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[Música] [Aplausos] sejam bem-vindos O Viajante desta semana vive na Ilha do pico nos Açores e é da Ilha Açoriana que tem partido para descobrir o mundo já realizou várias viagens grandes de vários meses Ásia foi até Timor por terra e mar vagou pela América do Sul por África em diversos momentos José Costa bem-vindo às conversas do fim do mundo Olá boa tarde muito obrigado ora é essa ó José a tua paixão pelas viagens começou Na Amazónia porquê e como bem basicamente na Nessa altura na altura que eu andava a estudar surgiu a oportunidade de de fazer o meu estágio de final de curso Na Amazónia para alguém que estudava Engenharia Florestal isso era era o sonho e eu embarquei nesse sonho isso basicamente mudou o resto do meu percurso de vida penso eu acho que teve muito a ver com as pessoas que conheci lá eh principalmente o coordenador do projeto que estava lá na Na Amazónia e que e prontos que que mexeu muito com a minha forma de ver o mundo e e e e a partir daí as coisas precipitaram-se e acabou por por por ser um objetivo de vida e constante eh o o mundo o mundo o mundo de repente encolheu foi isso encolheu ou aumentou se calhar Eu é que o via pequeno e passei a vê-lo grande não sei ok mas mas que pessoa era essa e o que é que ela te despertava não basicamente ele eh ele tinha feito um programa de voluntariado o Marcelo Marcelo Marcelo FR de cer era de origem alemã mas é brasileiro eh eu penso que nem ele sabe da influência que teve em mim mas mas prontos ele falava muito da África de um programa de voluntariado que tinha feito no g e as conversas no final do dia não havia muita coisa para fazer tomava o chimarrão em frente a casa e falava da África Ok e aquilo mexeu imenso comigo e a prioridade quando regressei da Amazónia foi obviamente foi conhecer a África Claro muito bem já vamos ter a oportunidade de falar de África deixa-me só falar aqui deste teu período amazónico digamos assim quanto tempo estiveste Na Amazónia se meses seis meses sim sim sim sim e lá mesmo metido no meio da floresta exatamente aquilo era uma aquilo era uma uma zona no no no estáo do Amapá no nor a Norte do Rio Amazonas eh Em que em que estavam a fazer uma exploração de Manganés e eu basicamente o estágio consistia em em Criar e modelos de recuperação da das áreas degradadas ou seja era criar um coberto vegetal naquelas naquelas áreas ok O que os mineiros estragavam tu tavas recuperar a isso eh eu tentava claro que acompanhado pela empresa a própria legislação brasileira obrigava a que eles fizessem a recuperação daquelas áreas e eu estava integrado numa equipe técnica que que tinha que tinha essa obrigação de de de de recuperar aquelas áreas de Ok já agora é possível recuperar ou não ah totalmente Não não é impossível a recuperação é feita pela natureza curiosamente uma história muito rápida é que eh havia um aeroporto naquela naquela cidadezinha pequena lá Perdida no Meio do do no interior do Estado mapá e Houve um acidente no primeiro voo que houve para aquela para aquela para aquele aeroporto entretanto abandonaram o aeroporto um aeroporto muito pequeno em terra batida e quando eu estive lá eu Visitei o local e já não se percebia que tinha tido ali um aeroporto e tinha sido Poucos Anos Antes ou seja a própria natureza se encarrega de recuperar se o estrago não for grande quando estamos a falar de áreas muito grandes a recuperação é muito mais complexa pois Hum quando dizes estive seis meses Na Amazónia é numa aldeia ou numa vila eles chamam é curioso que a terminologia os brasileiros chamam cidade a coisas que nós aqui chamamos aldeias Ou seja a relação sem nomes eles não a aldeia para eles é de índios não existe Aldeia mesmo vila É muito raro utilizarem essa essa terminologia por isso eles chamavam cidade a uma coisa que eu aqui em Portugal chamaria Aldeia Ok portanto não estavas metido lá no meio da selva da floresta com índios nada disso era uma cidade pequena que Basic ente foi construída do zero para alojar a mão deobra que trabalhava na mina muito bem mina de manganês não é exatamente Serra do Navio Serra do Navio que engraçado conseguiste perceber porque é que tinha este nome exat e não acho que era o formato uma pequena Ilha que se formava no rio no rio amapari que que passava naquela região muito giro olha e então e depois como é que começaste a viajar e por onde pois e depois depois depois da Amazónia Claro da Amazónia já por si só é uma viagem não é sim mas a a prioridade era a África e foi a África Fi que eu fui parar Ok eh eu quando regressei a Portugal prontos comecei a tentar procurar alternativas de sei lá inspirado um pouco por por por esse por esse meu colega que estava lá Na Amazónia ele tinha feito voluntariado em África e eu