🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
[Música] [Aplausos] [Música] muito boa tarde a todos muito bem-vindos este é mais um debate Na praça da fundação na feira do livro de Lisboa para apresentação de um ensaio ou de um retrato publicado p pela Fundação Francisco Manuel dos Santos Hoje vamos falar sobre eles que nos levam histórias de motoristas de transportes públicos da autoria de Raquel alquerque jornalista do Expresso que está aqui ao meu lado A autora e vamos conversar com Maria José Cardoso e muito obrigada por ter vindo é uma das primeiras mulheres motoristas da Carris já vamos falar mais sobre o seu percurso e esta proeza e e também está connosco Filipe Moura que é especialista em mobilidade também já o vamos apresentar convenientemente eh muito bem-vindos todos os que estão aqui connosco e aqueles que nos estão a ver em diferido H Raquel porque este tema e o que é que te no início na primeira investigação sobre o tema o que é que tu descobriste para depois te levar a escolher estas oito pessoas estas oito personagens no fundo desta reportagem então eu eu acho que a ideia em si quando eu propus esta ideia à à Fundação eu acho que foi no decorrer de um daqueles momentos que eu continuo a achar que são momentos fascinantes que de vez em quando acontecem que é quando nós olhamos para alguma coisa que esteve lá sempre e que nós na verdade nunca vimos bem e eu percebi que a profissão de motorista de alguma forma é um bocadinho isso Ou seja é das primeiras profissões com as quais nós acho que nos cruzamos na vida mesmo que não usássemos o Autocarro para ir para a escola em algum momento da nossa infância acabamos por andar num Autocarro n que seja por uma visita estudo ou quer que seja mas a verdade é que eu percebi que sabe pouco da profissão e não é só as não são só as características da profissão em si mas sabe-se pouco sobre como um motorista acaba por ser mais no que um ponto de vista é mesmo uma espécie quase de ponto de observação da sociedade porque eles estão sempre ali a fazer com muitas diferenças mas de certa forma a fazer o mesmo que a levar pessoas aos seus destinos em sítios completamente distintos com realidades em muitas coisas com semelhanças e outras comum muito diferentes Portanto o meu ponto de partida quando propus O tema foi esse e quando comecei a pensar um bocadinho melhor confesso que ia pesquisar também sobre o que é que se sabia há há há mesmo muito pouco sobre a profissão em si e há muito pouco sobre as H sobre a realidade de vida dos motoristas eu acho que essa para mim acabou por ser depois já contextualizo um bocadinho melhor a pesquisa que fiz mas acho que essa acabou por ser h a minha maior surpresa que é superou em grande medida aquilo que eu poderia esperar que eles tivessem para contar na verdade eu pesquisei um bocadinho sobre a profissão em si o que é que sabia até mesmo em termos lá artigos científicos relatórios que existem poucos sobre a profissão a evolução da profissão as dificuldades que os motoristas também têm interromper porque nem sequer há são 10% não é não 10% são as mulheres que existem neste momento mas não há dados relativamente aos motorum de Transportes Públicos aos dados relativamente aos motoristas Sim esse foi a terminada altura quando eu fui ver já numa fase um bocadinho mais avançada quantos motoristas é que de facto existem h não há um indicador os censos tê dados ou seja o Instituto Nacional de estatística tem dados sobre isso há 12.000 motoristas mas não se distinguem os dos motoristas dos pesados portanto são tão invisíveis que não têm sequer direo Eu acho que eu acho que interessante é que eles invisíveis não são a verdade é essa eles não são de tudo nós vemos ao longo da nossa vida toda nós há muito pouco é trabalho e análise e e cu curiosidade eu acho que existe mas há muito pouco feito sobre eles portanto quando eu a minha pesquisa acaba por ser uma pesquisa um bocadinho histórica também para saber a a evolução dos transportes onde é que onde é que fazia sentido ir porque a ideia era que isto fosse o mais abrangente possível no país ou seja eu queria ir a diferentes sítios que retratassem as diferentes realidades que nós sabemos demográficas e não só aqui o país tem e tentar depois Eh que que os próprios motoristas mostrassem relatassem e refletissem essas diferentes realidades eh e tentar também ir dentro dos Transportes no sentido dos transportes coletivos Alguns são públicos outros não são públicos mas dentro de Transportes Coletivos tentar perceber o que é que faria sentido sei lá a realidade do Turismo por exemplo do transporte turismo é muito diferente de eh de um guarda-fio que que está aqui no elétrico em Lisboa Embora tenha uma componente também muito turística mas do que se calhar uma motorista da Carris que faz um uma carreira ao longo de anos sempre a mesma carreira a transportar pessoas de casa para o trabalho e por aí fora P no fundo a h a a preparação que eu fiz foi mais no sentido de perceber quais eram as realidades e os perfis que faria mais sentido porque pudesse ser