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Houve tempos em que mulher e política eram mundos totalmente separados à nascença o direito de voto não era Universal não podiam ser juízas diplomatas ou polícias as suas opiniões interessavam um pouco e velas em funções políticas era uma ilusão hoje a palavra é livre mesmo que com alguns condicionamentos porque as leis ainda não acabaram com o machismo nem com os estereótipos estar à frente continua a exigir algum estofo e muitas outras coisas que vamos descobrir hoje com a deputada el parlamentar do partido socialista Alexandra Leitão bem-vinda E obrigada por estar connosco neste primeiro episódio do nosso programa obrigada muito obrigada Catarina é uma das mulheres da política portuguesa com mais destaque em Portugal e ainda são poucas a tê-lo o PS tem 50 anos de história nestes 50 anos teve nove líderes a contar com o atual nenhuma foi mulher portanto não houve Nunca nenhum líder do partido socialista que foi mulher nem sequer nenhuma candidata à liderança e eu pergunto-lhe porquê primeiro que tudo bom novamente Bom dia Catarina obrigada pelo convite fico muito honrada eh por por por isto e dou-lhe os parabéns pelo tema acho que é preciso discutir estes estes assuntos desta desta perspectiva bom o partido socialista de facto tem mais de 50 anos de vida não teve assim tantos líderes na verdade nove líderes em 51 anos creio eu é é até alguma é bastante constante digamos assim mas de facto nenhum deles foi mulher na verdade até há um tempo atrás eh havia pouca tão poucas mulheres na vida política que era normal que não emergisse nenhuma que mulher que pudesse ser candidata à secretária Geral do partido socialista agora as coisas mudaram já agora também permitindo-me dizer muito por força das quotas e da lei da paridade que introduziu quotas na eleição para a assembleia da república e para outros eh lugares inclusive é até em sociedades comerciais etc mas na na na na na Assembleia da República isso fez toda a diferença e foi aliás também deixa-me dizer porque é justo pela mão do partido socialista não sei se vamos falar à frente é muito discutida a questão das quotas eu sou como completamente a favor da existência de quotas H para mulheres e nas nas listas de deputados e acho que isso foi ajudante porque uma coisa leva a outra às vezes primeiro começam postar as mulheres nas listas por obrigação porque os partidos têm que asor para cumprir a lei Mas depois elas vão mostrando o que vale e e a partir daí vai ser mais fácil um em breve acho que um dia vamos ter aliás recentemente a Marta temido foi a primeira mulher a ganhar umas eleições nacionais mas a solução então internamente para o PS é haver também cotas para a liderança do partido por exemplo não digo para a liderança do partido mas queria chamar a atenção que o partido que o Há já uns anos para cá que o partido socialista tem paridade eh no secretariado Nacional o governo anterior nos órgãos internos o governo anterior tinha paridade o governo do partido socialista tinha Portanto o último governo eh tinha paridade de homens e mulheres e portanto o partido socialista tem feito acho eu a sua parte agora também não vou dizer que não pode sempre fazer mais E pode o próprio partido socialista fazer mais mas não houve Líder mulheres mas também não houve candidatas as mulheres do PS não não se sentem empoderadas para se chegar à frente H agora começam se a sentir eu acho que até há um tempo atrás pouco tempo atrás não se calhar os homens emergiam naturalmente e agora acho que há um grupo razoável de mulheres que podem começar a ter essa a emergir Acho que sim não tem só tem a ver com podemos discutir acho que é bem interessante discutir Mas a vida política ou a menor atração ou a menor tem a ver com muitas coisas tão comezinhas algumas ou tão simples algumas não são comezinhas são simples como por exemplo o facto das reuniões partidárias começarem às 6 ou 7 da tarde e acabarem muitas vezes à meia-noite e as mulheres sobretudo a partir do momento em que são mães Eu acho que a maternidade já o disse noutras ocasiões acho que a maternidade é uma das questões que que explica Mita da ausência das mulheres da vida pública em geral não só política da vida pública em geral h e e portanto alguém fica em casa a tomar conta mas isso é feito as reuniões são marcadas para essa altura porque é quando dá mais jeito porque também se sabe já que H partida há uma parte das pessoas que não podem estar presentes e também se quer manter um certo Clube masculino não quero acreditar que não e acredito que não é por isso eh porque às vezes durante o dia quando se é governo está-se no governo Quando se é Assembleia há trabalhos parlamentares as pessoas que não estão nem no governo nem na assembleia e que são militantes estão a trabalhar nos seus trabalhos e portanto a atividade partidária como em geral a atividade associativa fora dos partidos políticos em qualquer Associação uma associação cultural uma Associação Desportiva um qualquer tipo de associação tendem a ser atiradas portanto estas reuniões estas atividades que não são laborais tendem a ser atiradas para tempos pós laab e os períodos pós laab são depois depois das 6 ou 7 ou 8 da tarde quando ou da noite quando as crianças voltam da escola quando é preciso que as crianças enfim eh eh jantam e tenham o seu recado etc etc ao ess condicionamento durante a sua carreira política que apesar de tudo depois conquistou várias posições de destaque sim bom eu falando muito do do fando sumariamente do meu percurso de certa forma sim porque eu acabo o curso de direito e não faço não tenho vida política ativa não é optei por empenhar-se na minha vida profissional enfim torei ETs e depois Sim eu já eu já fazia parte da JTS desde 90 até 17 ainda não já 18 já 18 é verdade e depois aderi e depois naturalmente passei para o PS uns anos mais tarde e e portanto vida e tive participação associativa durante a faculdade cheguei a ser coordenadora do núcleo do estos socialistas da Faculdade de Direito onde onde tirei o curso e portanto sim depois quando acaba o curso foco mais na vida profissional enfim essencialmente na faculdade mas não só h e e volto em 2000 e e volto quando enfim quando o partido socialista vai para o governo em novembro de 2015 como secretária de estado à altura em que as minhas filhas já tinham ainda eram crianças mas já não eram crianças pequenas não é em que elas eram pequenas no que se no retirou da vida pública ou da vida política ou que ou que perdeu oportunidades Por não estar presente eu tenho que ser justa foi muito também por causa do meu objetivo de fazer o doutoramento que era incompatível com outras coisas e portanto jun tante ter sido mãe Eh no início dos anos 2000 por duas vezes tenho duas filhas e querer fazer a doutoramento as duas coisas acabaram por naturalmente priorizar essas duas coisas e não fazer outras depois tive ocasião