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a canção que te faz sonhar tem tanto para contar pois o caminho a seguir é a missão de incluir nós vamos desvendar melodi Olá este é o desvendar melodias o podcast rfm onde falamos sobre música e inclusão das pessoas e surdas eu sou a Mar Vitorino e já estou aqui para ter uma conversa que de certeza não vais querer perder mas antes deixa-me lembrar-te que podes ouvir o nosso Podcast nas plataformas de podcasts e em www. rfm.pt é lá que tens também uma versão para que as pessoas surdas também possam acompanhar agora vamos ao nosso convidado de hoje ele começou a tocar e a cantar em casa depois decidiu fazer covers para o YouTube e mais tarde decidiu aventurar-se nos concursos talentos e como tantos outros primeiro ouviu alguns nãos E por incrível que pareça quando ouviu o primeiro Sim foi ele que disse que não dizia que não era o momento e se calhar não era certamente entretanto quando voltou da Erasmos decidiu candidatar-se aos Ídolos e sagrou-se vencedor se calhar era mesmo aí o momento desde aí e nunca mais parou tem uma carreira cheia de sucessos e hoje está aqui para conversar um bocadinho connosco Olá Diogo pizarra Olá Marta Bom dia Bom dia Bela introdução fogo obrigada obrigada por teres vind nada obrigado eu pelo convite tu venceste os Ídolos em 2012 exato mas tiveste algum tempo depois sem ouvirmos falar de ti mas esse tempo foi um tempo cheio de trabalho para que a agora também Tenhas a carreira que tens para quem não imagina eh ou não tem noção do que é preciso o que é de que é que foram feitos estes anos olha estes três anos foram de de procura de busca acima tudo foi de de tentativa e erro na altura h não havia muito este prémio ou acho que foi pelo menos o primeiro prémio de um programa de talentos em que havia um contrato discográfico e e e um contrato mesmo de longo prazo ou seja não era só um single era mesmo de pelo menos de quatro discos por isso foi assim uma uma busca de tentar com o pé direito de começarmos com o pé direito porque nunca tinha havido um Vencedor com este tipo de de de começo não é já com contrato e com com o carro e com um curso de de de música e de canto em Londres por isso foi H foi quase como não tentar fazer porcaria depois de tudo aquilo tinha ganho eh foi tentar não estragar e por isso esses 3 anos foi à procura de produtores à procura de de alguém que pudesse acrescentar algo à algo à minha música que já estava a a ser feito e estava a compor e estava a tentar fazê-la eh sozinho mas não havia hh um vislumbre do que é que poderia ser a Indústria Musical O que é que as pessoas o que é que as pessoas queriam ouvir qual era o estilo que me poderia assentar melhor por isso foi assim uma uma procura de produtores que no início não correu tão bem eh um dos produtores eh deixou de responder outro só queria fazer músicas já conhecidas e Versões de músicas antigas outro não queria arriscar porque eu era um um cantor novo e tinha vindo num concurso de talentos então era melhor não não pegar em mim porque não sabia se ia correr bem ou seja foram TRS anos também de de alguns nãos de de muitas pessoas de do meio da música hh que eu não esqueço até hoje e depois de repente apareceu um rapaz que se chama Fred que pegou na minha nas minhas canções e e finalmente viram a luz do dia e parecia simples ou seja para ele as canções estavam lá era só preciso dar-lhes a roupagem certa alguma vez pensaste em desistir no meio de todas essas dificuldades desistir não mas Comecei a perder um pouco a esperança sabes foi Eu sempre tive esse receio de ser mais um ser mais um vencedor que não ia conseguir fazer nada ser mais um concorrente de concursos de talentos que ia ficar pelo caminho e no início acreditava Ok vai ser diferente comecei já com com ou seja com com um prémio recheado que podia já ser algo diferenciador não é ter um um contrato ter o carro ter um um um um curso de de música em Londres mas depois ao longo do tempo as coisas não estavam a acontecer e então pensei pronto fui mais um ou seja não não fui exceção fui sempre fui a regra entretanto percebeste que Não foste mais um O que é que achas que te fez singrar de forma diferente dos outros olha Boa pergunta nunca percebi ainda ainda hoje estou a tentar perceber porque eu acho que ainda hoje estou a tentar né nada Acabou ou seja já passaram mais de 10 anos mas todos os dias acordo a tentar fazer a próxima música fazer o próximo single o próximo disco O que é que me diferenciou o que é que fiz diferente se calhar não fiz muita