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[Música] [Aplausos] sejam bem-vindos O Viajante desta semana é engenheiro de software e divida vida entre os Açores Lisboa e a Suécia e quando não está a olhar para linhas de código viaja e muito já foi a cerca de 80 países tem o sonho de conhecer todos os países do mundo Tiago Franco bem-vindo às conversas do fim do mundo Olá João muito obrigado Tiago eh tu tens o sonho de ir a todos os países do mundo mas há um senão tu tens uma relação difícil com os aviões quão difícil é pá começas começas logo com a pergunta mais difícil e aquela que que tem que ser respondida quase no divã sim eu anda não deixamos para amanhã o que podemos fazer já hoje eu tenho uma relação difícil com os aviões Desde há 20 anos esta parte embora viaje desde os 8 anos eh mas e nos últimos 20 anos a coisa ficou um bocado difícil E então Eh posso Posso explicar mais ou menos o porquê tem tem a ver com com o atentado da das Torres Gémeas eh e e o facto de ter estado naquele sítio um ano antes do acontecimento as imagens tiveram um impacto muito forte em mim e passei a ter um algum problema com as alturas eh desde então com as alturas é vertigens ou é com Aviões nas alturas com aviões e turbulência e estar a abanar num sítio em que eu não tenho controle ou seja se se estiver num barco a abanar num carro a abanar num Comboio à abanar está tudo bem Se estiver no ar é um problema e curiosamente curiosamente esse problema apareceu na altura da minha vida em que eu passei a viajar mais que foi mais ou menos quando quando emigrei e passei a ter outras condições pois portanto isso não te impediu de seres um grande viajante não me impediu mas obriga-me a um a um estudo e a uma e a um detalhe nas viagens que eu acho que não é saudável eh Isso quer dizer o quê quer dizer que vais pelas rotas mais curtas é isso escolhes as rotas mais curtas escolho escolho as rotas dependendo dos Aviões das companhias eh portanto só faço viagens e escolho por exemplo percursos de dia e não de noite é uma coisa um bocado até tenho alguma vergonha dizer isto no ar mas mas eu deixo deixo que o medo me prende em casa mas viajar comigo pelo menos até chegarmos ao sítio é muito chato no sítio sou no sítio sou outra pessoa mas até chegar lá não sou a melhor companhia então que que uma viagem de avião contigo é difícil é isso faz ali tenso e a soar em bica ou não Tiago Sim sim e normalmente normalmente e tomo alguns comites para dormir e e e desaparece quer dizer houve uma vez eu tenho tenho sempre que viajar na na na janela e uma vez fui com o meu pai fui com o meu pai para para Pequim e o percurso eram 9 horas e durante 9 horas eu fui sempre olhar para a janela basicamente a ver a Sibéria o percurso é quase todo em cima da Sibéria e e e eu lembro-me do meu pai comia e Havia uns filmes e tal e de vez em quando perguntava-me Tiago tá tudo bem ainda estamos na rota certa Portanto o O pessoal ainda se diverte a gozar com os meus medos mas mas para mim é é isto ou ficar em casa e ficar em casa não é a mesma opção muito bem muito bem é uma é uma é uma boa declaração essa dizias há instantes que tinhas começado hos 8 anos eh lembras-te da primeira viagem que fizeste Então qual foi quando eu era miúdo eh por digamos ocorrências familiares o meu pai foi viver para para uma pequena Ilha nos Açores Santa Maria eh e eu passei a a ir a ir visitá-lo eh e e fazer deslocações eh frequentes entre Portugal Continental e Ilha de Santa Maria e Nessa altura achava tudo aquilo mágico Especialmente quando regressava da Ilha para Lisboa e via Lisboa à noite cheia de luzes para mim tudo aquilo era um era um mundo fabuloso e custava muito vor adorava vor estamos a falar dos anos 80 para aí não é estamos a falar até te digo Olha foi 84 porque eu lembro-me de chegar de chegar a Santa Maria e ver o Carlos Lopes a ganhar a medalha do Essa é difícil de esquecer não é exato exato por isso é que ficou na uhum olha dizias também há pouco que que começaste a viajar com mais intensidade eh com 20 anos a partir de 2001 Tu és um filho digamos assim ou um subsidiário do projeto Erasmos porque tu foi aí que tu começaste a viajar não foi tiago eh sim eu quando estava