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eu sou o hilar Correia e este é o p24 Rio Grande do Sul e ainda há quem negue as alterações climáticas a gravidade das inundações no Rio Grande do Sul no Brasil tem uma explicação óbvia as alterações climáticas amplificadas pelo padrão Elinho uma equipa de cientistas do grupo old weather attribution confirma que as emissões de gases com efeito de estufa duplicaram a idade das inundações terem ocorrido não é possível ignorá-lo o que é preciso é prevenir que fenómenos como este tenham consequências tão trágicas por exemplo algumas das soluções são melhorar a absorção de água pelos solos evitar impermeabilização excessiva do território ou travar a construção junto aos Rios mas no Rio Grande do Sul agora com o nível das águas a descer Este é o momento da limpeza da reconstrução e do início do Regresso a casa ou pelo menos ao que resta das casas e da região os problemas são vários Claro aumentaram os casos de leptospirose uma doença que é transmitida pela urina de animais infetados sobretudo redores a população atingida sofre com quadros de trauma ansiedade e depressão e num Brasil altamente estratificado a desigualdade social também se estrou nada mais é o que era nem voltará a ser só que ninguém quem sabe como será tem muitas muitas pessoas caminhando na rua com os olhos vazios André zv Soares jornalista do azul o site do público que é dedicado à crise climática ajudam-nos a perceber o antes o durante e o depois das inundações do Rio Grande do Sul bem-vindos ao p24 de 17 de junho de 2024 Andreia Soares bem-vindo a este p24 a primeira pergunta que te quero fazer é esta as cheias devastadoras do Rio Grande do Sul foram provoc pelas alterações climáticas e como é que nós podemos ter a certeza disso Olá Miler a resposta mais curta é sim mas esta é uma excelente pergunta porque as pessoas falam bom desde sempre houve enchentes no Rio Grande do Sul é uma zona muito propensa isso e as pessoas que ali moram recordam o evento trágico de maio de 1941 Maio também este mês fatídico quando o Rio Guaíba registou 4,7 6 m de elevação do nível da água e foi absolutamente terrível os comboios pararam Essa é a grande referência trágica de desastres e e as pessoas sobretudo os negacionistas climáticos dizem Então se já houve e eventos assim como é que nós podemos dizer que este é causado pelas alterações climáticas bom cientistas do imperial College London que estão reunidos no coletivo World weather attribution que é um um grupo o que tenta eh combinar dados meteorológicos com modelos climáticos e tentar eh realmente perceber se podemos dizer que um eh fenómeno natural pode ser atribuído ou não à crise climática concluíram que neste caso específico as cheias no sul do Brasil podem ser atribuídos à crise climática neste caso 6 a a 9% elas foram 6 a 99% mais intensas do que seriam se nós não nós eh enquanto sociedade não não tivéssemos emitido tantas emissões para para a atmosfera ao longo dos das últimas décadas também é verdade que essa tragédia se tornou mais intensa pelo padrão climático el ninho este ano nós nós estamos a atravessar o o El ninho a equipa de cientistas de que falavas citada no artigo do azul o site do público dedicado ao clima dizia que estas alterações eh poderão tornar as cheias do no Brasil duas vezes mais prováveis o que é que pode ser feito para minimizar de facto a repetição de novas inundações com esta escala numa região como esta do brasileira bom Milka eh basicamente é mudar a nossa relação com o território eh nós temos uma relação de dominação com o território a gente quer Eh dominar os rios nós queremos tapar os rios nós queremos tornar os espaços completamente impermeáveis eh nós enquanto sociedade quando vemos um um rio a nossa preocupação é como é que eu vou entubar como é que eu vou tornar esse solo completamente impermeável como é que eu vou tornar essa estrutura eh eh como é que eu vou domar esse espaço dominar esse espaço e e essa lógica de dominação Isso não é um problema do Rio Grande do Sul não é um problema do Brasil isso é um problema de toda a sociedade eh europeia inclusivamente e ele resulta no no problema que nós temos hoje na maior na maior parte das cidades recentemente nós tivemos aqui no porto o arquiteto que idealizou o o conceito de cidades Esponja Exatamente problematizando esse conceito aquilo eh que nós temos que tentar repensar sobretudo nas cidades como é o caso do do nas regiões como é o caso do Rio Grande do Sul que são mais propensas a esses fenômenos climáticos intensos é tentar que esses espaços sejam reconstruídos de forma a absorver eh essa eh essa essa água né portanto mais Jardins eh mais bacias de retenção não construir perto eh de de leito de cheia as as as cotas das barragens vão ter que ser mais altas eh as pontes vão ter que ser mais altas portanto todos os espaços quando eles forem reconstruídos eles vão ter que ser repensados de uma forma diferente no entanto há aqui um grande desafio para quem vai repensar essa conu instrução que é um desafio a duas velocidades A Urgência de quem vai ser reabri gado nós temos nesse momento mais de 18.000 pessoas em abrigos provisórios e você reabri