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muito boa tarde a todos sejam muito bem-vindos é uma grande satisfação pessoal e profissional estar aqui hoje nesta conferência e uma conferência organizada pelo pelo observador e a Câmara de Municipal de Aveiro e que integra uma data fantástica para mim se me permitem que é os 10 anos do ador e outra data também muito querida Com certeza aos aveirenses mas com repercussão nacional que é Aveiro capital da cultura 94 ora uma conferência chamada cultura e democracia com esta dimensão e esta sedução precisava de uma interlocutora eh à altura da dimensão e da qualidade eh que nós pretendemos eu fui naturalmente ter com Teresa Patrício Gouveia Teresa bem-vinda eh e gostava de eh só deocar antes de como estamos no Cinquentenário do do 25 de Abril eu gostava de deocar um um um grande político português que marcou estes 50 anos Mário Soares porque Julgo que ele fez uma boa síntese eh nele próprio entre democracia eh e cultura mas já lá iremos Teresa muito bem-vinda muito obrigada por ter vindo aqui Celebrar connosco esta festa e eu vou começar por uma coisa que não é muito fácil mas que talvez seja fácil para para começarmos a conversar a Teresa parece-lhe que haja uma definição possível do cultura ou a cultura virá do modo como a Teresa a ou da relação que tem com ela ou seja que apelo e que significado é que tem esta palavra para si a cultura tem uma se Cadinho mais alto talvez não Há uma definição clássica de cultura que é o conjunto de valores e comportamentos que define a modo de vida de uma sociedade bocadinho mais alto um bocadinho mais alto mais alto não sei se será do microfone que fa bem em pedir à Teresa e que defini o modo de vida de uma sociedade e e que é transmitido de geração em geração e com com os quais valores e as pessoas quas insensivelmente se e relacionam se reconhecem digamos assim rel isso é o valor é o digamos o significado e a definição clássica de Cultura pois há outras definições com as quais ao longo da minha vida profissional eu me relacionei e que tem a ver com aquilo que são tradicionalmente as atribuições do estado na administração da cultura portanto garantir o acesso H manter o património já lá vamos já lá vamos porque é muito interessante exatamente como é que est noção de Cultura como mais no conceito das humanidades daquilo que os ingleses chamam Liberal Arts e Liberal porque tinha que ver com o o o silabas o o conjunto de matérias que eram ensinadas aos homens livres por oposição aos escravos os escravos precisavam de ter conhecimentos práticos os homens livres conhecimentos que não tinham utilidade prática eram as artes a filosofia a história por aí por aí fora e e parece-me que hoje em dia é qualquer coisa que Devíamos valorizar E que parece que de vez em quando desaparece do currículo das escolas que é Afinal contas onde a cultura também se transmite para além daquilo que é vivência pessoal etc não e onde e onde até se começa a transmitir porque é que acha que que desaparece que ou que desapareceu ou que pode estar a desaparecer porque foi substituída por não porque Vão penso eu assim não não não estudo os sistemas de ensino mas há outras disciplinas com uma utilidade prática crescente que muitas vezes são valorizadas em função da sua da empregabilidade eh desses currículos de quem de quem enfim de quem tem essas competências eh não é que isso não seja necessário mas essa eh expulsão progressiva da destas matérias como sejam a filosofia ou a história hh estão secundarizada são secundarizada aliás mas não é só agora porque há aquele célebre ensaio eh do CP Snow chamado as duas culturas em que ele dizia que era um ensaio sobre a comunicabilidade de de duas culturas sendo que uma é cultura literária esta humanística V dizer assim e a cultura científica aparentemente faziam parte H era hav duas comunidades que não sabiam e comunicar entre si e eu acho que hoje essa questão ainda é ainda é uma questão muito pertinente e se calhar valia a pena eh depois dizer porquê porque cada vez mais eh os cidadãos sociedades democráticas em que T que intervir cada vez mais e os próprios políticos T que gerir questões com uma complexidade científica e técnica muito grande e não fazem menor ideia de qual é o conteúdo dessas matérias e portanto enfim eu eu eu peço imensa desculpa primeiro a Teresa Patrícia goveia e depois à plateia e ao senhor presidente da Câmara eh d Vai peço imensa desculpa porque obviamente a Teresa é uma