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[Música] sejam muito bem-vindos a mais um popup o vosso Soneto radiofónico de cultura popular que junta estes verdadeiros poetas pop Maria Ramos Silva Bruno viira Amaral e Pedro bueres Como já sabem aqui nada é por acaso e é precisamente de poetas que vamos esta semana na verdade o protagonista é só um damos as boas-vindas a Camões na boa dica para quem não tenha reparado estamos próximos de mais um 10 de junho que é dia de várias coisas e que também é freado mas que sobretudo neste caso e para muitas outras pessoas é dia de Camões H feriado Como dizia feriado especial neste 2024 em que se comemoram os 500 anos do autor dos Lusíadas e é sobre ele que vamos falar esta Mana Maria Ramos Silva vamos começar por ti h não porque sejas especialmente camoniana não é essa a questão H sabes lá Tiago também é verdade mas Se fores podes admitir e vamos começar com a pergunta óbvia neste programa que é e se Camões é uma figura Pop ou se é alguém demasiado antigo e distante e arcaico para ter esse estatuto bom é assim o o o o camon tivesse se tivesse vido um tempo com o c tivesse aqui e estivesse aqui e e seria seria seria um tiktoker das caravelas seria assim um um ótimo gestor de redes sociais não esperava isto do do nosso provavelmente um dos nossos períodos mais mais gloriosos mais mais épicos e que ele foi narrando com com palavras altura e folhas até que acho que se iam perdendo era o que havia HS tantas se iam perdendo lá no tal naufrágio no no meong quer dizer eu não eu acho que nós não o tratamos como uma figura pop nós enfim coletivamente como como país e também individualmente humanidade nacional esquecemos muitas vezes que ele está no meio de nós de uma forma pop quando usamos de uma forma mais ou menos inconsciente ou consciente expressões como vai chatear o Camões ou e ou ocidental praia Lusitana esquecendo que são tudo referências de uma forma mais ou menos direta ou quando dizemos que o Pedro bendes é um velho do restelo precisamente isso nós conseguimos incorporar isso tudo não é agora não não não o temos presente com essa dimensão que se calhar e podia ser tão Épica quanto a obra que que ele narra enquanto personagem o seu tempo eu acho que é que é que tem tudo para ser uma figura fascinante como muitas outras da nossa história nós já falamos aqui de de algumas era um tipo perfeitamente normal até certo ponto E isso também o torna interessante da forma banal como também acaba por morrer na miséria quase como um ilustre desconhecido estás estás a lhe tirar todo o carisma e toda a dignidade não porque isso lhe dá ainda mais ch para já porque nós sabemos muito pouco não é é mais o que não sabemos do que aquilo que realmente sabemos e todos esses ingredientes da sua própria biografia acabam por adensar ainda mais o a figura do mito se quiseres não é era um desordeiro era um tipo podia andar ali na baixa e que andou à zaragata depois vai vai viagem eh acho que tem sobretudo a virtude de passar muito tempo fora que é uma coisa que faz falta aos Portugueses e e no seu caso particular não terá feito toda a diferença também na na sua obra e na sua vida e na forma como nos viu e como como andou lá por fora as coisas que que contou como contou como volta e todos aqueles aqueles episódios trágico cómicos até como perder o olho enfim se outro e tudo mais eh portanto eu eu se me perguntares eu eu acho que não nos faltam apesar da da distância bons ingredientes para ser trabalhado com uma uma uma excelente personagem pop não é os ingleses fazem isso muito bem com com o Shakespeare não não precisam de esperar pelos 500 anos da Morte todos os anos penso eu em em stratford Upon heavens celebra de uma forma meio picaresca mas celebra-se com recreações históricas e portanto aquilo também é uma fonte de de de turismo obviamente portanto não é só é uma mercadoria mercadoria bem trabalhada e portanto é uma é uma exportação interessante e se calhar H ces assim em teoria não tem grande interesse mas se calar até podia podia ter não é uhum Pedro Bentes concordas com esta com esta visão da Maria