de voltar tive a sorte devo dizer tive essa sorte tive essa oportunidade e outras mulheres se calhar fazem este percurso e depois não têm essa oportunidade mas acha que é um em relação às reuniões por exemplo ao final do dia acha que as mulheres são as próprias que acham que aquela é a obrigação delas de ir para caso a cuidar das crianças é uma questão de Tenho de ir é uma questão de quero ir são as duas coisas eu pessoalmente falando e da da minha dizer que se houver uma solução por exemplo creches ou jardins de infância que estejam abertos até à meia-noite por exemplo Como já se tem falado ou que os pais dessas crianças fiquem eles em casa desde logo também há famílias monoparentais etc portanto isso tudo ajuda a resolver mas na verdade e eu aqui falo pela minha experiência pessoal somos nós que Queremos estar com os nossos filhos no fim do dia depois deles estarem desde as 9 da manhã na escola e às vezes coitadinhos até às 18 ou 19 na escola portanto há aqui um misto de não haver outras soluções mas Mas também da própria mãe querer ser mãee querer estar com os filhos querer querer quer vê-los crescer etc etc e portanto não resolve não se resolve tudo com soluções logísticas há mesmo uma algo que tem a ver com a própria natureza da Maternidade e da paternidade atenção eu aqui não não pronto e portanto tem a ver com o papel que a sociedade nos dá mas também tem a ver com aquilo que nós queremos ser junto dos nossos filhos e daí que a solução ideal seria outros horários que permitissem compatibilizar melhor essas duas coisas mas a questão da hora das reuniões é apen uma das questões Há outras razões uma delas também e isso já foi dito também por outras figuras políticas mulheres é que muitas vezes as decisões acontecem realmente no final do dia quando se vai a seguir jantar fora quando se vai tomar um copo portanto durante o dia discute-se mas depois efetivamente eh os lugares são distribuídos também dependendo dessa convivência que é feita no pós-laboral Isto é verdade é verdade em estudos que sobretudo feitos por exemplo no no no norte da Europa sim mas mas Eles estudaram lá ainda ap pesar de tudo é menos mal do que há nesse sentido é que há sempre aquele momento em que o costuma-se dizer até fora não só na política os grandes negócios são feitos à mesa ou ou seja há as reuniões em que se discute e depois há Aquele momento em torno em torno de um jantar ou de um ou de uma bebida eh que eh em que se resolvem às vezes os grandes assuntos e esses momentos são momentos em que as mulheres estiveram durante muito tempo mais arrad porque há um um conjunto porque no meio do assunto sério discutem outras coisas que não fazem tanto sentido na presença de uma mulher por exemplo Há muitas razões para isso e isso eu devo dizer o seguinte os partidos em geral e muito especial o meu partido o partido socialista fez um longo percurso todo ele no caminho certo já aqui disse se paridade nos órgãos internos eh eh cumprimentos escrupulosos e até para além daquilo que a lei da paridade impõe nas listas eh tudo isso o governo etc mas nós olhamos e temos uma percentagem muito pequena de mulheres presente de câmara por exemplo do PS ou do outro partido qualquer vou falar em geral e portanto e porquê Porque ainda há alguns algumas conversas alguns ambientes em que é mais difícil estar-se e estar-se estar-se eh interativamente como mulher do como homem até por aquilo o tipo de conversas o tipo de assunto é ISS tipo de conversa o tipo de assunto o horário o contexto eh as conversas Eu sinto isso até o facto eh de as mulheres quando estão na vida pública política e não só quando estão na vida pública serem muitas vezes julgadas e comentadas por coisas muito diferentes daquelas que os homens são julgados e comentados e eu dou-lhe um exemplo Claro que estamos todos acho eu a pensar nele que é por exemplo a questão de como se arranja de como se penteia de como se veste do aspecto físico hoje já se vai ouvindo também comentar tudo isto num homem já se vai ouvindo mas claramente isso faz-se muito mais relativamente às mulheres mas no seu caso por exemplo eu vi que numa entrevista no hó de comunicação social Regional perguntaram-lhe se considerava que o seu aspecto físico a prejudicava publicamente e politicamente isso foi perguntado ex examente isso foi-me perguntado eh e e e a resposta que eu dei na altura eh foram foram duas por um lado os políticos devem ser representação das devem ser ou são representação do das pessoas todas e as pessoas são todas diferentes entre si e portanto também os políticos devem ser diferentes entre si e não devem ser estandarizados todos os políticos ou políticas mulheres têm que ser isto ou aquilo ou aquilo ou aquilo não é como as como as estrelas de cinema não representam as pessoas reais mas os políticos devem representar mas mas o mais importante na resposta a essa pergunta é outra coisa é se perguntavam isso a um homem é se perguntavam a um homem se ele considerava agora também já vi pontualmente perguntado mas ao contrário euv um num blog num blog num num podcast perguntarem por exemplo ao secretário-geral do meu partido se ele ao contrário considerar Pedro Santos considerava que a sua imagem o beneficiava e e e também e e em regra às mulheres é diferente é porque nas mulheres não é só um problema de se são bonitas ou feias ou se têm o peso certo ou o cabelo certo é também como se arranjam e como se apresentam e isso é mais exigente para as mulheres Enfim sem cometerem confidência eu e a Catarina antes de começarmos aqui no no no ar discutíamos por exemplo que as mulheres quando vão à televisão antes de entrarem têm um processo de de de de arranjo seja no cabelo seja na maquiagem etc pelo qual os homens não passam aqui há pouco tempo numa há um tempo li uma entrevista da Hillary Clinton em que ela diz que fez as contas e entre em todas as campanhas em que participou fez as contas às horas a que se passou a maquilhar e a pentear que seguramente são ser usadas para outras coisas não é para estudar ou paraar para ler para se preparar examente mas sento que que a questão do aspecto físico já foi usada contra si em termos de por exemplo do comentários não é sento tenho a certeza não deix dizer o seguinte eu não me h eu não me considero particularmente maltratada eh tem que ser justa considero-me até eh bem tratada de um modo geral pela comunicação social eh pel na política não não considero-me respeitada não me estou a vitimizar de todo acho que eh tenho um tenho tido até alguma sorte ou tenho am merecido também ou a sociedade está de facto está a evoluir agora por exemplo na redes sociais claramente sim por exemplo eh vou contar aqui uma coisa quando eu tenho participações eh na no plenário normalmente agora que sou líder parlamentar sento-me na primeira fila mas nem sempre tenho participações no plenário aliás procuro não não ter assim tantas para que todos possamos falar mas