figura Nacional mas eu tenho que teria que ter referido que foi secretária de estado eh da cultura ministra do ambiente e ministra dos negócios estrangeiros eh e portanto e administradora da fundação Gol benken Isto é dizer não é dizer pouco eh e quando eu dizia que tinha ido naturalmente à procura da interlocutora ideal teria que ter acrescentado isto Teresa H como é que como pensar olhar avaliar discutir a relação entre democracia e cultura nós Talvez assim num primeiro impulso achássemos que são duas gémeas ch mesas ou que deveriam ser e Mas eu também posso perguntar se a cultura precisa da democracia e democracia da cultura se é uma complementariedade se é uma relação simplesmente natural são duas palavras magníficas e no feminino e eu tenho aqui uma interlocutora Feminina eu gosto de palavras no feminino não ainda agora ouvimos o Rui Ramos falar sobre sobre isso afinal e hoje a sociedade é confrontada com problemas muito muito diferentes de diferente natureza e que exigem nas sociedades democráticas sociedades uma comunidade uma sociedades cidadãos educados e cultos Para poderem participar Fazer Face participar e ter opiniões sobre os problemas que vão sendo e enfim que são quais são confrontados é a democracia trouxe como ainda agora ouvimos não é o acesso e dos portugueses à cultura e sobretudo ao ensino à literacia h e abriu também o país como também ouvimos dizer a o mundo das ideias eh o país pode participar livremente no debate da Internacional a discussão internacional de temas contemporâneos etc portanto realmente a sociedade abriu-se e de certo modo tornou-se competente para para poder participar de uma maneira ativa na vida pública na vida cívica fazer fazer para sujeito e não passivamente eh relativamente a digamos a à Vida da sua comunidade da sociedade do país não é Portanto o 25 de Abril trouxe isso sem dúvida nenhuma o 25 de Abril que neste momento comemoramos em Portugal eh por todo lado também ex lado e mas hoje como estávamos a dizer há pouco a natureza dos problemas que a sociedade traz não é e que sobre o qual os políticos e os cidadãos têm que eh se pronunciar e exist conhecimentos transversais híbridos digamos assim cada vez mais cada vez menos especializados Aliás o o António alçada Batista que eu sei que era um amigo seu ex dizia para ser especialista é preciso ser muito burro ou seja Isto é muita graça mas o que ele queria dizer é que não se pode fazer saber só muito de uma coisa não é pronto convém saber ah Quais são as questões que que interpelam a nossa sociedade por exemplo e para os quais é preciso saber ter conhecimento transversais e alguns deles científicos por exemplo as epidemias o aborto a questão do Nuclear a questão da segurança alimentar são umas escolhas muito interessantes ex questão da da da das alterações climáticas e sei lá a pobreza em última an quer dizer todas estas questões implicam uma dimensão conhecimentos transversais híbridos não é e e portanto H E aqui há tempo sen eu estava um um uma passagem de um de um de uma pessoa que eu muito admiro que é o amaren que é um economista que falou muito sobre as escolhas sociais e a liberdade e pobreza etc etc e ele diz-nos que não há nenhuma comunidade nenhuma pessoa nenhum cidadão que não seja capaz de ser competente para decidir em todas as questões que são colocadas à sociedade onde eue vive desde que tenha acesso à informação e portanto são essas questões e e esta informação e esta Cultura em última que nos prepara para enfrentar o mundo Aliás ele tem uma autobiografia muito bonita chamada em casa no mundo h e portanto de facto quer dizer e cada vez mais as sociedades em Sistemas Democráticos são cada vez mais chamadas a ter uma atividade uma uma participação ativa não é e eh sobretudo Quando Às vezes os partidos parecem que esgotaram as suas capacidades de mobilizar e de representar eh os cidadãos e tudo isso e portanto eh nessa medida convém que as sociedades sejam educadas eu acho que eh o ensino e nisto tudo é absolutamente fundament o motor é o eu acho que é mais motor sim é aí que as pessoas começar cedo e bem e com essa noção eu acho que sim que é ó ó Teresa o o o a a crise e das democracias que está aí Evidente todos os dias dentro infelizmente dentre os nossos olhos eh o espírito do tempo que empobrece e meniz hoje a democracia contagiar fatalmente e a cultura que eu eu ligo eu interlig panto as duas e e e vejo o empobrecimento das democracias e o e o destino incerto que elas têm ou o modo