Ramos Silva nós é que andamos aqui a trabalhar mal esta figura como outras aliás da nossa história já aqui falamos ISO de vez em quando ou ou parece que é demasiado desinteressante h e não sei eu o que parece é que não existe a uma espécie de desígnio Nacional humar não tem que existir mas não ou seja não existe um consenso de de figuras que têm que ser trabalhadas pelo pelo pelo Estado o dinheiro público e em função da da da da sua memória no futuro portanto serem deas perpetuar ou deas imortalizar h o o eu creio que o o o Fernando Dina prometeu um museu não é para Lisboa não é e aqui há uns anos e e nunca foi feito porque Entretanto começou-se a discutir se o nosso passado foi foi merece ser celebrado ou não ouou relembrado questão das do racismo e das colónias e essas coisas e e mas a verdade é que por exemplo h e eu digo isto Muitas vezes os espanhóis tiveram e eh animações dos anos 80 uhum lembro-me de uma chamada Rui o pequeno Sid que se atinh à sua história ao seu patrimonio e e e e havia e houve também vários desenhos animados do do Dom quichote várias versões não é até numa figura para crianças e e Portugal perdeu sempre esse Comboio Esse foi sempre um um avião um comboio um autocarro que nós deixamos partir sem eh ou seja não não temos representações para crianças creio eu dos nossos heróis nacionais estou a achar que Camões foi um herói nacional e de facto foi eu lembro-me na escola quando era miúdo que Camões era uma gabarolice e aceite Hum como sim explica lá isso porque eh tinha escrito uma hipi e havia poucas hipias no mundo e nós tínhamos uma delas e que era os leiras P Camões portanto exato no fundo Portugal era bom porque tinha bom azeite bom vinho tinha uma hiia hiia não mas era um pouco assim tinha tinha o melhor Camões do mundo certo mas era um pouco assim eh eh nós não tínhamos grandes motivos de de orgulho de pátrio não é os portugues tinham umas uma autoestima deixa-me dizer usar esta palavra eh e e esta coisa do camon escrito me popia e depois veio a nado não é com uma mão nadou com uma mão e com a outra Segurou o livro depois eu lembro-me de que o José Rui e escreveu uma uma uma versão do em banda desenhada mas mas verdade é que nunca tivemos desenhos animados nunca tivemos séries ainda hoje não temos não é não não é uma figura que que nós vejamos muitas vezes na nossa dramaturgia por exemplo não não não quer dizer não quer est a ser injusto mas não parece que haja assim grandes peças de teatro que que que que enfim que tenham ido à Cena sobre Camões ou com Camões ou ou ou e e isso faz faz a coisa irse diluindo não é eu acho que o nome cões neste momento é é conhecido pelas crianças a idade escolar porque porque é um autor que é dado em português não é creio eu ainda é dado mas as pessoas à medida que vão ficando mais velhas e mais distantes da memória da escola só só lembram Camões pelo lado de Camões o Liceu Camões e o e o dia da o 10 de junho não é o dia de Camões que era o dia de raça da raça não é uhum Hum mas o dia de Portugal é mais o dia de Portugal do que dia de Portugal de Camões das Comunidades não é exato e não sei acho que talvez se tivesse fazer alguma coisa A esse respeito porque a obra de Camões a sua lírica o Os Lusíadas o são é de facto e enfim é é impressionante não é é CL claro que é duvidoso que não sou assente a beber um negroni e a ler os luia em 2024 ali em Tavira mas mas pode acontecer pode acontecer eu falava das viagens e o Pedro também falava um pouco disso porque de facto eh sem querer ou Crendo muito felizmente para nós ele foi o primeiro grande poeta europeu a viajar e correr mundo desta forma quer dizer acaba por não ser um detalhezinho né sim sim é é uma uma parte da da da história del que faz toda a diferença eh Bruno viira Amaral aqui enquanto H falando mais da da obra de Camões é H dirias que é obrigatório eh para leitores para escritores eh como é que colocas aqui o Camões sei lá num eventual ranking daquilo que que deveríamos ler pá na língua portuguesa é é difícil tu tu pensares e ter algum interesse alimentar um um Genuíno interesse pela pelas possibilidades da língua