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eu sou Manuel Carvalho e este é o p24 os mísseis de longo alcance da desinformação as polícias europeias estão Alerta a comissão europeia não se cansa de fazer avisos as plataformas tecnológicas como a Google ou Facebook mostram-se dispostos a cavar as suas próprias trincheiras em Portugal os principais partidos mostram preocupação e repulsa a erc entidade reguladora para a comunicação social montou um sistema de alerta para caso desinformação nas redes sociais no próximo dia 9 os europeus vão eleger um novo Parlamento e a desinformação é vista como um dos maiores obstáculos à manifestação da sua vontade Soberana o tema não é novo há anos que se sabe que a Rússia procura obter com a desinformação os ataques informáticos o que não consegue pelos canais diplomáticos pela diplomacia ou em casos mais extremos pelas armas convencionais o que está em causa é uma luta pelo poder se as democracias se erguem contra o imperialismo autocrático do kremlin o kremlin faz tudo para as subverter a desinformação é o campo ideal o trunfo ideal para o conseguir é aí que a insídia a mentira a manipulação dos Factos com vista a desacreditar políticos regimes direitos valores ou ideias melhor se propagam a Rússia paga para desinformar porque sabe que essa é uma receita barata para minar por dentro a democracia a Extrema direita do leste da Europa ou na Alemanha são depois os cães de fila dos mesmos interesses de Putin o encerramento do site voz da Europa em praga suspeito de ligações aos serviços secretos de Moscovo ou a ligação de políticos da FD alemã ou da Extrema direita holandesa a subornos do kremlin prova o con luio um artigo do Washington Post com Assinado por Catherine belton uma grande especialista sobre a esfera de poder de Putin que ontem o público revelou dá-nos um retrato assustador do que está em causa tanto como uma questão de cidadania a desinformação tornou-se um problema geoestratégico é por isso que convidamos Nuno S vereno Teixeira um especialista em assuntos internacionais e também colunista do público para analisar connosco este problema hoje é quarta-feira dia 5 de junho de 2024 e este é o p24 Olá P Severiano Teixeira nas reflexões dos principais fóruns de segurança e defesa na Europa nos Estados Unidos a desinformação já é considerada ou vista ou suspeita de ser uma arma de guerra sim e certamente que sim vamos lá ver não é uma coisa nova eh Manuel Carvalho a propaganda a espionagem a contrainformação eh são uma constante histórica sobretudo em Tempo de Guerra Não é eh agora eh neste sentido as questões que neste momento estão em cima da mesa com o apoio digamos da da do regime de Putin à extrema direita e as redes que se espalham pela Europa neste sentido não é não é novo isso é é um clássico em tempo Mas é uma questão de intensidade é isso que está em causa portanto é a gravidade é a dimensão dest deste tipo de operações é é o ambiente estratégico em que se desenvolve isso é que eu acho que é relativamente novo ou seja desenrola-se num ambiente estratégico diferente daquele que era o ambiente clássico e que hoje nós designamos por guerra híbrida basicamente quer dizer o que é a guerra híbrida é uma guerra em que o ataque ao inimigo não é feito apenas no plano militar é feito no plano militar mas simultaneamente é feito num plano não militar que pode ser político pode ser económico pode ser da comunicação e normalmente até articula todas estas todas estas dimensões não é verdade mas de qualquer forma portanto e e e há anos mesmo antes do conflito da Ucrânia que em concreto a comissão europeia eh manifestava a sua preocupação com a ingerência da Rússia eh em operações de desinformação em episódios e muito sensíveis muito críticos da da história europeia contemporânea como sejam as questões da da da da da Catalunha o brexit etc Eh Ou seja antes de haver esta eh este frente a frente de uma forma muito mais ostensiva como está a acontecer agora eh a tentativa de estabilização da Rússia das democracias através da desinformação já tinham portanto de alguma forma marcado presença já eh marcavam à agenda da relação bilateral sim sem dúvida nenhuma isso é muito claro de desde 2016 não quero dizer que não não houvesse anteriormente essa essa essa dimensão Mas a partir de 2016 estamos a falar do brexit estamos a falar da eleição de Donald trump nos Estados