como elas estão a ser capturadas por por movimentos dentre delas que não serão os que conduziriam ao melhor destino H acha que isso tudo que começa a ser uma ferida e pode gerar um desnorteio de critérios ou de valores ou os criadores ficarem até mais propensos só a a traduzir esse empobrecimento ou os riscos corre a democracia a a cultura é pode fazer o que quiser desde a pergunta sim sim a cultura é uma é uma por definição é uma e é um espaço de de diálogo não é e de de conhecimento dos out e portanto de certo modo h nós quando vemos hoje uma sociedades tão polarizadas eu acho que a cultura aqui um elemento H enfim de de mediação de de de diálogo de conhecimento do outro é muito importante isso não é nós aquilo que não conhecemos temos a a e a tentação ou impulso de de rejeitar ou de recusar etc etc e há pouco eu tava a ouv viro o Rui Ramos falar na naquilo que é a a abertura do que foi a abertura do país a comunidades estrangeiras que falam outras línguas etc etc e e como isso h e como e como embora uma grande parte dessa imigração e de países que agora estou a falar de Portugal não que nos visitam falam a mesma língua H É verdade que apesar disso Portugal mesmo assim teve uma exposição muito grande à diversidade ao longo da sua história da sua história pretérita e e recente porque há muitas famílias que tiveram um imigrante que foi viver para fora etc etc portanto eh em Portugal eu acho que isso é um ativo cultural extraordinário essa capacidade de conviver com aquilo que é diferente com os outros etc alguns países H europeus como por exemplo para alguns países de Leste que são muito homogéneos tiveram pouca convivência com culturas diferentes etc não tem e portanto a cultura neste momento nesse nessa medida Acho que pode ser de facto um elemento positivo nesta qu é salvífico até sim e depois também e quer dizer nós quando vemos esta digamos muitas vezes a linguagem mais básica das redes sociais e tudo isso H talvez que o ensino mais elaborado que permita um pensamento crítico que permita eh enfim um outro teor eh possa ser positivo neste degradação digamos aparente aparente Vitória da eu digo aparente para me defender a mim própria de não de para não acreditar que ela é mais do que do que só aparente a aparente Vitória e o peso a influência idade vezes que se invoca as redes sociais H é é um é um inimigo do daquele conhecimento que a Teresa falava que é indispensável que comece na escola que prepare uma pessoa que é disponibilize e a prepare e a enriqueça para para o combate pela pela vida por si próprio para para para contribuir para o seu país para contribuir para a sua família para contribuir para a pólis eh as redes sociais são um grande problema ou não podem ser mas também são um grande instrumento de comunicação e de Não isso são com certea mas nós sabemos como elas são muito mais do que metado as redes sociais quer dizer h eu noutro dia Estava a ler um um artigo em que se falava um pouco nisso eh de Anes as pessoas tinham uma acesso à informação de caráter vertical ou seja hav através de instituições a mediação jornalística uma coisa ordenada uma coisa mais ordenada de de cima para baixo digamos assim e havia uma uma referências qualificadas que hoje em dia nas redes sociais e são é um relacionamento de uma autoridade à autura do artigo diz transversal ou seja são os paras os grupos constituem na base de conhecimentos afins e de e gost gostos ou valores afins e portanto são há uma certa fragmentação muag da sociedade e portanto há uma certa dificuldade em em e por outro lado há aqui uma questão também que tem a ver com as linguagens eu acho que uma das coisas que eu tenho verificado e que algum constrangimento é que nós H tantes vemos por exemplo nos debates do Parlamento a linguagem n redes sociais per exim s essa eh outras instâncias e eu não sei se isso é bom para para o debate racional organizado sabemos que não é não sei não é eu eu eu seria mais eu sou mais mais afirmativa não é não é com certeza não digo que seja só isso que que tem empobrecido extraordinariamente o debate político não é de maneira só isso mas também não é um contributo se quer de tomar de de se possa ver por algum lado positivo penso Mas enfim tresa neste meio século que que nós celebramos agora a cultura e e apesar de toda aquela magnífica lição do Professor Rui Ramos Mas eu eu eu eu faço uma pergunta mais simples a cultura tem sido um ativo eh na vida do país houve uma política cultural uma visão estratégica