pelas maravilhas da língua e não e não conhecer eh camoes a obra epopeia dos luzid mas também a restante poesia não há forma de não não podes fugir a isso e provavelmente o Camis sofre de desse desse problema ou nós é que sofremos porque nós é que perdemos mas sofre desse problema de ter sido hh muito explorado pelo pelo estado novo e e e que nós achamos tudo que tenha sido de alguma forma explorado pelo pelo Estado novo é é quase para deitar fora não digo que não haja eh questões problemáticas de que que que estão relacionadas com esse facto de ser contemporâneo do do da expansão europeia e de ser talvez o primeiro grande poeta ou maior poeta dessa dessa expansão embora não os luzid não seja uma uma glorificação acéfala dessa dessa Aventura mas sim pode-se considerar eh o maior poeta da da expansão e do do Imperialismo Europeu e e por causa disso eh Hoje há um certo podor ou um receio de nos embrenhar no no Camões com o receio de sermos contaminados por alguma e visão racista e e alista e é um erro porque e por exemplo no caso dos Lusíadas há há toda uma riqueza lexical e cultural que é é raríssima e seja qual for a geografia então na história da da da cultura da literatura portuguesa é ainda mais rara a Maria há pouco salientava e sublinhava Esse aspecto da da da personalidade que terá um pouco de de Mito mas será baseado também em em factos ele ser um arruaceiro ser um aventureiro e e e de se dar primasia a essa esse lado Aventureiro eh de do Camões mas quando nós lemos com alguma atenção eh o o gelusia de Nem é preciso ler com com com muita atenção e basta basta folhar e e ler alguma coisa percebemos que há ali uma série não só na forma que a forma é muito exigente mas Há ali um todo um conjunto de referências eh culturais eh que é um conjunto riquíssimo E hoje praticamente inacessível ao ao leitor médio e daí que se fosse obrigatório esse esse contacto e esse conhecimento provavelmente teríamos um curso de Cultura de Cultura ocidental de Cultura eh de história da literatura ocidental de história da literatura e da cultura ocidental só partindo das referências que se encontram eh no livro por esses motivos assim eu acho que enquanto leitores eh temos muito a ganhar em em ler com atenção e amorosamente e e Atenciosamente este o a poesia toda do do Camões Os Lusíadas em particular e para os Escritores Claro aprendes muito sobre as possibilidades da língua e é e é sempre isso que que podes ir buscar Imaginem aprende-se tanto que o Bruno desistiu e e provavelmente foi ler e o Camões e Maria Ramos Silva só para terminar aqui este primeiro bloco como dizem os profissionais H esta semana houve uma apresentação oficial e sobre as comemorações dos 500 anos de Camões são comemorações que são um bocadinho embrulhadas em alguma explicação Afinal haverá dois anos de comemorações Porque neste primeiro pouco vai acontecer a não há orçamento houve críticas já há vários meses que tem havido críticas em relação a tudo isto eh eu parece-me que há aqui dois aspectos nesta situação primeiro somos capazes do melhor e do pior a organizar coisas e vamos festejar mais tarde não é sim a maior parte 2 2015 será um ano forte pronto somos capazes do melhor e do pior a organizar coisas não é como já se viu H mas depois nós falávamos sobre isto antes do programa que é eh muitas destas destas críticas surgiram por parte de pessoas que se calhar eh muitos de nós não é não não pramos assim tanta atenção a Camões nos dias normais mas é uma coisa que nós gostamos de fazer não é criticar eh e e que também é uma coisa muito portuguesa o que tem muita graça estamos nós a falar de Camões não é sim nós temos sempre um problema crónico de falta de comparência não é e is eu de uma forma geral a quase tudo e quando aparecemos aparecemos mal tempo quer dizer esta depois este este adiamento sim e este planeamento fora de tempo não é que não seja sempre boa altura para falar alí para Celebrar cá é um pouco como o Natal também quando quisermos mas parece eh e retomando a ideia do Natal Quando nós vamos a casa de alguém nos esquecemos do presente de uma pessoa que ficou