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eu gosto de ver o meu marido chorar ou seja eu acho eu eu só acho sempre que isso quer dizer que ele é uma pessoa sensível e e bem resolvida não me faz não me faz pelo isso não me faz confusão pelo contrário uma coisa boa Olá o meu nome é Maria Ana Barroso e este é o podcast um homem não chora nesta segunda temporada trago novos convidados e mais temas para continuar a conversa sobre a masculinidade os prejuízos que a cultura machista trouxe também para os homens e o papel de todos na construção de sociedades mais igualitárias a minha convidada de hoje é Luísa Sobral nascida em Lisboa tem hoje 36 anos e é cantora e compositora tem sete álbums em nome próprio e escreve e compõe também para outros músicos tem quatro filhos dois rapazes e duas raparigas e vamos hoje conversar e não sei sinto que que vamos ter dificuldade em em em parar de conversar sobre este assunto exato já aconteceu antes de começarmos a gravar exatamente Olá Luísa bem-vinda obrigada por estares cá Olá obada hum eu começava eu acho que partilhei um bocadinho isto contigo mas uma das coisas que me fez ter imensa vontade de te convidar para vir conversar connosco ao podcast eh foi o facto de tu teres dito numa numa entrevista ao outro podcast ou que que tinhas que eh fazias um esforço consciente para para que os seus filhos rapazes Ah para todos imagino eu mas mas para que os teus filhos rapazes sejam sensíveis e e se sintam confortáveis presumo eu a expressar as suas emoções e e um bocadinho fugindo dos estereótipos de o homem tem que ser forte o homem não chora aliás sim h e eu começava por te perguntar de onde é que veio se é que Consegues identificar esta tua perceção de que era importante fazer este investimento enfim eh de forma mais ou menos descontraída masim Eu acho que isso sempre foi natural em minha casa agora Apesar de nós eh virmos de no meio social um bocado e Beto assim ponto uma palavra h e eu sei que a maior parte dos pais dos me dos meus amigos eram mais conservadores os meus pais nunca foram e o meu pai eh sempre expressou eu não sei se foi sempre mas ele cada vez foi expressando mais as suas emoções eu lembro-me hoje em dia ele emociona-se imensas vezes tanto em em concertos como em com filmes eu vejo meu pai chorar imenso às vezes Ah até nós às vezes até gozamos um bocado com ele porque ele chora quase que demasiado mas ele é aquela pessoa que tipo vamos passar férias ah durante uma semana e ao terceiro dia ele já tá a chorar a dizer que só faltam só faltam quatro dias ou três dias eh E então Eh isso sempre foi normal para mim nunca tive essa a coisa do lá está dos homens não choram isso não não tiveste esse modelo não é nunca e o meu irmão Sempre foi super sensível também hoje em dia também chora com qualquer coisa eh nós até gozamos com ele a dizer que que o o coração novo dele deve ter sido de alguém que estava sempre a ver programas de daytime esse coração Esse coração das tardes da Júlia era era pessoa que adorava ver as tardes da Júlia porque ele qualquer coisa eu mando um vídeo do do meu filho a dizer o tio não sei o quê e ele já tá a chorar ou seja choramos muito lá em casa choramos todos muito Hum e choramos às de tristeza e de alegria sim eu eu eu por casaso até acho que de todos até era quem chorava menos sempre tive um bocado um bloqueio depois desbloqueei quando desbloqueei agora é a loucura total também chora a toda a hora eras mais contida digamos assim sim até tinha esse problema mesmo Ah tinha essa dificuldade em chorar ha acho que eu também me impus a mim a mim própria um papel na família tipo da pessoa que não não se emociona tão facilmente a pessoa que apesar de ter escolhido as artes como como se calhar as artes era o sítio até onde eu onde eu me emocionava mais ah ou onde eu expressava mais as minhas emoções acho que é isso ou seja não necessariamente a chorar mas onde expressava mais as minhas emoções mas acho que me impôs esse papel ninguém me ninguém e eh ninguém o impôs eu eu é que acho que o fiz de irmã mais velha de de filha mais velha e com responsabilidades e e e depois quando me mão ficou doente provavelmente também ainda mais e e depois lá lá está fize fui uma uma psicóloga só fui uma vez porque eu tinha a mania que só se deve ir ao psicólogo como se vai ao dentista era tipo tenho um problema vou a psicóloga resolvia depois não voltava mais ex e e foi assim agora faço terapia normal assim de 15 em 15 dias mas eh mas sim foi essa psicóloga e ela disse Experimente puxar por isso começar a pensar em coisas tristes Mas eu também acho tem muito a ver com o lado católico para mim tem a culpa sempre a culpabilização eu sentia-me sempre culpada quando estava triste se eu tivesse triste eu sentia eu não posso estar triste eu tenho uma sorte enorme tenho uma boa família como f mal agradecida de mas eu lembro-me disso desde pequenina eu lembro de estar na escola e sentir-me triste sem razão que há dias que nos sentimos tristes e eu dizer não espa aí mas eu tenho as minhas amigas que eu gosto e fazer esse exercício que acho que eu não acho que seja muito benéfico verdade pois é só até um certo ponto não é mas a partir sim porque eu ia metendo para dentro uma tristeza que eu hoje em dia Deixo Ir e quando eu deixo fosse legítimo não é sim e foi sempre assim pronto mas mas lá está mas em minha casa não era o modelo que eu tinha era um modelo de liberdade total de de expressar os os sentimentos e e no no pronto na parte masculina da família também totalmente natural só que como eu sei que na sociedade isso não é sempre assim eu tinha esse cuidado com tenho esse Cuidado com os meus filhos porque eu quero que eles tenham o mesmo que eu tive em casa essa liberdade Mas como eu sei que muitas vezes e como nós estamos a falar antes muitas vezes não é eh as crianças não são só condicionadas por aquilo que acontece em casa mas muito por aquilo que acontece por exemplo na escola hum eu sei que temos que isso tem que ser uma coisa ativa não pode ser só passiva por exemplo eu eu sei que uma das minhas grandes lutas que pode ser Pode parecer absurda mas é a luta do cor-de-rosa eu eu passava quando eles eram pequenos com a ideia de que os rapazes não podem usar Cor de Rosa e eu dizia sempre ao meu filho mas porque é que tu pareces menos uma cor não pode ser ex engraçado mas é uma boa forma de p as coisas ritme tanto isso e eu lembro-me de Ele para Ele era completamente normal ber de um copo cor-de-rosa um prato cor-de-rosa porque sempre foi lá em casa claro exato não tem lembro que nós H tantes tivemos uma empregada que ele disse E ele disse eu quero o copo cor-de-rosa e ela mas o cor de rosa é eu não tip em câmara lenta fui assim quase tipo fazer-lhe uma placagem não aqui em cas essas coisas não existem e E então quando os amigos dele iam lá à casa e diziam cor de rosa não eu que horror e depois até me lembro de um dia em que ele me disse eu disse olha estão aqui os copos e ele disse eu vou querer o azul não mãe não é porque eu acho que o cor de rosa é de menina é só porque eu hoje quero o azul tá tudo bem e eu ai Ok ficou a mensagem passou ficou ficou mas pronto mas em coisinhas pequenas destas de desigualdade eu vou sempre tentando eh às vezes se calhar de uma forma um bocado exagerada Mas vou sempre tentando que que eles H que eles que eles sintam essa liberdade de ser sensíveis e depois pois vou explicando por exemplo nós fazemos um programa de rádio lá em casa só para nós Onde eu ponho um microfone e cada cada programa é uma é uma letra do alfabeto e escolhemos três sentimentos com essa letra é super G Bom dia deses ainda importa o meu é mais crescido mas ainda Agar não mas eu acho dá sempre e então por exemplo agora a última foi com a letra e e escolhemos educação ou seja não são sempre sentimentos às vezes são aqui era educação H ser envergonhado e especial e depois eu faço perguntas Tipo o que é que achas que faz de uma pessoa uma pessoa especial e não sei quê E vamos isso também para eles sentirem-se à vontade de falar sobre os sentimentos f em relação à aquela palavra claro que a minha filha de 3 anos diz sempre coisas pois tem que ter a laranja na mão para falar porque senão é loucura a minha filha sempre eu tenho uma amiga que é táia e a minha amig e pronto só que lá tá Já já diz qualquer coisa da ADE dela sobre aquilo habituam-se desde C sim e foi com isso que ele aprendeu por exemplo ele às vezes dizia Ah não sei o quê tu não me dás atenção eu tenho quatro filhos não é às vezes eles e eu ensinar-lhe a palavra carente então ele agora às vezes vem ter com m e diz mãe Eu hoje estou carente eu Tá bem então vamos tratar disso agora tratamos mas pronto mas vou fazendo estas pequenas tem essas pequenas iniciativas para falarmos sobre aquilo que sentimos e à noite também fazemos sempre o que é que nos fez ficar triste durante o dia ou o que é que gostamos durante o dia também falamos sobre isso e pronto Essa é a maneira