gar 18.000 pessoas é Um Desafio assim terrível estamos a um ano de eleições de governo e do governo Regional sendo que o governador regional não é da mesma cor partidária do presidente isso gera uma tensão política num país que tá dividido uhum Ah então Eh voltando à ideia da da da das duas velocidades você tem essa urgência de reabri gar 18.000 pessoas mas ao mesmo tempo o desafio de Reconstruir dos do zero ou par nunca é do zero né mas o desafio de repensar uma cidade que que sequer diferente né e que não pode ser construída da mesma maneira que nesse momento já vai ter que ser mais permeável e que vai ter que ser construída diferente isso exige tempo isso exige eh ouvir as comunidades eh e e portanto e exige tempo n é então é É um enorme desafio não é fácil estamos agora na fase do Regresso a casa não é o nível das águas tem vindo a diminuir e os habitantes finalmente estão a voltar mas as condições de vida alteraram-se por completo e talvez em definitivo que consequências é que estas cheias podem ter do ponto de vista ambiental mas também do ponto de vista da saúde pública e do ponto de vista sanitário da saúde pública logo à partida nós temos já eh vários casos e inúmeros casos de leptospirose né a a leptospirose é uma doença infecciosa febril causada por uma bactéria ela é transmitida pelo contacto com a urina de animais infectados sobretudo roedores e o número de morte no momento que estamos a fazer essa gravação é de 17 e isso é muito complicado porque muitas pessoas têm sido contaminadas no momento em que elas estão regressando a casa e estão fazendo a limpeza das suas casas Elas tiveram saíram das suas casas as casas ficaram submersas as águas recuaram e elas agora querem voltar as suas casas então elas estão limpando o lodo e muitas dessas pessoas não têm a informação necessária para saber que é É tem que entrar com galochas luvas então elas entram em contato com essas com essa água contaminada Além disso Há outras há outros problemas de saúde que são menos visíveis né é a questão da Saúde Mental eh já há um estudo que mostra vários casos várias situações de saúde mental E também há um problema que que a gente só vai conseguir ver no futuro que é impacto no no nos jovens né Eh há várias crianças que deixaram de ter aula Durante algum tempo vai ter uma reposição já tá um trauma coletivo que já está identificado e sim exatamente as as crianças estão tendo reposição de aula aos sábados e casos de Burnout eh esgotamento eh trauma eh luto as pessoas perderam eh vizinhos há um conjunto de práticas sociais eh Quando voltarem às suas casas não vão ter os mesmos vizinhos eh portanto é é um sentimento de perda eh coletivo eh e vão ter que reaprender a viver de outras formas portanto é um um grande conjunto de situações que vão que que ainda tão tão para avaliar eh numa sociedade tão estratificada como a brasileira certamente que a resposta que as classes que tiveram mais Posses financeiras foi diferente das reações que as classes mais pobres H tiveram Face a esta destruição esta dicotomia faz sentido quando se fala nesta catástrofe totalmente amoca os recursos fazem toda a diferença a água quando vem ela destrói tudo e nesse nesse ponto as pessoas estão em pé de igualdade mas depois a forma como as pessoas reagem a essa tragédia eh acaba por ser diferente consoante os recursos que cada um tem se a água invade a minha casa e eu tenho o meu carro segurado se eu tenho seguro para meu carro se eu tenho os meus eletrodomésticos cobertos por um seguro se eu tenho uma rede de contactos que me permite pra casa de um amigo eh e ficar lá confortavelmente até as águas baixarem ou se eu tiver que ir para um abrigo e ficar numa situação vulnerável talvez sujeito a possíveis abusos eh sexuais ou eh sujeito a uma situação de possível ou não caridade ou seja tudo isso já condiciona a minha situação de eh estar mais ou menos confortável perante a diversidade e É nesse momento que a que estando numa situação com mais recursos ou menos recursos mostra eh claramente que eh perante uma tragédia está numa classe mais alta ou mais baixa nós não estamos no mesmo barco mesmo para terminar é possível que que o que aconteceu no Rio Grande do Sul acontece em outras regiões do Brasil é difícil responder o que os cientistas climáticos dizem é que com as atrações climáticas fenómenos extremos como chuvas fortes e intensas tornem-se mais frequentes e intensos Ah agora o que nós sabemos em relação à situação do Brasil é que o Rio Grande do Sul o Sul do Brasil é mais propenso a esse tipo de eventos e portanto é é provável que volte a acontecer no Rio Grande do Sul noutros do Brasil é difícil responder André suares Obrigado por participar neste p24 Obrigada como sugestão para hoje é um outro podcast é o podcast Azul moderado pela equipa do público que aborda as questões sobre ambiente crise climática e sustentabilidade este podcast tem regularidade quinzenal e reune histórias de este planeta do qual precisamos de cuidar para ouvir e seguir em publico.pt barp podcasts obrigado por ouvir o p24 voltamos amanhã o p24 é um podcast do público com música original de Ana Marques Maia a sonoplastia deste Episódio é de Inês Rocha