicas
que capturam completamente bombardeiam
completamente um ponto de vista
sensorial e perceptivo as Crianças elas
chicam sentadas e os pais ficam crentes
que descansados descansados Mas não é
verdade porque não ficam descansados Até
porque não gritam não estão a pedi para
contar histórias mas ninguém percebe
depois ficam altamente excitadas e com
problemas sérios porque repar até aos 3
4 anos não deveria existir é Cras eh
quanto mais um pequeno filme com a
supervisão portanto da família mas hoje
repar que nós já temos crianças a partir
do segundo ciclo em que já tem
smartphones e iPhones e portanto saem da
sala de ala e ficam logo ali sentados
quer dizer hoje os espaços das escolas
vivem em silêncio hoje já não há já não
há ruído porque as crianças estão
completamente dependentes é uma espécie
de ópio mental que se assolou no corpo
de dos jovens e portanto com problemas
sérios temos hoje eh problemas nas redes
sociais na internet nas nos jogos online
eh portanto problemas gravíssimos ao
nível da saúde mental da Saúde física há
crianças que já não conseguem sair de
casa nós temos vindo a fazer
investigação e observação destas
situações e temos crianças com problemas
e gravíssimos de depressão de ansiedade
e e mas o que me preocupa desculpa p o
que me preocupa mais é acima de tudo a
questão e da Saúde física Porque toda a
gente fala na saúde mental mas ninguém
fala da Saúde física nós temos que ter
uma estratégia nacional para a prevenção
da saúde pública isto passa pelas
primeiras idades como é que educamos
estas crianças a terem o maior
equilíbrio entre a realidade virtual e a
realidade do mundo real e como é que
como é que a pandemia e o obrigatório de
ficar em casa Portugal bateu recordes
nesse nesse domínio houve mais tempo de
ficar em casa nas crianças mais tempo de
usar máscaras como é que tudo isso
impactou esta esta realidade da minha
experiência de investigação E também
como professor eh formador na
universidade e também como trabalho
indireto com as crianças noto quatro
parâmetros que para mim são muito
preocupantes e como efeitos dessa fase
pandémica em primeiro lugar eh uma
situação de grande sofrimento
existencial e sofrimento que nós vivemos
quando o corpo se ovimento é um
excelente meio de diagnóstico de
observação nota-se um um sofrimento que
ainda está presente principalmente
naquelas crianças que tinham baixa idade
e que est estão hoje agora a entrar no
primeiro ciclo de escolaridade eh em
segundo lugar uma decadência de
competências motoras as crianças
deixaram de ser capazes de utilizar o
corpo em certo tipo de Perícias
corporais em destrezas em em em
capacidade de supressão etc em terceiro
lugar noto acima de tudo uma grande e
instabilidade motora isto é uma
excitabilidade motora é diferente de
hiperatividade mas uma excitabilidade
motora muito grande por terem estado
fechadas e terem estado portanto quer na
sala de aula quer em casa fechadas muito
tempo e e muito expostas a portanto a um
ensino portanto online ou ensino à
distância e em quarto lugar e esse para
mim é dos fatores mais importantes a
falta de socialização as crianças
deixaram de estar com os amigos deixaram
de brincar com os amigos deixaram de ter
tempo e espaço para sair à rua não
recuperaram e não recuperaram do meu
ponto de vista ainda não recuperaram
ainda se nota muitas doenças que ainda
vê ainda vão ser surpresas para muitos
de nós porque se nós desconhecemos
exatamente esses efeitos que estão e
dentro do corpo e ainda se tem
necessidade de se manifestar se olharmos
para a linguagem não verbal para a
linguagem corporal para a linguagem
propriamente dita nós percebemos que as
crianças estão mais vulneráveis e estão
mais imaturas não é e isso depois cria
um problema sério a do ponto de vista de
capacidade de aprendizagem de
conhecimentos mais abstratos quando o
corpo não está preparado não é h e
portanto o corpo é o arquiteto do
cérebro o corpo foi muito penalizado com
a pandemia não é e de alguma forma nós
tivemos programas políticas Para
Contrariar isso para recuperar isso não
é só recuperar a saber ler e escrever e
eu costumo dizer que a política do
ministério de educação quando implementa
um programa sobre recuperação das
aprendizagens escolares hum obviamente
que foi uma boa medida mas essa medida
tem que ser acompanhada de um plano de
recuperação destas experiências
espontâneas dessas experiências básicas
das que as experiências têm que ter do
ponto de vista lúdico do ponto de vista