que eu tenho de tentar ir percebendo o que é que se passa lá dentro Hum e o meu filho é é um rapaz bastante sensível e eu adoro isso nele ah H mas pronto mas é isso não foi preciso ou seja não foi preciso forçar muito porque eu acho que ele é naturalmente assim ele chora com pena das pessoas ou seja tem essas coisas eu acho isso muito bonito mas também é importante saber ou seja H protegê-lo disso porque às vezes a sensibilidade também é uma coisa que nos Pode pôr demasiado vulneráveis não sei sim e isso se calhar é transversal a todos os teus filhos não é Ou seja se preocupação de de CL todos sim sim sim uhum só que o meu filho até é mais sensível do que as raparigas eh ele é elas são levam tudo à frente ele é mais sensível mais inseguro E então eu acho que tu sabes isso eu nós eu acho que os nossos filhos são todos diferentes não é e todos têm carências diferentes e então pronto com ele eu falo de uma maneira com eles falo de outra mas sim mas o programa de rádio é muito giro e eu eu gravo e assim vou também quis não sei quis guardar a voz deles e isso também é sim isso claro que sim é uma coisa maravilhosa que fica para depois exatamente pois é vezes são coisas tão óbvias outro dia era H como é que se mostra já não me lembro como é que era como é que se mostra Hum que se gosta de alguém e eu acho que era tipo já não lembro se eles disseram ou se isto foi um que eu vi Mas era tipo ah pode-se cozinhar para essa pessoa é assim eles os mios são muito mais simples do que nós a a pensar nas coisas e e e e e as coisas depois parecem muito mais óbvias quando ouvimos da boca deles mas eu aprendi imenso com aquilo Sim e se eles não têm pelo menos em em casa não é o resto depois logo se vê mas se eles não têm esses constrangimentos não ou seja não tão condicionados eh alguns alguém lhes vai dizer que o cor de-rosa é das meninas e que sim olha aconteceu isso o meu filho eh andava no karaté e eu quando recebi o primeiro vídeo do karaté percebi que ele odiava aquilo ele tinha dois anos e tal e eu percebi que ele tava sempre a buchar e não sei quê eu pensei pá ele não gosta disto e e perguntei Olha tu queres e só havia na escola só havia cara até ao balé e eu disse Queres ir para o Bê E ele disse mas Bê é para meninas eu disse não bê não é para meninas e mostrei-lhe vídeos de de homens binos binos e ele disse então tá bem então eu quero ir para o balê e começou a fazer balê e adorava e h e depois o meu pai a Ah ele chegou à sala e os Miros começaram ah bala para meninas não sei quê E a professora pô-los a ver todos todos toda a tarde a ver vídeos de homens bandin podem ver o Billy Hot também exato Então ela mostrou e pronto e e tudo ok todos na sala aceitaram ele era o único era o único era o único e mas era gira professora fazia coisas especiais para ele ou seja ele era por exemplo depois as apresentações era o jardim do Zé então era ele era o jardineiro e elas eram as flores então ele tinha um papel especial ou seja especial era não tinha que não era igual às meninas era o papel de rapaz no balê e depois Eh o meu pai acho a minha mãe contou-me que meus pais foram buscar-la à escola e ele e a minha mãe correu bem o balê e meu pai balê balê é para meninos Meu pai disse isto baleia para meninas meninas sim e bem quando a minha mãe contou isto eu ia morrendo masis pensei geração geração geração pronto e e ele assim não avô depis avó quando chegarmos a casa tens que mostrar ao avô os vídeos que o vo não sabe e eu pensei eu acho que é isto a educação não é nós estamos sempre a proteger os nossos filhos é nós damos as ferramentas para eles protegerem eles argumentarem também Sim e ele estava super confiante ó avô então nunca viste homens a dançar Alê então achas que é só para meninas ou seja o avô é que era ignorante naquele assunto não é que engraçado portanto não se sentiu envergonhado da nada e depois ele acabou por sair do Alê e hoje em dia louco por só por futebol mas mas foi tudo ele foi dançando e nunca saiu por ser só para para achar que era de meninas saiu porque perdeu o interesse deixou deixar graça Aquilo sim mas passar dois anos ele ainda fez fez dois anos e mas pronto mas é eu tento sempre e e eu lembro do meu marido me dizer isto um bocado pronto isto a ver com o assunto do podcast uma meu marido é riba Dejan uhum e riba Dejan Não mesmo pois e eu lembro-me e na altura eh eu lembro-me de nós conversarmos sobre isso e ele dizer eu tenho a certeza que tenho que maior parte dos meus amigos não ia deixar o filho tá no balê e como é que tu e enfim não vamos estar aqui a expor o teu marido evidentemente mas mas tu achas que para ele também teve que ser um processo ou é engraçado porque eu eu disse aquilo e estava sempre à espera queou eu nunca nunca achei que ele fosse dizer não não vai para o balê porque senão não era casado comigo ou seja agora pensei será que vai tipo vai ficar um bocado desconfortável alguma coisa sem dizer mas nada ele disse só olha se gostas acho muito bem e ele estava super orgulhoso dele quando ele dançava nunca senti isso fiquei muito mais fiquei ainda mais orgulhosa dele dele meu marido clo sim sim fantástico porque eu sei que ele vem desse background Onde por exemplo em casa o pai dizia que ele não devia fazer tarefas domésticas Pois porque o pai do meu marido também tinha quase idade para ser avó dele e então H era isso tipo as miúdas as as irmãs que ele tinha muitas irmãs as irmãs é que levantam a mesa às irmãs tu não tens que fazer isso então ele vem desse desse sítio e e nós somos muito produto de onde vimos não é por isso eu acho fiquei ainda mais orgulhosa por ver que ele não tem isso mas mas ele disse que que que tem certeza maor par os amigos dele não ia aceitar que o filho tivesse no balê ex como se acho uma piada porque eles ligam logo o balê a homossexualidade como se o miúdo fosse para o balê e virasse homossexual mas se fosse para o caraté homossexual não virava não é que absurdo mas há há conheço alguns casos ainda e e daí há bocadinho estavas a falar das antigas gerações mas é um bocado enfim é o que é não vou estar com juizos de valor mas mas nas nos novos pais ainda notas estas coisas como por is exemplo um Eu conheço um ou outro caso de o filho ou chora muito ou ou ou é demasiado feminino e Então toca de pôr no emmin é para ver para se fazer homem claro que é horror sim sim isso faz uma confusão já no outro dia também fui a casa não interessa V vou dizer mas uma pessoa ex uhum e HS tantas o meu filho com um ano e meio começou a chorar e ele vira-se e diz assim nesta casa não se chora e eu pensei isso é tão triste mesmo eu só pensei que tristeza de frase nesta casa não se chora eu então uma já ti uma porcaria de uma casa para não dizer outra palavra não é tipo como assim nesta casa não se chora aae tem 1 ano e meio Coitadinho tipo é o que ele faz para podis desde muitoo esta casa não chor e eu pensar é isto é isto que ele vai dizer aos filhos pena mas pronto tu na escola em relação ao teu filho mais velho que tem oito não é vai fazer agora sim já tem já notas esta ou seja falaste um bocadinho de outras mas notas na escola alguma dissonância noto agora noto imenso porque porque os Miúdos batem muito ent isso tem sido uma coisa difícil para nós Ah o meu filho é sempre aquele eh Que Leva sim mas é o melhor amigo de todos todos o adoram mas é aquele que leva pois e eu já não sei bem o que é que é dizer porque ao início eu dizia não se bate não sei quê não sei quê eu passei de ser esta pessoa para ontem exatamente ontem está-lhe a dar uma almofada e a dizer para ele dar os morros com maior força conseguisse na almofada porque era o que ele tinha que fazer ao outro miúdo pá porque eu já é assim não tá a dar a conversa não foi lá o miúdo bate todos os dias eu já falei com a escola e ele faz bate à escondidas e e eu não sei o que que tem de fazer porque mas a questão é que eu estou a lutar contra contra aquilo que ele é porque ele não consegue bater e isto já aconteceu já lhe aconteceu quando ele era mais Pequenino com o pai de 3 anos também levava e agora há lá um miúdo que bate imenso e e eu ontem disse olha tu vais ter que pegar na tua raiva Toda que às vezes tens contra as tuas irmãs e vais lhe ter que dar um um gande am morro e dizer não me bates mais e acabou eu porque eu não porque eu percebo que os rapazes é uma é outra coisa eu ten Sim há uma parte que é biológica é e é uma coisa física de territorial e tem que ser olha acabou e eu que nunca me imaginei a dar um conselho destes Já percebi que mais nada funciona com aquele miúdo porque o que eu acho que aquele miúdo tem agora a pensar se calhar Espero que os pais estejam a ouvir e percebam que é ele eh dá-me quase vontade a mim de bater no miúdo juro porque HS tantas todos os dias esta conversa acito aquele miúdo tem um tem um irmão mais velho Uhum E pelo que eu percebo o irmão mais velho está-lhe sempre a bater Ah sim sim normalmente ISO vem um s qual eu estava a explicar isto