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C bom dia boa tarde boa noite minha gente bonita hoje sem a minha querida mana de várias lutas Ana markle que foi fazer uma pequena cirurgia mas está bem e voltará em breve mas não estou sozinha estou acompanhada e muito muito muito bem acompanhada um pouco nervosa porque realmente sou muito fã desta mulher já lhe disse e repito aqui h hoje tem comigo uma cantora compositora e artivista brasileira mulher negra lésbica e que através da sua poesia cantada como eu costumo eh chamá-la educa espalha amor enquanto tecnologia de sobrevivência mas espalha também consciência po dedem feridas sociais em que dá uma rodada Como o racismo o machismo e a lgbtq a mais fobia tem atuado por todo o Brasil e na Europa Eu já vi três vezes em concerto e na verdade que muitas mais porque é de facto sempre uma aula em que aprendo e me inspiro muito como Com certeza acontecerá aqui hoje com vocês Bia Ferreira xaramanaia Bia obrigada por estás aqui eu andei atrás de ti eu eu lutei para este momento Nossa a gente tentou muito também a gente tá se namorando tem um tempo é porque ela vem cá mas depois S poucos dias depois vai para mas depois vai paraa Holanda depois vai paraa Bélgica e depois vai para Espanha e depois vai Ninguém Segura esta mulher e que bom conseguimos foi que bom obrigada muito bem-vinda Olha eu se calhar começava já porque disse shar maneia que é tipo assim um um Amém da igreja lisbet teriana sim conta-nos um bocadinho o que é que é esta igreja que muito pouco tem de igreja a não ser a parte de pessoas que se encontram numa fé comum uma fé que é da do empoderamento e emancipação de um grupo de pessoas mas gostava de ouvir na tua voz sobre o que é isto da Igreja lubana Nossa primeiro muito obrigada pelo convite por insistir porque a gente não tava conseguindo achar data e fiquei muito feliz de poder estar aqui hoje e bom a igreja lesbiteriana ela vem mais num num sentido de crítica social eh os meus pais são missionários evangélicos e tal eu acho que esse foi o meu primeiro meio de interação social e aos 13 anos quando eu falei abertamente sobre a minha orientação sexual aquele Deus parou de me amar né então tipo ah você vai pro inferno não existe espaço para você aqui você não pode mais cantar na igreja você não pode mais e aí tu cantavas eras a eras menina do coro da igreja eu sou a filha do pastor ah Exato eu sou a a o estereótipo da filha do pastor que toca piano e canta na igreja e tal S E aí eh fiquei sem referência do meu único lugar de convivência social né o meu único meio social que era a igreja então quando eu comecei a fazer arte do jeito que eu faço hoje eu senti a necessidade de dar essa cutucadinha mesmo de falar olha a igreja não me aceita eu vou fazer uma para mim E aí compreendendo que igreja é um espaço onde pessoas que compactuam da mesma fé se reúnem eh eu eu trouxe esse nome igreja porque eu queria reunir pessoas que tivessem a mesma fé que eu e qual é essa fé a gente tem fé na emancipação social político e afetiva de pessoas lgbtq a mais Eh negras indígenas enfim eh como um avanço social então se você acredita na emancipação social política e afetiva dessas pessoas como um avanço para um mundo melhor mundo que você espera para seus filhos Enfim então você faz parte dessa igreja que não é religiosa né Ela é um ato político então não importa qual a religião das pessoas não importa se você é hétero acontece eu ador qu tu dis isso nos concertos só lamento masce é existem pessoas éter no mundo tudo bem mas não me importa se você é étero LGBT ou se você se identifica de uma outra forma eh me importa se você acredita na emancipação política dessas pessoas enquanto eh igualdade de direitos Equidade de gênero enquanto Equidade salarial se você acredita nessas nessas causas que eu acho que contribuem para que a gente melhore esse espaço onde a gente vive socialmente Então você faz parte dessa igreja lesbiteriana e charara manaias é uma palavra que eu incorporei aqui Eu acredito muito no poder da palavra Uhum E eu acho que uma palavra ela só existe quando ela tem um significado então sem significado é só é nada né é um conjunto de letras né É então xaram manaias no meu conceito significa aquilo que é bom fica e aquilo que é ruim que vai embora então [Música] Eh é um mantr inha pro coração já que toda igreja tem um a nossa igreja tem o chamanas exato gosto de brincar que sharamanaia se escreve com s h a r a m a n a y a s se você escrever errado você fala com outro anjo e a sua bênção não chega certo falta-me só o s na verdade no fim é tem um no fim é se você escrever errado você fala com outro anjo E aí a benção não chega Shaman é para falar com os anjos queer Ai adoro adoro adoro pá realmente xaman aliás os teus concertos há há uma parte em que cantamos todos assim bater BM Jão no no ar ah o qu charam e a onda é assim é que não é uma missa eu eu não sou uma pessoa religiosa de todo mas é é um é um um uma reza boa no sentido de apelar ao bem apelar aliás eu eu também dizia lá fora é verdade os teus concertos são eh chapadas na cara muito úteis muito úteis mesmo eu todas as vezes Aliás a primeira vez que te vi aind foi foi na pandemia ainda Hum que fia um concerto teu assim tin uma coisa pequenina aquele foi quê marvila já não lembro bem e eu ouvi foi só tu e o velão tu e o velão e eu pensei fogo nós precisamos de ouvir e quando digo nós digo nós e pessoas brancas porque o racismo é uma das tuas Bandeiras e como não né enquanto pessoa negra acho que é um bocado difícil fugir àquilo que é que é a realidade hum pá e é uma chapada na cara amorosa ao mesmo tempo mas muito útil porque a gente tem que pôr a nossa a mãozinha na consciência sabes as gente pessoas que não Ou seja no meu caso não ter sido eu especificamente a causar o início de uma estrutura racista Ainda assim eu