no meu no meu último ano de curso fui eh candidatei-me ao proj ao ao Erasmos portanto aquele intercâmbio com a Universidad de estrangeiras e lembro-me que na altura Havia três quatro opções e eu perguntei qual era a que é mais distante de Lisboa e era e era e era a Finlândia era a Finlândia uma pequena cidade chamada olu muito perto do do ártico e eu fui para lá eh porque essencialmente queria ver algo que nunca algo diferente não era não tinha viajado quase nada eh e foi aí que começou a despertar o o digamos o o bicho da das viagens eh por outro lado o facto de ter estado nesta universidade abriu-me portas para para os empregos que vieram a seguir incluindo eh os que tive na na Suécia portanto as as coisas acabaram porar Tu fizeste um semestre ou ou dois semest fiz um semestre no período no período de verão eh em que portanto Estava sempre sol não é eh nunca nunca havia a noite e isso foi muito engraçado também foi uma experiência engraçada para mim nunca tinha visto fiz fizeste o segundo semestre do do o segundo semestre portanto aí de de de Fevereiro mais ou menos até simim exato e foi aí que tudo começou eh portanto começas a trabalhar vais para a Finlândia eh numa altura em que a Finlândia estava muito forte do ponto de vista tecnológico não é ali no final dos anos 90 início dos anos 2000 certo sim certo certo foi em 2001 2000 ou 2001 Se não me engano eh e eu eu lembro-me o aug da Nokia sim sim sim sim e aliás havia havia emprego logo para ficar na na Finlândia mas o meu plano não não passava por aí eu regressei para Lisboa eh comecei a trabalhar na autoeuropa eh em em palmela eh e com os meus primeiros salários eh comecei a viajar mas coisas mais ou menos pequenas e pagas a prestações e e e eu lembro-me eu lembro-me de lembro-me dessa dessas primeiras viagens e lembro-me de começar a fazer a conversão daquilo que era o dinheiro para bilhetes de avião ou seja se um amigo ia ia comprar isto ou comprar aquilo ou fazer isto ou fazer aquil eu pensava pá mas isso dá quantos bilhetes de avião começou começou a ser um objetivo e ver outras coisas e e quando quando quando emigrei eh obviamente passei ter outra outras condições eh e comecei a estar fisicamente geograficamente num sítio que possibilitava acesso a a outros sítios né estando na Suécia é mais fácil visitar o centro da Europa o leste o os países nórdicos portanto eu aproveitava todos os meses para ir a qualquer sítio na nos meus primeiros ISS é bom os primeiros anos na Suécia uhum muito bem então e quando é que se dá assim aquela que nós podemos designar como a primeira Grande Viagem a tua grande primeira viagem Tiago a primeira Grande Viagem terá sido talvez a subida do quilimanjaro e numa altura em que já estava a fazer 30 anos um um pouco antes do meu filho nascer aquelas viagens típicas que as pessoas fazem pensando que depois de terem filhos não podem não podem viajar que é assim um que que é assim um conceito muito português que eu não concordo eh E terá sido se calhar porque se calhar porque não ganhamos para filhos e Viagens será eh eu se queres que diga não não concordo porque não não porque aquilo que tu fazes com há quem defenda que as crianças devem devem esperar pela sua altura para viajar e que até certa até Certa idade não apreciam ora Eu não acho eu acho que a partir do momento em que temos filhos eh não sendo obviamente bebés de decolo e eles não só passam a ter recordações como passam a ser companheiros de viagem só temos que só temos que adaptar deixa-me dar-te um exemplo muito rápido aqui há há uns anos eu queria muito ir mostrar Berlim ao ao meu filho à minha filha mas não era muito fácil na altura Eles teriam talvez se e 8 anos não era muito fácil convencê-los pá irem ver o muro ouvir a história eh aquelas coisas todas e eu disse-lhes mas olha a 60 km de Berlim há um há um parque aquático que é o maior parque Aquático coberto da Europa nó nós vamos dois dias para Berlim exatamente dis nós vamos nós vamos para o parque aquático e a caminho do Parque Aquático vamos conhecer Berlim e ouvir um bocadinho de história pronto e e e até hoje eles ainda se lembram disso das primeiras palavras em inglês de coisas assim da história de Berlim