o mais abrangente possível eles Na verdade são 10 são oito motoristas e dois guarda-fio dielétricos um de Lisboa outro do porto ex vários pontos do território vári realidades exatamente ou seja além de Lisboa e do porto que era um bocadinho inevitável que estivessem eu fui também falei com um dos um motorista no alentejo eh dois motoristas no sabogal na guarda eh e e na verdade eu acho que e fui ao a Funchal também um motorista que sempre que trabalhou sempre no Funchal e eu acho que foi H permitiu precisamente chegar a esses diferentes retratos entre o rural e o litoral ou quão diferente pode ser conduzir um autocarro numa aldeia ou numa grande cidade H ver também como é que eles veem a evolução da própria população em cada sítio eh e Portanto acho que acabou por ser essa razão da Escolha destes dest já vamos à contextualização com o Filipe Eu disse que íamos logo a seguir mas não porque os protagonistas deste livro são enfim os motoristas não é e e portanto vou já já falar com a Maria José Cardoso e trabalha na empresa de carris há 26 anos começou por tirar direito na faculdade wal em Lisboa Mas a vida tomou outro rumo e ficou com um ano por terminar nasceu em 1969 é natural do porto Freguesia de Paranhos e vive em Lisboa há 33 anos e como eu disse no início é uma das primeiras mulheres motoristas da Carris h a década de 90 marca a entrada das primeiras mulheres motoristas em algumas empresas de transportes precisamente como a Carris outras do grupo eh barraqueiro e na stcp a primeira mulher só entra em 1998 como guarda freiro D létrico E só mais tarde em 2001 surge a primeira motorista de autocarro gostavam de ouvir a sua história o que é que a motivou e depois como é que foi o percurso mas antes de qualquer coisa como é que foi o primeiro embate sendo a primeira na minha boa tarde na minha estação Fi a segunda mulher já lá tinha uma colega a colega Mercedes Hum eu tinha o sonho de conduzir um camião como naquela altura um sonho pequenina sim não me pergunto porquê faço a minima ideia mas vi um vi vi um brinqu afinava os camiões quando passavam pronto era por aí e e lembrei-me a única possibilidade que eu tenho estamos a falar há uns anos atrás de conduzir um camião será eu tirar a carta de pesados para experimentar conduzir um camião e foi fascinante era uma Ber for antiga sem dire assistida o instrutor dizia sempr Zezinha já comeste o prego era à hora à hora do lanche e realmente virar aquele volante era uma coisa surreal pronto e guardei a carta na gaveta e nunca mais conduzi porque nunca tive carro ligeiro eh e realizei o meu sonho que foi conduzir um um pesado pronto um dia estava desempregada ouvi na rfm que estavam a pedir motoristas de Transportes Públicos eh naquela altura era preciso de ter a carta de pesados e eu lembrei-me malto Vou buscar a carta claro que toda a gente em meu redor H me atirou abaixo no sentido ahi Então tu não conduzes alguma vez vais passar pelo amor de Deus vais lá fazer o quê tive até quem me indicasse eu arranjo de emprego ali na EDP que estão a meter e e Qual era qual quais eram os principais temores era conduzir ou era o contacto com os colegas era com o público era o quê era eu tirei a carta e nunca mais conduzi ah falta de experiência num espaço de tempo de 3 anos ou seja tii cá 3 anos depois estava desempregada e vou-me escrever e foi a minha aventura na carrix foi precisamente essa contando eu que nunca disse a ninguém que nunca conduzi não é pronto e e e fi sempre nas etapas que a que a Carris me foi propond a mim e aos colegas que entraram eu ficava sempre para o último que era para ver o que é que os outros faziam e e comecei a ganhar autoestima no sentido que havia colegas que vinham dos camiões tir e as manobras que a Carris pedia para fazer no parque que ainda estávamos no parque fechado a treinar para tirar a transportes públicos só tínhamos a pesados eu comecei a ganhar auto confiança porque pensei assim então estes vem dos camiões tir atiram os pinos que tínhamos pinos para contornar Maisa atrás atiram os pinos ao chão e se tirá-los também eu sei portanto fui ganhando essa confi estava garantida pronto e foi assim no final quando e tirei a carta transportes públicos contei ao meu instrutor que infelizmente não está cá que é o senhor Gama até Me Custa falar H E avanou pronto disse-lhe disse-lhe que nunca tinha ele não acreditou ele a sério se assim não tudo que viu até agora foi é o gosto o gosto de de conduzir um carro grande pronto e foi assim depois ao longo do seu percurso como é que foi o como é que é o contacto com os passageiros como é que é e como é que é a sua vida no fundo é é uma relação h e aqui a porque Desculpa só só só salientar aqui uma coisa porque a Raquel salienta muito isso é que os motoristas transportes públicos muitas vezes acompanham a vida de alguém desde pequeninos até não é neste caso pode ser 26 anos da vida de uma pessoa já tive meninos perdão já tive meninos da escola que mais tarde vieram ter comigo eh um deles pelo juiz é nosso colega de outra extração E ele disse ah a menina não se lembra