quando tenho acontece com alguma frequência portanto quando tenho mais visibilidade na na na na no canal Parlamento Ou passa acontece receber no correio do cidadão que é uma coisa que as pessoas conseguem enviar através do site da Assembleia e-mails anónimos um enfim portanto que vê de um de um endereço de e-mail criado para o ef e que não vê assinados em que o teor do e-mail é todo ele sobre o meu aspecto físico por exemplo o que é que dizem por exemplo é bastante mau eu já aprendi a apagá-los sem os ler é bastante mau eh que vão do cabelo a à maquilhagem que eu normalmente não uso a não ser na televisão ao peso naturalmente é é obviamente algo que no meu caso é muito usado hh H roupa H voz esganiçada eh e e e e é bastante violento tenho que lhe dizer aquele e-mail que eu recebo com alguma frequência que eu imagino que vem de sempre dees diferentes mas há vida mesma pessoa até por causa da é bastante violento Eu sou uma mulher segura e bastante acima dessas coisas mas naturalmente é bastante violento e aposto que se eu fosse um homem até me podiam mandar hate mail mas seguramente que esse e-mail de ódio não não era sobre o meu aspecto físico ou a minha voz esganiçada era sobre o conteúdo do que eu tinha dito e ou sobre até a minha inteligência curiosamente sobre a minha inteligência eu não dizem nada o que eu registo com com agrado h e portanto sim é diferente naturar com isso mas no início de certa forma também a deixava mais triste ou mais irritada e nas redes sociais acontece nas caixas de comentário naturalmente eu naturalmente que não não não leio as caixas de comentário porque não não vale a pena vão-me vão-me mais ou menos enfim e vou me mantendo minimamente a par não aprendi mas mas deixa-me dizer-lhe o seguinte Isto é um uma conversa também muito Franca eu vivo bem com isso porque na verdade me considero uma mulher uma pessoa bastante segura e bastante bem comigo própria e como sou uma pessoa segura e que estou bem comigo própria eh isso naturalmente aborre se ninguém gosta não é tá para nascer alguém que goste mas enfim é uma coisa que me Eu leio não penso mais do que 10 segundos sobre o assunto mas nem todas somos assim e nem todos somos assim homens ou mulheres ou o que for e portanto pode haver pessoas a quem isso francamente pessoas mulheres ou homens a quem isso francamente desmotiva E afasta da vida pública e acho que isso acontecerá mais com mulheres do que com homens e sendo que essas lentes E que esse esse essa discriminação adicional faz com que as mulheres sintam um peso ainda maior para conseguir ser vistas como pessoas que se preparam que têm qualificação e competências sento que essa essa esse olhar que é muito mais pesado sobre as mulheres faz com que elas tenham que fazer um esforço adicional já em cima de tudo o resto que têm que fazer um esforço adicional ainda têm em países Como Portugal bom nem falo de outras deoutras geografias em que o papel da mulher então nem se discute portanto estamos a falar no mundo ocidental não é dentro do mundo ocidental ou noutras geografias as coisas então levar-nos a uma outra conversa não é eh o papel das mulheres na noutras noutras religiões inclusivamente mas é no mundo ocidental se nós compararmos sim acho que isso torna mais mas deixe-me perguntar-lhe agora também com o ambiente que está no Parlamento também com a presença eh do chega nomeadamente e com os comentários que têm sido feitos e já vamos também à aquele comentário eh celebre ou melhor aquela questão C célebre que fez Aguiar Branco eh a questão do aspecto físico por exemplo também é usada pelos deputados do imagino que sim eu sei que é usado porque já ouvi relativamente a a outras deputadas portanto também deve ser usada relativamente a mim relativamente é isso é mais ou menos público e sons quando a pessoa se levanta eh enfim como não é sobre mim embora eu eu teja convicta de que também deve haver sobre mim mas como eu implicava falar sobre outras pessoas não vou entrar aqui mas isso está mais do que publicitado nunca ouvi Mas acontece de certeza não tenho n Uhum em relação também às mulheres na política e nomeadamente por exemplo a ao Chega mas também a outros partidos gostava lhe fazer uma pergunta porque há sempre muitas questões sobre isto que é Portanto o Ps nunca teve nenhuma líder e mulher o PSD já teve Manuel Ferreira leit depois acabou por não ser primeira ministra o bloco de esquerda tem o cdspp já teve comum s cristas o peno tem enfim h no no caso do chega há uma deputada que é Rita Matias que em termos mediáticos é praticamente o número dois do Chega mas que se diz uma pessoa antifeminista em algumas entrevistas já disse até há direitos que os homens têm que eu não quero ter estou a citar é contra o aborto em qualquer circunstância inclusive é no caso de uma criança de 10 anos eh que seja violada também já disse isso sou pela vida e lamento que uma nova criança seja impedida de nascer enfim declarações bastante polémicas mas é uma mulher e é uma mulher jovem que tem bastante protagonismo político e público pergunto-lhe as convicções de Rita Matias no caso eh anulam o o simbolismo ser uma mulher jovem com representação pública e política ou representação de género precisão sim sim anulam eh Nós somos homens mulheres agora não binários somos o que for eh somos de várias nacionalidades somos de várias mas somos pessoas que valemos por nós próprios independentemente do grupo em que nos e colocamos eh eu acho importante que uma mulher eh tenha um cargo importante tenha levo público tenha notoriedade pública não acho despiciendo acho muito importante não acho indiferente que a cabeça de lista do meu partido a Isto ou Aquilo seja uma mulher ou seja um homem não acha indiferente que nas eleições para a assembleia da República nas nos 18 distritos H do continente enfim e o o meu secretário J seja geral Pedro Santos tenha feito paridade no mesmo número de mulheres e de homens cabeças lista acho isso tudo muito importante porque porque de facto é preciso que haja mais mulheres para que o ambiente se feminize e a partir do momento em que o ambiente se feminiza muitas das limitações que decorrem do tal ambiente masculino vão também elas amenizando mas nós valemos muito Pelas nossas ideias lá está não é pelo nosso aspecto físico é Pelas nossas ideias e se há uma mulher que tem um discurso claramente anti igualdade de género naturalmente que eu prefiro um homem que defenda a igualdade de género mil vezes eu quero aliás Há muitos portanto e eh se há uma mulher que é contra a igualdade de género que é contra os direitos sexuais e reprodutivos das mulh e se há homens muitos felizmente que são pela igualdade de género e pela defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres pois que venha ao homem que tem as ideias certas acha que no caso por exemplo Rita Matias é usado como uma bandeira para o partido dizer que até é pela igualdade de G não conheço