sou parte dela sim se beneficio del beneficio dela exatamente E se eu acredito numa igualdade se eu estou a beneficiar se eu tenho mais facilidade em arranjar uma casa isso aqui em Portugal vê-se muito a Sandra balde que tocou contigo neste último concerto Music Box ela quando teve cá também falava disso de se quando alguém percebe o sotaque do meu pai a ligar para arrendar uma casa não a não arrenda E quando ligo eu que não tenho sotaque já dizem que a casa tá vaga ou seja perce há uma diferenciação de eu eu enquanto pessoa branca tem esta vantagem eu enquanto pessoa branca tive mais acessos e tirei portanto é uma chapada na cara tu tu queres provocar não é tu queres provocar esta esta Reação Em quem te ouve imagino eu acho que o que gera a zona de conforto é a falta do incômodo uhum né se você não tá incomodado Então você vai ficar ali então eu acho que a minha arte tem mesmo essa necessidade e essa função eh No que diz respeito a qual a minha intenção de fazê-la né Eh de provocar o desconforto mesmo nas pessoas que estão confortáveis e de gerar movimento uhum pras pessoas que já estão desconfortáveis e não sabem para onde ir s Então e e também para gerar identificação nas pessoas que se parecem comigo para entender que a gente luta junto para entender que a gente eh tem um espaço de voz também para para ocupar as nossas demandas né então primeiro para gerar essa identificação com as pessoas que se parecem comigo ou que se identificam com a minha realidade e segundo para gerar um incômodo nas pessoas que não se identificam com a minha realidade e que estão numa zona de conforto terceiro para que as pessoas que já sai dessa zona de conforto entenda um direcionamento de para onde a gente a gente tá indo para que a gente caminhe sempre num num destino comum assim eh e aí eu gosto de brincar que as pessoas negras que vão no meu show elas nunca acham que é uma chapada na cara não porque eles estão só a ouvir o que o que já amiga isso é a minha vida não estás só a contar a cantar a minha vida e normalmente o que eu ouço é tipo nossa disseste mesmo que que incrível ver e tal gera essa identificação né e as pessoas brancas sempre T essa esse discurso de Poxa foi uma chapada mesmo eu precisava ouvir isso foi incômodo e esse incômodo é o que me faz entender que o meu trabalho é bem feito todas as vezes que eu venho a Portugal principalmente aqui acho que em outros países eu tenho também esse mesmo discurso mas eles não se sentem tão ofendidos porque não foram eles que colonizaram o Brasil então exato ya ya não tem como fugir é então aqui em Portugal gera um incômodo maior uhum eh por sentem que tás é um ataque direto é um ataque direto mas o o que eu queria eh explicar porque todas as vezes que eu venho aqui eu sou atacada assim de todos os lados se você for olhar os comentários das minhas entrevistas tanto para jornal quanto em podcasts quanto eh as pessoas Há muitas pessoas aqui em Portugal que se incomodam eh bastante que me mandam de volta para meu país que fala várias outras coisas e eu acho que é preciso entender que enquanto uma mulher brasileira a gente não tem acesso à história de Portugal Uhum Então a gente só tem acesso à história contada eh pelo pelo colonizador né então tipo na escola a gente aprende que todo mundo era amigo chegaram lá celebraram a missa levaram presentes e sim sim sim então eh quando eu cheguei aqui em Portugal e eu vim com esse discurso muito pesado sobre há uma dívida histórica é necessário reparação eu encontrei de volta muitas pessoas portuguesas a dizer mas não é minha culpa eu não tava aqui eu não herdei essa riqueza que foi roubada do seu país por que que eu tenho que pagar uhum e aí eu fui pesquisar essa história daqui né então eu VII entender que 2% eram famílias ricas que estavam explorando e ficando com todo o ouro e a maioria do povo português estava a comer bolotas e passar a necessidade e fome sim sim sim s então depois de compreender isso eu acho que houve uma mudança de narrativa na minha que eu trago no meu trabalho que é explicar para o povo português que eles o o povo não não são eles os colonizadores sim s sim sim então é entender que olha se você defende o colonizador se você tá aqui mandando de volta pro meu país e defendendo o colonizador você tá sendo aquela pessoa o o pobre que apoia o o patrão exatamente e eu eu eu acho que eu venho mais agora na intenção de falar Olha nós precisamos lutar juntos porque ainda existe um uma um alto Escalão social que se beneficia e que se você não se beneficia com isso mostra como eles acham que você não é eles completamente H há uma frase que diz quando quando a educação não é boa e não não não eleva o espírito crítico o sonho do Oprimido é tornar-se opressor e é eu acho que passa muito por aí é tu para já nem sequer tens a consciência às vezes que és essa parte mais fraca da questão também sim então faz parte do grupo sim então quando eu falo os portugueses colonizadores todos os portugueses se sentem ofendidos quando na verdade se você é daquela família pobre e letrada que tava a comer bolotas não é sobre você que eu tô falando exato sim sim sim você eu quero que venha lutar comigo sabe então eu acho que eh essas minhas vindas para cá T enriquecido também o meu conhecimento sobre a história do Povo português que eh não eu não tive acesso no Brasil e chegar aqui e entender que sim houve a colonização sim as pessoas daqui se beneficiam com o privilégio de de serem o primeiro país por exemplo que come sou o tráfico de pessoas a primeira vez que uma pessoa foi vendida como produto foi um português que vendeu ex e a gente precisa entender isso exato foi e é é necessário que a gente entenda e embora você as maioria da das pessoas aqui não estivessem lá 500 anos atrás se beneficiam disso então eu acho que eu tenho mudado um pouco o meu discurso