ao meu filho estava a dizer Olha eu acho que o irmão tá lhe saber a bater porque tu dizes que o irmão lhe bate e ele vem para a escola porque ele não consegue bater ao irmão ele vem para a escola e bate aqueles que são mais S exato e pronto e ele é essa pessoa e mas depois ao mesmo tempo aig tá quero ser o melhor amigo dele Há ali um E eu então acho que ele sofre meso com isso e e a mim também me custa estar a dizer no outro dia ele pediu-me para escreveu uma mensagem à professora eu escrevi mas depois is eu disse às tantas Olha tu vais ter que conseguir fazer isto sozinho também porque a vida não vai ser assim eu não vou poder estar sempre a mandar mensagens às pessoas para não te baterem Sim claro não estás no Recreio ao lado do teu filho sim nem é claro claro que meu marido diz vamos convidar o miúdo para a festa de anos tipo já Pensi que vai para a ir fazer uma amona ao miúdo mas encostar lá um canto pá sim mas depis nós pais às vezes começamos com um sentimentos péssimos em relaçãoas crianças proteção não eu já tive ao lado da mãe e pensar eu mas eu tenho que confiar na escola isto não se resolve assim não se devia resolver assim sim e pronto mas sim esta parte mais sensível dele tem este lado que é ele não sabe não sabe resolver as coisas dessa forma por um lado orgulha por outro lado e assusta-me pronto sim sentes às vezes um bocadinho ou seja quer dizer tu tens um modelo de casa que é um modelo pelo que me dizes diferente mas sentes estás Às vez ainda um bocadinho perdida nesta coisa eu quero ucar igual mas e não é pois é a questão da não violência mas um bocadinho é pai ou que mãe que não se sente perdida às vezes Pois é eu estou sempre a achar coisas que depois já não acha a seguir uhum eh ainda pus a minha filha no piano e achei que tinha que ser um bocado rigorosa com ela a estudar agora tirei do piano porque percebi que ela ainda só quer brincar ou seja eu próprio Eu também estou sempre a aprender não ver não sem dúvida Sem dúvida mas isto é um território de alguma forma novo também eh até porque eh e e aproveito e faço ponto com uma outra coisa que é nós apesar de tudo o primeiro passo é termos consciência das coisas mas às vezes eu pelo menos dou por mim a esbarrar nos meus próprios preconceitos não é com uma pessoa que isto que aquilo mas depois até às vezes naquilo que são os gestos mais mais inconscientes quem diz gestos diz palavras é nós percebemos não espa lá eu também tenho tenho aqui as minhas coisas e e uma das coisas Aliás foi falado até no eu creio que foi sim foi no episódio com o julo machado Vaz hum muitas vezes há uma há algumas mulheres que que que notam Ou seja que que podem até ser muito feministas eh e acreditam profundamente ou seja não é uma coisa sei lá politicamente correta ou ou que for mas que depois perante um namorado ou um marido que que se mostra mais frágil que que se emociona ficam assim e depois e ou ficam fidas ou não mas do género e porque a imagem que elas tê como a imagem de um homem apesar de tudo ainda tá muito enraizada nelas e de examente ser protetor ou de ser menos sedutor Acho lá está como eu sempre vi o meu pai chorar pois acho que e sempre e sempre vi isso como uma coisa não de fragilidade mas de o meu pai é uma pessoa muito sensível às Artes e eu sempre vi isso como como como ele chorar não sei de emoção eu eu também não me lembro de ver meu pai chorar de tristeza lá está era mais ou menos sempre de Ou seja a tristeza das férias estarem a acabar mas em geral era ficava emocional sim quando amos a concertos el eles choravam imenso nos nossos concertos eles choram imenso h e sempre assistia a isso como uma coisa bonita ou seja talvez por isso eu gosto de uma forma um bocado mas eu eu gosto de ver o meu marido chorar ou seja eu acho eu eu só acho sempre que isso quer dizer que ele é uma pessoa sensível e e bem resolvida não me faz não me faz pelo é isso não me faz confusão pelo contrário até acho até acho uma coisa boa agora no entanto h não isso mas o a outra coisa que estavas a dizer de Sim eu sou completamente pela igualdade sou feminista mas eu sei que muitas vezes eu aceito que H todo o tipo de funções domésticas quase sejam postas em cima de mim não não completamente porque eu viajo muito Então o meu marido acaba por ter de fazer e muitas coisas também mas por exemplo eu às vezes sinto isso eu é que sei as consultas todas eu é que Marco as consultas todas do médico eu é que sei tudo o que é Remédios eles têm que tomar Eu é que sei das das reuniões da escola eu é que sei dessas coisas todas e eu acho que eu sei e que eu ponho isso em cima de mim porque eu também não partilho logo como se eu sentisse porque faz parte do teu papel o papel de uma mãe porque apesar meu pai ser um homem sensível sempre fui foi muito o homem que não faz essas coisas também Então apesar de eu de eu querer dar est um passo à frente disso e obviamente que o meu marido faz tudo o resto sempre acordou-se meio da noite sempre PIS sempre mudou a fraldas sempre fez essas coisas todas tá um passo à frente mas não tá igual sim sim é não assim quando eu não estou tenho que est mas quando eu estou mas tu d portia h a ficar um bocadinho aflita ou meia um bocado aquela coisa do Ok eu não estou vamos lá quer dizer entretanto Ah não não quando eu não estou ou achas que vai corer menos bem ou ele vai cudar menos bem ou não não não não é isso é m diferente eu confio completamente que eh que ele que eles vão sobreviver e acho que é bem esse é tipo a exigência e pior vestidos pior alimentados on de sobreviver ou seja pior alimentados no sentido de só comerem porcaria não de não não comerem eh não confio confio que eles que eles sobrevivem e quer dizer acontece muitas vezes e acontece desde sempre ou seja eh ele fica super bem com eles não não há agora noto isso às vezes nas pessoas quando fazem essa pergunta por exemplo ISO acontece imensas vezes em entrevistas dizer então mas e e como é que gerere isso quando se vai embora com quem é que eles ficam que é uma pergunta que eu sempre achei completamente absurda porque ninguém faz essa pergunta a um pai não é não eu não vejo nenhum colega meu músico por exemplo Miguel Araújo tem três filhos nunca não imagino ninguém a perguntar-lhe uma entrevista Ah mas quando tá o Miguel tá em digressão com quem é que fica os seus filhos nunca lhe vão perguntar isso e eu acho isso um bocado absurdo porque ou às vees até aquela coisa Meu Deus que horror coitado o pai vai ficar coitado do pai coitado do pai o pai ajuda é aquela coisa não é o pai ajuda mas é e também é horrível porque ao mesmo tempo estão o mesmo eh a pôr o pai como se fosse um bocado imbecil não é ex ex H às vezes até infantilizar H aquele clássico eu eu eu volt m a falo nisto Mas é porque eu acho muito elucidativo ainda das Tais contradições que nós temos e que vamos vendo a a que é também já deves ter ouvido se calhar já Tu disseste se calhar já eu disse no passado que é aquela coisa do Ah eu lá em casa tenho por exemplo no teu caso seria tenho cinco filhos um deles é o meu marido sim ou quem é que é o pior filho é o filho da sogra não é Adoro essa eh não atenção eu continuo a sentir isso muitas vezes pois sinto isso algumas vezes mas eu acho que os homens em geral não vou generalizar mas em geral quando nós mulheres temos assim um bocado o controle do Lar e não sei quê eles também se acomodam sim sim infantili a infantilização ou certo pois eu não estou ele tem que ter assumir aquele papel mas eu acho que às vezes acontece Às vezes acontece isso mas eu também adoro eu adoro o lado infantil do meu marido também porque faz com que ele seja um pai muito mais divertido então tem tem os dois lados né ele não é um chato que tá ali Seme por favor eu estou a ler não sei qu não ele brinca mesmo e então esse lado infantil também tem do seu lado bom mas mas eu acho que muitas vezes é culpa minha eu acho mesmo que é culpa minha porque e culpa nossa em geral porque eu acho que às vezes nós é que tem é que não lhes damos eh tiramos lhes quase o espaço deles serem iguais a nós porque não confiamos eu acho sear não confiamos completamente e depois passamos como acontece comigo muitas vezes mas sou eu a fazer tudo mas eu nunca lhe dei espaço para ele se queer tentar a fazer eu às vezes sinto que é um bocado e ele Pronto foi assim constante também claro dá jeito e às vezes é um Caminho das Pedras porque porque lá está por exemplo estavas a falar do caso do teu marido coitado já deve estar com as orelhas quentes mas mas Ou seja que vem de uma educação que do própria também não é mas acho que vios todos maior ou menor Hum mas ou seja de facto muitas vezes chega a uma relação aou uma vida em conjunto sem essa sim sem essas e ferramentas digamos assim sim no entanto ele vem também de uma casa só de mulheres Ok ah e e eu o que L deu também eu acho muito respeito pelas mulheres muita admiração e ele conhece muito bem as mulheres tipo eu acho que quer dizer viveu rodeado