ou foi havendo consoante porque sabe que h a a Teresa sabe até porque esteve lá e há uma uma espécie de uma graça pouco feliz aliás uma piada pouco feliz que se diz ai quem é o ministro da cultura ou quem é o secretário de estado da cultura Ah não sei foi escolhido não sei como foi não sei quê não acha que a cultura não foi tão e tem um um tem um palmarés Fantástico eu já vou passar a enunciar portanto isto não tem absolutamente nada nem quer passa por si e que passou pelo pela cultura no poder mas não acha que que a cultura não tem sido tratada eh como como um grande ativo nas na na na política geral é sempre proclamada como um grande ativo nem sempre tratada mas ao longo de 50 anos Maria João sim eu sei não se pode faz duas tecnicamente são duas gerações portanto H mudou tudo tudo não é mudou tudo apesar do o José tileiro HS tantas num daqueles livros que deliciou S extraordinários dizia o país mais parecido com o Portugal do 25 de Abril é o Portugal do 24 de Abril Abril mas mas de facto tudo mudou não é mudou a sociedade Mudou as exigências do do público dos consumidores de Cultura mudaram os desafios os problemas mudou muito portanto ao longo do deste tempo eh foram havendo medidas conforme sim épocas e movimentos e medidas sim s no princípio pela pela necessidade de resolver o problema da literacia não é como explicou há pouco e depois também a necessidade de abrir a outras a outras culturas a outros diálogos enfim com outras pessoas não é portanto esse fluxo mas eu estava a ser eu estava a ser um bocadinho mais concreta no sentido se uma estratégia cultural uma visão a estratégica a no sentido nós temos o património as as as artes performativas os cinemas os teatros quer dizer é um leque com muitas folhas h eu não sei se não sei mesmo até também não me recordo com uma nitidez muito grande de de de não sei quantos e titulares do do cargo da cultura mas se se durante um tempo houve a sensação que se que isto tinha que ser prioritário que aquilo podia passar para segundo ou que se fazer medidas que calculassem determinado aspeto quer dizer é muito difícil eu acho sequenciar que H coisas que são necessárias ao mesmo tempo eu claro em simultâneo sim e portanto o que é que eu posso falar a minha experiência nos anos 85 86 entre 86 e 90 foi quando eu estive ali 85 e90 eh Portugal estava a entrar na na na então comunidade económica europeia eh e e de certo modo era preciso depois daquele período conturbado polarizado que também ouvimos falar a seguir ao 25 de Abril era preciso estabilizar um pouco que eram as responsabilidades do estado e da maneira como o estado h eh intervinha na cultura Ou seja que lembra minha preocupação era que o estado pudesse eh ter dar espaço e à sociedade e não tomar conta e através do seu gosto etc de enfim toda a sua intervenção eh era preciso atender ao património era preciso atender aos criadores contemporâneos era preciso dar-lhes meios para poderem produzir e e criar e criar era preciso garantir o acesso e estruturas de acesso eh aos cidadãos em geral portanto Este era o programa não escrito e e que foi sendo este eh ao longo dos tempos de uma maneira mais eficaz ou menos eficaz eh hou enfim não não estou agora a fazer a análise dos vários mas mas não mas é muito vou vou eu fazer-lhe foi foi as AAS pticas por exemplo as autarquias começaram a ter cada vez mais V hoje aqui nós estamos aqui em em aveira a diferença ao longo deste tempo eu não sei fazer a história da dos da política cultural ao longo destes tempos mas é enorme o caminho que fez não é Eu lembro-me quando tive responsabilidades nesta altura havia a orquestra de emissor nacional e estava-se a pôr de pé orquestra uma outra orquestra conservatório que não temha orquestra escolas é visualmente diferente o e o retrato e portanto eu devo dizer que acho que se avançou muitíssimo M muitíssimo Ah não eu estou absolutamente de acordo aliás eu i eu tinha uma pergunta para para fazer quando quando foi convidada para para titular a cultura qual é que foi o se já explicou um bocadinho mas eh que ideia é que é que tinha de uma política cultural por exemplo H ficou recios ou um bocadinho preocupada com a dimensão do que lhe era pedido eh qual foi o seu verdadeiro ponto de partida porque exatamente a cultura é tem muitos muitos é o tal le com muitas folhas H quer dizer de Eu porci a dizer o queê a si própria eu conhecia a a casa não é eu conhecia eu trabalhava no no ministério da cultura e portanto conhecia pode-se