de mim eu assim não ele assim ai você transportava com a minha mãe em pequenina agora pertence à sua empresa eu ai tão giro coisa maravilhosa mas por exemplo tem aqui um passageiro meu que está cá agradeço ele ter vindo h eu costumo dizer que a cidade de Lisboa é uma aldeia em ponto pequeno e esta relação que a gente tem principalmente andando sempre na mesma carreira ou nas mesmas carreiras criamos este Lace todos os dias os levamos para a escola todos os dias levamos ao hospital quando T tratamentos a gente quer saber o resultado desses tratamentos e eles contam-nos e portanto é essa relação esse esse lado humano que quem está atrás de um volante e quem transporta pessoas cria E é isso que eu nestes 26 anos criei no início os motoristas passam por diferentes turnos diferentes Car sim sim sim temos que fazer todos os turnos incluindo à noite chegar a andar à noite eh a camar ragem na altura dos colegas como éramos bichinho raro e passavam por nós estás bem Zezinha porque éramos poucas e de noite há sempre o perigo não é e esse carinho foi foi senti pelos colegas na altura que agora já estão reformados maior parte deles situação mais caricata que viveu pagarem um com o pacote de leite vigor ou seja pediram-me o bilhete e disseram eu não tenho mas eu am manhã eu trago e o outro dia um pacote de leite fic Ok ser porque por acaso é o leite que eu sre mas é verdade estamos em Lisboa não tão divertido situação mais perigosa que viveu e nunca tive situações acho que temos que saber lidar essas situações Eu por exemplo eu eu faço uma carreira de bairro social supostamente são os temos deses drogados e tem uma tinha uma drogada que se transportava comigo que os meus colegas não a levavam porque ela gerava muito mal e ela sabia comigo eu levava portanto ela já estava num estado de te orado principalmente a parte pulmonar que custava-lhe subir à avenida para chegar à casa dela e e quando soube que ela faleceu gostou é um ser humano que está ali e como tal se nós tivermos esse essa perspectiva quando estamos sentados ao volante a nossa vida e a vida deles também se tornam uma S cria-se um laço Filipe Moura Agora sim consigo Professor associado de sistemas de Transportes do Instituto Superior técnico na universidade de Lisboa criou e lidera o grupo de estudos de mobilidade urbana e o ou o shift poes explicar o que é este grupo Enfim centra-se eu posso dizer já no início centra-se nos modos ativos e na respetiva interação com o ambiente construído na melhoria dos transportes públicos e na mobilidade autónoma tanto na Perspectiva do comportamento como da tecnologia agora vamos descodificar isto bom antes de mais obrigado por convite Traduzir por Miúdos a minha conversa é certamente menos interessante do que da Raquel e e da Maria joséo mais histórias muito mais giras para contar mas eh e e eu eu antes de mais salientar aqui o trabalho da Raquel o trabalho jornalístico que tem vindo a desempenhar na área do dos transportes muitas notícias muitas reportagens muito muito sempre bem sustentadas bem trabalhadas não queria deixar de de realçar isso e o o o o laboratório e o shift e eu eu acho que o mais importante para para transmitir aqui é que e não basta termos sistemas de transportes bem montados não basta termos tecnologia é preciso alterar comportamentos isto não é só nos Transportes é na sociedade transversalmente Mas a nossa preocupação é perceber como é que isso se faz e uma das mudanças mais difíceis é voltar aos Transportes Coletivos temos vindo a perder cotas modais nos últimos décadas não é e também habituar noos voltar a andar a pé mais vezes e sobretudo também sobretudo não igualmente também andade bicicleta à medida que os sistemas vão sendo cada vez mais seguros e portanto o nosso trabalho é nesse sentido ao mesmo tempo há cada vez menos motoristas há escassez de motoristas sim isso eh entramos aqui na na parte da organização e e da do Grande Desafio dos operadores todos todos eles se confrontam eh com essa realidade que é da atratividade da profissão não é e portanto as condições e a valorização do do da profissão dos motoristas é algo que que que eu que eu sei que os que os operadores tentam fazer isso e e e estão a fazê-lo estão eh até porque senão não conseguem ter pessoas a garantir aquilo que é a função dos transportes coletivos que é transportar as pessoas de de a para b e e e aproveitando Aqui Esta deixa também para dizer que eh diretamente estes profissionais e estas profissionais contribuem para aquilo que é o cumprimento da nossa Constituição da República Portuguesa que é a garantia de igualdade de oportunidades Se nós formos ver o texto da Constituição aparece 30 vezes a palavra acesso associada à garantia de ou incumba ao estado a garantia de E quando vamos ver a palavra Transportes aparece uma vez não é na Constituição mas está implícito nestes acetos como o acesso o igualdade de oportunidades de acesso à educação de acesso à saúde o acesso também em Transportes e se nós tivermos um sistema de transportes montado em torno do do transporte individual NS últimas 