muito mais para esse lugar de vamos entender o lugar social que a gente se encontra e vamos ex e vamos lutar juntos porque ainda existe um pessoal que tá se beneficiando muito eu fui naquele Museu do Tesouro e eu chorei demais umas pepitas de ouro de quilos assim ó escrito Minas Gerais é de onde eu vim cara E aí parece que é um presente que eles receberam de Minas Gerais e se for preciso é assim mesmo que é contado porque eu na escola aprendi Ou seja a forma como é contada a história de Portugal é com um embelezamento e em Deus M até da era dos descobrimentos ou seja como uma coisa nós éramos o maior Império do mundo e fomos e e povoam e ensinamos esta coisa de descobrimos e ensinamos é é uma ideia muito lá está muito colonizadora Vou partilhar contigo uma coisa em que eu senti eu na minha vida que este pensamento meio colonizador tá em mim houve uma um período em 2019 que eu fui para a Índia fazer voluntariado pronto e quando lá cheguei eu percebi que eu tava bem com esse espírito que é eu fui para lá fui fazer educação sexual com crianças meninas e mulheres e o que é que eu achava que eu é que ia ensinar porque eu é que sabia o que é que elas precisavam ora o que é que acontece depois chego lá Chapada de realidade sempre muito útil eu estou sempre muito disponível para levar cheguei lá e percebi que não não repara porque eu queria falar de masturbação exploração do corpo não estamos aí não estamos aí nós estamos ainda a perceber o que é que é o período a desmis ficar porque há miúdas que não vão à escola porque ficam considera-se que são impuras quando estão a menstruar Ou seja eu aí percebi não não é não é sobre o que eu acho que elas precisam é sobre se eu quero ser útil eu vou perceber o que é que estas pessoas precisam mas eu acho que este pensamento está muito impregnado sim e quando dei conta que eu tinha fiquei muito triste comigo sabes só que nada como a gente tomar consciência porque há há há este pensamento há uma falta de representatividade muito grande também na televisão em cargos cargos de poder e que quando nós vemos esses exemplos Como é o teu caso Erica hton eu eu tenho que seguido o trabalho dessa mulher tipo assim eu quase que ajoelho a ouvi-la eu aliás eu eu identifico vos um bocado eu acho vocês TM muito a ver eu acho vou aproveitar que eu tô aqui em Lisboa tu me deve um churrasco Erica Hilton eu tô esperando esse churrasco ela que vem ai ela que vem a voz de cama também imagina que sonho que sonho mas essa representatividade é super importante e tá em falta por ISO que nós depois não temos exemplos e achamos que sabemos que somos donos da verdade que somos donos Eu é que sei o que tu precisas tu pessoa eh de outra qualquer etnia precisas porque eu baranca sei uhum e é gravíssimo que eu Isto foi com 27 anos já já foi há alguns anos mas eu tinha essa ideia pensar de onde é que isto veio o que é que foi plantado em mim ao longo da vida para que essa fosse a minha ideia sobre ajudar os outros é levar o que eu acho que tu precisas bem colonizado m é hum eh a ideia do da necessidade de salvamento você tem que salvar você você é a solução E aí exatamente eu eu eu gosto de brincar que eh no Brasil a gente tem o hábito pelo menos uns três banhos por dia primeiro porque é muito calor e segundo porque os donos daquele espaço de terra são indígenas que são pessoas que são caçadores que são extremamente limpos Então como caçam tão sempre se lavando e depois de sei lá 200 dias dentro de uma embarcação extremamente precária sem banho sem água potável com um monte de doença chegou tipo um monte de Walking Dead no Brasil a gente precisa entender que a galera chegou zumbi fedendo podre sujo e aquela galera recebeu cuidou das feridas daquelas pessoas a história tinha que ser contada assim Uhum E aí eu acho que geram lugar de superioridade exato quando você é ensinado do jeito contrário e é óbvio que a história contada pelo colonizador é a história que é válida eu fiz um show na Bélgica agora semana passada e foi muito curioso que eu estava falando sobre genocídios falei que no Brasil a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado e que o nome disso é genocídio porque a estatística não muda desde 1993 que é o ano que eu nasci eh citei o exemplo da Palestina e quando eu gritei free palestine todo mundo gritou muito free free palestine fre free e quando eu falei do genocídio no Congo Um silêncio ensurdecedor uhum quando eu falei do genocídio no Congo eu ouvi inclusive pessoas assim ó e aí eu questionei falei ué se eu falo free palestine todo mundo grita se eu falo free cono né concorda comigo aí aí a gente não pode falar sim então eu acho que nesse lugar há essa essa esse lugar do não dito né Tipo aqui a gente pode falar mal do genocídio congolês Mas a gente não pode falar sobre as colonizações daqui exato sabe e entender que ninguém descobre o que já tava descoberto se já lá tava genteo Alguém já tinha Claro Alguém já tava lá e eles já tinham uma sociedade eles já tinham a forma de vida a forma de e entender que hoje em dia as pessoas indígenas são 1% da população brasileira é entender como esse genocídio aconteceu e como nunca houve reparação nunca houve nenhuma reparação assim como não há reparação aos povos que foram eh escravizados de África pro Brasil ou de África para cá não há reparação essas pessoas continuam a lutar pelo Direito de cidadania Existem várias pessoas que os pais descendem do continente africano mas que nasceram aqui em Lisboa e tem que lutar pelo direito de ser reconhecido como português por exemplo Exato eu vejo muitas pessoas que falam não eu sou cabo verdiano é nasceste em que Ilha não Eu Nasci Aqui mesmo não mas como assim você nasceu aqui você é cabo verdiano a sociedade não te entende como português nasceste aqui e o povo olha para para você e fala volta paraa tua terra terra sim sim