coisa diferente H compus as minhas próprias canções talvez tenha sido isso mas alguns compõem mas nem todos o fazem e por isso isso já pode ser um um elemento que me que me dá vantagem né eu compor as minhas próprias músicas eu produzir as minhas próprias músicas por isso isso já é muito bom já é já é um bom já dá alguns pontos de Avanço No entanto as músicas podiam não ser do agrado das pessoas que me ouviam ou das pessoas que me seguiam Hum sei lá acho que tive as pessoas certas à minha volta isso também é é muito importante não só da da parte Editora mas o produtor as pessoas que estavam no estúdio também com o produtor acho que isso também é muito importante e rodarmos das pessoas certas não só aquelas que dão palmadinhas nas costas Mas aquelas que dizem as coisas que nós não queremos ouvir e por isso acho que isso é muito importante ter as pessoas certas para para fazermos As colhas certas H E acima de tudo eh tentar ser um bocadinho autodidata que sempre fui e não foi exceção nesta nesta fase tão difícil decidiste deixar o teu antigo emprego quando deste o teu primeiro concerto no sudoeste mas acredito que não tenha sido naquele dia que tu Tenhas tomado essa decisão como é que foi o processo de decidir Ok se calhar agora já está no momento e já posso arriscar 100% na música foi foi perceber que a música tava a tomar um rumo que era o que eu queria eh tinha estava a ficar com uma agenda cheia com alguns concertos as músicas também eh os singles que eu tinha lançado na altura era o tu e eu verdadeiro breve músicas que eram que faziam parte do álbum espelho também já estavam nos ouvidos das pessoas e na boca das pessoas pessoas já cantavam comigo ou seja sentia que já não era um artista de covers e de versões já tinha os meus originais e que tinha de focar nisso tinha de investir nisso e e já nem estava a dar nem para um lado ou seja estava cansado demais para trabalhar num parttime e cansado demais para trabalhar no concerto e para ir para para espetáculos ao vivo então tive de escolher tive tive de fazer uma escolha e a escolha era óbvia tinha de investir na na carreira musical e no dia do Sudoeste eh no dia não na na altura em que eu fui a informar a minha chefe que tinha um concerto no sudoeste e e e esse ato é que é que me pareceu ridículo não é Ou seja quando uma pessoa está prestes a tocar no sudoeste ou num festival assim internacional hã É porque já está bem na vida musicalmente exato eu ainda não estava e Só o facto de ter feito isso foi tipo e pá acho que está ridículo já não devia estar a fazer isto a pedir à minha chefe para ir ao Sudoeste Então a partir desse momento é que eu comecei a pensar em em sair e em pedir à minha chefe e ela Claro que foi super rápido não foi ou seja foi Pacífico não não não deu ent traves porque percebeu ela própria via que estava ali o Diogo pissarra à frente e que estava a tocar na rádio de vez em quando ouvíamos a rádio e as minhas próprias músicas lá no escritório e por isso acho que todas as pessoas perceberam que eu já estava ali só a fazer tempo porque tinha mesmo de aproveitar a onda ou apanhar aquela aquela carroagem e já que estamos na rádio lembras-te da primeira vez que ouviste a tua música na rádio lembro-me lembro lembro muito bem estava a caminho do da Vodafone e não não é uma rádio do Grupo Renascença infelizmente e claro que depois de Começou a tocar muitas vezes mas também tocaram tocam e tocaram mas a primeira vez foi foi na noutra rádio e lembro que estava a caminho da da Vodafone e ainda fiquei lembro de ter estacionado ainda fiquei parado para ouvir o resto da música Porque era a minha primeira vez e é difícil descrever porque estou a ouvir a minha música com um som diferente Ou seja com todo o processamento que vocês fazem Não é com a conversão na rádio e com a introdução com o locutor faz e com a com a a despedida também ou seja viver aquilo foi foi especial nãoé Foi emocionante e lembro de ter chorado a antes de entrar porque tava a olhar para o edifício da Vodafone e ouvir a minha música e prestes a entrar na porta com o meu com o meu ou seja com a minha a minha aquela aquele identificador não é estava presto a entrar e e e a pôr tudo a preparar-me tudo para entrar na no ício da vó da Fone e ainda ouvir o resto da da tu e eu e Foi emocionante né Foi emocionante e ao mesmo tempo foi foi assim uma lufada ou seja foi um alívio porque depois daqueles TR anos eh não vi a luz há algum tempo e estudarem Londres como é que foi essa oportunidade olha em Londres foi uma experiência muito boa porque