60 70 anos houve sempre a garantia ou procurou-se ter a garantia de que toda a gente tinha esse acesso e os transportes públicos tem um trabalho e uma função absolutamente crucial ao mesmo tempo temos o o segundo censos de 2021 2 ter da população Portuguesa desloca-se de carro para o trabalho ou para a escola é muito sim sobretudo Quando pensamos que nos anos 80 a proporção era precisamente o inverso e e portanto esse esse é o grande desafio agora sobretudo nas grandes áreas metropolitanas e em que associado a outras problemáticas que o transporte individual traz poluição do ar ocupação do espaço etc etc todos esses desafios estacionament estacionamento enfim há há um conjunto alargado que não não não chegaria aqui uma hora para falar sobre isso e o desafio é precisamente como é que invertemos essa tendência que se agravou nos últimos 10 anos bom 10 anos desde 2011 até 2021 a expectativa é que tornando o sistema de transportes coletivos mais atrativo e se consiga fazer ess fazer essa transição E aí é que entra a alteração comportamental que sem as pessoas experimentarem voltarem a usar os transportes coletivos atraímos as pessoas para essa para essas para esse modo de transporte vai ser difícil alterar esse esse esse essas tendências e quando se fala em autonomia veículos autónomos fala-se de alterações tecnológicas não é exemplo eh como por exemplo eh o 730 deixar de ter a Maria José a conduzir e conduzir sozinho coisa que nós não queremos coisa que nós devemos preocupar-nos se é isso que queremos não é Ou se vai haver uma alteração das funções da J concretamente não Maria José em concreto não até porque bom não vai ser assim tão rápida a transição a automatização dos transportes coletivos já existe Desde há muito tempo nas linhas de caminho de do metro dos alguns metropolitanos já são totalmente automatizados por esse mundo de fora não é portanto não é nada de novo o desafio de fazer isto em em em trânsito Urbano tráfego Urbano é que é ainda muito grande portanto estamos longe de lá chegar e mas mas mesmo isso acho acho que este lado humano que que os que os as motoristas e os motoristas trazem no dia a dia mais um parêntese pequeno a Carris transportou 140 milhões de passageiros em 2023 se nós olharmos aos 1900 motoristas que existem estamos a falar de que estas pessoas vêm cerca de 300 pessoas por dia e e como nós temos padrões de comportamento acabam por ver as mesmas pessoas e acompanham e e esta humanização do transporte coletivo também tem um papel importante Portanto o que eu diria é se calhar vamos rever a função deixam de ser tripulantes se calhar estão no estão nos nos autocarros como pessoas da empresa a receber os passageiros Sei lá estou aqui a dizer qualquer coisa se calhar não faz sentido nenhum dig Quando eu digo e dis prop quando eu disse a Maria José concretamente não eu digo todos os motoristas que estão neste momento em funções não ou seja não é suposto haver uma perda do emprego não é que é sempre um flagelo social portanto há uma perspectiva há um e esta profissão que não é tão considerada aliás este livro nasce por isso não é Como dizia a Raquel eh esta conversão tem em consideração com certeza uma reconversão da profissão exatamente e portanto essa reconversão para já são coisas que vão demorar muito tempo portanto e e e e será possível também perceber qual é a reação dos próprios passageiros essa ideia de não haver uma cara associada àquele veículo não é quer dizer ou aquela linha e e e portanto isso isso isso é algo que se vai começar a ver daqui a uns anos acho que ainda não estamos lá até porque os desafios de de automatização são muito grandes não se consegue fazer um percurso no meio de Lisboa num veículo autónomo neste momento ele vai parar cada vez que houver um carro mal estacion porque ele não vai passar a linha então vai demorar muitos anos a acontecer a minha perspectiva é que são duas ou três décadas mas pronto Raquel Suponho que esta perspectiva não lhe agrade muito ou não te agrade muito bom quer dizer depende do qual é qual é a evolução que a coisa tem não é quer dizer nós não podemos travar não é não podemos é não não há propriamente o objetivo não será travar a evolução que que ocorra agora eu acho que uma das coisas que sai também da destes destes retratos e de e de entrarmos nas histórias de cada um destes motoristas é perceber também não é só o papel prático Que TM em conduzir um autocarro ou um elétrico é é é de facto a a possibilidade que existe e e casos como o da da Zezinha mostram isso de ter essa ligação com as pessoas ou seja as pessoas de facto aquilo mesmo que os vejam e e nem e nem toda a gente dê por eles porque acho que é uma das coisas que eu também percebi a acompanhá-los tantas horas nos autocarros é que há pessoas que entram no Autocarro e dão pelo motorista ou seja nem que eu cumprimentam e há pessoas que parece que não dão conta sequer e não é no sentido necessariamente crítica é simplesmente é uma constatação é é aquilo exatamente pronto ou seja mas acho que o papel que de facto um motorista pode ter e tem