sim sim E aí eu entendi que o problema é muito maior né O problema é muito maior existe esse esse H essa dificuldade de compreensão por outro lado eu amo Lisboa por outro lado eu chego aqui nesse país e eu me sinto eu me sinto bem eu olho ao redor E eu consigo me identificar eu consigo ver pessoas parecidas comigo então eu fui criando o meu pequeno que lombo aqui em Lisboa também eu tenho muitos amigos guines cabo verdianos angolanos e tal e a gente vai se organizando e eu vou entendendo como é ser negro aqui porque é diferente de como é ser negro no Brasil e tal e toda vez que eu venho para cá eu aprendo uma coisa diferente toda vez que eu venho para cá eu encontro mais pessoas que não são negras mas que estão dispostas a construir essa revolução como você e como um monte de gente que eu encontro por aqui então quando eu falo sobre isso eu não gosto que as pessoas achem que eu tô generalizando do todo mundo não é não existe um pequeno grupo bem pequeno mesmo e a gente não pode se enganar com o tamanho deles eles fazem bastante barulho eles são uma milícia digital eles vão lá e falam bastante coisa mas eles são um grupo bem pequeno Uhum é minoria e eu acho que se a gente conseguir se organizar eles vão ficando cada vez mais minoritários exato porque eu acho que Portugal agora vai começar a experimentar uma coisa que a gente já vem vivendo no Brasil tempo que é esse avanço do conservadorismo sim sem dúvida nós nós batalhamos muito porque temos aqui um podcast em que falamos de relações de sexualidade direitos LGBT etc e muitas vezes e os nossos vídeos têm muito ódio porque quando de repente sai sai da nossa bolha não é H E nós percebemos o espaço que está a internet não deixa de ser um bocadinho um uma ilustração da realidade não é sim um recorte daquilo né exatamente e o ódio é crescente o conservadorismo crescente o o o quererem eh mandar-nos de volta no caso das mulheres para casa para não tem uma louça para lavar uma pia exatamente Exatamente exatamente querer reprimir novamente a nossa sexualidade proibir direitos fundamentais como o aborto por exemplo são coisas que têm sido novamente colocadas em causa e que lá está os direitos das mulheres na verdade não dá para dormir porque não tão nunca nunca nunca tá garantidos n exatamente então necessário que a gente entenda também que isso é uma minoria uhum e é uma minoria com a qual a gente precisa se importar Porque quanto mais a gente deixa de lado mais eles crescem sim por outro lado eu tenho notado um Despertar das pessoas a partir desse avanço porque enquanto tava Ah tudo bem todo mundo a viver quando o pessoal começou a ver é isso tão atacando imigrantes e matando eles na rua então aí as pessoas que não se posicionavam já começaram a falar não pá não concordo com isso não é não tá certo então mesmo você não tendo as mesmas ideias políticas e sociais existem coisas que a gente tá em comum acordo Claro o respeito ao outro o respeito ao direito do outro eu acho que isso também tem gerado uma identificação e as pessoas que não se manifestavam hoje em dia já conseguem falar sobre isso então eu acho que também tem havido um despertar H um contramovimento não é das pessoas aqui em Portugal para fortalecer o direito à Democracia para fazer valer os direitos do 25 de Abril para Então eu acho que eh claro que o conservadorismo tem avançado mas assim é muito bonito ver que a gente tem acompanhado mulheres e meninas e pessoas jovens e pessoas mais velhas também mas que com medo do que eles já viveram há 40 anos atrás exato lutando 50 50 foi 50 anos 50 anos esse ano né foi uma festa liberdade encheu-se de gente Nossa que lindo eu vi vídeos as pessoas com cravos a cantar e tal e achei mexe com a gente né porque é entender que a gente não tá só exatamente então eu sou feliz de trazer minha igreja para cá eu sou sempre muito bem recebida quando eu faço meus cultos por aqui sempre sempre e acho que a gente tá caminhando para um lugar de conseguir discutir juntos formas de vivência sobrevivência porque eu acho que esse lugar da Sobrevivência ninguém tem qualidade de vida sobrevivendo né Uhum Então acho que a gente tá caminhando para um lugar legal eu gosto de falar isso pra gente não ficar só na tristeza sabe só na isso feia pran Eu também sou muito nessa tem que ser porque a luta faz-se com alguma às vezes muita zanga mas tem que se fazer com alegria também porque senão melit é porque melit custa custa terapia é cara foga [ __ ] ex é caro a terapia exatamente então tipo a a militância tem que se fazer bons dadas e e com alguma alegria e esperança na mudança porque senão se não t estás só a andar em vão aqui nesta questão dos direitos das mulheres não precisa eu agora vou dizer isto em português de Portugal se um meio estranho mas vou dizer a mesma não precisa ser Amélia para ser de verdade você tem a liberdade para ser quem você quiser seja preta indígena trans nordestina não se nas feminina torna-se mulher ser mulher implica lidarmos com machismo ser mulher negra implica lidar com machismo e racismo ser mulher negra H lésbica ou trans implica lidar com machismo racismo e lgbtq há mais fobia Se fores pobre ainda tem questão social Exatamente exatamente há algum feminismo possível que não seja interseccional não não inclusive porque eu acho que ã eu gosto de fazer uma pergunta que é quem são as mulheres pelas quais você luta isso porque Ah eu luto pela vida das mulheres mas aí são as mulheres que se parecem comigo que moram ali no meu condomínio que são minhas vizinhas que vão PR facu comigo D sim sim sim aí são essas mulheres aí a tia que limpa a sua casa ela não é mulher exato aí você não não tem preocupação sobre a vida daquela mulher eh a gente tá acompanhando aqui em Portugal e eu espero que todos estejam acompanhando porque isso é necessário de ser acompanhado que é o julgamento do