dizer que era meio caminho andav ou um bom uma boa parte do camin and fácil eu conhecia as pessoas conhecia naturez outros problemas sabia de que é que e portanto pronto e também conhecia eh as orientações da política cultural europeia porque eu frequentava muito o conselho de Europa e representava no conselho de Europa no nestes comitês cultural educativo etc etc e portanto sabia o que é que eram as orientações em matéria de polítical isso ah isso teve importância Com certeza que sim porque E como eu disse havia um programa o programa escrito que se fez Aliás foi um caso agora aqui entrar uma questão uma episódico pessoal mas já podemos centrar nesses episódios dinheiro encontrou-me numa reunião justamente dessas em Nessa altura em Bruxelas e foi na altura em que morreu o Dr motte Pinto ele houve eleições ele pediu-me tinha-me encontrado ali e pediu-me olha escreve-me aí qualquer coisa para o programa da Eleitoral na cultura e eu fiz qualquer coisa Portugal não se melhor e daí uns tempos el telefonou olha agora tens que cumprir o programa e eu confesso que estava bem longe de alguma vez ter atividade política etc mas gostou go gostei gostei gostei gostei sempre gostei go está a fazer havia um programa o programa escrito e depois o programa não escrito que era este que estivemos a falar ou seja era priso ex H organizar o o Estado abrir o país ao ao exterior H criar estruturas de de acesso eh apoiar os criadores h ah trazer a sociedade par como uma parceira quer financeira quer como público quer como enfim eh ir aí a lei de senato etc Exato eu era foram coisas assim mas confesso que houve Nessa altura tinha houve uma grande liberdade de ação e o que eu senti eh e que devido que hoje era pelo primeiro ministro circunstâncias dada pelo com certeza um primeiro ministro que que que andava a seguir em frente e e e uma equipa extraordinária isso deve dizer que foi ó Teresa mas eu queria referir concretamente porque porque todos conhecemos e usufruímos alguns Marcos que deixou porque se há nome que tenha passado pela cultura e e e e e agora o que a gente vê ligue ao seu nome eh estou-me a lembrar por exemplo do Centro Cultural de Blan que hoje em dia é das coisas mais visitadas de Lisboa e do país e completamente transversal e geracional socialmente artisticamente etc e lembra-se a polémica eh ao princípio foi a a a polémica não sei se alguém aqui está lembrado mas eu estou e a Teresa também o que foi a dificuldade de explicar que se chegaria a um destino ótimo eh o museu de serralves que é também se deve a si e à maneira como eh juntou à sua roda eh sponsors e pessoas que quiseram eh de algum modo pode-se chamar serviço público eh contribuir para uma coisa que ficava na cidade do Porto eh e que que não não e e da qual ela ia usufruir eh extraordinariamente penso que ninguém apesar de tudo possa talvez ter previsto eh a que ponto serralves é é é o ex libris atual do Porto e e eu e como é importante posso falar sobre isso posso falar sobre eu gostava eu gostava que falasse que é para depois irmos a outros Marcos e andava à procura de um sítio para um Museu de Arte Moderna E eu achava também que devia ser no porto Claro e e alguém acho que foi Paul Valada me levou à aquele sítio e eu percebi que aquele sítio era excecional e que exigia uma solução excecional não podia ser mais um um Digamos um um uma repartição aflita de burocracia etc portantoo e por outro lado também eh tinha sido publicada a lei do senato eh havia um momento particularmente significativo Porque estávamos a sair do das nacionalizações portanto eh eu acho que também era preciso dar um significado político é essa essa ideia de constituir uma Fundação eh com os empresários eh porque o significado de que havia uma restabelecimento de confiança entre o estado e os empresários qualquer coisa que tinha sido e se vaiem no rasto das privatizações do houve esse esse momento e depois também naturalmente algumas pessoas eu fui ter com dois empresários que eu não conhecia pessoalmente sabia quem era não não é o Fernando Guedes o João Macedo Silva e o João Marques pin eh peguei neles uma vez e disse agora os senhores ten que me ajudar aqui fazer uma coisa que é aqui para o porto e h e portanto e depois também com dois advogados um para comprar a propriedade outro para me ajudar a fazer os estatutos que foram feitos com eles empresários com esses três ou depois elg sotudo com esses três sentados à mesa como é que há de ser como é que não há de ser assim