portanto eu acho interessante misturar as crianças nas viagens não acho que tenha que ser uma coisa de adultos eu a minha observação tinha a ver apenas com o facto de nós portugueses prov ente a maior parte das famílias não ter dinheiro para levar os filhos era mais nesse sentido não é para um Sueco um salário Sueco dá para mais eu eu eu concordaria antes do período das das low cost Mas a partir do momento em que existem low costs por exemplo com com v a 20 € entre Lisboa e o país Vasco não é assim tão caro eu acho é mais barato do que chegar ao Algarve Pois é uma questão de planeamento não é Acho que sim boa Olha então conta-me lá o que o aquil i manejar foi a tua primeira vez em África foi Não não não foi foi a primeira vez que fui à África foi à à Tanzânia à parte Continental e à ilha de Zanzibar Ok H foi uma experiência muito muito engraçada porque para começar porque eu queria subir a montanha em si na altura fazia fazia com alguma com alguma regularidade de caminhos e treking em montanha tinha feito alguns ali na zona dos Alpes nos alpos julianos tinha subido aqui a montanha mais alta da Suécia eh pronto e e queria queria experimentar o aquilo e manejar eh e achei aquilo que foi uma experiência eh muito interessante e ao mesmo tempo foi uma experiência social que me deixou um bocado H pronto pensativo daquilo que são as diferenças entre os continentes e e os e os modos de trabalho eu lembro-me de de estar havia uma coisa que eu não que eu não gostava nada mas que era obrigatório as pessoas tinham que levar carregadores portanto cada empresa cada Caminhante tinha que levar carregadores e os carregadores carregadores aquelas pessoas que carregam a nossa s s que carregam a nossa bagagem exatamente eh e Eh esses carregadores tinham um limite até 25 kg eh na cabeça não podiam levar mais do que 25 kg ora 25 kg durante quat ou 5 dias a subir uma montanha é uma violência tremenda e algumas dessas pessoas morriam naquele naquele percurso eh e eu lembro-me de ver gente agarrada A uma porta numa das entradas uhum aem poror para ter Ego e depois tentei perceber quanto é que aquelas pessoas ganhavam e aquelas pessoas ganhavam 4 ao dia para estar a carregar um peso bruto montanha acima eu lembro-me de de ter carregado as minhas coisas não Eu não eu não não deixei que ninguém levasse o meu peso e lembro-me quando aquilo tudo acabou de tirar a roupa toda e de dar e e às pessoas que estavam à minha volta para para de certa forma poderem fazer algum dinheiro extra eh e e e lembro dois dias depois ver algumas dessas pessoas já tinham vendido a roupa que eu lhes tinha dado ou seja a pobreza é tão grande que preferem ir para um sítio para uma montanha de Neves eternas de fato de treino para poder vender material que os prot que os que os poderia proteger do frio num num período de trabalho portanto e e e o facto de estar num sítio que tinha se não me engano 60 ou 70% de desemprego eh quer dizer na altura Tanzânia estava entre os cinco países mais pobres do mundo é era era uma era uma realidade totalmente diferente eh daquilo que é Portugal e agora imagina para quem Nessa altura já vinha da Suécia é um é um choque é um choque muito grande mas de certa forma mostra-nos o que é o mundo não é porque o o mundo não são as suéciasuíça [Música] eu tento fazer o possível quando estou nos sítios para para contribuir para a economia local por exemplo eh em em em Havana faz questão de ficar em casas privadas eh quando vou aos sítios fazo questão de de ir de ir aos restaurantes eh familiares uhum quando dizes quando vou à Havana faço questão de quer dizer que já lá foste várias vezes é ISS já lá fui fui lá eh duas vezes e agora era suposto ir uma terceira eh para o mês que vem mas e em princípio não vou mas é um sítio onde onde onde eu tenho planos de de ir regressando de tempos a tempos Sim há dois sítios no mundo em que eu gosto de tempos a tempos ir é um é a Palestina o outro é Havana e porquê e e pá Vamos por partes porquê Havana e pá isso vai noos levá por uma conversa mesmo longa e porque porque eu sou então resum resumindo por afinidade ideológica eh também também também porque eu sou eu sou uma paixonado pela pela Revolução Cubana e