propus-me a ir como voluntário para a África também enviei algumas candidaturas para programas de voluntariado e acabei por ser chamado pela umg português a oicos uhum eh que na altura me me me propôs ir para Angola eh Angola na altura estava em guerra civil Ok portanto estamos a falar do início dos anos 90 é não não finais dos anos 90 eu tive eu tive lá em 98 eu tive em 98 na em Angola esve um ano esve um ano como voluntário fazer trabalho voluntário e depois fui mais 6is meses já integrado num num projeto e já com salário mas curiosamente esses se meses foram mais complicados porque Entretanto a situação Militar degradou se e e e é difícil era muito complicado estar num ambiente em que eu já próprio não conseguia chegar aos viveiros florestais onde onde trabalhava onde passava onde era o onde estava o principal trabalho que eu tinha lá e e e assim começou a ser mais complicado e mais cansativo o trabalho e acabei por por regressar a Portugal Ok já tiveste a oportunidade de regressar a Angola curiosamente e vi Angola há poucos mos atrás ah bo e num numa viagem que Fiz recentemente em África e e que eu pensei que era muito complicado entrar em Angola porque era exigido uma uma quantidade de documentação brutal entretanto agora nesta viagem conhecemos um casal espanhol que estava no Botswana E que nos disse que que não era necessário visto que era muito fácil entrar em Angola e claro quando quando tive esta informação passou a ser uma prioridade chegar a Angola só estive no de Angola uhum não fui ao norte porque eu na altura tive em malen na altura que estive a fazer esse programa de voluntariado mas e mas vou regressar a Angola ainda este ano acho eu pelo menos estou com esse objetivo na cabeça Ah porquê Porque te não porque é é é muito importante para mim voltar à aquele lugar onde pronto que que que me marcou imenso malan é uma cidade principalmente o que tem à volta da cidade é um são lugares fantásticos e Angola tem um potencial incrível em em termos em termos turísticos no entanto as pessoas associam muito ainda à guerra civil e e têm medo de ir a angola no entanto Angola é Fabuloso e as pessoas são fantásticas F conta-me tudo sobre Angola José Costa vamos lá agora esta esta ida a Angola e há poucos meses foi no contexto de uma viagem que tu realizaste de vários meses por África foi exatamente ou seja o intuito nós saímos de Maputo com o intuito de chegar ao norte de Moçambique de carro porque tinha queríamos levaram um carro de Maputo para para onça eh quando dizes nós tu eu e um colega meu que que neste momento M mora em em Maputo e e o objetivo era levar esse carro para o projeto que está decorrendo Norte de de Moçambique eh no entanto A ideia era demorar umas três semanas de Demoramos praticamente 3 meses porque porque porque é muito complicado viajar em África com com com tempo regulado e S fost onde Fazendo o qu ou seja nós basicamente Saímos de Maputo fomos para o botsuana visitamos pronos no botsuana em termos de vida animal é do melhor que se possa imaginar é um país relativamente mais caro do que os países vizinhos mas mas é um país Fantástico em termos de de vida animal vimos de tudo que se possa imaginar eh em termos de de animais de grande porte eh do botsuana fomos para a suana fomos para a n Nívia uhum e n Nívia foi na altura então que conhecemos esse casal de espanhóis que estava a fazer uma viagem também por África e que nos falou de Angola e nós obviamente decidimos ir para Angola tivemos no sul de Angola fomos para quando C bango que é algo assim remoto do mais que se possa imaginar E depois fomos para para a Zâmbia e fomos para o e depois então entramos sim em Moçambique na onça e passados TR meses uau depois de dar umas voltas grandes e e ter algumas peripécias pelo caminho partilha conta lá essas peripécias não e o o uma viagem em África é difícil planear como eu estava a dizer e e pronto as estradas são péssimas uma pessoa nunca sabe o tempo que vai demorar e tive inclusive Fomos assaltados na na níbia foi como falta de falta de cuidado ou seja nós basicamente viajamos com uma das portas que não fechava obviamente não dá fazíamos sempre que parávamos o carro dávamos a indicação fazíamos de conta que fechá vamos as duas portas mas uma delas nunca funcionou eh e esse dia alguém descobriu e basicamente roubaram poucas coisas do carro também não tinha muita coisa para roubar mas era o er raros os documentos era o era o trinco que não funcionava ou era a porta que já estava toda desenganada da viagem não a por a porta simplesmente não fechava e já não já saiu de uma não fechar e tentamos resolver a situação e e não conseguimos resolvê-la E então vamos embora vai com a porta aberta e e foi assim que fizemos a viagem mas na n Nívia alguém descobriu esse segredo