ele tinha três irmãs em casa e duas fora de casa já e a mãe pois ou seja ele tem mesmo sensibilidade Claro era o único rapaz e o pai morreu cedo então ele tinha muita sensibilidade para as mulheres eu acho que ele cresceu com esse respeito e e com essa admiração Então eu acho que de certa forma já havia uma certa igualdade nisso não é eu acho que o respeito já traz essa igualdade também sim sim sim sim faz faz todo sentido e viver e partilhar de muitos momentos de conversas de entre as irmã enfim seja o que for sim claro roupas e roupas e roupas por todo o lado isso faz-me pensar numa coisa que tu contava também algures que tem a ver com a tua Infância os teus fins de semana e férias passados eh em casa dos seus avós não é sim da minha avó da tua avó OK e eu fiquei com a mas há bocado Mas tu agora explicar-me às hum a ideia que eu que eu com que eu fic quando quando ouvi tu até contava uma história que era com os teus primos que tinhas que fazer tuudo de doente ou de Ah não era sim é da fogada da fogada era nós brincávamos foi à altura das meas viv rapaz eras tu e os e rapazes não não também tinha muitas primas raparigas Ah mas eu estava ali naquela idade chata em que era a mais nova dos primos mais velhos e depois era a mais velha dos mais novos mas que eram eh muito mais novos que era só depois do meu irmão já ou seja o meu irmão e depois os outros e então eu era a mais nova e depois eles eram todos morenos eu era loira então é um bocado o inverso da Ovelha Negra eu era a ovelha loira exato e eles eram Mita bulis comigo e e como estava na estamos na altura das meiras vivas e os meus primos Sempre fizeram natação por acaso depois eu comecei eu a fazer também mas Estávamos na altura das meiras vivas eles até tinham aquelas pranchas na piscina aquelas pranchas assim pronto de salvamento não é sim e e eu era sempre para a fogada eu tinha sempre brincar à fogada e depois faziam aquelas coisas mam mais de aqui Só entra quem quem tem acima de 6 anos pá e eu tinha cinco não entrava fazia ve essas coisas e o meu primo eu tinha um primo que me batia imenso mas eu lembro que nessa altura engraçado hoje hoje em dia há uma uma proteção também às vezes um bocado exagerada dos pais nessa altura eu lembro-me queixar a minha mãe que meu primo batia minha mãe não se importava nada lá brincar não sei quê exatamente s mas pronto hoje em dia ele é super é meu amig como é que tu gerias isso pronto não me lembro bem Eu lembro que eu tinha uma necessidade enorme de de que os meus primos gostassem de mim as minhas primas mais que tudo porque elas eram mais velhas depois elas já sei lá já já iam para a praia sozinhas da tocar e depois eu às vezes ia com elas e dormia em casa delas e adorava e tinha essa necessidade que elas eh me achassem especial como eu era mais nova e e queria M ser como a minha prima eh uma delas e e lembro que cresci um bocado assim com os rapazes eh pronto éramos um bocado todos mesmo grupo mas eles viviam maior parte deles viviam nessa quinta eu é que não vivia tu é que vinhas de Lisboa tu eu é que vinha de fora também exato H mas mas é isso éramos por acaso éramos mais ou menos equilibrados éramos rapazes e raparigas e não Ok mas pronto mas era ali no meio do campo e tudo nem sequer bem esta essa distinção dos rapazes e das raparigas eles eram BOL ISO comigo que eu era a mais nova sim ah nem tinha a ver com o que é que uma rapariga Faz sim lá está e não tavam com a coisa sim e não tavam com aquela coisa é menina e portanto ai não não tratá-la como se fosse prin não não era nada por ser menina até porque as minhas primas eram muito despachadas e não tinha nada a ver com isso de ser rapariga uhum não me lembro disso não tenta fazer esta pergunta sendo não para não ser confusa mas às vezes dou por mim a pensar também Hum que porque nesta coisa que parece ou seja acho tendemos um bocado ou podemos tender no meio deste movimento feminista que temos Ainda bem que existam não é há aqui muita coisa para melhorar mas também Hum como se houvesse uma uma espécie de uma rejeição eu estou a generalizar e estou a dramatizar um pouco Claro mas uma rejeição de tudo o que é masculino de uma certa maneira tu eh E eu lembrei-me logo disto quando quando te ouvi falar sobre sobre a tua infância e sobre essas brincadeiras com os teus primos tu achas que de alguma maneira h a forma como os rapazes eram e ainda são educados ou aculturados ou as duas coisas no sentido de tomarem um pouco mais de risco de não serem tão protegidos de de subirem mais às árvores ou quar que se caressa não foi a tua realidade mas também por isso é que me interessa Ou seja que não é necessariamente tudo mau e se calhar no fundo um bocadinho eh da mesma forma que que ou seja não querendo nós que a agressividade seja uma coisa completamente descontrolada embora todos nós tinhamos agressividade em nós mas que mas que haja um lado positivo e que e que no fundo onde o movimento pode ser feito ao contrário pode ser feito ao contrário ou seja das raparigas também ou seja que é benéfico dizer Ok eh assumo lá o risco vai subir a áv se Caí que é isto ou seja como se fosse uma coisa que que vale a pena importar ao contrário ou seja Sim estamos aqui a falar das emoções e tudo mais já percebi já percebi já percebi Eu sabia que ou seja as as emoções que normalmente as emoções que normalmente são um bocado conotados e nós estamos a dizer para os homens importarem se não é também bom a ideia da da agressividade ou da Aventura ser também importada uma mais para este lado e não tudo bem ISO mesmo não mas é que tu eu acho é isso a também foste Grand no pensamento é um bocado isso sim hum para mim é difícil é difícil pensar nisso dessa forma porque eu nunca dividi as coisas hum nem me lembro dos meus pais fazerem isso comigo de me protegerem eh eu acho que também sempre fui um bocadinho medricas Ok eh o meu pai diz até hoje que nós nós íamos H passar íamos passar fins de semana com um amigo do meu pai que tinha uma filha da mesma idade e o meu pai lembra-se sempre nós imos aos balois e ela era uma maluca queria dar a volta ao baloi e eu dizia sempre é Pig hojo É pig hojo Ou seja eu tinha medo e o meu filho é assim meu filho mais velho o mais novo é completamente alucinado eh mas mas H mas eu mas tem a ver a minha filha a minha a minha terceira filha também é mais doida ou seja tem mesmo a ver com eles nem é com ser rapaz ou rapari Mas eu sempre fui muito medricas então também não me lembro dos meus pais terem medo que eu fizesse uma coisa porque eu próprio era primeira até queram Era sim não eu partia tudo estava sempre a partir coisas parti Muitas vezes os dedos parti o pé parti tudo então eu era um bocado eu eu eu tinha e o meu irmão também era assim Ou seja eu não por isso eu nem assistia a isso dos meus pais nos imporem limites no coisa porque nós impunham imensos limites a nós próprios e lembro do meu irmão com montanhas russas ele tinha Pânico Por exemplo quando havia festas na feira Popular era para ele era a pior coisa que podia acontecer no mundo era uma feira era uma uma festa na feira Popular perfeitamente sou muito solidária porque eu era horrível porque no fundo todos os Miúdos iam e ele tinha medo e não queria ir mas depois tinha que à frente dos Miúdos dizer que não ia isso o que é que isso significava não é lá está Eu acho que isso para os rapazes às o não ser igual e parecer e à frente dos outros ter medo de alguma coisa ex ex é normalmente muito pior do que é para nós raparigas sim e é invalidante ou seja Porque lá é um dos sinais que é tu não podes mostrar emoções Isso é uma fraqueza exato e não tens coragem que é aquela coisa que é logo não tens coragem ex mas eu sentia isso no meu filho e fui bocado puxando por ele ao ao contrário ou seja tá é Ok não gostar de fazer uma coisa mas por exemplo comecei a puxar por ele a ir a parques com mais árvores coisas para ele trepar hoje em dia vivemos numa quinta e ele trepa as árvores todas mas eu sinto que foi um trabalho que foi feito porque eu sinto que naturalmente ele tinha muito medo de tudo Ele também me dizia sempre Ele também me dizia é pigoo é igual a mimim que engraçado seja e e o meu marido eu acho pelo que eu percebo do que ele é hoje em dia que ele provavelmente era louco também e as minhas cunhadas também loucos todos então esse lado louco vem de lá não vem daqui claramente Hum mas por isso eu não consigo bem fazer essa distinção eu eu eu vejo isso nos meus filhos de cada um não de de São rapariga ou rapaz acho que há há uns que são mais e mesmo assim muda com a idade Tipo às vezes eles são meio dois aos dois anos e depois aos TR anos perceber Sem dúvida que começam a perceber o risco das coisas não é sim sim sim e mudam um bocado mas portanto não não sentiste que de alguma forma Já vi que não e que na que a tua infância tivesse dado ou seja serem todos tratados por igual e portanto tu também andares Acho que sim mas é isso eu era tão eu tinha tanto medo de