perdido lá em casa e depois olha para o an trago dois ouou só volto a ver então trago assim com com esse delay H Mas é estranho porque o que eu sinto sobretudo é que nós somos muito maus mar de nós próprios das coisas que que fazemos subvalorizam muito essa capacidade de de vender tornar as coisas uma mercadoria na na melhor acessão da palavra de uma forma de facto útil e consistente e também se valorizamos a a a comunicação é é é é muito bizarro eu eu lembro de ser miúda e nós crescemos todos com aquela imagem de de estarmos na na cauda da Europa de sermos os últimos eu achava aquilo um disparado porque eu olhava para o mapa e e eu estava sempre na frente senti-me nós éramos os primeiros voltados para o Atlântico nossa frente havia mar e todos nós os outros estavam nas nossas costas e eu achava aquilo uma coisa muito estranha mas Pronto acho que nos habituamos a crescer com essa ideia de que e a perspectiva é outra erradamente e de facto senti sinto que muitas vezes deixamos as coisas nas mãos dos outros ao desbarato porque de facto não estamos lá não nos apresentamos ao serviço o MEC escreveu sobre isso em em abril com muita graça sobre pastéis de de Nat ou de B Era assim uma coisa ele falava disso mesmo as coisas boas sempre estiveram lá ainda há coisas boas que que turistas vão de forma massiva mas que continuam a ser boas e nós é que deixamos de lá ir nós é que deixamos as filas para eles nós é que deixamos de marcar lugar disputar um lugar à porta e trazer aquelas coisas para casa que são boas e continuam a ser deliciosas Portanto o problema não é dos outros o problema efetivamente é nosso e aqui também um bocadinho aqui está uma lição para acabar esta primeira parte ainda assim antes do intervalo vamos começar a lançar as sugestões da semana com o postit [Música] Maria segue em frente já que tens a bola nos pés Até porque eu não faço ideia qual é a tua sugestão livrinho de bolso é um livrinho de bolso muito mais Pequenino que Os Lusíadas mas também vale a pena o papel de parede amarelo aqui numa edição da relógio d’água porque ele já foi ditado algumas vezes entre nós foi escrito pela Charlotte perkins gilman uma sena norte–americana publicado pela primeira vez em 1892 há algum tempo portanto é muito interessante que é a história de uma mulher que se escreve como como doente que é que é remetida para o primeiro andar de uma casa senhorial pelo marido para para repousar Ela acabou de dar à luz e e e acaba ter um registro semi biográfico e da história da própria autora na verdade a Charlot tem aquilo que hoje é considerado e classificado como uma depressão pós parto mas na altura enfim era um histerismo lá de senoras um problema lá delas sem grande importância mas a verdade é que o texto acaba por ser super interessante é é um belo texto literário e e vale a pena ser lido e e tem essa vantagem enorme que eu preço sempre que é uma dimensão perfeita para andar na mala nos Transportes literalmente no bolso para todo eu aliás acho eu defendo que há um enorme problema no formato dos livros em Portugal e iso revist é uma coisa que me aborrece Por falar em aborrecer Estou a brincar pedimentos a tua sugestão é Bach Boys Sim há um documentário na Disney Plus que se chama The Beach Boys precisamente Já viste já ae eh Opá é é muito ag geográfico não é portanto achei achei plano mas mas eh permite e algumas pessoas mais distraídas e das novas gerações perceberem se de um estilo de música Aquela Música meia Surf não é aquela cultura da Califórnia h e e da e da rivalidade que quase existiu com os Beatles não é ouou que existiu com os Beatles escolham escolham a alternativa que quiserem portanto dá uma perspetiva interessante da da música popular ali no final dos anos 60 no meio dos anos 60 final dos anos 60 hã uma banda americana que quase rivalizou com os com os Beatles como sabemos são Ingleses o o documentário podia ter sido mais ambicioso mas provavelmente não teriam tido aquelas entrevistas pois essa é que é a questão não é porque os documentários transformaram-se um pouco em um pouco em tipo carcaças de não é acho acho que falta