gosto gosto muito da da ilha e da das suas gentes gosto da história e gosto de aprender eu gosto de aprender história com as pessoas que que me contam no sítio eh e a Vana tem isso tudo tem tem problemas gravíssimos tem dignidade tem história tem ritmo tem tem tudo eh eu gosto muito muito da vanana e e e sim há alguma eu diria que há Eu ainda vejo a Revolução Cubana com com algum romance se se sim Se quisermos Colocar assim sim hum muito bem então eem a Palestina Porquê a Palestina E é porque eu eu eu acho um let trage eh andarmos a assistir a uma a uma ocupação com mais de 50 anos e os olhos do ocidente constantemente estarem virados para o outro lado eh e e há coisas que nós vemos nas notícias debates discussões caem por terra a partir do momento em que entras na C Jordânia ou que tentas entrar em gasa ou que atravessas um muro ou que vê como as populações são controladas e como a desigualdade é gigante naquele território portanto independentemente de como as coisas começaram ao dia de hoje isso também era uma discussão interessante mas ao dia de hoje longa sim enorme mas ao dia de hoje e muito vibrante e muito e muito vibrante portanto eu não não quero não quero entrar por aí senão isto transforma-se num num num num programa de política em vez de viagens mas exato mas mas se tu estiveres mas tu mas tu já tiveste a oportunidade de ir lá à Palestina já à Palestina fui três fui três vezes três vezes sim eh e uma vez fui com um grupo de levei um grupo de turistas e de outras duas vezes fui fui com a minha mulher e com o meu pai portanto fui com com família eh e fui sempre para para o lado da s Jordânia eh e quer dizer tu Consegues perceber o sofrimento daquela gente e a humilhação diária porque passam e depois a partir daí passa a ter uma visão diferente de um debate que existe desde desde que eu nasci né e há de existir mais uns anos e portanto eu gosto de estar nos sítios onde as coisas acontecem para formar a opinião no fundo é isso muito bem olha podíamos estar aqui muito mais horas a falar sobre sobre sobre estes dois locais do nosso planeta mas não temos muito tempo e estamos aqui a chegar ao final da primeira parte Vamos abrir o álbum de [Música] viagem Tiago Franco guardas em casa Algum objeto que tenhas trazido das tuas viagens e que seja especial partilha connosco e eu devo dizer-te que eu não sou muito de de objetos eu sou muito pouco Consumista e eu gosto eh eu gosto acima de tudo de da das recordações das imagens e das memórias mas por acaso há aqui um objeto que eu tenho e estou com ele na mão e tudo agora que é um carro de lata feito em Havana eh e eu achei piada porque a lata é da coca-cola ou seja no meio no meio do embargo conseguiram arranjar uma lata de coca-cola para fazer um carro e eu achei isto delicioso muito bem foi-te oferecido compraste comprei compri porque é habitual as crianças fazerem esse tipo de artesanato para ganhar dinheiro Sim claro muito bem estamos à conversa com o engenheiro de software Tiago Franco O Viajante desta semana curta pausa na conversa do fim do mundo regressamos já a seguir [Música] [Aplausos] [Música] em 1980 um avião Da TAP com 83 passageiros a Bordo é desviado para Madrid entrou por ali dentro e apontou noos à arma mas o sequestrador que tem uma arma carregada apontada aos pilotos não é um pirata do ar comum chama-se Rui vive no Feijó e só tem 16 anos é pá levo uma pistola meu pai tem então est a pistola de facto mostrou-nos a pistola Este é o piratinha do ar uma série para ouvir em seis episódios que faz parte dos podcast Plus do Observador é narrada por mim Margarida Vila Nova e a banda sonora original é de David Fonseca pode acompanhar todas as semanas no site do Observador nas plataformas de Podcast e no [Música] [Música] [Aplausos] [Música] YouTube segunda parte das conversas do fim do mundo esta semana com o engenheiro de software Tiago Franco que divide a vida entre os Lisboa e a Suécia na primeira parte o Tiago já teve a oportunidade de nos explicar como é que nasceu o bichinho pelas viagens O Tiago já esteve em Cerca de 80 países tem uma paixão enorme por Cuba e também pela região da Palestina H em Cuba e Tiago eh rasgaste os tendões o que é que