Desportivo do um ponto de vista
artístico que são matérias que estão
esquecidas portanto na escola
secundarizados e que faz com que a nossa
existência tenha prazer que tenha
capacidade de sobrevivência de
capacidade de lutar contra a adversidade
capacidade de transcendência capacidade
de superação hoje as crises não sobem às
árvores elas sobem mas não deixem quer
dizer que o medo está generalizado no
corpo hoje olhamos para para os joelhos
das crianças e não vemos velhos fados as
crianças tem joelhos todos limpos hoje o
que temos n nas escolas e na sociedade
são crianças limpinhas e com um código
de conduta extremamente disciplinado e
obediente não é é necessário que as
crianças magoem é necessário que elas
claro claro aliás eu devo de confessar
que ainda recentemente há duas semanas
saiu uma nota eh da sociedade americana
de Pediatria em que
H portanto convida eh a sociedade
canadiana a implementar legislação para
melhorar as atividades de risco ou
melhor o brincar arriscado em crianças
significa isto isso é completamente
digamos os os os pais de hoje não se
portam-se qu essa ideia Pois é porque tê
medo a cidade tá cheia de medo medo em
casa medo na escola medo na rua as
crianças vivem debaixo de tetos teto da
casa teto do carro teto da escola até
nas atividades extracurriculares vivem
debaixo de tetos não tê contato com a
natureza perdeu-se os corredores
ecológicos as cidades estão cheias de
cimento e cheias de automóveis a
urbanização é caótica não temos planos
de facto de urbanização amigos das
crianças e dos cidadãos não somos não
convidamos os cidadãos a virem para a
Rua conv quant temas não se pode pisar a
rela exatamente portanto há aqui 50 anos
depois da do 25 de Abril vivemos ainda
uma situação de autofagia quer dizer de
eh um algoritmo que criou na sociedade
portuguesa uma espécie de medo e de
existência do seu próprio corpo e de
confronto com o risco O Confronto com
risco é das coisas mais importantes no
desenvolvimento humano aa pass pô de pé
em média 12 meses que é uma conquista
notável para começar a andar teve que
cair muita vez e portanto As Memórias
dos pais estão apagadas do ponto de
vista das suas infâncias e não conseguem
perceber que dar liberdade dar autonomia
obviamente um um risco controlado
eh não é grave se uma cria tiver uma
escoriação ou mesmo um braço partido
isso não é grave eh faz parte do
desenvolvimento humano e e portanto este
medo generalizado que existe na
sociedade portuguesa eh leva a que as
crianças estejam a sofrer e e e mais e
há uma correlação muito forte com a o
sucesso nas aprendizagens escolares nós
não fazemos essa relação mas se um corpo
desconhecido um corpo que não se investe
um corpo que não se confronta um corpo
que não se supera um corpo que não tem
resiliência evidentemente que é um corpo
imaturo que é um corpo que tem
dificuldades de adaptação tem
capacidades tem dificuldade de
criatividade e portanto queremos fazer
deste país um país de empreendedores mas
um país de empreendedores imaturos e
Totós quer dizer de facto e temos que
inverter estas lógicas como os países a
norte da Europa fizeram é uma educação
muito mais esperana em que eles são
colocados perante problemas para
resolver problemas subir uma árvore
andar na Neve andar na chuva e repar em
Portugal cai um ping entra tudo para
dentro cheio de medo o maior problema
dos autarcas é os telheiros e agora mais
recentemente os telheiros à porta da
escola para os pais não apanharem chuva
portanto temos uma sociedade
demasiadamente protetora a
super protetora eu diria de uma forma
patológica sim mas diga-me uma coisa o
facto de nós hoje termos e a gente está
já com muito pouco tempo mas o facto nós
hoje temos pais por regra são mais
velhos Portanto tem-se o primeiro filho
muitas vezes Depois dos 30 e menos
filhos portanto um investimento maior em
cada filho não complica muito a a fazer
a situação quer dizer quando se tem dois
três os irmãos cuidam dos outros quando
não há irmãos sim mas também é verdade
que de facto havendo menos filhos por
unidade familiar e havendo mais
preocupação sobre a vida dos filhos e a
sua segurança os pais têm uma
dificuldade em perceber
que ter um filho seguro só é possível se
se confrontar com risco a vida é a vida
é um risco a nossa existência é um risco
não há risco zero e
portanto a vida tem que ser percebida
vivida Na incerteza vivida de facto numa
e o risco não é só físico o risco é
Mental é social é também emocional e