Unidos estamos a falar depois de algumas eleições em países Democráticos estão a lembrar da Holanda em que há claramente esse tipo de esse tipo de intervenção e portanto e no fundo repar uma coisa a a a a ideia da Guerra híbrida é a guerra que está a desenvolver-se no plano militar na Ucrânia no fundo é é disso se trata mas ao mesmo tempo toda todas essas dimensões não militares estão a verificar-se no eh no ocidente porque digamos o o o os objetivos de guerra eh de Putin não se singem à à ao território ucraniano são bastante mais largos e t a ver logo desde o início aliás eh com em primeiro lugar a divisão ou a separação entre os Estados Unidos e a Europa como forma de enfraquecer o ocidente em segundo lugar a a a divisão entre europeus e o enfraquecimento da União Europeia e digamos que todas ess todas essas atividades de contrainformação de criação de redes eh pró Russas no interior do espaço político europeu como agora se veio a a a verificar com o deputado ao Parlamento europeu e em particular Os de enfim políticos de extrema direita eh isso significa que essas ações são instrumentais para digamos o seu objetivo estratégico final e portanto é claramente nós podemos ter a noção de que há simultaneamente uma frente militar e uma frente não militar a frente militar restrita à Ucrânia a frente não militar alargada ao combate a todo o ocidente mas pode-se dizer que de alguma forma as tentativas de e Oposição a esse tipo de guerra e através da desinformação em concreto lançada pela Rússia as tentativas da Europa ou até dos Estados Unidos têm sido mal sucedidas faz sentido dizer isso ou enfim na medida do possível até T sido razoavelmente bem sucedidas Qual é a sua opinião Professor eu diria que há há casos em que são bem sucedidos há casos em que são mal sucedidos quer dizer há uma coisa que não há dúvida nenhuma é que há digamos pelo apoio à aos partidos da direita radical e da e da Extrema direita no interior da eh da Europa e eh não se pode dizer que ela tenha sido mal não se pode dizer que ela tenha sido mal sucedida não é na medida em que nós vemos que há um crescimento eh não só de peso político mas até de peso eleitoral eh na na na nos em vários países da Europa e um dos riscos que nós temos nas próximas eleições europeias é justamente o crescimento da direita radical e da e da Extrema direita embora nós saibamos que ela está dividida entre aqueles que são para o Putin e os que não são para o Putin E isso ainda torna relativamente mais mitigada essa essa ameaça ou esse risco à Europa de qualquer forma portanto enfim sendo uma uma ameaça podemos chamar assim insidiosa sem rosto e que paira no mundo digital enfim se torna portanto uma operação de combate esse tipo de ameaças mais difíceis no seu entender na sua opinião quais são nos dias de hoje as principais armas de defesa que o ocidente tem para se defender e contra este perigo em primeiro lugar justamente também tem os seus serviços de informações e isso é absolutamente fundamental Aliás a a a a muita da muitas das iniciativas que têm sido tomadas e que têm sido eh eh bem sucedidas têm desmontado esse tipo de rede além dos serviços de informações eh Há obviamente um papel muito importante dos meios de comunicação social e do jornalismo de investigação porque isso obviamente no espaço público tem uma dimensão de grande de grande importância para chamar a atenção para esse fenómeno e para sensibilizar a opinião pública que muitas vezes não está ocorrente não faz ideia de que esse fenómeno existe para Justamente esse tipo de esse tipo de ameaça ou esse tipo de risco e é curioso que o modos Operandi também é relativamente novo não é porque não se trata apenas da velha contrainformação é contrainformação que usa meios tecnológicos digitais muitíssimo poderosos e muitíssimo bem direcionados para públicos alvo não é verdade e depois é a criação de redes e com apoio não só de natureza política mas como nós ficamos agora a saber com apoio de natureza económica e financeira à organização à sustentação e ao desenvolvimento desses grupos que são contra e a unidade europeia dentro da própria Europa e contra o modelo de Europa e o modelo de civilização que nós temos no ocidente tá a falar portanto da daquelas investigações portanto eh que levaram eh eh suspeitas de suborno por parte do kremlin é um é um eurodeputado é um assessor de um de um eurodeputado da