aconteceu onde é que andaste a meter a mão a mão ao pé que tendões é que rasgaste como é que foi isso e pá isso Isso é uma história um bocado deprimente eu eu eu eu eu levei a a Cuba um grupo de turistas da pronto de uma de uma pequena empresa que nós temos que organiza viagens e nós levamos um grupo a Cuba e no primeiro dia foi um dia de cheias e as as ruas de Havana né em Havana Central portanto a parte não turística estava toda esburacada e com o com a água não se conseguia ver os buracos uma das Viajantes enfiou um pé num buraco e pá e partiu um pé e ai e e e e e eu tentei que ela usasse o seguro voltasse para casa pronto que a viagem dela terminasse ali mas nós tínhamos acabado de chegar à Havana E íamos fazer metade da Ilha de Cuba e eu disse-lhe pá Por uma questão de educação nãoé eu disse olha se fosse se fosse necessário eu até de carregava para os sítios mas acho que não vai ser muito confortável para ti ela disse ah não não há problema nenhum se me puderes carregar eu agradeço portanto e eu andei durante e on ela ela até me disse arrependeste logo na hora de ofrecer ajuda arrependi arrependi arrependi porque esta Esta senhora Esta senhora disse que só pesava 53 kg e eu não quis ser deselegante mas ela não pesava 53 kg então eu lembro-me de estar eh com ela às costas de Havana até a Trinidade Santa Clara caios pronto andei ali andamos cerca de 500 e tal quilómetros e sempre que saímos dos carros eu andava com ela às costas no último dia el Tim arranjar não conseguiste arranjar uma cadeira uma cadeira de rodas pá para a senhora Digamos que não está propriamente feita para andar de cadeira de rodas eh eu eu eu lembro que no último dia nós paramos em Santa Clara que era a cidade era uma cidade importante porque era onde a coluna do chevara tinha era a cidade libertada pela coluna do chevara na Revolução paramos ali fomos ao museu p e no último momento em que eu ia metê-lo eu eu eu andava sempre com a senhora como se fosse uma uma bilha de gás assim nos ombros eh no último momento que eu fui meter aos ombros pá rasguei uns tendões assim aqui na na zona das costas e não consegui não me consegui mexer mais Eh mas mas consegui que ela ainda entrasse no carro portanto a viagem de facto terminou para ela fizemos o serviço até ao fim ela ficou muito contente mas eu depois não não mexi mais durante umas semanas e coitado caramba e tiveste que receber assistência hospitalar em em Cuba não Ah sim sim Recebi recebi assistência mas quer dizer não há muito a fazer né é basicamente estar quieto e não mexer muito pois reposo depois passou depois passou sim isso é que é muito bem então e na e e na Costa Rica o que é que aconteceu partiste uma costela Tiago Ah não foi a carregar uma turista pois não não não não não aí aí aí fui Fui descer um um um rápido um rio com a a minha mulher e um casal de de amigos num barco que tinha um quinto ocupante que era um americano e e pá e num daqueles num daqueles rápidos eh o barco deu um salto tão grande nós caímos em cima uns dos outros e o americano eh digamos espetou com o joelho nas minhas costelas e eu a partir daí quase fiquei sem respirar no fim no fim desse dia fui o uma clínica privada lá eh sei lá no meio no meio de sítio nenhum na Costa Rica e tinha uma máquina de raio x tão velha tão velha tão velha que eles tiraram três vezes um raio x e três vezes mostraram um raio x estava tudo preto não se via nada eles disseram eles eles disseram assim está ótimo está ótimo Não partiu nada e e não se via nada não se via absolutamente nada e eu passei os outros dias e a a andar não consegui fazer muito mais mas que me deslocava eh chorava de Dores por exemplo para andar de barco para andar nas estradas cheias de buracos aquilo foi um sofrimento foi difícil essa e pois Imagino e quanto tempo que durou a sarar essa costela partida algumas semanas ainda durou ainda foi algumas semanas portanto aqu nunca parti não sei não faço a mínima ideia Qual é aquela é que deve ser mas deve ser uma sensação de aperto imensa no no peito nãoé é uma sensação muito chata posso dizer que nos dias seguintes nós fomos de barco para bocas de altoro que é uma um arquipélago ali no Panamá e a e a viagem de barco eu