hum mostra que há uma função humana e de contacto que faz todo o sentido existir agora lá está não parece surreal uma hipótese de o Autocarro conduzir só e estar lá alguém a a ter outro tipo de funções se de facto for esse o caminho agora eu acho que o que fica muito claro pelo menos para mim ficou Claro e tentei que e tentei mostrar isso Hum é que esta profissão que eu acho que não é de todo invisível Porque nós já a vemos há muito tempo e desde sempre e desde muito cedo tem um lado extremamente rico e até em última análise para sei lá nós às vezes quer dizer eu enquanto jornalista Estou sempre à procura de de pronto quer dizer coisas novas como é óbvio mas pontos de vista diferentes e eh e perspectivas diferentes e até pontos de observação diferentes e eu nunca me tinha lembrado deste em concreto de como eles vem as coisas mudar como vem as coisas mudar lá está basta falar com como como falei com alguns motoristas por exemplo estou tou a lembrar-me em concreto é o o Maximo que eu acho que tá alguns por aqui ou pelo menos estava a a caminho conduzo o o elétrico tá ali atrás tá ali tá ali tá ali Obrigada o Maximo conduz o Electric 28 há acho que 17 anos seguidos se eu não me engano são 17 o célebre 28 do Maximo dobri não é não Maximo dobri exatamente e e a experiência do Maximo é muito engraçada porque se nós pensarmos bemar O que é o Maximo dobri o Maximo dobri é o guarda-fio é é o nome do Maximo e que já tá cá em Portugal desde 2000 OK estou a dizer estes os números de cor mas pronto vi ficado desde 2000 e e na verdade eh o máximo conduz o elétrico 28 E se nós pensarmos bem o elétrico então é mesmo aquele exemplo perfeito de um diálogo que nunca sai do mesmo sítio ou seja ele passa milimetricamente nos mesmos sítios todos os dias provavelmente às mesmas horas ou mais perto das mesmas horas possíveis há anos Uhum E o Maxim e outros guarda-fio fazem esse exercício há muito tempo e portanto na verdade é ele tá sempre a ver as pessoas entrarem e sair e eu acho que o 28 é um bom exemplo entre outros mas é um bom exemplo do que é que é fazer parte deste ponto de observação da vida a mudar à volta porque a cidade de Lisboa mudou muito e todos nós sabemos não é preciso viver em Lisboa para saber disso e era muito engraçado quando eu acompanhei no 28 ao longo da algumas horas eh ele ia-me dizendo olha há uns anos eu lembro-me dos casais olha aqui vivia um casal que tinha um neto aqui vivia o senhor não sei quanto e é óbvio que ainda para mais estamos a falar de sítios com mal fama há sítios onde s S onde não cabe mais nada além do elétrico e e é muito engraçado porque Pronto acho que vale a pena de facto não tendo feito vale a pena experimentar o 28 com o truque de Entrar no nos Prazeres e não no Martim monis porque o Martim Moniz tem filas muito grandes portanto há que fazer ao contrário que é para conseguir um lugar no8 entrar nos Prazeres e eu já perdi o máximo outra vez onde é que ele tá Ah só para me corrigindo começa no Martim menis e acaba no largos Prazeres e no Martim menij os turistas estão lá todos e fazem aquelas filas M não é difícil de fixar entrar nos Prazeres é muito mais pronto ex Exatamente é po ser assim pode ser assim a decorar pode ser assim E a ideia nos Prazeres há menos pessoas portanto sempre que eu sugiro alguém andar no 28 porque porque aprendi isso é entrar a ao contrário e portanto a verdade é de facto é um acho que é um bom exemplo de como é possível Daquele mesmo Ponto de observação Ou seja é uma espécie de janela para a história não é um bocado uma janela para a história é ver é ver o que muda não na cidade e pronto e além de mais obviamente conhecer decore todo aquele trajeto como ele próprio descrevia que conhece as pedras da calçada porque vê as pessoas escorregarem todos os dias nos mesmos sítios portanto de facto é é passar no mesmo sítio e acho que isso acontece não só no 28 Mas acontece em carreiras como a da Zezinha que já faz a carreira há muito tempo e que acaba por conhecer as pessoas e tudo isto para dar esses exemplos de como hum de facto é é é uma é um ponto volto a dizer é um ponto de observação que até poderia estar a ser a informação que recolhem de certa forma poderia até estar a ser usada para outras coisas não sei se se ia falarmos sobre isso mas se calhar tem para fins de investigação de porque olhamos muito para o ponto de vista de facto dos utentes e se calhar os os motoristas acabam também por ter uma pal aliás tu falas tu dizes uns são do tempo dos mapas das bagagens no tejadilho dos picas a vender bilhetes não é quando não havia ar condicionado são coisas que nós já não já não pensamos já não nos lembramos não é Ou do peso do volante de que falava não é Maria José Zezinha sem ar condicionado enfim eh nesta tua eh também gostava que falasse da diferença que provavelmente que é com certeza muito grande entre o espaço urbano e o espaço rural não é a realidade Urbana e a realidade Rural e há uma há um dado interessante no teu livro que é eh fecharam muitas escolas as creches e houve Há ali um momento em que falas de quando que