a dinâmica interna e mas Rep muito essas ideas tal como foi dito pelo cha nomeadamente no caso em relação aos comentários sobre Os turcos tal como foi dito que o partido não pode ser racista porque tem negros na bancada também se pode dizer e por parte do partido obviamente que não são anti igualdade de gnero porque até tem uma mulher como eh eu não vou esticar esse argumento repito se não conheço a dinâmica interna do chega para mim interessam as ideias e as pessoas se uma mulher é eh eh eh contra a igualdade de género contra os direitos das mulheres contra os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres então é me indiferente se ela é mulher ou homem serei contra essa serei contra no sentido político do termo evidentemente eh eh eh contra eh não não me interessa que seja mulher até internacionalmente vemos mulheres com bastante destaque como por exemplo Marine le pen e e Meloni que são precisamente pessoas que têm posições bastante críticas ção direit mul acho eu eu não acho que uma mulher por ser mulher tem sempre razão seja em que matéria for e também sobretudo quando eh tem uma visão sobre os seus próprios direitos Ou sobre os direitos das outras mulheres eh que a meu ver que contribuem para perpetuar eh uma desigualdade aliás devo dizer eh que em toda Europa hoje o se assiste a um certo revanchismo misógino relativamente aos direitos que as mulheres adquiriram eu acho que algo não é por acaso que quando nós vemos todas as estatísticas PR pós eleitorais de como se dividiu o eleitorado feminino e masculino mais à esquerda mais à direita etc nós encontramos que é nos homens jovens que a votação em partidos que que que elegem Como e Bandeira por exemplo fim da da daquilo que eles cham ideologia de género que é uma coisa que não existe na verdade e e e aí e nesses partidos há muito maior votação masculina do que feminina e E isso não é isso é muito interessante de analisar sociologicamente porque de facto eu tenho que dizer isto h eu acho que h de certa forma os homens sobretudo os mais jovens não os da minha geração eu acho que os homens de 40 50 anos são homens que lutaram ao lado das mulheres muitos desses homens Lutaram ao lado das mulheres pelos direitos eh das mulheres eh eh e e e contribuíram muito para isso mas há outros doos homens de todas as idades mas numa certa faixa etária os números repito estão aí para se ver que eu acho que há uma certa reação relativamente a eh enfim a palavra é um bocadinho antiquada se calhar mas nunca é a uma certa emancipação feminina eu conto sempre este Episódio eh quando andei a fazer campanha eleitoral eh paraas legislativas eh eh por mais do que uma vez por muito mais do que uma vez por várias vezes eh acerque vai-me de grupos de jovens ali entre os 19 e os 30 com raparigas e rapazes e sistematicamente a a jovem A mulher eh recebia o o papel do partido socialista naturalmente e trocava umas impressões comigo ou não mas recebia e fui muito vezes recusada foi-me recusada Portanto o jovem homem não recebeu o papel do partido socialista eu estou eu não quero personalizar isto no partido socialista mas era por quem eu estava a fazer campanha e cheguei a ver Algo pior que foi Um Olhar reprovador do namorado relativamente à namorada quando a namorada aceitou o papel e o comentário do vais aceitar isso eh se calhar faria isto relativamente a qualquer partido político não sei eu só estava a fazer campanha pelo meu partido político acho um de que Ases soham aos H acha que is porás da acho que pode ajudar a explicar eu eu acho que há um fenómeno de algum de alguma retrocesso do ponto de acho que estamos a assistir a um momento de retrocesso de algum retrocesso ou de alguma tentativa de fazer retroceder um conjunto de direitos que estavam dados como adquiridos não só das mulheres mas também por exemplo das minorias eh não é por acaso que foi agora e não noutro momento que eclodiram movimentos profundamente conservadores Ultra conservadores muito antiprogressista que eu não tenho dúvidas que sempre existiram mas que decidiram aparecer agora e decidiram lançar livros e decidiram defender coisas muitíssimo bem eu vou ser Franca não são só Ultra conservadoras ou antipas são reacionárias não é por acaso não é por acaso os momentos são o que são e foi agora que surgiu acha que há um ento da esquerda das questões de direitos humanos porque enfim historicamente e também socialmente tem-se dito que a quem é de esquerda e é que acredita mais nos direitos das mulheres das pessoas LGBT das questões do racismo acho que há um aproveitamento também por parte destes partidos acho que os partidos e de esquerda e de centro esquerda colocam e priorizam essa agenda mais do que outros partidos h sabem que catapulta Certos não porque faz parte da eu acho que faz parte da sua fim da sua do seu programa das suas linhas programáticas penso que terá a ver com isso e acha que isso pode estar também a prejudicar os partidos de esquerda digo isto porque por exemplo chega neste momento em Portugal está em terceiro e lugar eh e muitas vezes é dito eh pelos pelos cha mas não só pelos partidos de direita que esses partidos é que estão preocupados com as questões reais que afetam as pessoas e que os outros partidos de esquerda nomeadamente estão preocupados com as questões das minorias oqu ismo o do sim com aquilo que afeta três ou quatro pessoas que não são problemas reais que mudem o dia a dia das pessoas acha que que prejudica todos acho que acho que claramente no mundo ocidental eh na Europa nos Estados Unidos tem eud tem Aparecido tem emergido com grande força um conjunto de ideias que eh vão nessa linha que a Catarina referiu Ou seja a ideia de que estão mais preocupados com o Imigrante do que com o Nacional estão mais preocupados com o direito LGBT do que com o trabalhador que não ganha o que tem que ganhar ao fim do dia ao fim do mês etc etc eu por mim Considero que há espaço para todas essas questões num programa eleitoral ou numa linha programática de um partido mas as bandeiras usadas muitas vezes são essas mais minorias CTO mas um partido deve eh eh atender aos direitos de todos eu preocupo-me até enquanto socialista preocupo-me muito mas mesmo muito com o facto dos salários em Portugal serem baixos e das pessoas sentirem que não são reconhecidas no seu trabalho Isso é isso é geral não é geral mas quer dizer isso está é uma uma questão transversal aliás até acho que a esquerda se preocupa mais com os direitos dos trabalhadores do que a direita portanto eh e acho que a esquerda de facto não se pode eh encapsular num discurso voltado apenas para as minorias mas mas acha que isso está AC c tambm tem que ter esse discurso não mas também tem que ter pensando na Perspectiva da pessoa que está numa aldeia no centro do país e que está a ver televisão e que vê muitas vezes o PS mas o bloco de esquerda também e outros partidos Eh que que usam essas que usam no sentido