ia a chorada só só só com só com as batidas do Parque Eu tentava disfarçar as lágrimas pá tinha umas dores horríveis mas pronto mas mas valeu a pena bocas del bocas del Tour era muito muito bonito valeu a pena muito bem olha Tiago tu já levas mais de 80 países e já foste a 80 países eh como é que tu preparas as tuas viagens és um viajante minucioso ou és daqueles que aterra nos sítios depois logo se vê e pá Já fui já fui minucioso já preparei as coisas já já fui hoje em dia não e aqui aqui há uns anos tinha planeado e eu e minha mulher estávamos em Singapura tínhamos planeado ir dar ali uma volta no sudoeste asiático tínhamos estado na Tailândia tínhamos estávamos em Singapura e tínhamos 12 horas para ir para o avião pá e Singapura já tínhamos visto eh entramos num Ferri OC calhas e fomos ter à Indonésia e quando e quando quando entramos Indonésia estivemos uma hora para conseguir entrar na na digamos na na zona do passaporte porque a senhora não acreditava ele disse o que é que vocês vêm aqui fazer nós dissemos nós só viemos aqui almoçar e a seguir vamos voltar para sing para Singapura para apanhar o avião e ela não acredito quem é que vem aqui e paga um visto de entrada só para vir almoçar e aquilo era um sítio que não tinha grande interesse Mas nós só queríamos ver uma coisa diferente já que estávamos ali com 12 horas portanto eu gosto hoje em dia gosto muito de de fazer as coisas no improviso antigamente não era assim pois valeu valeu o o almoço ou não valeu a pena é pá o almoço valeu a pena eu gostei e o sítio não era assim muito chiro mas o almoço valeu a pena foi uma experiência engraçada ainda te lembras do que é que comeste ou já passou um tempo eh lembro-me era tudo na base da galinha uns molhos extremamente picantes e tenho uma fotografia da minha mulher olhar para aquilo com uma cara muito estranha pá mas eu comi eu comi soube-me bem hum mas iam iam já com ela fisgada como se costuma dizer já iam para comer especificamente naquele sítio ou não não não não não Nós Nós entramos não fazíamos a mínima ideia onde estávamos e reparamos que havia pessoas como trilhador à porta de bancos portanto se calhar devemos ter não sei se se entramos na amadora lá do sítio mas eh mas eh não quer dizer entramos na primeira porta que apareceu aberta porque o sítio tinha não era assim um sítio muito agradável digamos uhum Olha tu és engenheiro de software eh Singapura exercerá sobre ti algum Fascínio acrescido Tiago porque é um uma cidade super hightech não é eh sim houve em tempos em tempos que já lá vão eu achei que essa poderia ser uma porta de entrada muito interessante para para a Ásia mas depois Acabei por por ficar pelos países nórdicos mas sim é um PA é um país uma cidade país onde eu gostaria de viver sem problema nenhum ah é porquê porque eh para começar porque é primeiríssimo mundo eh depois depois porque tem à volta sítios maravilhosos ou seja tem primeiro mundo é primeiro mundo mas à volta estão os sítios interessantes os países interessantes estão à volta portanto é uma zona on onde eu não teria problema nenhum em passar 2 TR anos da minha vida hum é uma cidade via algures que é super orientada para as pessoas não é apesar de ter muitos arranha-céus eh todos os centímetros quadrados daquela daquela cidade São aproveitados até até o limite não é sim com jardins com banquinhos com sombras com não sei qu com carregadores Solares e sei lá e tem que ser mas tem que ser porque o espaço é muito pequeno portanto não há não há outra hipótese é um bocado como é um bocado como a história do Japão que maior parte do território da ilha é é é verde Portanto tem que tem que construir em altura para encaixar as pessoas todas singapur é assim mas ainda é mais pequeno porque é uma é uma pequena cidade apenas uhum Japão onde também já estiveste estive estive com um grupo também levar também H também há esse fascínio pelo lado lógico do país ou não exerce sobre ti nesse caso nesse caso é mais e é mais a sociedade japonesa a parte a parte histórica Eh eu gostei muito de de visitar o Japão achei o país extremamente interessante mas não é um sítio onde eu gostasse de viver ou trabalhar eh não não há não o Japão não não por porque