e e prontos Roubaram noos os documentos que foi o mais o mais assustador ficar sem documentos da viatura ficar sem sem sem Ou seja é difícil circular já com com documentos porque sempre nas fronteiras é muito FR nós nem conversa foi sem porta e sem documentos foi não basicamente dissemos Vamos à polícia não Vamos à polícia tínhamos tomar ali uma decisão do que é que íamos fazer a seguir aquilo foi de madrugada nós estávamos num bar e quando chegamos ao carro sentimos que pronto que o carro tinha sido assaltado H fomos para casa pensar refletir no que é que Devíamos fazer sim e no dia de manhã não sei porquê ocorreu-me e porque é que não vamos ao local onde nos assaltaram tentar perceber se algum os documentos não interessam a ninguém eles eventualmente Vão deitar aquilo para o chão Ok corremos tudo não encontramos os documentos mas fomos ao bar onde tínhamos estado Ok sorte das sortes os nossos documentos estavam lá alguém os tinha entregue à Dona do bar Ah pesou a consciência alguém foi não é que é que o meu colega dizia que at até para ser até para ser para ser para ser assaltante e há que ter nível realmente estes assaltantes tinham nível e e e e e agradecemos agradecemos essa essa esse nível que eles tiveram foi foi fantástic senão ia ser complicado pois imagino não é ou ou ou seguiam sem documentos ou então não não não era muito complicado não passaríamos na próxima Fronteira ia ser muito complicado Foi mesmo uma sorte teríamos de para a embaixada Não sei não sei não não pensamos muito porque a situação se resolveu mas mas basicamente ficamos ficamos preocupados aquela noite aquela noite não dormimos os Viajantes são sempre bafejados pela sorte olha José nessa viagem por África essa viagem de 3 meses por África Qual foi o sítio mais Espetacular que viste é difícil sempre escolher um lugar agora há lugares que nos marcam e eu eu eu eu a passar a fronteira para Angola não pelo lcar lugar em cimas que estávamos a ver porque entramos não sei porqu mas temos sempre esta esta T entraste por onde em Angola Nós entramos pela Fronteira Sul de Angola mas não entramos pela Fronteira principal que seria a a fronteira de Santa Clara que é a fronteira óbvia de entrada em Angola Nós entramos pela plantea mais complicada que nos disseram que não passávamos e que ia ser complicado pois foi essa que escolhemos porque exatamente era mais complicada e e e ao cruzarmos a fronteira eh realmente senti uma sensação que é indescritível quem viaja e quem tem quem tem muita ligação a algum país é que consegue perceber isto que mas emocionei-me por por estar a chegar a regressar a Angola a e talvez tenha sido um dos momentos altos em termos de lugar em termos de de espaço de de de local que que impressiona Talvez o o o a costa do Nan aquela Costa que que são são Dunas imensas exatamente Costa dos esqueletos é mais eles chamam mais Costa dosos à parte à parte da nania ou seja um pouquinho mais a sul e mas essa zona é uma zona que só se pode só se pode circular na maré baixa e tem de se ter muito cuidado tem de se ir com guia porque há muitos que ficam lá com o carro e mas é um local que impressiona pela sua beleza é é é é fantástico e depois claro a nania em termos de paisagem é qualquer coisa de extraordinário é é fabuloso é uma pessoa para a cada momento para para contemplar pura e simplesmente contemplar porque realmente e é um país super seguro que é contemplar o quê contemplar o quê jos às vees o nada contemplar o nada e não é estranho é é a Nívia é difícil de explicar ou seja para quem conhece sabe perfeitamente O que eu estou a falar a Nívia é deserto é puro deserto pois mas mas é isso que é fantástico é o vazio nós fizemos uma viagem de por volta de 400 e tal quilómetros e nessa viagem vimos quatro pessoas quatro pessoas praticamente durante um dia eh Isto é é o vazo completo e é uma sensação estranha e já fazer 400 km num dia já é sim as estradas na níbia São relativamente razoáveis são boas se compararmos com os países vizinhos são boas mas mas é o vazio completo eh eh pronos é extraordinária a nania é realmente é realmente um país diferente daqueles ali a ao lado essencialmente por causa da deste primeiro é um país super organizado super Limpo eh acho que a influência alemã herança alemã mas e mas os países ali vizinhos são muito mais diria eu hum uhum muito bem olha três meses a viajar de carro por África dedus que tenas imensas histórias para contar imensas peripécias para partilhar escolhe aí uma José eu até das peripécias e da eu eu eu recordo-me sempre mais do tempo que passei em Angola relativamente às peripécias porque na altura na altura o que acontecia era que a Angola tava em guerra e e e um país em guerra nós temos de nos adaptar de uma forma Eh sei lá de uma forma diferente