de que que enfim que lançam esses temas como temas mais primordiais lembro-me por exemplo das questões da LGBT em relação por exemplo aos jovens TRANS e outras eh acha que há uma certa não identificação e do do cidadão comum para com essas questões e que faz com que acho que é esse risco acho que é esse lição à acho que há esse risco eh e e acho que a esquerda deve esforçar-se por demonstrar que defende os direitos de todos tradicionalmente a esquerda dá mais importância à igualdade do que a direita e a igualdade é uma coisa muito Ampla que vai desde a igualdade em função da religião da classe social das condições económicas até à orientação sexual ao género etc e portanto essa preocupação com a igualdade se calhar faz com que estas questões e sejam mais emergentes à esquerda mas eu acho que a esquerda tem que se preocupar com os direitos de todos e tem que e ter um discurso e não se deve deixar e acantonar nessas temas o que não significa que eles não sejam importantes não podem é e e ser os únicos que a esquerda trata e acho que relativamente pelo menos ao partido pelo qual eu falo que é o partido socialista isso não acontece mas essa dinâmica pode explicar também o afastamento das pessoas é isso que eu queria pensar consigo Ah claro que há o contexto Internacional e nomeadamente Europeu mas mas é mas essa essa quebra pode porque porque este este rento este este enfim os partidos de direita estarem a surgir é uma coisa relativamente recente desta forma pelo menos e acho que H É multifatorial acho que esse estudo ainda não está totalmente feito muito aprofundado acho que pode ser uma das causas não é claramente a única Alexandra foi secretária de Estado da Educação entre 2015 e 2019 depois foi ministra da modernização do estádio e da administração pública nos 10 anos seguintes e depois em 2022 quando o novo governo tomou posse eh mostrou-se disponível para continuar disse que gostaria de Continuar a ser útil e que acreditava que poderia continuar a ser útil mas depois acabou por por não ser escolhida para continuar por isso pergunto-lhe quando se acredita que se fez um bom trabalho como é que se lida com o sair hh Vamos lá ver h bom vou dizer aquilo que é evidente as escolhas são do chefe de governo E é assim que tem que ser legitimidade para isso isso sabemos C e e quando o o um chefe de governo ou um qualquer chefe do que quer que for quer dizer não é só não vamos pessoalizar nem nem vamos falar em abstrato quando não somos quando não não não somos escolhidos ou não somos a primeira opção para alguma coisa que achávamos que se calhar podíamos ser nós temos duas formas de lidar com isso ou mais do que duas mas pelo menos duas uma é como que é mais típico dos homens eh não Isto é uma pequena provocaação uma brincadeira pode dizer pode dizer dizer eu também não queria já me tinha mostrado indisponível uhum muitas vezes é mentira não é mas é pronto nunca saberemos Mas acontece outra coisa é dizer bom eu tava disponível a opção foi outra vivemos todos com isso siga em frente foi a minha mas há alguma frustração porque se a pessoa se dedica isto falando enquanto ministra enquanto trabalhadora profissional se a pessoa se dedica a um lugar se houve mais se houve que fez um bom trabalho que foi o seu caso houve inclusivamente rumores pelo menos na imprensa de que seria poderia ser a próxima ministra da Justiça portanto houve havia uma uma opinião homogénea de que de facto tinha feito um bom trabalho não há como não sentir frustração a seguir e fico registei apenas na altura e continuo a registar com muita agrado o facto de a opinião pública ou publicada ter essa opinião sobre mim Eh e que naturalmente fico muito satisfeita com isso mas como é que se lida com estes altos e baixos da carreira lidando lidando e Tendo sempre uma a base de uma vida profissional de um lugar que é aquilo que é a nossa profissão e que gostamos de fazer no meu caso é ser professora da faculdade de direito e dar aulas adoro dar aulas foi logo o que eu fui fazer eh e ter essa base com a qual se de que se gosta de estar de que se gosta de fazer é eu aliás costumo dizer eu considero Sempre que estou na política já estou há algum tempo mas pronto que estou mas que aquilo que me define profissionalmente não é enquanto pessoa mas profissionalmente é ser jurista e professora de direito e isso dá-nos uma capacidade de lidar com aquilo que corre menos bem muito mais tranquilizante mas H escolhas que depois não há razões suficientes que as expliquem não tem que haver foi por isso que eu comecei por dizer que são escolhas de quem pode escolher e portanto o que é que está na origem e dos fatores de de escolha para este tipo de decisões nunca estive na posição de ter queas fazer pelo menos esse nível já fiz outras escolhas mas ten dificuldade devo lhe dizer que é um assunto sobre o qual eu tenho muita dificuldade não por causa do meu caso concreto em geral porque do que já fui eh estando próxima dos processos de decisão sobre matérias de escolha de pessoas não estou a falar de processo de decisão em matéria de definição de políticas públicas isso é outra coisa eh mas de de às vezes há muitas contingências eh muitas muitas muitas Mas algumas porque há algumas que são óbvias outras naturalmente avalia concreta das pessoas pelo menos na avaliação que é feita por quem escolhe como nós quando escolhemos também outras coisas nós nosso dia a dia e depois há outros aspectos e contingências opiniões de amigos ou de outras pessoas que sugerem proximidades aquela ideia que se teve ou aquela apreenção pública ou aquela aquelas declarações que aquela pessoa fez num certo dia e que não soaram bem há muita coisa e mas eh para si e enquanto enquanto figura política que poderá ter mais responsabilidades quais é que são os fatores que contam mais no caso for eu a decidir exatamente bom se for eu a decidir eu diria que há dois fatores que contam mais cumprindo a lei da paridade antes de mais e e há dois fatores que e e sobre isso dizer há bocado depois não completei E sobre isso dizer que em momento algum eu enquanto mulher me sinto apoucado eh pelo facto de e e eh haver 40% de mulheres porque é obrigatório haver 40% de mulheres não me sinto minimamente apocada como eu costumo dizer Enquanto houver e enquanto não houver muita mulheres incompetentes nos lugares enquanto as mulheres tiverem sempre que estar lá pela competência é porque nó estamos na plena igualdade porque há muitas mulhes hom inuit hom exatamente portanto no fundo Enfim sem nenhum desprimor Há porque há na vida não é também há mulheres incompetentes ou seja o meu ponto cont Leia das cotas é sou uma acérrima defensora porque muitas vezes até enquanto jurista ou digo o direito a lei tem que ir à frente para puxar a sociedade foi aqui o caso depois uma coisa leva a outra um dia as leis das quotas serão desnecessárias Como já são nos países nórdicos portanto parênteses para dizer