há bebés que vão sozinhos nas carreiras não é que é uma coisa que impressiona muito H gostava que falasse sobre essa realidade que nós que enfim quem vive em Lisboa quem vive nas nas cidades não conhece podes contar sim eu só dar um explico já essa parte e só dar um passo atrás no que estavas a dizer sobre a própria evolução eh das condições de trabalho dos motoristas e que acaba por ser as a evolução das condições dos dos próprios autocarros para simplificarmos e uma das histórias que eu lembro e e que está no livro é do do José Lemes que é um motorista que é motorista no Funchal e que não pode não pode vir h e que ele dizia-me para mostrar o quão diferentes são as condições de um autocarro no início dos anos 80 Nem é preciso recar muito mais mas no início dos anos 80 para os dias de hoje ele ele contava que nos anos 80 quando ele começou a a Ser um turista no fum chal ele ele dizia uma coisa engraçada que era quer dizer engraçada não tinha piada nenhuma mas o o o próprio motor do Autocarro era muito era à frente era muito perto do motorista e o calor era tanto não só provocado pelo próprio motor mas o calor dos dias era tanto que ele que conduzia na altura com eles diziam umas sapatilhas Sem Meias a determinada altura a meia da tarde um dia percebeu que a borracha dos Sapatos tinha colado aos pés e e e quem diz isso diz o frio que os outros que os motoristas não descreviam passavam no porto os motoristas mais velhos no porto descrevia o este com quem eu falei conduziam com um cobertor nas nas pernas com o frio com o frio que tinham e portanto há de facto uma evolução que nós enquanto utilizadores de Transportes Públicos também sabemos reconhecer Houve essa evolução há há ainda uma evolução em muitos outros aspectos de facto a a fazer na profissão agora Esse aspecto engraçado entre a cidade e e as aldeias por assim dizer ou um lado mais interior e e mais litoral que são as diferentes H os diferentes padrões de utilização dos transportes nestes sítios e foi muito interessante ver tanto no alentos como na na na guarda no sabogal em concreto quer dizer com as suas diferentes realidades mas todos estes estes casos e estes motoristas retratam de uma forma muito direta a evolução da população uhum eh eu lembro por exemplo o motorista o envelhecimento c o envelheci não é aqueles que vão para os centros de saúde o desaparecimento de alguns centros de saúde também não é e e eu eu lembro que o Hélder valente que eu acho que também cá está que é motorista no no alentejo em estremos ele ele descrevia a quantidade de autocarros que há uns anos eles enchiam porque havia muito mais trabalho havia fábricas havia quarteis abertos e portanto havia uma deslocação de pessoas muito maior do que há hoje em que os autocarros basicamente servem para levar algumas pessoas que não tenham carro e estamos a falar pessoas ou que não tenham carro ou como dizem ou tenh o carro na oficina ou ou ou então que não conduzam e e crianças a levar para a escola portanto a realidade era esta e no sub Gal é muito engraçada essa história também porque h a verdade a evolução é e e o que os motoristas me explicavam que foram assistindo é isto que é a determinada altura com a falta de com com a diminuição do número de alunos as escolas por exemplo as escolas secundárias passar que que se Havia três passou a haver uma e portanto os Miúdos do secundário que tinham as escolas a caminho iam ir a pé para a escola começaram a ter de apanhar o Autocarro então eles começaram a ver mais Miúdos do secundário a andar no Autocarro mas passado um tempo de facto começam a ver que tem que acabam por ter também de fechar algumas escolas primárias porque já não havia números suficientes a invés de cinco a três Então os Miúdos da escola mais pequeninos começam até dia de autocarro ao ponto de os jardins de infância e os infantários começarem a fechar também eles descreviam precisamente essa necessidade que existe de terem de levar no Autocarro crianças de 1 ano 2 anos nas cadeirinhas porque os pais não os podem levar a a à cres por algum Qualquer que seja a razão e portanto o transporte nestes sítios acaba por ser feito e tá aqui a responsável pelo da empresa da da do sabogal a viúva monteira e e que e que é mesmo isso ou seja e estes casos retratam de uma forma absolutamente direta a evolução da população nestes sítios e o que acaba por ser os difer acabam por ser os diferentes padrões de transpor excecionais Filipe houve também uma evolução com certeza nos nos clientes Não é nos utentes pode falar um bocadinho sobre isso eh eu eu o que eu di porque a sua área é questão comportamental também de quem de quem utiliza eh eu eu vou retomar aqui um ponto que a que a Raquel referiu que é esta ideia do do da perspectiva do motorista perante os utilizadores nós temos a preocupação cada vez mais de tentar perceber Quais são as necessidades dos utilizadores dos transportes coletivos e e e fazemos quer dizer o reflexo natural é fazer contagens fazer inquéritos aos utentes sempre e quando eu li o o o livro da da Raquel e lembrei-me disto quer