caso da Cláudia Simões que é uma bastante Foi bastante falado quando aconteceu não sei se as pessoas continuam tão antenadas mas na altura foi bastante as pessoas necessitam estar antenada sobre isso porque é um retrato fiel da diferenciação de tratamento entre mulheres exato Então ela é uma mulher negra pobre que foi brutalmente violentada pela polícia é necessário dizer isso o vídeo tá aí para quem quiser ver então eu não tô inventando história Uhum E a descaracterização da violência que essa mulher sofreu que vem sendo defendida no judiciário é cruel faz com que outras mulheres negras que sofrem essa violência não se sintam à vontade para denunciar Claro porque há uma impunidade não é porque há uma impunidade porque há uma proteção eh existe um termo que eu não gosto muito de usar porque eu acho muito e acadêmico mas é o pacto narcísico da branquitude nunca tinha ouvido mas percebo faz faz o pacto narcísico da branquitude nada mais é do que essa proteção que há entre você eh para que vocês estejam sempre protegidos então e eu vou brigar com você provavelmente vai aparecer uma outra pessoa falar que eu tô errada e a defender você porque vocês se defendem vocês se ajudam vocês se contratam vocês é por que que você não vê Preto Ah porque o branco que vai indicar um amigo ele vai indicar o amigo Branco dele para trabalhar ali que vai indicar Então esse pacto narcísico faz com que as pessoas se defendam e que as pessoas negras continuem num lugar eh de violência então então quando a gente fala de feminismo interseccional Eu quero saber quem são as mulheres as feministas brancas aqui de Lisboa que tão indo ao fórum de Cintra fazer ato lá na frente enquanto tem uma mulher negra sendo escrachada pelo Judiciário se a sua luta não quer defender a vida de mulheres como a Cláudia Simões por exemplo se você só vai na rua para defender a legalização do aborto Mas você não vai lá no fórum de Cintra para defender a vida dessa mulher negra que foi violentada de todas as formas cruéis e possíveis e ainda é de forma vech tória violentada naquele tribunal se a sua luta pela vida das mulheres não passa pela vida de Cláudia Simões então você não luta pela vida das mulheres você luta por você mesmo exato então a o feminismo interseccional é importante porque ele faz com que mulheres de quaisquer eh H etnias Consigam encontrar entre si as demandas de luta umas das outras para que a gente lute eu não posso falar que eu sei quais são as demandas de luta das mulheres palestinas Uhum mas eu preciso lutar pela vida delas Às vezes eu não sinto o que ela sente eu não sei o que é não poder ir paraa escola porque a sua religião não permite Uhum mas eu luto pela Liberdade dessas mulheres e eu acho que o que falta no feminismo que não é interseccional é esse olhar pra vivência do outro que às vezes não é a sua vivência você não tem ideia nenhuma de como é mas que necess é necessário essa empatia pela dor da outra essa é palavra Exatamente é necessário você olhar pra dor da outra pessoa e entender pelo menos entender que olha eu não sei o que você tá passando mas se tá ruim para você a gente vai lutar Uhum E eu acho que isso é o que falta então eu acho que quando a gente defende o feminismo interseccional é sobre isso que a gente tá falando é sobre você conseguir se doer pela dor da outra sim não é porque eu consigo ter direitos básicos que eu não vou lutar pela pessoa que não tem porque enquanto as mulheres feministas estavam queimando sutiã fazendo atos na rua e pedindo Direito de Trabalho as mulheres negras estavam sendo escravizadas elas não tinham o direito de falar não quero trabalhar não vou trabalhar exat e elas continuaram trabalhando quem tava em casa cuidando dos filhos dessas mulheres que saíram para pedir direitos eram mulheres negras e a vida dessas mulheres negras não foi pensada quando o movimento feminista surgiu Então se a gente quer falar de um avanço na luta pela vida das mulheres a intersecção desse feminismo precisa existir a gente precisa falar eu eu tenho eh falado muito sobre isso porque a gente realmente não se importa a gente tá tão preocupada com a dor da gente e é legítimo que a gente não consegue enxergar a dor da outra né e eu acho que esse termo sororidade foi muito banalizado uhum sororidade com quem se parece comigo né se não se parece comigo Olha me desculpa eu exato exato Ah não entendo sobre isso eu não posso me manifestar claro que você pode sabe então eu acho que intersecção que é uma palavra que a gente a gente também vai usando mas é sobre falar sobre as diferenciações de vivência de cada grupo de mulheres e entender que pra gente avançar nós precisamos lutar juntas eh e aí nessa canção não precisa ser Amélia eu falo By The Way falo muito sobre isso porque no Brasil ah tem havido o avanço de um grupo que se auto intitula feministas radicais que são mulheres que negam a existência por exemplo de mulheres trans ah intens bast S mulheres que negam a existência de demanda de luta de pessoas que menstruam porque não não é porque é um homem trans que ele deixa de precisar de absorventes de educação sexual de entende então Eh de ginecologista exato sim sim eh faltam urologistas que cuidem de mulheres trans então que a gente precisa prisa discutir isso E todas as vezes que você nega a existência da vida desses corpos Então não é pela vida das mulheres todas as vezes que você nega a existência de mulheres trans de travestis o Brasil por exemplo é o país que mais mata essa população no mundo todas as vezes que a sua luta pela vida das mulheres não fala sobre essas mulheres e você tá silenciando e contribuindo com a morte dessas pessoas Então se o seu feminismo não defende a vida dessas pessoas não é feminismo não é exato não é feminismo a sua luta eh e a gente precisa chamar pelo nome certo que é genocídio são as pessoas que