que não me pouco nada com isso acho muito bem acho que devia ser abrangido se devia ser aplicada a outros órgãos constitucionais Como por exemplo o tribunal constitucional ou o conselho de estado não tenho nenhum problema nisso é a única forma de puxar a sociedade dito isto portanto além de se tivesse que decidir ter isso em conta teria naturalmente em conta duas coisas fundamentais a competência e a proximidade ideológica e programática que é fundamental quando estamos a falar de um cargo político hã se estamos a falar de um outro tipo de lugar profissional para o escritório de advogado e aí as ideias políticas são indiferentes portanto para não haver confusões se estamos a falar que era o enquadramento em que estávamos de cargos políticos naturalmente a competência e a proximidade em termos das políticas públicas que vamos desenvolver Alexandra eh é alguém que diz que gosta de fazer as coisas que gosta de facto de ver a obra feita isso aconteceu por exemplo depois de ser secretário de estado da da educação em Portugal nunca tivemos uma primeira ministra Eleita Tivemos sim Maria de L espit cilco mas foi a nomeada pelo presidente Ramalho a anos gostava de saber se gostaria de ser a primeira ah pode dizer a verdade S posso tem que dizer a verdade senão eh para lhe dizer totalmente a verdade acho que as mulheres em regra eh são mais pronto eu vou dizer enquadrar as mulheres as mulheres em regra são mais eh recatadas em afirmar essas ambições do que os homens uma das razões como uma vez alguém me disse pela qual os homens chegam mais aos sítios aos lugares aos cargos também é porque se chegam mais à frente afirmando eu quero e fazem bem e as mulheres tendem a ser mais não vamos ver logo se vê logo se V etc não sou pessoa certa Há outras pessoas vamos ver e tal H eh eu diria que gostava muito que houvesse uma primeira ministra e mulher em Portugal gostava que essa primeira ministra fosse do meu partido naturalmente porque eu quero que meu partido Verne e e acho que sou uma falando-lhe concretamente e acho que sou uma das algumas dentro do partido que tem essas condições sim e essa conclusão Chegou há pouco tempo ou é algo que sempre esteve no seu Horizonte não como é que eu i dizer isto não não não não não não este sempre no meu horizonte é fácil responder a isso porque eu sempre disse uma coisa há coisas que nós queremos fazer e queremos ser e plane a nossa vida e programamos a nossa vida para aser vou lhe dar um exemplo eu sempre eu desde muito cedo no curso de direito programei Queria queria me doutorar em direito e dar aulas na faculdade de direito is É uma carreira é uma coisa que se programa que se quer que se luta por isso depende só de si praticamente nãoé pronto era aí que eu ia chegar os cargos na política eu não os Vejo assim eu não os consigo ver os cargos como algo que a gente programa que vai ser porque não dependem só de nós porque dependem de tantas contingências porque dependem do do do do do dos dos contexto e portanto se me perguntam se me perguntam já planeou não nunca ainda hoje não planeio isso muito bem enquanto Líder parlamentar já está a ter algumas experiências do combate político mais aceso digamos assim a última mais recente foi em maio e quando na altura para quem eh enfim não se lembra do contexto na discussão sobre o novo Aeroporto o chega questionou os 10 anos previstos para a construção ironizou dizendo que o aeroporto de estambul foi construído em 5 anos e Os turcos não são propriamente conhecidos por ser o povo mais trabalhador do mundo esta foi a frase usada automaticamente surgiu um burburinho na Assembleia por parte de alguns deputados e deputadas e depois Alexandra Leitão questionou eh Aguiar Branco eh se um deputado disser que uma determinada raça ou eten mais burra ou preguiçosa também pode Aguiar Branco disse que sim e depois a partir daí enfim é o que já sabemos dos dias dos dias seguintes eh na altura percebeu-se também pelo pelos seus lábios que reagiu dizendo aqui estamos aqui Chegamos aqui estamos no sentido de pronto o que eu gostava de perguntar eh enfim isto foi um episódio muito marcante na altura e depois eh enfim surgiram vários debates em relação a isto mas gostava de lhe perguntar qual é que é o a fronteira entre aquele que é o jogo político e a performance política na qual o chega aposta bastante eh e aquilo que não se pode dizer porque eh não podemos esquecer que estavam câmaras de televisão presentes que sabe–se que depois aquele momento vai ser partilhado exaustivamente nas redes sociais Mas também se sabe que há uma parte que não é bem a crença do partido é mais para alimentar esse tal jogo mediático certo Ora bem é caso dizer assim ainda bem que me pergunta sobre isso porque eu acho que a questão ficou muito envasada muito rapidamente como tendem a a a a ficar às vezes eh as questões mais complexas quando eu quando esse evento a surgir quando eu faço a pergunta pode ou não pode tem sido entendido que eu queria ou entendia ou achava que o senhor presidente da Assembleia da República deveria cortar a palavra ao chega e eu admito até que o pode ou não pode pode pode levar essa não foi isso que eu quis dizer tanto assim que depois perdeu-se na espuma naturalmente a minha segunda intervenção no fim em que eu digo exatamente o que penso sobre o assunto e que e que me Vou permitir aqui repetir não se trata de tirar a palavra não se trata de cortar ou coartar a liberdade de expressão trata-se do senhor presidente da Assembleia da República entender que deve ou não ele entender que deve ou não utilizar um mecanismo que o regimento da Assembleia da República lhe dá que é o de advertir um deputado que exceda e aquilo que é considerado Urbano que aquilo que é considerado ofensa que aquilo que é considerado Insulto e aquilo que eu achava E continuo a achar que o senhor presidente sem da República devia ter feito era fazer essa advertência não era tirar a palavra era fazer essa advertência E isso não é tirar e e portanto o plano não é o da liberdade de expressão salvo melhor opinião como depois foi colocado o plano é o da urbanidade e da forma como devem decorrer os trabalhos parlamentares E aí há um artigo salver 89 do Regimento que diz que o Presidente da República Dev deve sublinho deve advertir quando há palavras insultuosas ofensivas etc e podendo até tirar a palavra Eu não defendi o tirar a palavra o próprio Augusto Santos Silva que é dado como exemplo de demasiado interventivo ele não tirava a palavra ele advertia e portanto se me pergunta quando há um uma uma um um um afirmações de culpa coletiva de um povo ou de de qualificação coletiva de um povo ou de uma etnia ou de uma religião se deve ou não haver uma advertência a minha opinião enquanto cidadã enquanto Deputado e enquanto jurista é que deve mas respeito como aliás depois expliquei a posição do senhor presidente da Assembleia da República que também enquanto jurista e