assim e tal eh fizemos os estatutos estatutos que lhes davam uma enorme eh discricionariedade na gestão portanto houve uma apropriação não foi por acaso que isto funcionou porque de facto houve uma enorme generosidade do Estado confiou-lhe o estado só tinha possibilidade de nomear Nessa altura um representante sem poderes especiais pronto e portanto aquilo era de facto dees deles ele constitui-se um grupo com 50 e outros empresários fez-se a fundação e disse agora tomem lá giram É vosso Depois Ai tinha entretanto convidado o Álvares Cisa para fazer fazer o o projeto e depois Eles escolheram O Vicente todoli que deixou a marca da internacionalização e da integridade artística do programa da fundação e portanto eu acho que não não há segredo nenhum foi foi foi isso não o seg não segredo talvez não seja a palavra mas houve um conjunto de circunstâncias que também não foi por acaso toda a gente levou completamente a sério toda a gente foi muito inteligente toda a gente teve muito critério toda a gente amou muito o porto eh e disse e depois o momento psicológico das privações que eu já referi porque criar de facto criou no país uma espécie de acabar com com um Marasmo económico e uma e uma eh uma situação impossível em que ninguém tinha liberdade ninguém tinha iniciativa ou a iniciativa estava secundarizada eu acho que também foi um conjunto de circunstâncias particularmente feliz sim eu acho que sim e o e o e o e o e o que o é o nosso melhor Museu ai não sei se posso dizer isto mas é o museu é o museu Amado eu acho que sim é um sítio não é só muse não ex s a fundação de serralves tem aquele enorme Parque portanto H aqui uma área também relacionado com a paisagem com a qualidade de espaço público que eu acho que é uma coisa que falta muito em Portugal essa sensação esse gosto pelo espaço público exatamente e até o carinho por ele como não há gosto não há carinho não há ó Teresa mas outra coisa que lhe que que que atendeu e e que foi tão importante não sei se a lei foi teria sido revista agora recentemente a lei do mnato eh que é sua Sim foi é eh foi uma lei que foi aprovada pouco tempo depois do início do governo justamente uma daquelas ideias que eu tinha trazido do do Conselho de Europa onde disse acontecia porel vários países europeus onde isso tinha uma importância grande e e portanto foi eh sim se puder se puder fazer um um um um balanço pelo menos enquanto lá esteve viu a operacionalização eh e a otimização da da feitura de de haver essa lei eh conseguiram-se coisas fizeram-se coisas houve Quer dizer é uma lei que dava vantagens fiscais à participação Empresarial sobretudo privada mas em Portugal o o mecenato individual não é muito sim desenvolvido infelizmente mas portanto as empresas passaram a a a participar e a apoiar iniciativas e natureza cultural Com benefícios e promocionais e fiscais eh e sim isso houve logo uma adesão relativamente grande serralves é o exemplo não é exatamente por isso é que eu me lembrei de falar agora da mas sim mas houve muitas outras os teatros nacionais e eh tinham os seus Mecenas e portanto Isso foi uma prática que foi sendo dizer boa vidas h eu H bocado da Maria João falou no CCB e eu gostava só de fazer eu não mas eu agora ia agora ia descer do do do Norte para o sul um pequeno H partes em relação ao CCB e ao que se prende com o que eu estava a dizer sobre o espaço público e h houve uma grande polémica À Volta do do CCB Não era mas quando o o projeto foi para a frente primeiro foi o único concurso público internacional que houve e depois disso não voltou a ver que eu saiba mais nenhum o queer dizer alguma coisa sobre não pronto e mas h não sei só por isso mas talvez um bocadinho também por isso eh foi um um edifício mal amado por e havia uma certa hostilidade eu acho por duas naturezas era aqui que eu queria chegar primeiro porque havia uma espécie de reflexo condicionado das pessoas em relação ao espaço construído e porc porque os anos 60 e 70 foram terrores não é pronto uma uma desqualificação uma falta de qualidade arquitetónica muito grande e portanto as pessoas estavam condicionadas a única coisa que é de qualidade é o espaço Verde portanto tudo o que é construído é um e a vizinhança gerica uma razão um bocadinho demagógica digamos assim porque enquanto não a ideia de que enquantos não tiver tudo resolvido no aspecto social enquanto faltar uma cama num hospital enquanto etc etc Claro fazer atividades culturais Leiam lúdicas até esse uma certa visão da