muita coisa sobre sobre os irmãos Denis e Carl e nem ficamos a perceber muito bem como éum eles morrem o que que acontece isso isso isso não ficamos a saber muito do do que se passa do que aconteceu com o Brian Wilson durante imensos anos e de todos os problemas e e loucuras que e o documentário também não consegue apesar da gente estar Apesar dele estar aqui a aconselhá-lo eu já ouv atenção sim também não consegue completamente transmitir-nos H porque é que os bitch Boys foram tão bons musicalmente parece que S só uns Miúdos que com umas camisas iG por fizeram um canções porreiras mas são muito mais do que isso portanto se calhar o o ponto de partida pode ser do comentário depois as pessoas podem tentar investigar nas fontes ex mas é é um bom é um é uma boa pincelada daquele tempo e daquele tipo de música e podemos ver as pessoas a fazer set nos anos 50 e 60 pronto e só por isso já vale a pena muito bem Bruno hum Espero que estej desse lado entretanto tiveste que não sei se foste a outra galáxia deixamos te ouvir mas de qualquer forma Vamos guardar a tua sugestão para o início da segunda parte fazemos agora aqui um curto intervalo até já [Música] em 1980 um avião Da TAP com 83 passageiros a Bordo é desviado para Madrid entrou por ali dentro e apontou noos a arma mas o sequestrador que tem uma arma carregada apontada aos pilotos não é um pirata do ar comum chama-se Rui vive no Feijó e só tem 16 anos tá levo uma pistola o meu pai tem est a pistola de facto Mostros a pistola Este é o piratinha do ar uma série para ouvir em seis episódios que faz parte dos podcast Plus do Observador é narrada por mim Margarida vilva e a banda sonora original é de David Fonseca pode acompanhar todas as semanas no site do Observador nas plataformas de podcast no YouTube estamos de regresso ao popup com Maria Ramos Silva Bruno Vera amarel e Pedro bu ferimentos esta semana estamos aqui a falar sobre Camões e sobre esse Valente aniversário redondo de 500 anos sim senhor antes de continuarmos vamos voltar a dar a palavra ao Bruno vi Amaral que na primeira parte caiu de emoção ou qualquer coisa assim deixamos ouvir contar uma BR palavra miserável quando se fala de Camões curiosamente estamos falar de Camões decidiste que era a melhor altura para sugerir um livro sobre Camões uma absoluta Coincidência não foi nada não foi nada de propósito escolhi aqui uma uma antologia Claro que vai haver outr outras edições estão Preparadas a biografi já estão já estão lançadas pelo menos duas um ensai biográfico do Carlos Maria bobon sobre o Camões e também uma biografia escrita pela Isabel Rio Novo biografia do do Camões mas há outras edições e eu escolhi aqui uma que é Camões uma antologia publicada pela ksal com textos escolhidos e anotados pelo Professor Frederico Lourenço P is isso tem um tem um ar super profissional e sério todas essas palavas J super é super profissional é uma coisa junta e o o Frederico Lourenço nos últimos anos e conquistou aquela aura e de de seriedade e Rigor justo diga-se de passagem com este alcance conseguir chegar ao grande público eh E isto é uma boa notícia para para quem eh queria ler Camões e provavelmente tinha medo de se lançar sozinho tem aqui uma espécie de braçadeiras ou ou de para não ir ao fundo para ir para não ir ao fundo não é e aqui pode pode recorrer à à às as anotações eh do do Frederico Lourenço para navegar com algum uma segurança por estas Águas São águas difíceis não porque exigem já já tinha falado disso na na primeira parte exigem aqui algum alguma preparação mas eu acho que é uma uma uma aventura que que compensa e largamente o esforço O Retorno que se que se obtém compensa largamente e e por isso recomendo esta esta Camões uma antologia com com poesia e com textos Escolhidos por por Frederico Lourenço até tu f foste algo poeta nessa best off não é um Greatest Hits é um Greatest Hits com com depois o enquadramento e explicar as coisas como é timbre do do Frederico Lourenço explicando de uma forma que é ao mesmo tempo e erudita e acessível o que não é uma arte para todos é uma é um cruzamento entre um best of e um