eu ia só ia só estudar canto e de repente tinha tanto tempo livre que percebi ou seja eh ten a minha semana toda livre só tinha canto ou seja o curso que que que me proporcionaram era de voz por causa do do programa do Ídolos não é e saem de lá cantores supostamente por isso o curso seria só de canto Mas depois eu só tinha uma ou duas aulas de de de voz ou ou viradas mais para a voz e então eu pedi à escola por favor preencham uma agenda que cursos é que vocês têm e deram-me cursos de produção de de piano de couro de teoria musical e de repente tinha de segunda a sexta a aulas todos os dias a toda a hora tinha inclusive também a chave do estúdio lá de de Londres eles confiavam em mim então perceberam que eu queria mesmo aprender e queria ir lá à noite e gravar coisas e até mesmo conteúdos para o YouTube e para o Facebook Ou seja já na altura já pensava nisso e então eu eu sempre que acabavam as aulas eu ia para para o estúdio abri a porta e e a tentar aprender a mexer na mesa de mistura e e abrir o programa gravar e e regravar e pôr os micros de outra noutra posição na bateria e na voz e tentar ver qual seria o som ou seja já na altura eu tinha essa pesquisa como ou essa sei lá essa perspectiva de produtor e que não não imaginaria que vinha não é que vinha aí essa essa veia de produtor e foi foi isto né foi uma uma uma aprendizagem foi uma procura foi também uma uma busca de de sons e de e também de E claro também de teoria musical aprendi muito a Piano escalas ou seja não não tocava piano até lá até ir para Londres e de repente saí de lá com nível um ou nível dois de piano e por isso foi muito bom tentei eh esforçar-me ao máximo e e conseguindo um diploma no final melhor aluno desse ano ótimo boa né fogo Boa Muito boa nunca tinha estudado música e de repente pela primeira vez estava a estudar e música né já tinha tirado o meu curso na universidade mas não tinha nada a ver com música Não fui para música com medo a música Sempre foi ali o meu meio um hobby e um plano b então escolhi sempre um curso nada nada a ver com música e pela primeira vez estava a estudar e estava mesmo feliz fogo a aprender realmente coisas que eu adorava e ainda hoje não é procuro saber seja no YouTube seja em cursos online coisas sobre música Este podcast tem também uma componente para falarmos sobre inclusão das pessoas com deficiência e surdas como é que tu nos teus concertos aplicas as questões da inclusão Olha eu teria de voltar atrás porque antes disto tudo quando eu estava a terar um curso de H línguas e comunicação e e um mestrado em ciências da linguagem eu de repente tive um tive assim uma uma curiosidade enorme de aprender ou pelo menos ter umas bases de de língua gestual portuguesa uhum uma forma mais didática Na altura foi numa numa numa tentativa de perceber como seria a a sintaxe sabes ou a Organização das frases e e de das pessoas que que falam ou das pessoas que utilizam a linguagem gestual e de repente tornou-se apaixonei-me nãoé apaixonei-me pela pelas pessoas em si pela pela Língua Portuguesa pela língua gestual Portuguesa e e sinto que infelizmente não não investi muito porque de repente começaram começou o Ídolos e e deixei o o curso de de de língua gestual portuguesa eh mas lembro-me de H um uns tempos depois de encontrar as pessoas com quem eu tinha feito o curso de língua Gal portuguesa estarem no concerto de chamá-las para cá das baias para poderem estar perto das colunas e para tocar nas colunas porque sinto que eh esse tipo de pessoas eh não ouvem ou não sentem o concerto da mesma forma e precisam de de vibração precisam de ter algo mais que nós ouvintes não damos valor não é a vibração não não não não temos noção de como é que será sentir um concerto H através da vibração atração mas as pessoas hã não não ouvintes sentem e conseguem perceber notas conseguem perceber quando é que a música Tá Mais mexida quando é que não está mais mexida quando é que é uma balada quando é que uma pessoa tá só a falar e de repente com este curso com as pessoas que eu conheci e apercebi-me diso tudo não é coisas simples H às vezes só no concerto um gesto e de de levantar a mão e abanar como se fosse Palmas é coisas simples que podem estar pessoas não ouvintes no no no espetáculo e percebem que de facto estamos a falar e estamos a a a a dirigir-nos a elas às vezes só falar com a boca mais aberta muitas pessoas conseguem ler os lábios porque de facto tiveram de se habituar a um mundo em que não é ensinada a língua gestual portuguesa aos ouvintes e que de facto Devíamos ter muitas