de dessas coisas mais radicais eu não tinha medo de me tiar nunca tive medo de matir coisas tipo desafios de vou para a frente toda a gente falar vou para a frente toda a gente cantar todas essas coisas para mim e estar à frente toda a gente já era ótimo vou fazer vou fazer uma coisa que eu não sei vou não sei quê agora se a coisa que eu não sei fosse andar de BTT sim implica tomar assumir um risco físico não é p em caus inte é isso de resto e aí pronto aí sentia que não tinha a ver com ser rapaz ou rapariga tinha mesmo a ver com o facto deu e hoje atiro muito mais essas coisas do que me atirava antes eu hoje vou fazer vou saltar de parquet vou fazer não sei quê eh muito mais do que a em miúda em miúda que é engraçado muito mais sim é uma idade também nos traz outra pois quer dizer agora não agora que sou mãe já tenho medo de morrer outra vez então agora já não salto paraquedas mas saltei antes de ser mãe tá tudo bem po mas mas sim Acho que fiquei mais corajosa agora é isso nunca associei a isso até porque lá está também via esses medos no meu irmão que eu tinha então corajosa Já eras não em relação é não é pois não sim o meu pai tinha medo de imensas coisas ainda hoje tem Espero que ele não is isto mas o meu pai não era capaz de se pôr em cima e não é de se pôr em cima de um cavalo Ah o meu pai tem imenso medo de de tipo cobras e não sei quê pá é só é muito engraçado e eu assisti isso nós fomos a ver a Marrocos e me meu pai não se punha em cima do camelo tinha muito medo e então eu ter medo lá tá também agora que penses nisso também era normal tipo também não era não era horrível meu pai tem medo de uma coisa também era normal agora que vejo tive uma infância bastante saudável eu já a Achei que tinha mas nesse sentido de não haver uma coisa que fosse normal para os homens ou não sentir sim o medur o pai é que resolve não é as coisas mais ou sim de todo a minha mãe era muito mais corajosa até e nós gozá imenso com essas coisas do meu pai mas gozá vamos sem ser tipo como é que é possível ele ter não sempre gozá imenso com os medos deles e ficaram todas as as viagens foram marcadas por alguma coisa uma vez fomos eh fomos H na Costa Rica dier aquel coisa de arborismo de fazer slide e o meu Pai desceu um e ficou a morrer de medo e não queria fazer mais só que ficou pendurado num sítio que não dava a voltar para trás Sim Isso é como no ski é horrível Então teve que ir lá uma pessoa puxar puxar assim uma vergonha não sei assim I Olha o pai lá em cima não sei quê mas só a gozar com ele ou seja nunca foi tipo aí Pá o pai não é nada homem nunca ou seja essa eu acho que essa mostrar as fragilidades sempre foi completamente normal em minha casa agora pronto que estou a pensar nisso que era uma coisa que eu não pensava porque lá está não precisa pensar sim hum não precisa de resolver eh sempre foi bastante normal tu achas que isso faz do do bom dos homens e das mulheres mas no caso H com certeza conhece homens mais contidos e mais ftir aquela Persona aquela coisa do tu achas que os torna mais mais ricos mais interessantes mais não não precisamos de falar só como objeto de sej ou de que falávamos há bocadinho do sesso achas que os torna mais ou seja das pessoas que tens à tua volta achas mais mais eu não queria dizer interessantes Porque isto é pare terrível mas mais mais complexos mais não mas num sentido sim é assim eu h eu estou quase sempre rodeada de homens que em geral são homens mais sensíveis porque como eu estou no mundo das Artes não éd no mundo da música É muito raro eu ter estar com alguém neste mundo este meio que não seja uma pessoa sensível hum mesmo ou seja não um técnico de luz tem que ser uma pessoa sensível um técnico de som tem que ser uma pessoa sensível H todas as pessoas deste meio em geral São pessoas sensíveis porque alarga-se vende-se à parte mais porque is iso é sensibilidade estética não é mas Complet eu acho que sim eu sempre senti que sim que se Estenda Isso é verdade que eu depois às vezes qu estou com pessoas que não são deste meio às vezes podem ser sei lá maridos de amigas minhas de Infância exato sim às vezes eu noto essa diferença noto que que tem muito e que T muito mais preconceitos e e que vivem um bocadinho mais presos em clausurados nesses preconceitos não é e nessa maneira de de ser Ao estar pronto que que ainda bem que eu nem venho daí nem convive normalmente com isso nem o meu marido é assim sim Ah mas aí é como tu dizias ou seja tu também se calhar não te quer dizer não sei ou então havia não te aproximar com sim sim mas é engraçado que nem o meu marido vindo de onde ele vem já se identifica com isso já nem nem ele um bocado nesta casa não se chora é um bocado esse género de de mentalidade de pessoa não é sim sim e lá está E aí estamos a falar ou seja se contava de novas gerações ou seja não estamos a falar pois é isso sim sim eu também vejo ainda sim mas eh porque eu acho que a mim faz-me confusão eu lembro também uma vez eh H há pensamentos assim que são tão tão tão antiquados que me fazem uma confusão Eu Lembro uma vez quando tive o meu primeiro filho tava um um amigo do meu irmão assim de Infância eh que veio lá à casa quando estamos a passar férias e ele disse assim e pá o teu filho e e estava a dizer ao meu marido teu filho é mesmo igual a ti é isso que se quer e eu ouvi susto ouvi eu o quê O que é que se quer dizer o quê para para ter a certeza não é é isso que se quer tipo pá e às vezes há estas frases e eu penso meu Deus esta pessoa tem esta idade pensa desta forma que absurdo se calhar nem é muito hoje em dia é militante do CH que faz todo o sentido não verdade mas mas quer dizer e pronto faz-me confusão a isso faz-me confusão estas gerações que vêm eh eu lembro-me por exemplo quando eu estava a tentar explicar ao meu filho homosexualidade e ele tinha P aí 4 anos e então eu estava a dizer Olha Zé há meninos lá na tua sala há meninos na tua sala tem eh namorados ou namoradas e ele não mas os meninos só podem ter namoradas eu disse não zecas então os meninos também podem ter namorados e as meninas podem ter namoradas não podem não mãe e eu podem querido podem podem não podem eu começou a ficar super nervoso e dizia não podem Olha tu e o pai o tio e a tia a avó e o avô não podem mãe não podem ele começou a ficar muito tenso porque eu acho que nesta idade eles eles começam a tentar perceber as coisas e quando de repente uma coisa que eles tinham como já dado adquirido OK tá arrumado homens com mulheres arr sim ah ele começou a ficar muito estressado eu pensei ok também vou calma eu disse olha zecas podem no entanto se ainda não estás preparada para perceber isso não faz mal e Ficou ali a conversa no dia seguinte Ele Vem ter comigo a professora dele da altura chamava-se bé Ele Vem ter comigo disse assim mãe falei sobre aquilo com a bé E ela diz que podem e e eu Então pronto então como é adoro quando as professoras não as professoras não e as professoras estão sempre a cima de nós não é a bé diz que podem Então pronto podem Então pronto ainda bem agora vez que ficou a pensar naquilo com a minha filha tive a mesma uma conversa e ela lá Está disse-me sim mãe já sei que as meninas podem ser namorad das meninas e os meninos meninos é tipo mãe és uma chata com essas tuas conversas Mas eu só quero que eles sintam essa liberdade desde sempre porque eu ve porque era uma coisa que não era e e no no nosso tempo quer dizer nós temos des diferença não era não era aceit não é tipo nem sim eu só quero tipo tentar eu às vezes pode parecer um bocado chato mas eu quero tentar Eu sei que eles vão ter os seus traumas todos os Miúdos têm mas eu quero tentar tirar o máximo de pedras do caminho porque elas vão vão existir sempre não é mas estas aqui não precisam de existir eu conheço muitas pessoas que ainda não conseguiram assumir a sua homossexualidade e que vivem nesse segredo constante e nessa angústia é terrível e eu não quero que eles sintam alguma vez isso com e não é só o temerem a reação de outros é os próprios não viverem bem com com o facto Claro e eu não quero nunca que eles vão ter as suas angústias todos temos vou tentando tirar aquelas que podem vir a ser e que não quer que sejam pronto eu eu não sei até que ponto é que nós também lá está sendo de gerações diferentes mas somos um bocado un os primeiros ou dos primeiros numa nova forma de ver as coisas e portanto também há uma parte que não é forçada mas que é assim mais investida não é um bocadinho forçada Talvez sim eu acho que sim porque como percebemos que ainda não é natural ou seja se calhar isto nem sequer eu no outro dia no comboio tava com um um grupo estava lá um grupo de de jovens que horror ser isto norm tão velha mas um grupo de jovens sentada ao meu lado e eles a conversa deles era não sei quê olha e eu não sei quantos vai com o namorado depois eu não sei quantas leva a namorada e eu pensei uau para eles isto já é tão normal tipo então nós e e e não há coisa quando eu digo