dizer então mas e nós não não não entrevistamos os motoristas que têm um uma um manancial de informação brutal vai começar vão começar a entrevistar agora clar e precisamente surgiu esta ideia de e pá isto é uma perspectiva de investigação muito engraçada que não vi ainda fui procurar também não vi nenhum trabalho científico que tivesse esta perspectiva portanto obrigado Raquel que é aqui uma ideia boa para para olhar para uma maneira quase uma são narrativas não é são os tais retratos não é da da fundação testemunhos que podem trazer aqui uma tipificação de utentes que depois ajuda às próprios operadores a conhecer os seus clientes vamos dizer assim e as necessidades sim mas esta dimensão voltando um bocadinho atrás esta dimensão da da das realidades diferentes no território portanto interior versus grandes cidades e pegando precisamente no na capacidade que o motorista tem de dizer algo que é que é complexo quando precisamente o Hélder Valente da rodoviária do alentejo diz em em Lisboa anda 1 km com 10 passageiros aqui andamos 10 km com um só e isto do ponto do ponto de vista operacional para um gestor para um operador é um drama que é questão da densidade ao mesmo tempo que tem que garantir o acesso ao território com uma certa frequência ao mesmo tempo não tem muitos clientes há uma dimensão de serviço público e enorme fundamental O que leva também aqui a ter desafios de como é que nós encontramos uma maior racionalidade Económica em prestar estes serviços em que a lógica não é tanto regularidade em que aquilo que todos estes operadores estão a trabalhar que é a questão do transporte a pedido como é que nós substituímos frequências regulares para quando as pessoas chamam e portanto isso parece-me uma perspectiva muito muito interessante também aqui revelada pela pelo livro da da Raquel Maria José falando em testemunho como é que é o seu testemunho das alterações nestes 26 anos em Lisboa comecei como H bocado estava a dizer eu em Lisboa também embrulhava as pernas num ch tínhamos uns Buraquinhos perto dos pedais e o fre era tant tin un Buraquinhos Buraquinhos D já eram tão velhos 15 Então e o frio de inverno entrava e cheguei precisamente como outros motoristas a andar com shile a embrulhar as pernas para não ter frio pronto e hoje temos ar condicionado sofagem e ainda bem com as coisas evoluem mas eu perguntava pela cidade que vai vendo enquanto vai percorrendo o que é que foi mudando na cidade a cidade tá sempre a mudar sempre sempre em mutação qual que coisas uma das coisas que marcou Mais primeiro a carrix cidade de Lisboa está em constante mudança com a cedade mas a que me marcou mais foi precisamente com a da pandemia onde não tínhamos passageiros e eu porque é da minha maneira ser tamb qu Transportes Fantasmas não é completamente e criei laços com as pessoas as poucas pessoas que lhes era permitido sair como as pessoas do mercado do peixe e uma das senhoras que que distribuía peixe dizia-me adeus não a conheço lado nenhum n sei como é que a senhora se chamava sei que quando ela se reformou veio veio dizer-me à paragem do Autocarro que era em frente à ao mercado onde ela trabalhava veio dizer que se reformava e e que pronto aquele aquele carinho que a gente criou na pandemia porque não tínhamos passageiros então era com os senhores do lisco que se cruzavam com connosco H foi o momento da cidade de Lisboa que mais marcou mas a carr está sempre em mutação com a própria cidade tal e qual como a cidade vai mudando a Carris acompanha e nós também não é eh No princípio era muito esquisito havia pessoas os homens principalmente a gente abria a porta do Autocarro olhavam para nós Ah eu apanho o próximo eu se apanho que o traz trá é benfiquista porque é ess er preconceito ainda que as mulheres não conduzem MMO até crianças a Vi mãe é uma mulher assim a tocar na mamãe é uma mulher tanto Isto foi foi evoluindo hoje a gente não vê essa já não vemos esse espanto graças a Deus pronto pontos mais positivos na evolução de Lisboa para si e da cidade em si tá mais limpa tá mais suja muito ma estacionamento evolui ao contrário ou seja por exemplo a carreira 730 não é tão cedo o meu emprego continua por exemplo a carreira 730 para si não é necessário assim tão mal por exemplo a carreira 730 era feita com carro grande Standard e agora é feito com médium e mesmo assim às vezes não conseguimos passar é o mau estacionamento muitas vezes a carreira atrasa-se não pelo trânsito mas devido ao mau estacionamento é aí que está a falhar só a cidade de Lisboa não a Carris a Carris está Impecável perguntar-lhe agora um ponto Positivo na paisagem de Lisboa tá tá tem coisas bonitas por exemplo antigamente esp era um sítio feio de se passar agora é lindíssimo não é portanto isso isso evoluiu Ah no meu ponto de vista que ainda por cima venho de outra cidade não é quando cheguei aqui a zona alide espo eu achava aquilo uma coisa assim tão feio eh era feio mesmo e e agora é uma zona maravilhosa para para se passear Raquel começamos a conversa com como é que tu foste para esta reportagem e e e eu e o teu