bases nas escolas e não temos e que é é lindíssimo perceber é lindíssimo saber e dá muito jeito porque de repente podemos ser todos eh eh podemos todos falar de língua portuguesa uns com outros com com sons mas infelizmente a educação Ou pelo menos na nas escolas não não se pensa nisso e eu fica aqui um apelo não é para pelo menos umas bases tal como eu tive nas escolas termos essas bases de de línguas estal portuguesa porque é a nossa língua a mesma e o que é que te fez ir aprender foi mera curiosidade ou tiveste algum contacto que te despertou para isso Não não nunca tive nenhum contacto Foi mesmo uma curiosidade acho que foi a mesma curiosidade que eu tive para para a música ou seja os meus 16 anos de repente tive ali um bichinho apetece-me aprender guitarra ou bateria apetece-me qualquer coisa e na altura quando eu estava a estudar ciências da linguagem estava a tirar o meu mestrado também tive esse esse sentimento de preciso de mais preciso de algo mais isto não pode ser só isto e de repente pesquisei e e vi em Far que na altura vivia em Faro um grupo e que que dava aulas de de língua estual portuguesa e e se calhar era do que aprendia mais rápido porque adorava adorava tudo o que envolvia não é seja pela base que que a língua gestual tem pela as origens de alguns gestos e de algumas palavras como por exemplo os dias da semana eh que são mais dirigidos ou na altura Eh pensa-se que que eram na altura como na primeira escola que havia para a língua gestal portuguesa hh os dias da semana começaram a ser o o ou eram baseados no prato da do almoço dessa escola então a segunda-feira eu não quero estar em Erro era a carne então segunda-feira diz-se carne ou é inspirado na carne na terça-feira o gesto era inspirado no no dia do peixe né da na cantina e etc etc na quarta-feira era massa eh e por isso era super interessante e era era quase como uau não pode ser existe isto tudo e nós não sabemos não é sim eu estou a aprender agora e estou super Surpreendida Mas eu não quero estar em erro porque já não me lembro bem eh dos gestos que que haviam Uhum mas eram inspirados na enta da da escola na altura de certa forma acho que isso também é uma mensagem porque achamos que é tão complicado adaptar às vezes certas coisas e as pessoas que estavam nessa escola pensaram Olha porque não pegar numa coisa tão natural como a imenta e fazer isto Claro não é é é incrível como de pequenas coisas se podem fazer coisas sotaques também sotaques entre aspas ou seja Ah que fixe há gestos que são eh tipo de Lisboa H gestos são típicos do Algarve H gestos são típicos do do norte ou seja existem sotaques nos gestos e depois isto T torna ainda a a língua portuguesa a língua gestual portuguesa mais rica e que não é igual à língua e gestual espanhola nem à inglesa nem à Americana ou seja não não basta aprender só esses gestos e já sabemos falar com toda a gente ou ou com qualquer não é pessoa do outro lado do mundo Ou seja já é difícil H aqui não é aprender com stack Algar viw os gestos algarvios depois de repente teria de aprender se calhar um um um gestos mais padrão eh mais de de Lisboa mas depois na tua carreira enquanto músico tu sentiste que por causa dessa aprendizagem que tiveste isso te despertou mais para tornares os teus concertos acessíveis ou não é assim eu ainda infelizmente hh não sinto que não tenho um público Ou pelo menos a maior parte do público a sinto que não não tá presente um público surdo infelizmente e sinto que H na maior parte dos concertos ou de produções em Portugal ou no mundo inteiro h não não estão preparados para isso se já não estão preparados para cadeiras de rodas uhum eh que já é um já é uma um entrave e e e sinto muito isso ainda no último concerto queria queria ter E foi em Leiria queria saber onde é que estavam as pessoas de cadeira de rodas e de repente soube que estavam H muito lá atrás atrás da zona de da de onde está o meu técnico de som né da zona da Regi e felizmente ou Infelizmente eu só conhecia uma da das pessoas que lá estava que já que tinha cadeira de rodas e e consegui falar com ela e consegui pula em cima pô-la em cima em cima do palco eh infelizmente não tinha contacto com as outras pessoas que estavam lá na por trás da Regi mas isto era só um exemplo de como as coisas não tão Preparadas para todos nós ou seja os recintos e as infraestruturas Eh Ou seja as pessoas que têm algum tipo de deficiência eh são sempre jogadas lá para trás ou seja é sempre a solução seja para qualquer tipo de de de de de deficiência e isso na altura chateou