temos de de saber lidar Ou pelo menos tentar não não nos sentirmos sei lá perdidos ou estos ali sentir-nos des enquadrados e e as peripécias nesse período em Angola Sim foram eram constantes ou seja do género sei lá eh subir no quando se quando se aterra ou quando se descolava num aeroporto eu na altura não percebia porque ele descia em parafuso não sei como é que isto se designa até Tecnicamente mas basicamente ele descia sobre o aeroporto e levantava sobre o aeroporto por uma questão de segurança porque não podia levantar e ir e afastando-se da cidade porque o avião pode ser abatido eram aviões eram aviões relativamente pequenos das Nações Unidas em que eles subiam em em espiral sobre o aeroporto e desciam em espiral e aquilo era uma era uma manobra imagina o susto imagin o susto sim sim era era assustador e do género à noite a cidade de ser bombardeada Malé era constantemente bombardeada porque estava cercada por por tropas por tropas da unita eh e por vezes havia havia ataques à noite à cidade não propriamente ao centro da cidade mas à Periferia mas mas intimidava intimidavam aqueles aqueles aquelas explosões eh tanto que eu me recordo já estar nos Açores e uma treboada forte eu meti-me debaixo da cama com com a sensação que ainda estava em Angola ou seja foi foi memórias fortes não é memórias fortes ex muito bem Olha estamos a chegar ao final da primeira parte José Costa Vamos abrir o álbum de [Música] viagem então guardas em casa um objeto que seja especial e que tenhas trazido das tuas viagens José sim partilha conta não há há um objeto que que me diz muito até porque eu eu eu tenho terrenos nos Açores gosto imenso de de terra e acho que é isso que me aprende às Ilhas é é é é a ligação à à terra deixa-me só fazer aqui um pequeno parênteses tu és de Braga não é eu sou de Braga exatamente eu sou Minhoto Minhoto no jores engraçado mas ias a dizer então não eu ia a dizer que na Costa Rica eu estava a viajar pela Costa Rica e achei piada a um senhor com com uma catana com com a um uma uma bainha de Cabedal onde ele metia a catana e a trabalhar com a catana e muito O senhor já com Certa idade e eu fui falar com ele e perguntei-lhe onde é que eu conseguia arranjar uma catana daquelas hum onde é que eu podia comprar uma catana daquelas e ele disse-me mas porquê gostou da catana e eu disse sim gostava gostava de ter uma e e ele pegou nela na mão tirou e e ofereceu-me e disse é tua e aquilo do nada mexeu ou seja mexeu imenso comigo pois ou seja Este é um objeto que o desprendimento não não que que exatamente desprendimento E acima de tudo eh mexeu um imenso porque eu não estava a contar com aquilo eu basicamente foi lhe pedir uma informação para saber onde é que eu podia arranjar uma mas mas não mais longe de mim passar-me pela cabeça hum agorae a uso boa a generosidade morora onde nós mesmos esperamos não é exatamente José Costa chegamos ao final da primeira parte regressamos daqui a uns minutos fico por aí até já [Música] [Música] era um grupo de gente completamente à margem e todosos da raiv est [Música] maisol uma série para ouvirem se episódios que faz parte dos podcast do Observador é narrada por mim Miguel Guilherme com Band sonor original de Rita Red [Música] [Música] Shoes estamos de regresso para a conversa com O Viajante José Costa que vive na Ilha do pico é lá que vive quando não anda por aí a viajar pelo mundo José Costa na primeira parte contou-nos um pouco da sua viagem de 3S meses que fez pelo continente Africano Mas ó José já tinhas também viajado pela Ásia assim durante muito tempo muitos meses fizeste Ásia toda até Timor eh sempre por terra e barco onde é que começou essa viagem p a a viagem o o o destino na Ásia é sempre escolhido em função do preço da passagem Ok por isso e por tu dizes é sempre quer dizer que já fizeste isso várias vezes é isso já já já Já fui algumas vezes à Ásia e normalmente o destino é Tailândia é Bangkok porque é por onde por onde se consegue viajar mais fácil mais barato e então basicamente começou na começou na Tailândia depois Laos eh depois regressei novamente à Tailândia passei para a Indonésia e e pronto a partida de de Jacarta a viagem até Timor foi sempre por por por terra e por e por e por mar porque são ilhas maioritariamente e a ligação às vezes nem sempre é fácil porque a informação que eu tinha é que naquela altura do ano havia muito menos ligações marítimas mas eu lá consegui chegar a Timor e E mais uma vez curiosamente foi o o último país de de expressão de língua oficial Portuguesa que eu que eu conhecia porque os outros eu já os conhecia e também senti uma emoção ao passar a fronteira da Indonésia para timour porque porque era um objetivo era chegar era chegar a Timor porquê e e é curioso é um país eu diria que é é que é uma