contribuem pra morte de outras pessoas de outras mulheres Então você tá remando contra e a gente não precisa de quem reme contra Então se o seu feminismo se a sua luta pela vida das mulheres não defende a vida das mulheres trans a vida das mulheres negras indígenas pobres as Imigrantes seão defende a vida das mulheres indianas que estão aqui a gente não faz ideia Quais são as demandas de de de luta das mulheres indianas a gente não faz ideia de quais são as demandas de luta das mulheres eh imigrantes que vivem aqui a gente só tá preocupada com quem se parece com a gente então eu acho que quando a gente pensa em intersecção é mais sobre a necessidade da gente se ouvir entender o problema das outras e entender como é que a gente vai melhorar a qualidade de vida das mulheres e meninas sabe porque eu acho que é um compromisso social e a luta pela vida das mulheres perpassa diretamente pela luta dos homens uhum como é que vês os homens ou seja qual é o papel na luta feminista eu acho que os homens eles têm um papel muito importante porque a sociedade é patriarcal exato a sociedade foi pensada para eles foi pensada para que eles ocupem os espaços de poder foi pensada para que eles ocup tem os espaços eh quaisquer espaços de decisão então ter um homem defendendo a vida das mulheres é extremamente necessário porque dificilmente óbvio que mulheres se agridem entre si como homem se agridem entre si mas o feminicídio acontece porque homens matam mulheres exato e aqui em Portugal os n machismo acontece porque eles se sentem superiores nessa sociedade patriarcal Que que foi construída então a luta pela vida das mulheres passa também pela educação de homens para que nós estejamos vivas para que nós n nos sintamos respeitadas para que nós nos sintamos ouvidas e seguras D é sair à Rua nós falamos muitas vezes disso cá eh sair à Rua continua a ser uma coisa ou seja tens que pensar a hora que sais se vais sozinho ou não passar à noite num determinado lugar IRS com a chave na mão com medo que alguma coisa aconteça fingir que estás ao telemóvel com uma amiga são tudo coisas que mostram se nós vivemos ainda neste medo se passar Numa rua escura significa eu poder ser eh violentada de alguma forma há muita coisa para mudar há muita educação para ser feita nomeadamente a deles eu sinto é que porque é que eu nós já temos falado sobre isto aqui também o conservadorismo também tem crescido porque e que tem tem crescido particular em Portugal particularmente nos homens eh as as mulheres da gen Z estão cada vez mais progressistas e os homens mais conservadores eu acho que isto tem muito a ver com uma consciência de perda de privilégio não é exatamente tipo eu não quero J eu não quero que tu sejas Liv eu não quero que tu possas ter sexo com quem tu quiseres eu não quero que tu recebas o mesmo salário que eu nem que chega nem que chegue a casa e o jantar não esteja feito entende eu não quero eu não estou a gostar e atenção não são todos os homens como é óbvio nós temos homens que nos ouvem e que lutam J completamente a marcha do dia da mulher no 8 de Março tinha muitos homens tinha muitos homens eu acho que tem até cada vez mais até porque eles percebem que o feminismo também lhes permite ser aquilo que eles quiserem não ser o aquele macho não é uma luta contra os homens e a gente precisa falar sobre isso gente a gente não odeia homem a gente a gente quer que esses homens se eduquem para lutar conosco por direitos básicos e eu acho que isso também vem da educação dos nossos meninos sem dúvida então você que é pai de menino você que é mãe de menino educar esses meninos para que eles sejam homens adultos íntegros sabe que entendam o direito da mulher e e entendam a igualdade entre nós porque é isso e acho que sem educação não há cultura e eu acho que o que a cultura ensina é muito machista então que a gente consiga educar é o que eu tento fazer através da arte Educar para que a gente mude a cultura a cultura é a identidade de um povo então eh São séculos construindo aquela identidade Então vão ser séculos da gente tentando desconstruir isso também mesmo mas que a gente entenda que feminismo não é uma luta contra homens o feminismo é para que mulheres e homens consigam lutar e chegar juntos a direitos iguais Exato eu não quero ser mais que homem nenhum eu quero est no mesmo pé de igualdade Então eu acho que nesse lugar é muito importante falar sobre isso mas também quando a gente fala sobre a vida das mulheres e a gente entende que quando mulheres vão ocupar esses espaços são mulheres brancas a gente precisa fazer esse recorte de entender onde estão as mulheres negras no mercado de trabalho exatamente então quando a gente fala isso tudo bem Vamos avançar mulheres em espaços de poder e aí você olha e você só vê mulheres brancas no espaço de poder então agora tá na hora da gente começar a lutar para que existam mulheres Imigrantes para que existem mulheres negras para que existam mulheres indígenas mulheres nos espaços de poder também então isso é muito importante de ser dito que ah existem vários lugares pra gente lutar várias frentes pra gente enfrentar mas que a base disso tudo é a educação e que a gente consiga se educar né que a consa mais homens que queiram se educar conosco e e eu acho que é sobre isso meso é por aí educar e muito amor aqui citant também que o amor próprio seja presente na minha vida que a caminhada seja muito mais bonita para andar paciência temperança cuidado afeto resiliência para manter as andanças e que eu chumo levo por todos os caminhos que façam com que esse reencontro comigo mesma Seja Constante uma coisa que tu falas também é sobre o amor ser amado enquanto mulher negra AM e ser amada como um ato revolucionário também porque eu não só estou estou viva como sou amada e amo e amo-me também não é portanto aqui nós nós falamos muito