um pouco e eu insisti para para para a rapariga não fica por favor vem ver o concerto do palco e ela queixava-se não a gente vai lá para trás eh porque dá dá muito trabalho ir para cima do palco ou seja até para ir para cima do palco já estava difícil porque era um Palco muito alto não havia uma rampa adaptada eh havia uma rampa muito íngreme que era só estava só preparada para e carregar o material né coisas muito pesadas sim eh mas uma cadeira de rodas não estava e de repente eu tava fogo temos fazer isto chamei chamamos 10 pessoas 15 pessoas o que fosse preciso para eh colocar a rapariga lá em cima do palco para lhe poder dar uma uma oportunidade de ver bem o concerto ver bem de perto o concerto ela PME por favor não me chames ao palco Eu não eu prometo não te chamo ao palco não vou fazer disto um chamariz não é preciso e ela não queria ter esse momento de atenção aou de fama e só foi ver o concerto tal como uma uma pessoa eh que está ali à frente a vê ex e e isto era só para dar um exemplo nãoé e para pessoas que são surdas Eh Ou seja é É ou ou cegas né também eu sinto que não estamos preparados se já no dia a dia já não já não temos esse tipo de de preparação seja com lancis seja com escadas seja com rampas elevadores seja com assistência H audiovisual eh muito menos num concerto que só tá pensado para massas e e a minoria fica sempre lá para trás e o que é que achas que poderia ser feito acima de tudo é ter sempre uma área preparada sempre uma área preparada lá à frente para pessoas com com qualquer tipo de deficiência uma área H com alguma com alguma distância para também não estar perto do do PA e que acontece muito isso pessoas com deficiência ficam sempre ali na zona do fosso que é talvez a pior zona para se estar onde os subs que é uma zona onde a frequência baixa é é muito forte e a vibração é muito forte e e é por isso que existe essa distância entre o palco e o e a primeira Baia não é as primeiras baias é para não haver pessoas e e de repente estão lá as pessoas com cadeira de rodas a sofrer e com qualquer tipo de vibração super forte e com essa frequência super baixa que que provoca enjos provoca H também quebras tensão por isso é é preparar não custa nada é preparar uma zona e primeiro está Essa zona de de deficiência com com com fácil acesso Hum já sei também e tenho que dar aqui também uma um um especial agradecimento sobre que o Fernando Daniel eh eu não quero estar aem erro não sei se ele fez há pouco tempo num concerto Eh Ou era uma espécie de de colete Fez sim fez não fez por isso hav esse tipo exatamente fez esse tipo fazer esse tipo de coletes ou ter esse tipo de coletes sempre pronto em qualquer sala de espetáculos Eh caso apareça alguma pessoa eh surda acho que tá mais direcionada a pessoas eh surdas e cegas não é eh ou mais surdas cegas não mais surdas é mais surdas por isso é ter sempre esse tipo de de equipamentos já existe outro tipo de coisas eh por acaso já existe algumas cadeiras de rodas que são mais leves tal como existe no aeroporto mas não custa nada investir e se já existe investimentos noutro tipo de coisas por isso não não custa nada e se H ver outro tipo de de aparelhos que possam ajudar ou possam auxiliar uma pessoa com alguma deficiência a desfrutar de um espetáculo eu acho que vamos ter ainda mais público a com con deficiência Porque neste momento tal como eu como como começamos na como eu comecei a resposta sinto que não há esse tipo de público com deficiência porque eu acho que sentem que e vão ao espetáculo e não têm H as condições necessárias para desfrutar por isso é que se calhar não vão ou a maior parte não vai sentes que isso não é feito ainda de uma forma natural e ainda não é senso comum Porque as pessoas não têm vontade de o fazer ou porque há ignorância e quando eu digo ignorância não é no sentido pejorativo é de das pessoas não não saberem há desconhecimento é é um é um é mais mais a ignorância não é é mais de desconhecimento eh de não saberem que existe este tipo de coletes H mas depois por um lado e este tipo de de gestos colocar as pessoas lá mais para trás pessoas que tão a um a um nível eh mais baixo não é porque estão sentadas numa cadeira de rodas normalmente já não vão ver bem ou seja tentar à frente ou seja para mim isto já não é ignorância isto para mim já é um bocadinho e falta de vontade por isso é uma mistura dos dois H mas por um lado eu percebo que se queira mostrar e nas filmagens fica sempre bonito uma massa um público uma plateia de pé mais cheia ali à frente do que um um um conjunto