livro chama-se eles que nos levam até onde que isto te levou Ou seja quando terminaste Quais foram as principais conclusões que tiraste e agora quando andas num transporte público se calhar já não é da mesma maneira ou não hum sim eu eu eu acho que eh eu sempre quer dizer acho que ganhei uma sensibilidade muito maior e acho que isso faz parte em qualquer trabalho desde que acho que se que se faça pelo menos a mim acontece-me isso é a pessoa ganha uma sensibilidade maior para para o assunto em si e portanto eu acho que eh olho mais olho mais para os olho para os motoristas agora acho também tem aquela coisa que é como eu sei que autocarros é que eles conduzem de vez em quando vejo a passar Autocarro e vou ver vej Passa ao 28 vou ver se tá lá o máximo passo não sei onde vou ver portanto H há essa sensibilidade que se ganha agora o que é que acha Acho que de facto há um há é dada pouca atenção à profissão em si continua a ser e provavelmente ainda durante algumas décadas vai ser uma profissão da qual Depende o bom funcion ento dos transportes numa cidade ou fora das cidades ou em qualquer sítio ou seja ainda Depende de dos motoristas a qualidade entre outros aspectos como é óbvio mas também depende dos motoristas ou depende da profissão a qualidade dos transportes e portanto quando se fala em Na necessidade que existe em qualquer cidade de em qualquer sítio de melhorar Transportes e acho que de facto se calhar merece mais mais atenção h e depois Como dizia acho que das coisas que mais me surpreenderam e aquela que eu acabo por tirar um bocadinho mais quase como lição para mim é é esse é a forma como eh há coisas que facto nós não não às vezes não vemos ou não damos por elas mas este é aquele caso em que de facto eles estão são ótimos observadores daquilo que acontece à à nossa volta Portanto acho que essa foi assim a principal eh de certa forma surpresa que eu que eu acabei por tirar tirei do do livro h e pronto pronto e e alguns outros aspectos de de respeito que eu já tinha mas que agora conhecendo melhor a profissão acho que tenho mais de respeito pelas dificuldades que também a profissão tem porque lidar com pessoas em qualquer trabalho que seja de lidar com o público não é fácil e e vamos lá ver e e de certeza que todos terão as suas experiências de autocarro vem atrasado quer dizer a culpa tem de ser do motorista e portanto a pessoa Às vezes se calhar precisava de parar um bocadinho mais e tamb tem razão para se queixar que AOC carro bem atrasado mas se calhar Não não é descarregado exatamente naquela pessoa e portanto há algumas sensibilidades que eu acho que nos falta a todos também ganhar em relação aos aos aos Transportes e depois obviamente a dificuldade da profissão em si não é uma profissão uma profissão continua apesar das melhorias das suas condições físicas de trabalho parece-me pelos relatos todos que recolhi continua a ser uma profissão dura H é uma profissão de muitas horas deção dura fisicamente com muitas horas de condução intensa além de gerir pessoas e lidar com pessoas está sempre exposta eh e portanto não é propriamente uma profissão muito Atrativa não é E isso também eu imagino não imagino não só imagino vejo que depois as empresas também têm dificuldade em conseguir contratar em número suficiente eh os motoristas não é isso que obviamente depois traz outros desafios eh eu vou terminar com o início do livro para terem um um bocadinho do gostinho são eles que nos levam ao trabalho e de volta à casa que nos deixam numa festa e nos apanham de madrugada que nos põem à porta do supermercado do Centro de Saúde do Hospital da oficina ou da casa da avó deixam-nos na escola levam-nos à faculdade abre-nos a porta para o primeiro dia de trabalho e vão-nos buscar no último são eles que nos levam das cidades às aldeias das Aldeias às cidades e que nos mostram tantos lugares pela primeira vez todos os dias por todo o país no caos da cidade ou numa aldeia isolada em estradas da Serra ou nas ruas de um bairro mais de 12.000 motoristas de Transportes Públicos levam-nos aos nossos destinos uns acordam quando as padarias ainda têm o pão a cozer outros levantam-se quando as luzes das casas se apagam outros ainda por serem mais novos passam um dia quase todo a conduzir levam o almoço na marmita e aproveitam a pausa ao meio a meio do dia para enc a cabeça antes de outro meio dia de trabalho as famílias habituam-se à ideia de que os sábados domingos e feriados são quase sempre dias como os outros e conhecem as mazelas que o desgaste da condução deixa muitas horas de trabalho pressão e baixos salários são os principais motivos dos motoristas que pensam em abandonar a profissão tudo o resto que queiram saber sobre aqueles que nos levam histórias de motoristas trans públicos estão neste livro da Raquel alquer sobre o qual falamos neste debate e desejamos o melhor para todos os motoristas também para a evolução dos trans mores mas sobretudo para os motoristas muito obrigada a todos por terem estado connosco [Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos] obrigada h