storytellers ó Pedro Esta é a minha teoria Pedro bucher Mendes vamos continuar com Camões e vamos começar por ti e vamos voltar aos tempos da escola há bocadinho falavas de escola hum eu acho que costuma acontecer com quase toda a gente que é na escola é onde nós pela primeira vez conhecemos o Camões e Lemos qualquer coisa de Camões não sei se foi assim assim contigo digo eu que terá sido foiar lembras-te dessas diz não foi antesi antes cer podia podia ter sido antes eu se eu tivesse nascido 15 20 Anos Antes como as figuras públicas portuguesas ter L livros proibidos Aos 9 anos não é já disse isso aqui Basílio O Crime do Padre amar não aqueles quer dizer aga não me tá o correr nenhum livro proibido naquela altura mas portanto não teria lid Camões porque teria lido Liv estás a sugerir que não havia livros proibidos na altura não sim e depois e depois teria lido todo o Camilo antes de de cões isto com 11 anos obviamente nãoé a minha pergun há sempre há sempre uma casa com um avô que tem livros nessas memórias ex eh a minha questão é será que a escola é o sítio certo para nós eh eh conhecermos e lermos pela primeira vez que se se se se é um processo que que que tem bom resultado e que funciona bem ou se H é aí que começam alguns problemas de relações e e e atenção com Camões e com outros autores não é e questão se calhar é mais abrangente do que esta eu acho que temos muito a ganhar em em deixar algum relativismo portanto a resposta é sim se não é na escola a ser on na catequese é uma boa pergunta Ora bem H se não é na escola é na catequese tá aqui uma outra boa frase para eh o o o o que talvez e eh devessemos às vezes ter ter mais sensatez de achar que não é para todos pronto se calhar algumas pessoas eh vão ser mais da Matemática outras pessoas vão ser mais da física outras pessoas vão ser mais do português e e das coisas da literatura hh mas sim eu lembro-me que que dávamos Camões não é tínhamos que tínhamos que saber o que era um soneto e uhum pois e h a sua lírica lembro-me do a cativa que me tem cativo não é essas coisas olha coisas que ficam os os cantos do liras a ilha dos Amores o que era aquilo da Ilha dos amores e tal H tudo muito inocente e o Camões depois revive de repente na nossa vida coletiva quando o o então primeiro-ministro não sabe Quantos cantos tem não sei se se lembram dessa dessa história eu acho que já é nos anos 90 para gáudio para gáudio dos portugueses muito cultos Cavaco Silva era o único português que não sabia Quantos cantos tinh lesir todos os outros sabiam não conheciam os cantos à casa Exatamente é pá pessoas mesmo divertidas neste exatamente E isto é um programa Pop meu amig masim eu eu eu eu eu eu quer dizer não não é uma questão de achar obviamente que Camões tem que ser dado é assim se diz não é na na escola escola secundária acho que é a partir do 10º ano se bem me lembro não sei sei como é que já foi há tantos anos não é Pedro mas foi foi foi mesmo e nós já nem nem nos lembramos da polémica quando aia cantou cam moja sim e e e eu lembro-me lembro-me e e e achávamos aquilo naturalíssimo e o Gil Vicente e o e o Alto da Barca do Inferno e essas coisas depois haviam lá uns palavrões não é sim e achávamos graça que coisa fosse tivesse sido cousa não é Ou coa coisa não sei quê Sim Pronto acho que sim essas formas arcaicas de português H Bruno veira Amaral eu hum eu eu tenho genuína curiosidade para saber que tipo de relação tu tens ou se nunca tiveste com Os Lusíadas eh se é uma coisa que te te não sei como é que como é que eu posso dizer isto que te fala ao coração que te ensinou aprendeste imenso com os luzas H aprendi contra vontade contra adado Ah pois é o costumo não mas isso é isso é um problema de de estudares as coisas na escola não é eh porque há sempre um um lado de de de de obrigação de de de de trabalhos forçados Não não é uma leitura de prazer não vais ler aquilo porque olha que giro tenho aqui tempo hoje está sol vou ler os lirasi exatamente nem sei se isso é o o Pedro na primeira parte dava Desse exemplo estarmos na ent Tavira a ler a ler os luzas eu acho a ler os falta essa par Esse