de de cadeirinha de rodas à frente e só depois é que começa o público por isso é é uma questão de Hábito é habituarmos as pessoas com cara de roda com deficiência ficam ali mais à frente é uma distância saudável do palco e depois sim a plateia de pé a plateia que que consegue movimentar-se que consegue andar de um lado para o outro por isso acho que é uma questão de Hábito é só habituarmos todos e esta nova realidade que não é uma nova realidade e mas que na música aqui na indústria e na no espetáculo ao vivo deveria ser uma uma normalidade eu arrisco-me a dizer também não só a ver esses lugares específicos Ou seja a ver para as pessoas que se sintam mais confortáveis para isso mas haver também a possibilidade do recinto estar preparado Claro para que e as pessoas com deficiência possam estar a viver o concerto junto dos seus amigos e junto das pessoas que lhes são queridas e não tenham que estar a pensar que aliá não sei quantas escadas que me vão impedir de descer ou que não vou ter acesso ao colete ou afins o que eu reparo também é isso Marta é em continuação do que tu estás a dizer é quase como uma e eu sinto sempre isso e recebo mensagens de de algumas pessoas quando há assim concertos em salas específicas as pessoas com com com deficiência enviou-me sempre mensagem que perguntou-me sempre Ó Diogo os bilhetes aqui de pessoas quando deficiência diz a visibilidade reduzida e e é sempre isso que acontece né o os os lugares com visibilidade reduzida ficam sempre para pessoas com cadeira de rodas ou com alguma deficiência e isso já não tá correto né se tem visibilidade reduzida Então não é para ninguém não é não deveria ser para ninguém e envia-me sempre mensagem para perguntar se não há forma de não há forma e eu muitas das vezes não consigo fazer nada e das poucas coisas que eu consigo fazer é olha Eh neste concerto consigo levar-te ficas ali ao lado H ali no palco não é de lado e Consegues pelo menos ver-me ver o público sentir o concerto e até especial né estás ali Comigo Estás ali a a sentir o concerto numa outra forma h e e e ou seja não não há uma não deveria haver assim esta divisão como tu estavas a dizer né as pessoas querem estar a desfrutar o concerto também eh com familiares com com amigos e há sempre esta divisão as pessoas plateia de pé f F ali tudo bem e as pessoas contte cência é visibilidade reduzida ou lá atrás da Régia Tens alguma história assim que te tenha marcado de alguma forma Sem dúvida fogo é uma que me acompanha ao longo dos anos foi foi mais ou menos no início né do do da carreira ou dos concertos H nunca tinha estado H em contacto com uma pessoa invisual e e depois de um concerto lembro ter visto na fila já vinha uma uma miúda com o pai e Estava sempre com a mada né ou com o pai e percebi logo que que era em visual e precisava de ajuda não é para acompanhar e de repente ela chegou à vez dela de vir ao pé de mim e a primeira coisa logo não é agarrar-se à minha mão e de repente começa a pôr a minha a mão dela na minha cara e a ver os meus traços né a ver o meu nariz a ver a testa a ver o a boca e de repente ela sai-se com Ei és tão bonito Diogo e fogo esquece caiu tudo exato sim a naturalidade não é com que saiu sim para ela foi natural ela tava a ver-me não é ex é isso é a mesma naturalidade com que se calhar o outra fã na fila de autógrafos que não tem nenhuma deficiência visual olha para ti e diz é tão lindo Diogo e já nem acontece isso Às vezes as pessoas chegam ao autógrafo e olham para mim ai que roupa é essa é tipo e é muito mal também F Imagina ficar à espera na me fila de autógrafo para criticar exato isso acontece algumas vezes né as pessoas estão ali horas e horas à espera depois chegam a pé de mim não sei se é dos nervos mas a primeira coisa que tens a dizer é Olha esses sapatos que é esses sapatos Diogo esse cabelo hoje e essa roupa e estás cansado Olha lá essa cara cansada e eu então mas estou aqui por ti há 3 horas de pé exato estou cansado tu também TS com essa cara desenterrada sem ofensa não é pois e depois temos estes exemplos né de de alguém que chega a pé de mim toca-me na cara e e diz que eu sou bonito e fico fouo h não sei o que dizer eu acho eu lembro ter ter ficado emocionado e não queria chorar não é para para não dar parte fraca para poder ser natural seja Alguém estava a ver-me mas foi forte eh e eu lembro ter olhado para o pai e o pai também estava bastante emocionado n com aquele momento mas já sei seja agora já é mais natural né encontrar alguém em visual no no na depois do concerto ou antes do