Extrema direita holandesa e também ao porta-voz da eh da afd exatamente no Parlamento uhum no Parlamento P exatamente há também uma outra questão que portanto que foi Portanto o encerramento e todo toda a investigação foi feita que levou portanto ao encerramento de um site eh que de acordo com as autoridades da República Checa tinha relações diretas com com a o e eh eh os serviços secretos e com o cremel e com os serviços secretos do cremel portanto a voz a voz da da da da Europa é através de casos como esses que eh a União Europeia tem mais possibilidade de sucesso na sua estratégia de eh enfim de mitigação pelo menos os danos da da da desinformação sim de mitigação do dos casos e ao mesmo tempo de eh eh eh tornar Evidente à opinião pública eh a existência desse tipo de riscos porque eu acho que nas sociedades democráticas isso é opinião pública o espaço o espaço público é fundamental eh E isso tem uma grande importância nas eleições é preciso que os ele estejam conscientes dos riscos que que se colocam e nesse sentido eu acho que também essa dimensão de comunicação é muito é muito importante em democracia uhum pois há outra questão que o professor também já aqui referiu que tem a ver com a necessidade de reforçar a credibilidade do jornalismo profissional H nós portanto inclusivamente nesta semana e a questão da crise dos B portugueses Eh voltou à atualidade com o anúncio de que que está a estudar um mecanismo de apoio através do mecenato como acontece para o mecenato cultural mas diga uma coisa Professor nas reflexões que o professor Sec muito perto e nas quais muitas vezes participa em diferentes fóruns sejam eles europeus ou até enfim norte–americanos a questão da credibilidade e da qualidade da Imprensa já chegou ao nível do discurso sempre que se fala do problema da desinformação ou este ainda um problema muito português muito circunscrito e muito dependente daquilo que é conjuntor portuguesa não não man Carvalho na minha maneira de ver esse não é um problema especificamente português Isso é um problema eh Global vamos dizer assim e tem a ver com a crise da verdade não é e com o uso da pós-verdade que e é é um dos problemas com que as nossas democracias eh se confrontam quando a verdade deixa de ser aferida na sua relação com a realidade e passa a ser aferida digamos pela coerência interna do seu discurso Isso significa que não existe verdade existem verdade e todas elas têm a mesma legitimidade É nisso que digamos aliás Donald trump É talvez desse ponto de vista o o expoente máximo e no fundo a opinião passa a ter o mesmo valor que a ciência e isso tem Digamos um reflexo na credibilidade do dos discursos que que não é que não é uma coisa DS menos P nesse sentido eh eu acho que o problema da pós-verdade é um dos problemas com que democracias as democracias atuais se confrontam e que em que obviamente um jornalismo profissional competente e exento tem uma um papel eu acho que isso tem um papel absolutamente fundamental no fundo Esta esta esta ideia do fact checking não é verdade que tem sido tem vindo a ser desenvolvido é fundamental para nós percebermos O que é verdade e o que não é verdade e e nesse sentido a tarefa que os meios de comunicação social eh têm é uma tarefa de grande complexidade sobretudo porque as redes sociais eh São digamos de instrumentos em que não há qualquer mediação e não havendo mediação Pois é um terreno fértil para esse tipo de discurso eh em que a pós verdade eh campeia e impera senhor Professor muito obrigado por ter vindo ao p24 Muito obrigado foi um prazer em 202 a cantora catalã Silvia perz Cruz estava no momento emocional muito frágil quando foi convidada a cantar no Uruguai ao lado da brasileira Maria Gadu e da lenda Argentina Liliana herrero a sua vida estava em desalinho agitada as emoções todas em batalha campal escreve Gonçalo Frota no público no Regresso do Uruguai Silvia sentiu que lhe passou a vida inteira pela frente e dedicou-se a compor toda na vida um dia o álbum lançado em 203 que agora apresentado ao vivo em Portugal para ver e ouvir esta quarta-feira no teatro Tivoli em Lisboa na sexta-feira no convento de São Francisco em Coimbra e no domingo na casa da música no porto o p24 regressa amanhã tenha um bom dia o p24 é um podcast do público com música original de Ana Marques Maia a sonoplastia deste Episódio é de Ruben Martins o público fica no ouvido