África sem africanos é é um país curioso se Gir é uma boa é uma definição engraçada de Timor mas olha porque é que tinhas essa vontade de ir a Timor porque querias fechar o ciclo de não sei estou a perguntar de também também por causa disso mas tinha tinha tinha alguma curiosidade e por causa das do que se ouviu relativamente no período da da Independência de Timor eh falou-se muito Timor em Portugal eh e surgiu essa oportunidade nessa viagem e e acabei por ficar apaixonado por Timor também porque é um país super pequeno mas mas tem lugares incríveis incríveis a ilha de Jaco é uma ilha bem pequena que não é vitada e é o parí na terra não há nada comparado a isso eu só comparo o Timor ou essa ilha de ja de Jaco ou seja essas praias só as consigo comparar a Santo meio e príncipe nunca vi lugar nenhum como como a ilha de Jaco onde não é permitido curiosamente onde não é permitido pernoitar Ou seja eu queria ficar lá de noite queria dormir na praia ou queria e disseram-me logo que não dormir estava fora de questão que podia voltar no dia a seguir mas dormir que não e os Viajantes têm que cumprir as regras não é seé que às vezes há uma grande tentação para para não no lugar desses é sempre uma tentação é não é confessa lá tentaste tentaste não eu eu quando quando fui a caminho da Ilha foi com essa ideia inclusive tinha levado um pequeno saco cama e não sei quê mas quiseram tiraram logo a ideia da cç porque disseram que era bom não tentar boa Olha tu és engenheiro florestal tu viajas para procurar árvores para ver florestas Ou nem por isso não eu viajo essencialmente para eu viajo essencialmente para conhecer pessoas Acho que é o que me fascina mais nas viagens é é efetivamente esse contacto com as pessoas locais e é por isso que África é tão especial é onde onde essa riqueza humana é mais Evidente e E é isso que me fascina essencialmente as viag por isso é que eu acho que a Ásia se perde um pouco pelo facto de não me conseguir sentar com alguém local e poder conversar porque as pessoas até podem sim as pessoas até podem falar inglês mas não o meu inglês também já nem nem é nem é famoso mas consigo me comunicar agora imaginemos eles é muito mais complicado Hum então mas em África em África também é difícil comunicar ou não ah não mas eu sento-me em Moçambique e falo com a pessoa durante horas eu sento-me em Angola e falo durante horas com o local Isso é isso é é fascinante porque se aprendem imensas histórias eh contam imensas histórias têm sempre uma riqueza tem uma oralidade eles são muitos são muito orais são muito são muito de histórias e as noites africanas têm de ser passadas corce muito cedo por isso a noite tem de ser passada de alguma forma e normalmente é na conversa é contar histórias no convívio Qual foi a história mais surpreendente que eu viste em África José recordas recordo eu acho que foi uma das também novamente em Angola em Angola curiosa que e o o soba que é o chefe das aldeia o chefe da Aldeia e ele ou seja é é passa de de de é dentro da mesma família mas não é o filho dele que se torna soba curiosamente Ok é o filho não há não há uma dinastia não é não é o filho da irmã mais velha e eu perguntei porquê Ou seja isso fez-me uma confusão porque é que não é o filho dele ok É o filho da irmã da irmã mais velha portanto é o sobrinho é o primeiro sobrinho não é é o primeiro sobrinho da irmã e nunca do irmão isto é curioso é e porquê Porque e de certa forma a sociedade africana é mais não sei se isto é chocante mas é mais há mais promiscuidade sexual Hum e o que acontece é que a forma de contornar a infidelidade e foi esta a explicação que me foi dada não sei se se isto é real ou não mas a forma de contornar esta esta infidelidade e o filho do soba pode não ser filho dele ui o filho da irmã é é garantidamente sangue dEle e foi a forma que que me explicaram porque é que é o filho da irmã e não o filho dele isso é extraordiná coroso isto é extraordinário Isto é lindíssimo É extraordinário Sim senhora tiveste a oportunidade em África de fazer um serão à volta da fogueira nesses convívios foi muit muitos muitos muitos muitos muitos É extraordinário uma fogueira é mágico é mágico mesmo é é uma noite estrelada uma uma fogueira e e dois dedos de conversa e fica-se esta viagem por exemplo isso aconteceu muitas vezes de até porque às vezes era em zonas de Parques Nacionais que era permitido acender fogueiras exatamente Por uma questão de segurança eh porque há certo tipo de animais que não se aproximam quando tem fogo próximo eh e pronto nós sistematicamente acendamos uma fogueira para para conviver mas também para para para nos protegermos para afastar a bicharada não é estar aerada Exatamente é isso mesmo que é perigosa que é perigosa não é não tiveste nenhum encontro Imediato