concerto ou e a primeira coisa que eu sinto que tenho de fazer é aproximar e e quase como marcar a minha presença do tipo Estou aqui Estou aqui tá aqui a minha mão ou seja e não larga a mão da pessoa porque acho que é a forma que que essa pessoa tem de me ver não é fica fica ali a tocar na mão dela se ela quiser pode tocar na minha cara no meu ombro pode sentir Ou seja pode ver-me com as mãos e de outra forma não não Ou seja teria a minha voz não é poderia ouvir-me poderia cheirar mas acho que as mãos para alguém que não vê são os olhos sim de certa forma pode-se dizer uh acho que há há todo um conjunto que que complementa de dos Sentidos mas mas eu percebo o que é que queres dizer e e de certa forma faz faz sentido Para o Futuro o que é que tu achas que poderia ainda tornar os teus concertos mais inclusivos sem dúvida que h eu tenho de pensar e tenho de tenho mesmo de começar também a investir nesse tipo de coletes eh tal como falamos ainda há pouco que ainda só são pensados quando quando é concertos em em salas ou uma produção assim especial ou diferente como o lançamento de um disco ou ou Celebrar algum alguma coisa na carreira mas com fazer com que esses esse tipo de coisas Esses aparelhos fizessem parte mesmo de todos os concertos ou de toda a tê por isso eu tenho mesmo de de investir nisso já que mais ninguém o faz não é teri teri de ter sempre eu esses coletes Ou andar com esses coletes hum pensar sempre também numa zona hh de de acessível e e e para para as pessoas com deficiência e cadeira de rodas e que já já já vem vai já vem sido e pensada e e cada vez mais falada H ali logo ali ao pé do palco na nas baias hh mas depois é isso sabes há bocado esqueci-me de dizer-te eh já aconteceu ter ter pessoas de cadeira de rodas mesmo na fila da frente mas para mim isso não é seguro sabes porque eu gosto sempre que haja um momento em que as pessoas saltam ou que as pessoas se abracem E então já tive hã lembro-me de de um concerto ou dois de est uma pessoa de ca cadeira de rodas eu tive pedir para para a pessoa para tirarem a pessoa para vir para a frente da baia para fazer esse momento em que as pessoas saltam e para as pessoas ficam todas malucas só para essa pessoa não se alejar e depois voltar a colocá-la lá hum ou seja esse tipo de de coisas também tem de ser pensada né Se for um concerto em que eu tenha um momento com mais pirotecnia ou as pessoas saltem todas as pessoas abraçam-se todas ter pensar também nas pessoas que estão lá à frente e possam estar de cadeira de rodas por isso é é pensar neste tipo de coisas sempre não é eh não apenas só numa numa produção ou ou numa sala específica sim mas acho também essa questão de das pessoas se magoarem e afins acho que tem também um bocadinho a ver com a predisposição da pessoa seja há pessoas e aqui fala um bocadinho da da questão das pessoas invisuais por exemplo há pessoas que preferem ficar na zona reservada e que têm medo porque são muitas Multidões é muita sensação à volta perfeitamente compreensível acho que não compreender isto seria estranho Claro mas também há pessoas que gostam de estar no meio da confusão e sentir aquela vibração e as pessoas assaltarem à volta delas também é parte porque imagina que enquanto estás a fazer essa questão de pedir às pessoas para saltarem e para se abraçarem todas estás a fazer por exemplo um um elemento visual no palco eu posso não ver essa questão visual no palco s e se calhar estou a sentir e daquilo que eu me vou lembrar não é daquilo que estava a acontecer no palco era daquilo que estava a acontecer à minha volta então acho que era interessante também proporcionar aqui um bocadinho aquilo que eu estava a dizer há bocado que é conseguir acredito que seja difícil mas conseguir proporcionar aqui um bocadinho os dois mundos que é a possibilidade de ex se tu não te sentes tão confortável eh no meio da multidão perfeitamente legítima Então vamos te permitir ver o concerto aí uh mas sentes confortável ali no meio da multidão Então bora lá porque tu vais ver aí claro eu próprio não gosto de estar na multidão também não é eu sou para já sou baixinho já já por si só já não vejo muito bem num num concerto e depois também não gosto da confusão Gosto de estar numa bancada por isso eh qualquer pessoa tem de escolher tem de ter essa possibilidade de escolher exato É que às vezes o que eu sinto e que já vieram eu nunca passei por essa situação mas já me vieram contar que existem sítios onde não lhes deram oportunidade de escolha vai para ali né exato É vai para ali mas também até