enquanto cidadão e enquanto Deputado entende que não deve fazê-lo a meu ver faz mal mas ele é que é presidente da Assembleia da República ele é que li dará com o seu entendimento agora depois o que surgiu na na sociedade digamos sobre coartar a liberdade de expressão que me levou inclusivamente a ouvir o líder parlamentar do partido chega dizer que a liberdade que Abril nos deu a liberdade que Abril nos deu eh lhe permitia dizer isto leva-me a uma outra consideração que já não tem a ver com esse ou é explotada por esse episódio na Assembleia mas que coloque no outro plano e isto é importante dizer que é até onde é que a liberdade de expressão eh deve ser intocada não deve ter limites sendo que o próprio ordenamento jurídico consagra uma um crime licitamente ao ódio e portanto tem que haver alguns limites e com isto toda a gente veio dizer que eu estava a defender que havia limites à liberdade de expressão há limite a todos os direitos se de repente por isso é que eu perguntei então is se aqui alguém vier generalizar que não não merece uma ADV uma coisa é eu não defendo que na Assembleia Deva ser retirada a palavra defendo sim é ação que eu faço do Regimento que deve haver uma advertência o senhor presidente da assem da República entende de forma diferente ele é o superior intérprete do Regimento nessa matéria mas acredita que com essa carta verde que possa haver mais comentários daquele género feitos por alguns momentos vamos ver como evoluem as coisas eh também foi já agora dizer também foi muito invocado o a imunidade parlamentar que muito bem os deputados têem e muito bem que é para poderem falar livremente mas a imunidade parlamentar é para que os tribunais não entr venham porque exatamente se entende que o poder político deve ter essa liberdade não é para que a própria autof funcionamento e regulação do funcionamento da Assembleia não possa intervir Mas isso é sobre o que aconteceu na Assembleia este assunto ISO foi apenas uma questão a meu ver até mal colocada e de uma coisa mais Ampla que é termos hoje em todo o mundo ocidental pessoas partidos forças associações que usam a liberdade que a democracia lhes dá para impor eh um discurso que a praso se vingar acaba com a liberdade que eles gozam está em toda a história do Século XX e até antes que sistematicamente ou que muitas vezes os maiores ditadores as as situações eh mais graves do ponto de vista de limitação de direitos e de liberdades surgem de no âmbito da chegam ao poder democratica usando as armas e as ferramentas e os direitos e os valores da Democracia portanto os antid Democratas e eu não estou a chamar a nenhum partido isto estou a falar em em abstrato muitas vezes utilizam os valores as liberdades os direitos que a democracia lhes dá para acabarem qu isso pode ser controlado de alguma forma ou pode ser gerido de alguma forma eu acho eu ontem tive ocasião de dizer num num evento público da juventudo socialista é uma coisa que vou aqui a repetir acho que há alguns Democratas profundamente Democratas e que que que comungam dos mesmos valores que eu que NS casos por ingenuidade nos outros casos por um pouco de cinismo acabam por eh eh H permitir ou abrir a porta a que de facto essas ideias cresçam Ou seja a democracia pela sua sopri medade ética dando liberdade a todos acaba por criar em si a possibilidade de se pôr em causa e isso isso nós assistimos já assistimos nos anos 30 na Europa Mas isso é uma consideração só ou é um meio para se conseguir chegar a uma solução essa a minha questão porque que estou a dizer porque sim porque democ per is eu volto a dizer eu enquanto jurista a constituição e a Lei dá-nos as linhas todas de que precisamos a constituição proíbe a discriminação em função de uma série de coisas a discriminação não é só por factos e atos também é por palavras o código penal prevê o crime de incitamento ao ódio e à violência tá lá eu acho que o ordenamento jurídico e acho que o legislador constituinte e ordinário portanto jador da legislação eh dos decret leis e leis nos deu esses mecanismos acho que quem não os quer utilizar que repito por ingenuidade ou cinismo não está a contribuir Alexandra Leitão tem a fama de ser dura estou a citar Mas também de ser uma pessoa Negociadora eh esta dureza acho que foi que ficou muito exposta na altura em que foi secretária de Estado da Educação eh e na questão dos contratos de associação aos quais pôs fim na altura originou imensas manifestações de professores um pouco por todo o país Isto foi em 2016 já foi há algum tempo recebeu imensos insultos foram-lhe feitas esperas foi foi também alvo de algum tipo de ameaças por exemplo ah houve ameaças orais verbais em umas reuniões e chegui a receber uma carta em casa coisa que aliás fez com que o corpo de segurança eh pessoal da PSP durante um tempo andasse comigo mas eu nunca valorizei muito isso deixa-me dizer sobre sobre o h eh eu eu H Às vezes tenho um bocado de pena não escondo de ter uma imagem tão tão dura H Quem me conhece pessoalmente e não precisa de sequer seja muito próxima Mas quem me conhece pessoalmente eh acho que sabe que não sou essa pessoa tão dura no trato diário sou até não sou lamechas mas sou até panto acho que sou francamente acho que sou Gosto de tocar nas pessoas gosto de abraçar as pessoas gosto por isso gostou tanto a covid eh gosto de falar com as pessoas h e e e portanto aliás havia aqui uma pequena Inconfidência havia uma dirigente que trabalhou comigo na na educação eh que dizia eh tem que vir comigo às escolas e eu ia muito porque depois quando a conhecem pessoalmente começam a dizer outras coisas sobre si então é uma capa que é colocada não é bem eu eu eu eu eh não é bem uma uma capa eu de facto quando tenho uma grande convicção sobre um assunto e tinha e tenho sobre esse dos contratos da associação h eu h não deixo eh eh de afirmar E aí sim custa custar até para mim mas é pris mas é mais uma questão de convicções do que acho Eu de dureza mas também sei mas pronto é a imagem que ten acho já não vou conseguir combater mas também sei que essa dureza muitas vezes era associada a uma imagem de de pessoa zangada e que as suas assessoras chegaram a aconselhá-la a É verdade verdade passia sempre zangada porque falava com muita assertividade eu uma vez disse mais do que uma vez disse uma coisa que se calhar Pode parecer vitimização mas se é é uma vitimização Não minha mas eu acho que há lá está começamos esta conversa sobre a questão da imagem da mulher na vida pública é muito mais comum que se confunda dureza que se confunda com dureza e com h [Música] a assertividade nas mulheres do que nos homens uma mulher assertiva é dura é meia masculina ou é meia zangada enfim eventualmente até estérica porque es gança como a tal tal correio que me mandam de vez em quando talão diz que me esgano tenho uma voz acho que não tenho particularmente aguda mas Admito que enfim sou mulher não tenho vergonha da