aqui do amor próprio e de como ele é super importante até para nós não Só Para vivermos bem conosco mas para escolhermos muito bem com quem é que nos relacionamos protege-nos muito de relações Mais qual é o papel que o amor próprio tem na tua vida e na vida de mulheres negras especialmente também nossa a gente cresce se achando feia né acho que el não é a cena do cabelo Até eu que tenho caracóis só e sou branca aham muitas vezes na escola diziam-me eu já contei isto aqui que o meu cabelo era feio porque era cabelo de preta e repara que na altura eu ficava triste com isso uhum Porque na minha cabeça aquilo era uma crítica E era uma coisa Má eu hoje em dia adoro afro aliás eu acho cabelo afro lindo raças lindo mas na altura a ideia de cabelo de preto a ser feio e E tás a ver e dizia isso era uma Ofensa examente examente e a gente é educado assim então eh a gente é ensinado a se odiar a gente enquanto pessoas negras Nós não somos e nós não fomos ensinados a nos amarmos entre si a gente não se acha eh bonito acho que hoje em dia há uma mudança brutal eu tava fui buscar na escola a filhada de uma amiga e a ela tinha 4 anos e ela é sul-africana mas agora vive no Brasil Então ela tá a aprender o português E aí voltou pra casa da Escola dizendo que chamaram ela de cheia e aí a gente ficou tentando entender o que que é cheia é falou que fulana era bonita e eu era cheia Ah por que que ela falou cheia porque a palavra feia não existe no vocabulário dela ela nunca tinha ouvido essa palavra então meso então a briga da mãe dela na escola foi porque minha filha chegou em casa falando uma palavra que ela nunca ouviu uhum esse esse é o racismo mas entender que essa criança sabe que ela é linda porque ela nunca ouviu a palavra feia é você virar para uma criancinha preta e falar assim ai você é tão linda ela eu sei isso é uma coisa que er inimaginável na minha infância por exemplo que eu sofria na escola ah eh Vamos apostar corrida Quem chegar por último tem que beijar a Bia e todo mundo corria e ou Ah você você é namorado da Bia não você que é você que é não e que eu era feia a concurso da mais feia da classe então a gente é educado para se ver e para ver os nossos traços como feios então uma mulher negra começa a ganhar dinheiro ela vai fazer uma cirurgia para finar o nariz ou ela vai alisar o ou ela vai e aí eu acho que essa década e a a última acho que as duas últimas décadas no Brasil principalmente tem sido de crescimento desse discurso da construção da autoestima das mulheres negras das meninas negras e dos homens negros também porque é isso se você não se entende como bonito você vai procurar beleza no outro e aí o que é belo para você vai ser o padrão branco e loiro de olhos claros aquela é a boneca que você você já viu o experimento da boneca Provavelmente sim sim sim sim aliás tem isso na faculdade é que as crianças vão falando qual é a boneca Maia Ele pega a boneca Negra Qual é a boneca bonita pega Então isso é um Imaginário criado e a gente não é ensinada a se amar então toda vez que uma mulher negra consegue quebrar essa barreira da falta do alo ódio para o amor próprio é um ato revolucionário né né é um ato eh de de contestação do sistema Então eu acho que h a a necessidade desse amor próprio a necessidade de se ver amada é revolucionário Quando você vê pessoas amando mulheres negras nós somos a base da pirâmide social Nós somos as últimas a ser pensadas nós estamos abaixo de qualquer outra pessoa tanto em direitos quanto em organização social Então quando você ama esse corpo negro quando você se ama mas quando você também dá amor a esse corpo isso é revolucionário porque o afeto é a única coisa que nos Manteve vivos durante todas essas tentativas de genocídio e apagamento do nosso povo o afeto é o que Manteve a gente aqui o afeto é o olhar pra gente e se ver bonito e se ver igual é o que faz a o Largo de São Domingos ter aquele monte de gente negra apesar de toda a história de de extermínio conhecida e de apagamento e das pessoas negras aqui na cidade de Lisboa por exemplo E aí fazendo esse recorte né então eu acho que o o o amor próprio ele vem primeiro porque a gente não consegue amar o outro se a gente não se amar sem dúvida e a gente não consegue ver beleza no outro que se parece conosco se a gente não amar a gente mesmo Uhum Então eu acho que enquanto mulher negra essa descoberta do amor próprio foi uma virada de chave na minha vida foi uma revolução foi quando eu entendi que eu consigo escolher meus afetos eu não preciso esperar ser escolhida por alguém que queira me amar que que eu me amo tanto que eu me Basto e que é muito legal que eu tenha outra pessoa para partilhar esse afeto mas que eu consigo me bastar com afeto que eu me dou sabe então eu acho que eh quanto mais meninas e mulheres conseguirem desenvolver esse lugar do amor próprio mais a gente vai conseguir impor os limites de respeito que a gente quer viver sabe exato porque eu acho que quando a gente não se ama a gente aceita coisas demais então o amor próprio é a chave mesmo é a tecnologia de sobrevivência e manutenção das nossas vidas não só enquanto mulheres mas enquanto pessoas Acho que os homens precisam se amar também Uhum E aí eu acho que nesse lugar do afeto eu tava conversando com motorista de Uber que disse que ele só tem amigas mulheres ele não tem amigo homem não mas por que que você não tem um amigo homem Por que que você não pode abraçar um amigo e chorar quando você precisa Isso é culpa do machismo exato então entender que lutar contra o machismo também é pela Liberdade dos homens né ISO e é isso aí Shaman Shaman olha temamos temos de terminar eu ficava aqui contigo toda toda a manhã coisas que eu gostava de dizer antes de irmos embora gostava de dizer porque isto é uma coisa que se tu ainda não sabes vais gostar de saber também amanhã din de