muita gente é é não não é só o de ser muita gente é é é uma organização Extrema e apesar de tudo apesar de tudo no fim no fim das contas eu ainda sou um Latino não é eu preciso de algum eu preciso sempre de um pequeno caos para me orientar Isso é uma característica muito portuguesa é difícil explicar às pessoas não é é difícil explicar o com fascinante o com fascinante Às vezes o caus é exatamente ou como é que uma pessoa se orienta no caos eu eu sou um bocado assim portanto adorei oje pão e não me importa lá voltar mas para viver não é num sítio onde eu gostasse de viver não uhum eu queria fazer-te esta pergunta no final da conversa mas aproveito para fazer já Tu Vives na Suécia já há algum tempo neste momento divides a tua vida entre a Suécia os Açores e e Lisboa H Quais são as grandes diferenças Tiago entre viver na Suécia que é um país e que paga bem que tem uma boa organização social económica e política e um país como Portugal que vive aqui acantonado no cantinho da Europa h a diferença é esta se viveres num país nórdico tens tudo aquilo que podes sonhar do ponto de vista de saúde eh educação e organização social e até de e até de apoio social portanto toda a parte da organização existe mas depois tudo aquilo que tem a ver com o calor humano não existe portanto eh para quem gosta de espontaneidade de coisas decididas minuto de do Sol da de pessoas que não precisam de muito tempo para dar um abraço de coisas simples da vida em no contacto uns com os outros eh o sítio para estar obviamente é Portugal ou os países do sul se quiser apenas estar eh sozinho ou viver na no núcleo familiar e ter um bom trabalho organização social e uma vida que se resolve por telefone e pela internet percebes sem papéis sem nada então a a a Suécia é o sítio certo ah e e com a vantagem de não teres preocupações com as escolas das crianças ou com com os hospitais pronto é tudo gratuito gratuito quer dizer é é pago pelos impostos e isso é essa diferença são altos que são altos aí também nãoé os impostos são altos mas a utilização dos impostos é correta ou seja uma criança que estuda aqui que entra na creche até ao dia que sai da Universidade os pais nunca pagam nada é dinheiro dos impostos porque pagam os impostos e a partir e o dinheiro é direcionado para os sítios certos é esta a grande diferença eu diria muito bem olha explica-me lá uma vez foste a Copenhaga e à tua vizinha Dinamarca deixar um dos teus filhos e acabaste a milhares de quilómetros deali o que é que aconteceu perdeste não fomos fomos levar fomos levar a minha filha à Copenhaga para ela apanhar o o avião para ir para os Açores estar com parte da família vou direto não é Ah vou direto para Lisboa daí para para os Açores eh E então eh não nos apeteceu voltar para para cburg que era a cidade onde vivíamos na altura cerca de 300 km a norte eh e decidimos ir andando pá fomos andando para Sul depois quando chegamos à Polónia não não nos apareceu ficar Na Polónia e viramos para para Leste e fomos andando andando e de repente Estávamos na na na Ucrânia e demos com uma cidade chamada levive na na costa na portanto na na parte e Oeste eh que tem tem uma ginja muito boa eu não sabia que uma ginja Então espera já me falas da ginja isso foi isso foi já depois do do início do conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia ou ou an não não não não foi antes e eu diria que l viiv hoje em dia não é um bom sítio PB ginja eh não foi antes foi antes do conflito armado foi antes então bebe-se ginja em L viive é isso na Ucrânia be bebe-se B bebia pelo menos ginja em em levive e era bem boa digo-te era era bem era bem boa deu deu para matar as saudades de Portugal Ah e lá perguntam com elas ou sem elas não não não isso não isso não era era mesmo sem elas mas eram ótimas muito bem muito bem olha há muito mais histórias para contar sobre as tuas viagens Tiago mas isto O tempo como sabes eh voa Vamos fazer checkout vamos a [Música] isso vou pedir-te para completares as habituais eh frases Então a primeira é na minha mala vai sempre um computador para trabalhar remoto e óculos de mergulho ah óculos de mergulho Então porque a forma que eu que o melhor encontrei de descansar é meter a