que ponto Isto é correto não é tu pagas o teu bilhete para ir assistir a um concerto o mesmo preço examente ou Então se calhar Ok o bilhete da da mobilidade condicionada é mais barato mas é visualização reduzida visão reduzida então possas no fundo é mais barato mas também não estás a usufruir da mesma forma sen não acaba por também não ser justo ou seja tentar aqui equilibrar o o melhor dos dois dos dois mundos Claro ter essas opções né tal como pessoas que não têm limitações o têm podem olhar não é para para o tipo de bilhetes que existe Olha este concerto quero ver lá em baixo este concerto quero ver nesta zona de golden Circle uma pessoa com limitações deveria ter essa opção claro isso é é algo importante de dizer e de de anar também Marta em que é que tu achas que a música poderia ter um papel olha se fazes-me lembrar H algo que não existe muito não é H cantores com limitações ou com alguma deficiência h não verdade não vejo e nem sei se existe né e não sei se as as próprias pessoas hum pelo menos com sucesso né Queria falar um cantor com qualquer tipo de limitações com sucesso e claro que o bot Shelly é sempre o o melhor exemplo Steve Wonder também o Steve Wonder mas sinto que já são de Outra Geração não é já nem são da geração dos meus pais já são da da Outra Geração e por isso não há muitos exemplos da nossa geração esse sangue novo que se fala e fica aqui também Isto é é uma pergunta que eu deixo no ar não é será por falta de recursos será por medo Será que se retraem as pessoas será porque realmente se fizerem não vão ser ouvidas ou vai haver uma espécie de preconceito não sei é curioso é é curioso pensarmos que supostamente Nessa altura nessa geração em do do Belly do stev Wonder a sociedade era muito mais conservadora e ainda era mais ou Ray Charles né falando ainda mais atrás ex sim e a sociedade é muito mais conservadora Os Cegos Nessa altura e estamos a falar em cegos masum pode ser qualquer outra deficiência as deficiências eram vistas de uma forma Ainda mais limitativa por é que nessa altura eles conseguiram singrar E hoje é excelentes músicos exato para terminar eu gostava de te perguntar para ti o que é incluir incluir é normalizar acho que já já falamos muitas vezes nesta palavra e é é falar abertamente sobre as coisas é é incluir as pessoas também H normalmente e com a normalidade Por isso acho que não tem de a ver preconceito nem nem desdém acho que essa também é uma palavra que que deve ser também e falada que que há muito desdém e neste tipo de de conversas ou neste tipo de inclusão Por isso acho que as pessoas são capazes e e são todas elas ótimas profissionais tal como eu estar aqui frente a frente contigo e estarmos a ter uma entrevista todos somos eh iguais eh no que fazemos só alguns com algumas limitações mas acho que somos todos H capazes e e por isso acho que acho que esta este tipo de de conversa e este tipo de entrevista é muito importante e eu tenho que te agradecer pelo convite OB h e espero que que que tenhas muito sucesso e que por um lado Agradeço também porque deste-me mais luzes e e também hh deste-me também uma urgência de eu pensar hh mais no meu concerto e no meu espetáculo e na minha produção e e e e sem dúvida hã com com rapidez porque eh tem de ser pensado sempre para ontem eh as pessoas querem sentir querem aproveitar e querem desfrutar do concerto e não é só num concerto especial de carreira é em todos e por isso fizeste-me também pensar e quando chegar a casa vou ter já de fazer muitos telefonemas e tentar perceber onde é que se arranjam os aparelhos e os os coletes a organizar as baias e organizar tudo para que as pessoas possam desfrutar por isso também tem que te agradecer por isso Marta fico muito feliz o objetivo deste podcast é também falar sobre a inclusão desta forma descontraída porque também há as pessoas S descontração boa também as pessoas sentem-se muito retraídas às vezes seja porque com medo de magoar seja porque não sabem e acham que vão ser julgadas nós aqui eu gosto que este podcast seja um espaço livre para falar sobre isto de uma forma mais do que usar termos falar de uma forma descontraída sobre um assunto que deve ser falado que é preciso ser falado mas que também não deve ser uma uma obrigação devemos caminhar aí está para a normalização e por isso agradeço muito por também estares aqui hoje por seres mais um artista a a colaborar porque no fundo a arte é uma coisa tão bonita e por isso a arte deve ser para todos e deve chegar a todos para a semana há mais conto contigo e desvendar dias