homosex tipo aquele é homossexual nesta nova geração isso já é ridículo porque ninguém tem que ser uma coisa aquela pessoa não é homossexual ou bissexual aquela pessoa agora tá com rapaz amanhã pode tá com uma rapariga Sim há essa naturalidade e essa abertura que mesmo para mim ainda é uma aprendizagem ou seja para mim uma pessoa poder gostar de mulheres hoje e AM manhã de rapazes eu aceito tudo porque não tenho nada que aceitar não ten ou seja não é comigo eu acho logo ridículo aceito não ten que aceitar o que é que outra pessoa sente no entanto ainda é novo para mim também e eu estou a aprender ou seja não eu eu cresci com ou seja lá tá no mundo das Artes isso também é tudo muito normal mas era oou homossexual ou heterossexual esta coisa do bissexual era muito raro Sim nós também estamos a vamos mudando à medida que as coisas estamos a mudar sim sim sim a única coisa é ter abertura de mente para ir aprendendo e ess e entendendo este mundo que sempre houve mas que agora é aceito é só a diferença porque não é um mundo novo não é pois não não nada é só isso mas pronto mas eu quero que eles sintam essa liberdade eu lembro uma vez que o meu filho já eh era ainda Pequenino e tava e nós eles mascaram muito e lembro-me dele às tantas pôr uma saia ou qualquer coisa disse vou para a escola assim e aí o meu marido disse e eu disse tá bem porque eu para mim é tipo o que quiserem não sei quê expressem e tal e meu marid disse Eh pá nós também temos que ter um bocado de cuidado com estas coisas porque ele vai uma co Nós também temos temos que que o proteger ou seja eh às vezes essa coisa da Liberdade Total também não é e ele tambm exato e para mim é tipo não eles têm que se expressar através da ou seja el e às vezes um Mas lá tá é porque é um forçada às vezes é mas pronto mas eu acho que se é com boa intenção não é e se é e em prol de desta abertura eu acho que é sempre benéfico Claro sem dúvida agora realmente eles acham assim sim mãe já sei que as meninas podem estar tipo se a tua conversa chata mas pronto mas eu prefiro ser essa mãe e eu eu lembro no outro dia também estava com uns amigos e lembro-me da Olha isso também é uma coisa interessante esta coisa do futebol porque eu estava com uns amigos que estavam a dizer que o filho não gosta de futebol e que sente e já não são os primeiros amigos já tenho dois amigos assim que o filho se sente sempre excluído dos grupos de rapazes sim sim AC um pouco com meu filho a guros sim uhum exato e às vezes vão a festas de anos de futebol e ele fica sozinho num canto e e isso é uma coisa que eu acho que é um problema das escolas também porque eu acho que não faz sentido nas escolas todos os Recreios eles poderem jogar futebol eu acho que eles viam Ok o recreio de manhã poes jogar futebol mas depois noutros recreos não se pode e fazem outras coisas e tem que aprender a brincar outras coisas porque depois sen não excluem sempre esses mios que não gostam de futebol e HS tantas os Miúdos sentem-se menos rapazes é é por não gostar de futebol mas é é aí também que eu que eh que a sensação que eu vou tendo e não quero nada de ser pessimista Aliás sou contrário acho que vamos andando e vamos fazendo mas é que parece que há coisas ou seja os olhos estão muito postos e bem por um lado porque estamos a corrigir coisas do passado na na na questão do As mulheres podem ser tudos as meninas eu ou seja nota-se nas raparigas que já vão com esse já sentem isso à volta não par que os homens não podem ser tudo já não é s sim eh eu lembro-me de num podcast também americano sobre estas um bocadinho sobre estas questões H em que se falava do do facto de e agora estou a devagar mas também estas conversas eu acho que puxam para isso do facto de haver muito menos homens cada vez menos homens em profissões de cuidado eu estou a falar do mundo ocidental uhum eh no caso era nisso que eles falavam portanto muito muito menos e homens psicólogos muito menos enfermeiros muito há umas profissões que já vieram assim eu agora vou lá ao hospital de 15 em 15 dias e São só mulheres eu não tive ir lá um médico ISO e portanto ele dizia uma coisa que er mulheres Eh desculpa auxiliar exat mulh exatamente e isso depois são os modelos que os Miúdos têm ou não têm pois exato não é de não terem educadores não quer dizer que não existam mas só uma Raridade não terem educadores não terem professores Prim só há um professor que é professor de inglês iso é o único pois depois há com o caminhar vais encontrar mais sim se calhar pois mas mas a verdade é que parece que os os trabalhos o professor homem é só para a faculdade tipo parece que são já é só uma coisa mais porque criancinhas não é para é para as mulheres mas assim já é uma coisa mais séria para os homens Uhum mas a verdade é que bem também a educação agora em geral tá tão que quase ninguém quer Eh tirar o curso de para ser professor ou educador de Infância não é profade mas também é assim eu acho que esta coisa do feminismo é muito interessante mas ao mesmo tempo nós temos que ter nós não podemos querer que os homens e as mulheres sejam iguais porque não são iguais nós queremos que as mesmas oportunidades soo forçar um comportamento não é agora tem clo o homem e mulher não são iguais ou seja uma coisa que nós queremos é igualdade é igualdade de oportunidade não é igualdade física nem ou seja um homem e uma mulher não podem correr na mar na mesma na mesma categoria ou seja na mesma corrida não é então não é não somos iguais e a verdade é que as mulheres nascem algumas não mas vê se isso quando eu sempre tive brinquedo eu eu sempre tentei ter brinquedos unissexo ou quando comecei a ter filhas e começaram a oferecer bonecas eu tenho tudo para eles todos brincarem ou seja podem brincar com carros ou bonecas não há distinção as coisas estão lá e eles escolhem exato e a minha filha mais velha por acaso nunca gostou de brincar com bonecas nun nunca ela gosta de desenhar ela nunca achou graça a bonecas agora esta adora e eu reparo que é desde que ela nasceu quase passado poucos meses que ela já estava bebé e agarrar-se um bebé ou seja e não vais dizer não vais virar a dizer não podes fazer isso porque tu um dia Vais ter que trabalhar e e raramente isso acontece com rapazes eu acho que é muito mais raro verse um rapaz que logo desde Pequenino quer cuidar daquela forma sim e isso é uma discussão que existe também não é até que ponto porque há um lado enfim as mulheres é que podem ter filhos e portanto há uma coisa não é imposto eu nunca impuso isso aos meus filhos no entanto eu vejo que os meus filhos rapazes não eh Há de certeza me outos rapados que adoram brinar com bonecas não é isso mas em geral as mulheres têm esta esta vontade de cuidar sim então talvez também seja normal haver mais mulheres educadores de infância e não sei quê Porque tem não sei se é só eh uma questão de os homens não verem a profissão como não às vezes Há questões que são físicas e não sei de essa coisa do cuidar eu sei que sempre sim queria ser mãe no entanto também sei que há mulheres que não querem ser mães e é ótimo hoje em dia exato mas hoje em dia também temos muito mais abertura para uma pessoa dizer eu não quero ser mãe e tá tudo bem nisso não sei se tá tudo bem ainda ainda acho que há muita gente que J sim verdade mas pronto mas já é mais aceitável mas sabes que eu acho que desculpa se estou a interromper mas eu eu acho e eu acho que isso também é interessante que as coisas se misturam ou seja há um instinto para o cuidado que muitas mulheres têm de facto e nós sabemos porquê mas é um bocado já não sabemos o que é que nasceu primeiro is é o ov seu galinha ou seja o que é que é o modelo de pais isso mais o modelo de pais em que a mãe sempre foi quem cuidou e quem H as pessoas que têm vindo cá eh tem Sid Nature versus Nature não é tipo o que que é da natureza de uma pessoa o que é que é o seu ambiente e seu os vários eh quase enfim muitos dos entrevistados cá tive sobretudo homens pelo menos agora no início diziam não mas era com a minha mãe que eu falava sobre eu era com a minha mãe portanto estes modelos também nos condicionam e portanto nesse sentido sim eu basta dizer que quase todos os mos quando estão doentes sim por mais que adorem o pai fazem coisas super divertidas com o pai assim que estão doentes vão para o col da mãe pois é e essa é logo a coisa de cuidar eh não é eu e podem o o homem e a mulher trazerem coisas diferentes em termos de cuidado mas mas H mas mas eu acho que há esta Bola de Neve e não só é obrigar os rapazes a irem para profissões de cuidado porque mas eu acho que há um lado aqui também um bocadinho à Semelhança do que tu falavas em relação ao balé que também vai um bocado acontecendo aquela coisa de quê mas vai ser educador de Infância ou vai ser enfermeiro pronto pois eh sim é verdade mas e não sabe bem o que é que é mas mas a verdade é que eu acho que se assiste a uma parte que é realmente da da e que é da física do do homem ou da