sim sim como uma entrenimento de quem não tem outra h e portanto isto gerou uma certa uma certa hostilidade ao Edifício também H E eu lembra-me que quando este saí do governo hh e fui para o Parlamento e havia uma comissão de inquérito foi constituída uma comissão de inquérito ao ao CCB como se fosse um eu Oli acho que a única pessoa foi a única pessoa que defendia o CCB porque já ninguém mais defendia nenhum nem partidos nem governos nem Mas enfim pronto Isso acabou e hoje dia mas é não mas é é muito muito revelador mas eu também queria ir agora a um a um a um a um nível mais não sei como o classifico Não interessa que foi a rede das bibliotecas que também é seu e que isso O o tal acesso que falou ao princípio em importância do conhecimento de dotar as pessoas com instrumento do conhecimento que foi com certeza uma preocupação sua e é uma é um grande ativo e atuo cultural é talvez das coisas que eu que com que eu olho com maior Gosto sim sim ter feito a rede das bibliotecas foi uma medida muito estruturante digamos assim havia as bibliotecas itinerantes da gulb não sei se se lembra lembro muito bem mas era itinerantes portanto não havia uma de facto uma instâncias estáveis de acesso à leitura etc etc e e graças a um grupo muito muito competente com que incluiu uma uma bibliotecária Maria José Moura o arquiteto Pedro Vieira de Almeida editor sim e nomeado por mim o José fonso fortado que era um grande especialista do livro H constitui-se uma equipa para pôr de pé este projeto que que envolveu as autarquias portanto as autarquias tinham um financiamento 50% e 50% Fundos comunitários na altura ainda não havia Fundos dedicados ao ambiente eram Fundos do feder do plan de desolamento Regional e e e portanto Esse foi um projeto que teve bastante sucesso nesses dois anos eu julo foi à volta de 70 contratos programas se fizeram com e hoje em dia a ctura foi continuada pelas pessoas que que sucederam nesta nesta responsabilidade e também é verdade que hoje em dia as bibliotecas têm missões diferentes porque as coisas mudaram muito não é digitalização o livro não há só o livro algumas outras portanto há que Como dizia já não sei qu acho que acho que Darwin sim sobrevive que é melhor a adapta e as instituições também e portanto as bibliotecas têm tido que se adaptar T sim daquilo que eu sei H já viu Eh como se foi só com esses exemplos eu vou dar outros como se como isso eh enriqueceu e a Democracia é verdade tudo o que acabou de dizer agora tudo o que por os museus o CCB as histórias que contou eh dos combates Com certeza algumas coisas não foram fáceis não eh pôr muita gente De acordo arranjar as melhores equipas etc etc mas eh portanto a tal relação que falávamos aí houve estava permanentemente a A enriquecer e a e a fortificar a democracia com esses eh o que se ia com o que se ia fazendo inaugurando e criando novo Eh quer dizer os cidadãos quando se enriquecem os cidadãos são elemento constitutivo da democracia e portanto Mas como estava a fazer para eles exatamente ex e havia aí essa tal ligação permanente automática agora há uma há uma coisa muito interessante eh que é gerir a cultura quando se está no poder e portanto quando se faz parte do governo e os dinheiros são públicos eh e a possibilidade de o fazer tomar conta de um setor cultural como fez numa Fundação como gulen como é como é que é é é muito diferente com certeza muito diferente eu gostava que explicasse um bocadinho isso porque se trata de Cultura trata–se de democracia eh é muito diferente porque já foram em tempos pela natureza sim em tempos mas a natureza quase 20 anos entre entre uma cois tra Mas além da do gepo do tempo a natureza exatamente uma naturamente que em relação qu o governo o Estado tem responsabilidades específicas não é legais constitucionais etc H as Fundações privadas eh tê também e uma missão e de interesse geral ou seja embora sendo privadas são TM responsabilidades eh relativamente ao público até porque tem e isenções fiscais e tem o estatuto com os quais enfim que que que as obriga a atender a ao interesse público embora não tenha o mesmo tipo de escrutínio naturalmente daquilo que é o ministério e atividade pública do do dos governos que é atividade com os dinheiro dos dos dos contribuintes etc estamos a falar aqui h a fundação gul benken é uma fundação muito grande num país pequeno e portanto tem uma grande responsabilidade e um grande Impacto e e por outro lado H era uma instituição generalista com uma pegada