cabeça debaixo de água e ver peixes portanto eu gosto muito ter sempre os óculos à mão mesmo quando Vais viajar para sítios onde não há mar ou eu eu nos últimos anos tento sempre ir para sítios de mar ah boa então já conheces já conheces alguns alguns Recantos deste nosso planeta é isso sim Eu normalmente normalmente vou vou atrás dos sítios de mar e Procuro sempre e neste momento também sítios de sol Estou um bocado farto do frio como podes imaginar porque vives na Suécia está a nevar aí não é está a nevar está a nevar e está um frio que não se pode anda bem para aqui depressa olha viagem a viagem com mais peripécias que realizei até hoje e pá eh É talvez a a da Costa Rica porque aquilo da costela partida foi uma chatice e e e também e também o facto de todas as refeições terem arroz e feijão pá também deu capo de mim foi engordar engordar Ok vamos chegar por aqui o carimo de passaporte ou viste mais difícil de obter Qual foi talvez a primeira vez que fui à Índia Tive que fazer 1000 km por conseguir o o o visto e tive preencher uma coisa muito chata que até tinha até informações do meu pai e da minha mãe ai é eles pedem isso sim era era uma era uma coisa muito chata mesmo ainda Perci a 1000 km de casa para ir para ir arranjar pois a recordação de viagem mais cara olha recordações como te digo eh as recordações para mim não são propriamente objetos físicos mas a extravagante a maior extravagância talvez tenha sido uma noite com a família num hotel chamado Atlantis numa ilha artificial do Dubai que tem o um dos melhores parques aquáticos do mundo lá está aquela coisa de comprar os Miúdos com os parques aquáticos e depois ver umas coisas que eu queria uhum valeu a pena Valeu cada dólar que pagaste valeu valeu ainda hoje eles ainda hoje falam disso portanto deve ter valido E tu também andaste lá para cima e para baixo a escorregar sim sim andei e é espetacular não é é é Fabuloso Adorei aquele é é um hotel que no fundo é uma é uma réplica do hotel original que está nas barramas ah ok os adultos al e os adultos ali transformam-se rapidamente em crianças não é sim sim sim sim é Fabuloso uau boa boa a refeição mais estranha Qual foi espetada de baratas espetada de baratas onde é que comeste isso é Pequim ah ah desculpa espetada de baratas caramelizadas caramelizadas estavam caramelizadas portanto estavam mortas e tu sabias ó queas não sabias que era mesmo barata sim sim via-se via a barata que horror dei dei dei só dei só uma dentada e não consegui olha gostava de viajar com eh aqui vou dizer a minha mulher é a minha comp muito bem bonita declaração de amor é sueca ou é portuguesa é portuguesa e a suriana Ah e a suriana portuguesa dos Açores Portuguesa dos Açores muito bem já estão juntos há muito tempo eh sim já há alguns anos boa boa muito bem Tiago chegamos ao fim Qual foi a música que escolheste para fechar a conversa do fim do mundo esta semana Olha a música que eu escolhi foi a Garota de Ipanema por duas razões primeiro porque quando era miúdo passava muito a boça nova lá em casa e depois porque quando Visitei o Rio de Janeiro eh e vi aqueles cenários eu sou da eu sou daquela geração que cresceu com as novelas não é as novelas da Globo quando vi aqueles cenários aquelas Avenidas que já estava farte de ver nas novelas e acostumava passear nas Avenidas e ir cantando esta canção porque se encaixa ali que com como com uma com uma luva e portanto essa a minha escolha garota de Panema do jovinho muito bem Tiago Franco foi um gosto obrigado foi um prazer obrigado obrigado Garota de Ipanema música de Tom Jobim a fechar a conversa do fim do mundo desta semana já sabem sejam bons e boas viagens Ah porque estou tão sozinho [Música] tão triste a beleza que existe a beleza que não é só minha que também passa sozinha ah se ela soubesse que quando ela passa o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais medo por causa do amor por causa do amor por causa do amor [Música] k [Música] C [Música] por causa do amor por causa do [Música] amor por causa do amor se ela soubesse que quando ela paça o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais lindo [Música] la m la [Música] [Música] m i m [Música] [Aplausos] [Música]