do terceiro grau com um animal de grande porte Não isso não aconteceu tivemos muitos tivemos muitos tivemos muitos sim durante a viagem tiver ou seja elefantes que de certa forma tentam atacar a viatura e como a pessoa tem que estar com o carro tem que estar com a viatura ligada Ah mas isso aconteceu mesmo investidas de animais contra contra contra ti os elefantes quando têm crias são extremamente agressivos e não gostam de de proximidade de viaturas verade eh e por isso uma pessoa não pode desligar o carro eh e estar muito perto de leões e aí sempre com o carro ligado a uma distância de segurança a tensão a tensão é muito alta mas mas é é é exatamente para isso que se viaja nem mais nem mais Olha também já fizeste viagens grandes Ou pelo menos uma viagem grande tanto quanto sei pela América do Sul correto José sim viagem foi essa conta-me quanto tempo durou e por onde é que andaste e em que registo foram pró foi perto de 4 meses ou seja eu basicamente fui para o peru do peru fui para a Colômbia e ia com ideias de estar uma semana na Colômbia tinha bilhete e dei volta para o Peru eh no entanto perdi o bilhete de regresso e fiquei na Colômbia porque a Colômbia não é país para Se visitar durante uma semana e eu acabei por ficar um mês ou seja um mês foi logo na Colômbia Ok não não é um país perigoso José não não não não não não não obviamente isto depende dos locais que se frequenta as cidades e Bogotá p é perigosíssima a periferia mas mas nas zonas rurais e que não seja as zonas que são identificadas como zonas mais perigosas por causa do tráfico de droga eh Há cidades super tranquilas lugares tranquilos e super super super e interessantes é é um país Fantástico e e e realmente as pessoas eh eu acho que particularmente na Colômbia e no Equador e foram foram uma surpresa muito agradável para mim Colômbia e Ecuador ok muito bem então peru col depis continuei a descer sim fui para Bolívia o sal a estrada da morte esses lugares são lugares emblemáticos que eu os tinha na cabeça mais pito no peru e que e que eu queria conhecer queria ter uma opinião pessoal desses lugares que tanto soube falar e que e que nós vemos só pela pela televisão Olha a estrada da morte é tão assustadora quanto dizem e quanto se vê por aí nos filmes não a estrada da morte é extremamente perigosa tanto é perigosa que eles a ficharam neste momento só se faz só se faz de bicicleta eh e onde nós descemos de bicicleta ou seja aquilo foi aquilo é um basicamente é um tour organizado em que nos levam a próximo próximos dos 4800 M não erro eh e nós descemos de bicicleta até 1000 e tal metros chegaste cá baixo com travões ou não al ali se não tivéssemos travões a coisa podia correr mal e e tem muitas Cruzes junto à à Estrada que indica que a coisa para alguém não correu bem não correu bem muito bem não correu bem não correu bem então e depois da Bolívia foste lá AB baixo não Bolívia não Bolívia voltei para o Peru e e foi na altura então que fui que fui a Machu pichu e que e que e que conhecia um lugar que é que é uma referência mundial e que fiquei um pouco desapontado no início do dia porque não porque é muita gente estes lugares são são extremamente eh o turismo tá muito massificado e eu fiquei assustado e fiquei desapontado para ser para ser sincero mas curiosamente a maioria da gente que está ali descobre isse durante o dia a maioria das pessoas estão ali bão num touro organizado de um de um dia em que por volta das 2 3 da tarde vão todos embora para Cusco e eu curiosamente a partir da da das 2 horas da das duas e qualquer coisa não sei da parte tarde basicamente fica-se praticamente sozinho em macho picho isso é mágico bo isso é mágico viste o por e o porto do sol não porque nessa altura retiram noos ou seja na altura do por sol já não se pode estar dentro da da da da das Ruínas em que é que tu pensaste José Costa quando te viste quase sozinho no Machu pichu eu nesses momentos penso muito penso muito na minha filha e tem sinto uma necessidade muito grande de partilhar aqueles momentos com ela mas sei que na altura ela não estava ainda preparada para essas andanças mas mas quem sabe um dia ai a saudade portuguesa bate sempre não é exato olha há bocado dizias que tinhas gost go muito de ir a Timor porque e enfim era o país de língua portuguesa que te faltava conhecer Tu gostas muito dos países por aí espalhados pelo mundo onde se fala português certo Timor sim mas já são muitos e muito especiais e muito e diferentes eu diria que são extremamente diferentes todos eles inclusive aos países africanos são muito diferentes uns dos outros mas és um és um pessoano Isto é és um crente naquela máxima do Fernando Pessoa minha Pátria e a minha língua é isso eu sinto que é algo especial e eu senti isso essencialmente quando