Santiago vai lançar uma ONG uma ongi como se diz no Brasil chamada mundo novo que é precisamente uma associação para empoderar e capacitar e inspirar jovens de comunidades e menos representadas neste caso raparigas e rapazes negras e negros e vai ser o lançamento amanhã estou muito entusiasmada vou lá Estar sei que ele é também uma das pessoas que luta por este mundo do nobo e Neste contexto se conseguis dar uma resposta mais ou menos rápida o que é que pessoas brancas vou dizer nós podemos realmente fazer para reparar porque a conta vai chegar aham a conta vai chegar Tânia já tá evangelizada hein qua vai chegar se me conseguires dizer assim em curtinho qual é que é realmente o nosso papel O que é que uma pessoa branca pode fazer na sua realidade no seu dia a dia para contribuir para que esta conta baixe um bocadinho vai pagar no crédito ou no dinheiro Olha é difícil quando eu digo sobre isso porque eu sou um pouco pragmática assim eu acho que é abrir mão dos privilégios que você tem uhum e aí eu acho que é entender que você já tem lugar demais e aí você precisa só ficar quietinho e ouvir a galera Negra falar e abrir o espaço ah eu fui chamada para falar ali sobre vida das mulheres pô eu vou chamar uma mulher negra para falar porque eu acho que é importante que ela fale ali eu vou abrir mão desse lugar Ah eu eu vou num show e é muito importante vou num show de uma artista Negra eu vou fomentar pessoas ah sei lá se eu vou comprar uma coisa eu vou comprar numa loja de uma pessoa Imigrante uhum para contribuir com a com com a vida dessa pessoa eu vou eh eu acho que há muitas formas mas principalmente respeitar a vivência e se silenciar eu acho que deixar a gente com a nossa própria história eh é uma forma de reparar para Além disso No Brasil existe uma coisa que chama pix sei o aqui se chama mbway o presidente daqui veio falar que não sei o que reparação Ah eu acho que tem que reparar mesmo mas não sabemos como gente começa dando cidadania pra galera começa parando de pedir visto uhum porque ninguém é ilegal em terra roubada e aí a gente precisa falar sobre isso ninguém pediu visto para português nenhum chegar lá e e matar todo mundo e colonizar geral por que que eu tenho que ficar 3 horas numa fila de migração quando eu chego no aeroporto por que que eu sou Por que que existe tanta gente ilegal aqui se quando os portugueses chegaram nos lugares eles eram totalmente legais então é entender que reparação passa por esse lugar reparação é você alugar uma casa para um imigrante sim reparação é você entender que talvez você tem um amigo que é Imigrante que não vai conseguir alugar uma casa porque o senhorio é racista e você enquanto uma pessoa branca portuguesa fala então eu alugo no meu nome e vou botar essa pessoa para morar ali Porque é meu amigo porque eu confio eu acho que é se colocar mesmo no risco na frente eu acho que essa é a função das pessoas brancas que querem contribuir com a luta e a emancipação pela igualdade é é abrir mão mesmo do seu privilégio é falar ó Eu tenho um privilégio aqui vem aqui você tomal aí Exatamente porque eu acho que é muito difícil a gente abrir mão das coisas que no são caras é muito difícil e eu acho que esse é o exercício que tem que ser feito abrir mão e é difícil falar sobre isso porque a gente é é garrinha os nossos privilégios Claro mas abrir mão eu acho que é a principal coisa que a gente precisa assim n a chave muito obrigada Bia queres falar queres falar dos teus concertos quero falar dos Meus concertos eu tenho concerto na Ilha da Madeira é que fize mais a madeira tipo TS a ir para as ilhas já é brutal é muito fixe mesmo mesmo eu tô indo para lá agora pela primeira vez vou fazer um festival lá e que se chama aleste e vou tocar no dia 25 e Dia 26 eu faço um show no smop na parede à 18:30 Então quem tiver aqui em Lisboa quem tiver pros lados da da da parede ali eu vou fazer esse conscerto 6:30 da tarde no festival passagens que é uma iniciativa da galera do rub que é Human before borders que é nessa ideia mesmo de que ninguém é ilegal em terra roubada e a gente precisa falar sobre isso Esses são os shows que eu tenho para Além disso O Avante anunciou o cartaz esse ano né gente e eu pela primeira vez estou no palco principal do avante muito feliz comess conserto convidando Eva Diva e Dino de Santiago dis montem eu fiquei Ai meu Deus tenho que ver isto e Mazinha que é uma artista plástica Portuguesa e também é rapper é várias coisas multiartista mas ela vai como artista plástica para fazer um Live Painting durante o concerto então para quem quiser ver um ato de resistência e Arte 7 de Setembro a gente tá na festa do Avante fazendo um um barulhinho obrigada obrigada pela pela tua pela tua presença pelos teus ensinamentos pela tua resistência obrigada a tua existência e a tua resistência porque realmente acho que toda a gente tem muito mesmo muito a ganhar em em ouvir-te Sigam a Bia oiçam as músicas dela no Spotify pá e e aprendam só porque temos muito para aprender Posso terminar com uma poesia Tânia claro vai vai vai só vai só quem foi que definiu o certo o errado o careta o descolado a beleza e o horror quem foi que definiu o preto e o branco o que é mau o que é santo o ódio e o amor cada um é dono da sua história quantos gigas de memória você separa pra sua dor hein aja sinta ame do seu jeito tenha orgulho no seu peito e se orgulhe do amor meu bem escolha paraa sua vida só aquilo que faz bem nunca mude sua cabeça por nada nem por ninguém porque afinal de contas ninguém paga suas contas nem lhe dá qualquer venten então ame e que ninguém se meta no meio o belo definiu o feio para se beneficiar ame e que ninguém se meta no meio porque amar não é feio o feio mesmo é não amar e o amor é tecnologia de sobrevivência ai toda ariada estou lind obrigada beijin obrigada obrigada obrigada beijos obrigada