minha voz num homem a assertividade é sempre uma qualidade sempre uma qualidade e nunca é confundida com e zangue ou com dureza pelo contrário um homem que seja menos assertivo ou que tem outra até logo Ah é um banana e tal não é portanto aquilo que se valoriza num homem desvaloriza-se muitas vezes numa mulher e é é como se costumo a dizer não é no por exemplo uma mulher com poder agora menos já isso já mudou mas o poder numa mulher é até criar até assim alguma eh ah enfim e e no homem é uma cois coisa que que os torna mais e mais enfim que se gosta que se gosta de ver Portanto acho que isso tem um bocado a ver com isso agora eu tenho alguma pena porque quem me conhece pessoalmente sabe que de facto eu sou muito assertiva Sou bastante determinada eh não reajo mal Isso isso admito reajo mal h h como é que eu i dizer falta-me Uma palavra reajo mal a a a eu acho que reajo bem à confrontação gosto de uma boa discussão gosto de um bom debate por exemplo e não fico nada aborrecida quando são duros para mim no debate nada nada e gosto de um bom debate eu reajo mal é à aquela linha de chantagem do ou fazes Isto ou vai acontecer isto ou não fazes isto isso sim reage um bocadinho mal tenho sempre aquela tendência de me atirar para a frente Ah é Então vamos a isso ah mas tenho pena não me considero uma pessoa nem dura nem zangada já começou a sua ação política pública aliás eh na faculdade eh quando se insurgiu eh como líder eh aliás como se insurgiu contra as provas orais de um professor eh que se considerava que era tortura pedagógica isto ainda na faculdade de direito exatamente quantos essa essa história foi no seu quinto ano direito certo no meu quinto ano direito portanto eu fiz o quto ano direito no ano letivo 94 95 isto terá acontecido por volta de fevereiro de 95 portanto no fim do primeiro semestre tinha a ver com uma disciplina e com um determinado professor que eu consider Ava que lá está era discriminatório e e injusto a fazer as orais e não fui só eu houve um conjunto grande de de colegas meus de vários que nos juntamos a exigir justiça e dignidade na forma de fazer aquelas orais e a prazo a faculdade deu-nos razão porque de facto as orais foram repetidas por outro professor agora nessa menina mulher que estudava direito e depois para onde estamos hoje se realmente decidir que quer liderar o partido e chegar a primeira-ministra acha que vai ter o apoio do PS não isso isso sim é o que eu não vou conseguir responder já lhe já disse H pouco que eu acho que essas coisas não se planeiam propriamente vão nos surgindo eh em função de vários momentos eh até também da nossa vida pessoal não só dos contextos que nos vão surgindo mas até dos momentos da nossa vida pessoal e portanto não isso sim não vou não vou conseguir responder não eh esse esse momento que referiu da faculdade de direito e outros na faculdade direito eu fui costumo sempre dizer eu fui muito feliz durante o curso de Direito fiz muita coisa além do curso e também o curso do qual gostei muito h e Na altura foi uma coisa que que que me que apareci que mas depois tambm duas páginas Prism com alguma cobertura mediática no caso das de ser presidente da república também nunca houve nenhuma mulher mas já houve mulheres candidatas votou em alguma delas Ah sim e e acha que não foi não foram eleitas nenhuma delas porque o país não estava preparado ainda para eleger uma mulher não creio que no caso tivesse a ver com isso porque acha que os partidos não fizeram força suficiente no caso acho nos casos que me estou a lembrar acho que acho não tenho a certeza diria que não teve a ver com isso se olharmos eh teve a ver com contextos muito especiais em que H eh em que não foi por isso que Aqua Ou aquelas mulheres não ganharam teve a ver com quem as apoiava com com com o ponto de partida de onde partiam acho eu ponto de partida o que que se quer dizer partida de quem as apoiava e portanto as percentagens ou seja mesmo os apoios públicos que tinham não é quer dizer nunca houve uma mulher candidata por exemplo que fosse candidata pelo maior partido e ou ou por um dos grandes partidos E aí é que nós íamos ver Ana Gomes por exemplo não foi não foi não teve o apoio aberto do partido socialista claramente não é partido socialista aliás Nessa altura não apoiou ninguém dividiu-se entre não apoiou ninguém o que eu quero dizer é isto para nós termos a certeza que o que afasta é a o género afasta à votação e para presidência da república é o género tínhamos que ter um dia um momento em que uma mulher fosse apoiada por um dos grandes partidos PS ou PSD em princípio e depois aí íamos porque aí parte de uma base de apoio uma mulher uma mulher ou um homem que seja apoiado pela presidência da república pelo PS ou PSD tem sempre imensas chances de ganhar não é logo à partida é quando eu falo em base de apoio é isto quer dizer E aí sim é que nós íamos perceber se o género Ia contar ou não até agora acho que não foi tanto isso agora uma coisa que quero dizer claramente se há cargo onde a imagem é de um homem já um pouco entrado na idade é aquela presidentes da república são homens eh de meia idade para cima já mais próximos até de uma terçar idade Essa é a imagem do presidente da república em Portugal porque sempre foi assim não é porque sempre foi foi assim e vamos ver se mudará num outro momento em que se saia dessa imagem que tem que ser um homem com peso etc também é verdade que até agora e o o os presidentes sempre foram pessoas que tiveram um peso muito especial na história de Portugal geral ramales o Mário Soares o o Jorge Sampaio e que é um ciclo não é porque se as mulheres não começam não chegam nunca ganham essa grávidas não é nunca vão chegar essa grávidas mas eu acho que isso agora perdeu-se um pouco não por causa do atual Presidente mas porque esses homens da história também já foram não é e vão passando mas sim acho que é um cargo para o qual as pessoas ainda imaginam um homem já com alguma idade as mulheres são diferentes a fazer política muitas vezes esse argumento até é usado para incluir mais mulheres no sentido de mas olhe é um que eu não subscrevo por aí além não estou convencida que sejam muito diferentes a fazer política Há Mulheres que defendem os direitos humanos outras não há mulheres feministas e mulheres que não são feministas Há Mulheres Def aos direitos das mulheres e outras não isto só falar de causas mesmo narrativas às mulheres e em geral na nas políticas públicas há mulheres para tudo hoje aliás temos a mandar na Europa mulheres que até estão ou a mandar ou a ter posições importantes na Europa como a Meloni na Itália ou agora Alpen que não manda mas que teve que com as quais eu não me revejo minimamente por isso há pouco eu lhe dizia que não não não me revejo mais em alguém por ser mulher se tiver nos antípodas das minhas ideias políticas é evidente muito obrigada Alexandra Leitão por esta conv OB Foi mesmo um gosto obrigada