cheguei à Amazónia e continuava a falar português isso é um sentimento ou seja depois de viajar durante não sei quantos dias na altura foi uma porrada de dias para chegar à Amazónia e E essas viagens uma pessoa passa muito tempo em viagem no entanto chega ao destino final e a língua que se com que nos pronto pela qual nos comunicamos é português e é um sentimento especial é algo que que pronto que nos que nos deixa satisfeitos e que realmente poder nos comunicar na nossa língua mãe é é é é é ótimo por isso os países africanos também sentimos isso e eles também sentem essa ligação a nós eu sinto isso eu sou super bem recebido em Moçambique em Angola eles eles tratam-nos muito bem por falarmos a língua deles pois Fantástico olha de todos tens um preferido ou isto é como perguntar a uma mãe qual é o filho preferido é assim não eu em termos de digo isto sempre porque em termos de beleza natural santomé e príncipe é é o meu é a minha escolha indiscutível Ou seja é muito especial porque é muita beleza concentrada num num espaço tão pequeno eh mas a nível de de de de vivências africanas o continente o continente Africano ou seja São Tomé são ilhas por isso e é diferente o continente africano é mais rico em termos de de de rituais de tradições a Guiné Bissau é um país fabuloso os bijagós é algo extraordinário e tudo muito ainda muito cru uhum eh isso dá um encanto especial eu o jij goos é é é uma referência também eu adorei aquele lugar as pessoas não falam tanto português como nos outros nos outros pal Lopes eh é mais difícil nos comunicarnos em português mas sempre aparece alguém a falar português eh e e é é mas é um país complexo a Guiné vão é um país muito complexo bastante Aliás a história política da Guiné denuncia isso nãoé Exatamente exatamente É isso mesmo mas as pessoas fantásticas atenção pessoas muito muito muit acolhedoras muito acolhedoras muito bem olha Europa é um continente que te atrai Ou nem por isso para viajar José falta-lhe a componente Aventura é curioso eu já Já Fiz alguns Inter rails pela Europa inclusive fiz um interrail quando a minha filha tinha 11 anos e fomos a rota Foi ela que escolheu Ah boa foste com com ela então sim sim sim sim desafiei a para fazermos o interrail juntos ela tinha 11 anos e ficou toda toda toda contente e foi ela que estabeleceu ao foi um mês foi um mês ela que estabeleceu a rota e belas férias nós como saímos dos Açores tava a morar cá saímos dos Açores fomos para Londres de de avião e a partir daí foi foi fomos para a Escócia onde eu tenho uma irmã a trabalhar eh ela basicamente queis Gir aos lugares que conhecia obviamente eh E então foi visitar o à Escócia depois fomos para para para viajamos na Inglaterra Escócia depois fomos para a Suíça e depois fomos para França Espanha e regressamos a Portugal foi mais ou menos esta a rota que nós fizemos foi um um roteiro mais soft mas mas foi o que ela escolheu e eu eu tive de me adaptar muito bem muito bem correu bem e vão repetir ou repetiram repetimos repetimos fizemos outras viagens não de interrail Mas voltamos a viajar voltamos a viajar A Marta já foi comigo a Marta é a minha filha já foi comigo a sant E ela ficou acho eu pelo menos eu sou suspeito ela acho que ela que ficou encantada santomé é uma realidade à parte e que era isso exatamente eu quando a Marta nasceu tinha esse objetivo dia levar a África e levá-la à Eurodisney e que ela pudesse comparar a realidade duas realidades Opostas e prontos e foi foi a Eurodisney e foi foi a santomé e acredito que que santomé marcou bastante mais do que a Eurodisney olha José tu moras numa ilhazinha não é de por é uma ilha não é Ilha do pico Mas não deixa de ser uma ilhazinha vem C atita olha e às vezes não te dá aquele aperto tem que sair daqui ir ver mais mundo não dá dá vezes muitas vezes muitas vezes porque e eu costumo dizer que não há lugar melhor no mundo para se viver e do que nos Açores ou particular na Ilha do pico durante o verão mas eu durante o inverno sinto uma grande necessidade de sair e por isso eu tento programar as saídas hum tanto férias como quando tiro alguns períodos de de licença sem vencimento tento sair durante o período de inverno porque porque no inverno sente-se mais a ins solaridade sente-se mais o isolamento durante o verão não o mari é uma é uma vantagem não uma limitação pois e E então é é com esse jogo mental que eu que eu que eu lido Hum E assim vais procurando o teu equilíbrio e fazes bem olha José estamos a chegar ao fim vamos fazer checkout ex Ok vamos a [Música] ele vou pedir-te para completares as habituais frases na minha mala vai sempre bem Eu normalmente costumo levar um livro que curiosamente praticamente é sempre o mesmo e então como é que é isso Não Eu costumo levar muitas vezes ou pelo menos grande