mulher aquilo que eu acho que assiste isso a minha casa é isso eu tenho as todas as opções tenho carrinhos tenho bonecas tenho Legos tenho exato e nunca ouvi por exemplo meu filho mais Pequenino adora empurrar o carrinho de de bebé por todo o lado mas eu acho que aquilo é mais uma coisa de corridas para ele quase do que porque ele não tá a cuidar nada ele nem agarra no bebé as duas quando como viram a amamentar por exemplo as duas fingem agora já não mas fingiam que estavam a a dar mamar a um bebé pois sim modelo e e o meu filho nunca fez isso por exemplo cer e viu a mesma coisa uhum seja e eu nunca lhe disse ele ele a fazer eu não isto está errado tu não és não sei eu acho que há coisas que que são mesmo de de de de ser homem ou mulher lá está das Diferenças que há efetivamente que não vamos fingir que não há diferenças que isso é só estranho sim sim até para depois acaba por sei lá nos tempos que hoje vivemos acaba por haver um movimento quase opressor ao contrário ou seja de tanto se querer não mas agora eh que que parece que uma pessoa não po pode vou dar um exemplo muito par não tem a ver pare uma mulher não pode ser feminina já ou não pode ser frágil porque tem que ser forte porque é mulher e as mulheres po ser que seja um ajuste também de lá está como estamos a desbravar ter sim é um bocado com as cotas não é tipo de ter que fazer até ser normal se calhar aqui também é um bocado a mesma coisa eu eu sinto que a a geração da da minha mãe por exemplo foi a primeira geração em que as mulheres conseguiram conciliar mesmo a a maternidade com a educação eh e e mesmo assim sentiam-se sempre a faltar em algum lado e mesmo assim muito eraa mesmo assim tinham que penar muito para chegar a lugares a bons lugares nas suas carreiras não é sim s eu acho que a nossa geração agora é difícil só porque estamos obsecado com tudo em ser pais excecionais e profissionais excecionais e e é um e eu acho que às vezes exigimos demasiado de nós próprios sim sim sim hum porque também às vezes exigimos um bocado nesta coisa da da da parentalidade porque vamos ler livros e queremos ser os melhores pais e os nossos filhos tornam-se projetos e e e não dá para estar em todo o lado dessa forma mas eu acho que é isso né pois lá está até falávamos sobre isso um bocadinho antes de começarmos né sei se é desejável por exemplo na maternidade e na paternidade estarmos sempre lá e estarmos em todo lado mas pronto sim sim sim sim exa porque eu acho que a geração dos nossos pais era um bocadinho mais tranquila nisso a dos nossos avós era ão da rua é indiferente a era menos Pens Com certeza que tinham as suas angústias interrog mas já eram carinhosos eu acho que os nossos avós em geral com os filhos ainda não havia muito era era tipo era ele tem que sobreviver é dar comida educação não sei quê depois veio dos nossos pais que já tinha um bom equilíbrio entre as crianças já são mais carinho ex e e já acompanham mais a vida da criança não é eu acho um ótimo equilíbrio a nossa eu acho que às vezes está um bocado desequilibrado porque tá um exagero de de de esta intromissão um bocado na na na na parte da do crescimento da criança sim sim com ótimas intenções sempre claro claro mas abusivo quase acho que não estamos bem a saber ainda de doar e agora todos somos expertes emeres em em em em parentalidade não é por isso mas pronto mas fazer eu acho que toda a gente faz o melhor que pode também é isso sim claro claro claro e vamos vamos caminhando e aprendendo não é corrigindo hum queria só recuar um bocadinho eh à à questão das emoções e dos homens e das mulheres precisamente e tu acabaste por falar um bocadinho nisso há há pouco para ir ao teu àquilo que tu à realidade tu tens encontrado no trabalho de voluntariado que que TS a fazer não é eh numa unidade de cuidados paliativos sim eu S há três meses isso o que eu posso falar é do que eu tenho experienciado nestes últimos três meses CL h isto isto tudo nasceu esta vontade nasceu porque eu quis começar a estudar musicoterapia falei com um amigo meu que é musicoterapeuta e professor de música e tudo que é maravilhoso que é o Paulo Lameiro que é com quem eu faço concertos para bebés Uhum e ele na altura disse-me que achava eh que o mais interessante seria eu ir experimentar fazer alguma coisa ligada à musicoterapia e perceber qual é que é porque a musicoterapia é uma coisa muito aberta não é não é uma ciência concreta sim e tem muitas abordagens eh sim primeiro eh pelo que eu VII dizer também em Portugal tá um bocado atrasado então nem valia muito a pena eu fazer uma estrado aqui provavelmente eh e e depois porque a abordagem depende muito de quem faz e e de quem e de quem está também a receber não é essa terapia e então ele disse-me para eu ir experimentar pronto e eu como tenho uma amiga que é médica no nos cuidados paliativos Uhum E eu sempre a admirei imenso porque eu eu digo-lhe isso muitas vezes eu sinto que quem vai para o curso de medicina vai para salvar vidas normalmente e então de repente estar nesta nesta última parte da vida a tentar só dar um fim de vida Digno a uma pessoa sim é mesmo muito bonito para alguém que ou seja essa pessoa já não tá a tentar salvar ninguém tá a tentar dar um fim de vida o mais Digno possível o mais feliz possível Aposto que já percebeste que não é só prestar que é que vale imenso Aposto que já é Ach percebido logo na primeira vez e não e outra coisa que eu percebi muito bonita de do que eles fazem ali é que não só eles estão a fazer bem à pessoa que está a partir como as pessoas que estão a ficar sim e porque para nós se gostamos muito de alguém que tá nesta nesta situação nós vamos ficar muito mais em paz quando essa pessoa partir se soubermos que essa pessoa partiu Claro com dignidade a ser a ser tratada com carinho eles são sempre às festinhas às pessoas eu às vezes às vezes começo a pensar pode haver alguém que tá ali quase a morrer e que já não tá a falar e tudo e eles estão sempre a dar festinhas eu pensei assim isso esta pessoa foi uma vibra na vida ex pras no fim Car não gosta já não consegue dizer nada não é não sei eu acho que não sei se não gosta Aquilo é uma maneira de mostrar é humanizar não é É mesmo é tão bonito e depois eles fazem coisas maravilhosas de de alguém que quer ir ver o mar ou assim antes de morrer eles arranjar uma ambulância para ir levar essa pessoa a ver o mar havia um as pessoas que se queriam casar porque estavam juntas há anos Mas não estavam casadas então chamaram o padre e casaram lá festas de aniversário fazem um pouco de tudo mas é muito giro e tem sido muito bonito eh duro mas bonito muito bonito e um bocadinho puxando aqui aasa à minha sardinha entre sim entre homens e mulhes primeo primeiro que eu achei muito estranho nas vezes as primeiras vezes que lá fui é que quase não havia homens eu dizia à minha amiga não há homens a morrer só há mulheres é que eu não consigo perceber não havia exato não havia homens era eu fui lá muitas semanas seguidas em que havia tipo um homem e tipo 10 mulheres era assim agora a última vez que fui era quase só homens porque aquilo 15 em 15 dias como eu vou de duas em duas semanas acontece muitas vezes chegar lá e ou a pessoa já não está ou a pessoa está e tá muito pior do que há 15 dias atrás mas muitas vezes já não está e a minha amiga também me vai dizendo isso porque de certa forma Apesar de eu ir lá poder estar com essa pessoa só uma ou duas vezes há há pessoas com quem eu também crio uma ligação maior ou pronto e eu gosto de saber mas hum os homens que eu vi por exemplo a última vez já estavam todos num estado em que nem dava para conversar com eles agora eh vi um homem lá um senhor que que foi muito engraçado essa parte do de uma pessoa estar mais vulnerável no fim de vida não é porque eu eu acho que as mulheres as pessoas choram todas muito ah e É engraçado porque por acaso Fui ver um casal tava lá ele tava a acompanhá-la Eu gostei muito dessa senhora e ela e eu comecei a cantar e ela começou a chorar e ele dizia assim não chores não chores É sim e eu e eu disse deixa chorar ela tá a precisar não sei quê depois eu fiquei a pensar no fim ele não queria que ela chorasse porque ele não a quer ver sofrer exato assim as pessoas ficam aflitas à vez e para os homens faz-lhes imensa confusão ver as as as pessoas de quem gostam as mulheres a chorar e como se se ela não se chorasse não tivesse a sofrer Provavelmente estava mas ainda pior não não conseguia gente tem não é por mal pelo contrário é sim Coitadinho eu percebi perfeitamente Mas eu senti ex e eh pronto e se chorar eu vejo toda a gente CH e lá está é o tal espaço só parênteses de de das pessoas de acolherem o o a tristeza e o choro portanto que é o que tu diz uma pessoa estar triste e não e não poder não é sentir que é suposto está sempre muito animada ou sempre há espaço para tudo não é claro e as pessoas que estão em geral h a a pessoa se tiver bem chora quase sempre e quem está lá chora também porque