internacional grande na sua origem e tudo isso e portanto H com estas características eu acho que ela eh a fundação eh para além do papel que teve antes do 25 de Abril para substituir tudo aquilo que o estado não podia fazer que era fez com mais min cultura H neste momento também numa altura em que as sociedades se emanciparam tê um papel um papel maior a Fundações também têm um papel muito grande eh usando a sua liberdade a sua autonomia em projetos eh em que pode arriscar digamos assim pode correr riscos de eh Inovar em projetos sociais que podem correr bem podem correr mal podem podem ser experimentais de certo modo eh em temas mais mais de Vanguarda se quiser eu estou a falar em áreas como a economia social por exemplo clar a criação de líderes por exemplo formação de líderes quer políticos quer e de outra ordem problemas como a justiça intergeracional é um dos programas que a fundação também tem desenvolvido portanto pode pensar questões a longo prazo os governos muitas vezes estão mais limitados no no imediato etc etc e portanto há aqui um papel muito importante que que as Fundações podem ter e Uma grande liberdade menos escrutínio enfim eu vou eu vou só enumerar algumas alguns grandes Marcos só para acabarmos destes 50 anos para lhe perguntar porque criaram-se houve inúmeros acontecimentos culturais criaram-se muitos e novos equipamentos e em diversas áreas e eu gostava de enumerar algumas coisas que politicamente aconteceram em Portugal nestes 50 anos o Prémio Nobel de Gesser mago a europalia o CCB o museu de serralves que já falamos a Lisboa 94 a expo 98 o porto capital da Cultura a sua lei do mecenato a criação das redes das bibliotecas públicas a abertura e ou a readaptação de muitos Cine teatros pelo país inteiro muitas novas orquestras muitos novos festivais de música e isto é apenas um resumo tudo isto que eu disse que foram grandes momentos eu por exemplo lembro-me do que é que representou os portugueses acharam que nós tínhamos talvez até deixar de ser pobres com o sucesso da da Expo 98 uma vida que criou o interesse criou o bem feito que foi o ter resgatado uma zona de Lisboa com bons arquitetos e bons urbanistas a europá que foi uma foi uma não me lembro do ano 1994 quis sim mas que levou melhor da cultura portuguesa à Bélgica isto que foram tudo ativos os os portugueses claro que a expo foi um bocadinho à parte a expo 98 tomaram pé o que é que podem ter tirado mais de cada uma destas coisas cerza são coisas muito diferentes não é algumas delas são momentos não é são retratos exemplo europ mas mas como retratos também fatos do momento cultural eh por trás do o qual estão processos continuados mais investimentos contínuos etc etc eh falando falando quer dizer eh esse esse alguns desses momentos também servem para país projetar do ponto de vista político do exterior chamado diplomacia cultural é importante eh o aspeto enfim H são são momentos muito diversificados acho eu mas uma vez que falou na uma vez que falou na nas capital cultural e e uma vez que Aveiro vai ser eu acho que h são momentos que podem e ser úteis ou inúteis não é eh podem ser úteis se se houver uma visão muito clara de que investimentos é que são importantes serem feitos para que eh haja continuidade que isso tenha um efeito transformador na vida eh da cidade na vida dos consumidores que criam hábitos que podem depois ser sustentados alguns investimentos em equipamentos que são necessários portanto há exemplos bons e menos bons H nesta nesta experiência eu acho que uma vez que estávamos aqui talvez fosse interessante levantar este este tipo de preocupação ou seja pode ser muito importante e pode ser uma ocasião Perdida isso vale a pena pensar refletir nisso não é fica aqui esta reflexão e e e tresa deixa-me só não falei e eh com alguém e p ista ou mais desiludido nem com a democracia nem com a cultura não não não não não pois não também pareceu que não mas como é o tema e e e beneficiamos de de Enfim tudo o que de maravilhoso e de mais complexo traz a democracia eu não queria deixar de lhe perguntar se se não falei com uma pessoa pelo menos apreensível eu talvez esteja um bocadinho mais compreensiva mas pronto mas não se pode e deixar que os momentos influenciem e o ganho que foi tudo o que nós tivemos e e ex há que pensar nisso há que pensar nisso e isso dá-nos otimismo para para a frente para a frente muito obrigada muito obrigada por terem estado aqui connosco muito obrigada à Teresa Gouveia até já obrigado