mais recentemente o risco é digital eu
hoje vejo pais muito preocupados as
crianças levam um grãozinho de Areia da
escola para casa ou se eventualmente
vão sujas para casa e não estão
preocupadas com os perigos que entram
pelos ecrãs Dentro os perigos digitais
que são muito mais complexos eu tenho
mais preocupação com as elas emocionais
que ficam ao longo do desenvolvimento da
criança do que propriamente um arranhão
ou uma escoriação Hoje os pediatras nos
hospitais estão muito pados Porque estão
a aparecer crianças que porque terem
caído uma cadeira ou terem escorregado
partiram uma perna ou tiveram um
acidente exterminado porquê porque não
tem capacidade de adaptação motora não
tem capacidade de eh de se adaptar em
circunstâncias novas inesperadas nós
quando brincávamos na rua e brincávamos
de diversas maneiras brincávamos com uma
lata de coca-cola entre duas sarjetas ou
brincávamos nos rios assaltamos os
castelos conhecíamos todas as ruas
conhecíamos todos os amigos andávamos à
luta à perseguição o jogo da apanhada o
jogo das escondidas hoje ninguém faz
esse tipo de brincadeiras que são
ancestrais que são fazem parte da
infância isso hoje não se pratica e
aliás é proibido qualquer dia teremos um
letreiro à porta das escolas a dizer é
proibido brincar é proibido correr Isto
é inaceitável porque o corpo está menorz
o direito a brincar está esquecido não
há tempo nem espaço quer em casa quer na
escola quer na rua na comunidade para as
crianças de facto desfrutarem e aquilo
que é um desenvolvimento saudável para
ganhar um estilo de vida ativo para o
resto da vida que é isso que é essencial
porque eh Quando pensamos na saúde nós
não podemos pensar na doença temos que
pensar também na prevenção e a prevenção
começa com políticas públicas ousadas
nas primeiras idades é tudo aí que
começa e por isso é que a escola é tão
importante como um pilar fundamental na
organização social política e económica
de um país se nós não apostarmos na
infância estamos a cometer um erro
trágico para o futuro não quero isto
dizer que em Portugal não haja boas
experiências pedagógicas
não hajem boas experiências ao nível do
Poder local já há com certeza muito boas
experiências que estão a acontecer mas
estamos muito longe de eh ter o mesmo
nível de desenvolvimento democrático
participativo cooperativo
e da participação das crianças no seu
projeto próprio projeto pedagógico que
er ao nível familiar que er ao nível
escolar que er de participação pública
porque também deveríamos ouvir as
crianças porque elas têm ideias Elas têm
visões do que é que devia ser a cidade
do que é que deveria ser a rua do que é
que devia ser a casa do que é que
deveria ser a sua vida nós temos feito
alguma investigação sobre isso e de
facto elas não são ouvidas são
esquecidas completamente eu acho que há
uma negligência sobre a maneira como se
olha para o corpo em movimento de forma
ativa e por isso a minha expressão a
minha causa de muitos anos que é brincar
e ser ativo é a melhor forma de garantir
sucesso e portanto E é este o grande
problema que penso que para o futuro nós
temos que pensar e e no e no ato
Eleitoral de 10 de Março de facto eu
espero vivamente que o leque partidário
tenha a coragem de pensar nestes
problemas relacionados com as crianças e
os adolescentes a sua qualidade de vida
com cidades e amigas das crianças
educadoras de modo a que possamos
alterar este cenário que existe na
sociedade Portuguesa de uma espécie de
aprisionamento e coletivo em que parece
um policiamento com completo das
crianças de manhã à noite durante a
semana durante o ano durante todo o
tempo e portanto precisamos de libertar
as crianças como aconteceu já em países
que já têm uma democracia muito mais
antiga bem muito obrigado tempo fou como
é habitual nestas conversas
e estaremos para a semana com um novo
nova entrevista deste géo Muito obrigado
pela atenção muito obrigado
4 comentários
Geração de cristal… assustador 😮
COM A ABRILADA TIVEMOS ALGUMAS CONQUISTAS, MAS TAMBÉM PERDEMOS MUITAS. AS CRIANÇAS AGORA SÃO BIBELOTS METIDOS EM REDOMAS DE VIDRO EM QUE NEM O PROFESSOR AS PODE CONTRARIAR. ESTAMOS A CRIAR CRIANÇAS, PARA SEREM HOMENS FALHADOS E FORMATADOS.
Que saudade da minha infãncia…
Tinhamos tão pouco e eramos tão felizes!
Andamos a criar florzinhas que ao minimo problema perdem-se totalmente?
Na altura do Salazar era proibido haver ajuntamentos de alunos e ficar a conversar em grupo, isto na faculdade…tinha de se estar sempre em movimento…