a música tem esse poder não tem a ver com o facto de ser eu a cantar tem a ver com e depois eu tento fazer mais ou menos um diagnóstico H chego lá e pensa esta pessoa tá a precisar de uma canção assim sim sim faço por exemplo quando tá lá com o marido ou com com a mulher eu se calhar canta uma canção de amor quando a pessoa tá Eu vejo tá mesmo triste canta uma canção mais feliz quando tá com a mãe canta uma canção sobre a maternidade eu tento fazer assim um bocadinho essa essa leitura do que é que as pessoas precisam e às vezes tão tristes e eu canto triste porque eu às vezes sinto que que aquela pessoa precisa mesmo prisa então este senhor já morreu entretanto eh eu cheguei lá e ele era assim assim muito um bocado bruto Sim e eu depois percebi acho que eles me disseram ele era austríaco ok mas já falava Brasil sim já sim eh fala português do Brasil eh mas já devia viver aqui há um tempo não sei deve ter vivido no Brasil depois foi para aqui hum e ele eu lembro dele falar comigo a dizer não sei quê diz mas assim sempre todo bruto Mas tu cantas e tal e não sei quê e pronto eu fui conversando um bocadinho com ele quando eu comecei a cantar e eu tento não olhar muito para Ou seja eu olho para a cara das pessoas mas se eu percebo que elas estão a emocionar eu não consigo olhar muito porque senão depois emociono também então eu faço ali um jogo de olhar muito para os pés olha para outros sítios se eu percebo que a pessoa tá a reagir bem e que estou a cantar uma canção alegre por exemplo eu tenho uma canção que se chama gosto de ti e que eu e que eu gosto imenso de cantar essa canção para para as pessoas porque é tipo gosto ti dos teus cabelos e é aquela coisa uma pessoa se sentir gostada quando está não está tão vulnerável não é então essa Eu também e essa eu olho e digo gosto de ti tipo mesmo gosto desta pessoa e sinto aquilo naquele momento eu estou a sentir que gosto daquela pessoa eu estou a sentir genuinamente carinho por aquela pessoa mas pronto para ele aconteceu isso de começar a cantar e quando eu olhei e para ele cantei uma canção sobre pode ser um bocado mórbido mas sobre a morte uhum porque eu senti pronto ela não é óbvio não é mas eu senti que ele estava a precisar de mandar cá para fora porque ele era um homem muito duro Hum eu cantei e comecei a cantar e quando olhei ele estava completamente desfeito a chorar assim convulsivamente h e e eu mas eu senti que ele precisava daquilo e que e que ele provavelmente não nunca sentiu liberdade para fazer aquilo s senti mesmo isso nele às vezes há quem sinta medo também um BO casado desse e depois é um alívio quando e quando eu canto para para as mulheres e os homens choram muitas vezes também acontece mas vão-se esconder põe-se lá num cantinho também acho se calhar não se sentem à vontade comigo porque não me conhecem não é sim ou ou lá está pode também ser um instinto de proteção também Há Mulheres Que Ou seja sim sim lá tá aquela coisa que dizíamos da da mulher poder achar que o homem tá mais frágil ou é mais fraco de chorar e eles também se cas se escondem por isso ou ou porque não querem que a mulher veja que eles estão tristes examente pronto realmente é um sítio onde se lida muito com o choro e ou eu lido muito com o choro há poucos dias há a semana anterior cantei para uma rapariga com a minha idade com cancro terminal também e estava lá a primeira vez estava a irmã e também foi chorar escondeu e a segunda vez estava a mãe e e pronto se já já já me habituei a isso mas é mas é isso é vê-se muito esse esse lado do choro do quem quer esconder quem quer e muitas vezes pedem-me desculpa por chorar e eu não e a verdade é que para mim é é quase tipo um uma conquista porque eu sinto eu não é que eu chegue lá e queira que as pessoas ch mas eu quero que sim por porque mas você saber que vai morrer é uma coisa horrível ou seja aquilo é um é um caminho e é deve ser um caminho muito duro então eu sinto que é uma aquilo se calhar as pessoas precisam de chorar e precisam de ter pena delas próprias se calhar e precisam dessas coisas todas dúvid e se eu puder ser parte desse camin uhum Hum E às vezes H pessoas dizim não quero não vão lá perguntar eu nunca entro tipo vou cantar né pessoas diz não quero notas eu sei que são só três meses e portanto Isto pode ser portanto fazemos aqui o disle altamente envasado mas não notas diferença na resistência dos homens na contenção emocional deste-me aquele exemplo di no outro dia fui lá e também estava um senhor e que esse senhor ou seja estava bem dentro possível né eu cantei ele no fim muito obrigada foi muito agradável não sei qu não sei qu Ou seja pessoas Man Val completamente nenhuma mulher fez isso uhum nenhuma mulher faz isso H mas mas mas eu também não vou à espera de nada seja sim sim sim eu acho que cada um cada pessoa é uma pessoa e no início eu ainda perguntava as doenças deles eu agora já não me interessa muito isso porque porque eu não quero que aquela pessoa seja a sua doença não é É que senão eu vou entrar perguntava ao próprio ou não não os médicos normalmente dizem olha podes ir vais ao quarto 44 aquela senhora tem não sei quê Sim e e eu H tantas entrava e era ok Esta pessoa é um cancro de não sei de quê Pois e e não aquela pessoa não é um cancro de não sei de quê é aquela pessoa que teve aquela vida que não sei quê E eu acho que nós temos uma ideia dos paliativos eu tinha também que é tipo já estão moribundos e já tão para ali já é só esperar para morrer não não e faz tanta diferença e os cuidados que se prestam quer seja basta basta termos alguém da nossa família nesta situação para percebermos que aquilo é muito mais do que isso e s e que e que é muito bonito ao mesmo tempo esta Estas pessoas ajudarem alguém a entrar neste ou ou a terminar a vida não é mas a Entrar nesta nova Claro fase ou o que é que será Depende do que as pessoas acreditam mas de uma forma mais leve e com menos medo porque eu acho que dá muito medo S sim passar essa ajudá-las a fazer essas fases ajudar a família a depois fazer um luto sold e ir fazendo e a ir fazendo um luto porque porque eu acho que há muitas pessoas ali que já vão fazendo o luto Ah sim sim sim não é com aquele tempo porque também aquela pessoa vai se perdendo ao longo do tempo já sim mas Pronto tem sido Eu Eu sempre tive muito medo da morte e sempre me assustou muito a morte porque nunca ninguém muito próximo de mim morreu ou seja morrer tive mortes de alguns tios distantes não é às vezes do próprio isso cada vez vai acontecendo mais as pessoas morrem nos H lá est não quer dizer que seja mau necessariamente mas há uma distância maior não é porque sim eu acho isso também é su é Eu sempre tive Esso medo e este trabalho que estou a fazer e um livro incrível que li do John foss que se chama noite e dia ou dia e noite acho que é noite e dia H foram muito importantes para mim mesmo para ver a a morte de outra forma agora claro se morrer alguém da minha família não é que eu vá ver olha é natural morreu não é assim mas claro éo mas mas sinto que de certa forma estou um bocadinho mais em paz com haver um fim na nos vida sim sim e ver que é possível que não seja uma que seja uma coisa lá Está sim não tão h não tão dolorosa exatamente sim sim mas pronto mas quando tiver mais e eh mais exemplos ou mais pois mais tempo cois já também já podemos falar sobre essas diferenças os homens e as mulheres não ten tantas assim ainda claro claro são muitas mulheres como te digo muitas mulheres o que realmente também me assusta um bocado porque os homens morreram já mais cedo tipo em casa ou assim s ou é às vezes também isso ainda os homens também e E isso está à estatísticas sobre isso não é não é uma impressão ou uma ideia os homens recorrem menos aos cuidados de saúde também pelas mesmas questões quer seja também se calhar e ou é c não preciso de ajuda não é eu trato mim Eh Ou então porque ficam meios perdidos não não não não não têm ali um trabalho de Inteligência Emocional para sim para depois conseguir gerir estas coisas e sabes que ainda se nota dif sim e serem cuidados é realmente sim eu acho que um homem no hospital a ser cuidado por alguém que não conhece não se deve sentir tão confortável como nós mas às vezes também não se sente confortável ao contrário h a cuidar não sabe bem como é que isso se faz pois e isso depois também é um um sítio mas mas pron sei que é bom dar às crianças dar aos rapazes pequeninos animais de estimação ou menos já aquela parte é uma primeira aprendizagem da não se pode dar irmãos que já ajuda bastante pelo menos dá um animal de estimação já o cuidar já já aparece um bocadinho aí nestes momentos nota-se nota-se um bocadinho Claro que não é toda a gente assim mas nota-se sim sim sim sim Luísa muito obrigada adorei a nossa conversa também voltamos a ver-nos em breve com mais um episódio não se esqueça de nos seguir nas plataformas onde costuma ouvir podcasts e até o próximo episódio obrigada o público fica no ouvido