parte das viagens costumo levar as ilhas desconhecidas de Raúl Brandão ah faz-me falta ler faz-me falta ler aquelas as ilhas desconhecidas uma viagem de rulo Brandão aos Açores nos anos 1920 ou 30 já não não estou seguro das datas mas são textos muito muito intensos e que retratam um pouco do cotidiano das ilhas naquela época mas que me dá quando eu leio aquilo e estou longe dos Açores eu sinto saudades dos Açores sinto uma necessidade enorme de de voltar à ia e e eu cultivo isso como forma de de manter a ligação às Ilhas e e realmente é um livro que eu levo muitas vezes 1926 a data da primeira publicação estou aqui a ver Olha o crie de passaporte mais difícil de obter até hoje qual foi curiosamente é o é o menos esperado foi e foi paraos Estados Unidos ou seja eu estavaem no Canadá estudar inglês e e decidi ou seja Decidi ir a Nova Yorque eu estava em Toronto queria na Nova York e não sei muito bem por carga de quê Ou seja eu não precisava de visto os portugueses não precisam de visto para entrar no Canadá eh mas por alguma razão me era um autocarro cheio de pessoas e escolheram três três Mexicanos e a mim fizeram fizeram uma porrada de perguntas uma infinidade de perguntas e decidiram que tinham de pedir informações minhas Embaixada Portuguesa e eu disse a eu vou-me embora para trás vou para o Canadá ah ah então não chegaste a entrar não não voltei para voltei para voltei para para o Canadá e curiosamente passado 6 se anos passei pelos Estados Unidos para ir para para para o Panamá e veio essa história à baila ou seja porque é que eu me tinha recusado a entrar nos Estados Unidos há 5 se anos atrás e deu um problema de todo outro tamanho ui porque tive perdi o voo para o Panamá por causa da da das questões que a polícia colocou porque eu me tinha recusado a entrar nos Estados Unidos um bruxedo como se costuma dizer olha a viagem com mais peripécias que realizei Ah sim sem dúvida as viagens as viagens do período que passei em Angola Sem dúvida nenhuma Sim muitas peripécias algumas já contaste aqui na primeira parte a refeição mais estranha que comi e no Camboja tem um prato que eu depois descobri que é um prato típico ou tradicional lá do Camboja que basicamente é um ovo que eu achei que era um ovo cozido mas não é um ovo cozido o pinto já está formado e já está lá dentro ou seja é horrível foi a pior coisa que eu comi até hoje e mas pros foi-nos oferecido e eu comi já já vários Viajantes deram deram nota disso Olha a muito mal é muito mal é muito ma a recordação de viagem mais cara Galápagos é caríssimo lá ir é não é ir mas fazer algum tipo aquilo éo tudo muito organizado e nós para para conhecer para visitar algum lugar temos de ir em circuitos organizados em Tours pois e esses Tours são muito caros mas eu curiosamente nos primeiros dias andei ali a controlar mas falei com um colega meu de cá do pico que tinha estado nas Galápagos E disse-lhe então mas isto é assim tudo tão caro e ele disse-me Olha Zé Aproveita que não voltas aí e para o ano passas férias no pico e foi foi o que eu precisava de ouvir naquele momento e gastei o dinheiro que tinha e o que não tinha mas Aproveitei ao máximo e realmente é estrondoso é Fabuloso as Galápagos é é top é muito bem H gostava de viajar com gostava de viajar mais com a Marta e com a filha Sim claro eh e é eu sempre defini muito roteiros em função de algumas viagens com base em em histórias contadas pel Gonçalo cadilho é uma referência para mim em termos de Viajante e quem me der a mim um dia viajar com o Gonçalo cadilho isso seria S quem sabe olha isto o tempo é que não estica chegamos ao fim José qual foi a música que escolheste para fechar a conversa do fim do mundo desta semana as ilhas dos ações era quase previsível es essa música as ilhas dos Dan sores de de Madre Deus de Madre de Deus também é uma música que ouves enquanto lê Raul Brandão quando andas por aí pelo mundo eh Nem tanto mas mas sim mas às vezes sim e foi basicamente um momento também especial quando regressei da minha viagem em Angola e no castelo de Santa Maria da Feira ouvi essa música e eu na altura não tinha ligação nenhum aos Açores e aquela música tocou-me muito e pronto tornou-se uma música muito especial para mim apela à lágrima não é é isso exato exato exato José Costa foi um gosto foi a saudade a saudade José Costa foi um gosto muito obrigado obrigado eu a Ilhas ou as ilhas dos Açores de Madre Deus a fechar a conversa do fim do mundo desta semana estamos de regresso de hoje a oo dias já sabem sejam bons e boas viagens [Aplausos] [Música] [Risadas] [Música] h [Música] [Risadas] [Música] [Aplausos] [Música] h [Música] [Aplausos] [Música] k [Música] [Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos] [Música] k [Música] [Música] [Aplausos] [Música] h i [Música]