pormenor é importante é verdade e eh isso fica marcado o facto de termos tido contacto o primeiro contacto com com os luzid na na escola e numa altura em que é difícil estar preparado para aquilo cois acho que esse é é é outra dificuldade a não ser que sejamos um desses intelectuais a que o Pedro se referia que é aos 11 anos já tinham papado isso tudo eh no nosso caso no caso do do dos restantes comuns Mortais como nós né somos todos comuns Mortais aqui como nós como nós e como os nossos ouvintes isso é é diferente eu acho que só só depois mais tarde é que tu Consegues se se estiveres disposto a isso obviamente Consegues ir eh voltar e ler e Camões de de um de uma outra forma mas há sempre e continuar a ver tal é a distância já temporal e e e e cultural que nos separa do Camões implica sempre esforço hum não é não obviamente não é uma leitura fácil não LS isso como vais ler um romance que que está aí a sair ou que vais ler Helena Ferrante ou stig não não é estás a falar de uma relação com a leitura totalmente distinta e que te obriga de facto a uma suspensão em relação ao teu tempo às tuas referências culturais e a vontade o desejo de querer e entrar no mundo que te é hostil hostil porque já não não são as mesmas referências não são não partilhas as mesmas referências naturalmente que que fazem parte que constituem o lío fazer essas diferenças para além de haver essas diferenças de linguagem exato e por ser e por ser uma forma Claro exigente portanto a minha relação com com o Camões é uma relação de desafio a mim próprio enquanto enquanto leitor não não vou ler aquilo que que que bom a não ser A não ser claro ali alguns sonetos da lírica eu acho que funciona de forma diferente e talvez seja uma boa porta de entrada e para para a obra de de Camões seja fora dos Lusíadas e passar para Os Lusíadas depois de de ter passado pela pela lírica uhum já agora eu tinha aqui outra pergunta guardada mas posso fazer-te já porque seguimos caminho não é sem parar que é estavas a falar dos sonetos eh parece que o o sonet é uma podemos apelidar de maravilha da humanidade ou é assim uma antiguidade que que hoje em dia já não encaixa hum eu acho que devia ser e obrigatório a qualquer aspirante a poeta e demonstrar que sabe escrever umet sua abilidade no A Maria está vão L vão ler Daniel Jonas por amor de Deus vão ler Daniel Jonas e vejam se vale a pena ou não saber escrever sonet pois é pronto e Mas é isso é devia ser uma prova de admissão ao estatuto de poeta depois demonstrar que dominas esta forma depois podes escrever como quiser e verso livro verso o que quiseres não interessa mas primeiro passar por este por este por este este com de preferência com com excelência com com qualidade Porque sim é uma relíquia vem de outros tempos quando quando o cões escreveu ainda não era não não não estava assim tão longe no tempo da criação do do do sonet enquanto forma que tinha sido para aí um século e tal antes em em Itália e portanto ele já não era do tempo dele mas ainda era relativamente recente eh no entanto eu acho que é uma forma e tão importante e e e tão eh permanente na na poesia mesmo por exemplo e na nossa poesia do do do século XIX e alguma ainda do século XX que e continua a ser válido e e se tu perceberes a maravilha como é que aquilo funciona eh também é uma grande descoberta para ti enquanto enquanto leitor não só enquanto aspirante poeta poderia ser ótimo para disciplinares mas também enquanto leitor é é uma questão da forma não quer dizer que eh seja a única ou Tenhas só aquilo Claro as coisas mudam-se os tempos mudam-se as vontades As coisas mudaram eh e e o soneto Claro tem tem hoje eh Quem o faz quem o pratica A Maria estava a dar o exemplo do do Daniel Jonas quem o pratica também sabe que tem uma carga de erudição quase de de de sancionar de de dar um carimbo de de erudição e de qualidade a quem a Quem o faz mas eu acho que continua a ser não é uma forma obsoleta continua a ser válida e Há muitas possibilidades no mundo de hoje de explorar essa forma depois com com todo um um um vento de de modernidade dentro do da substância do poema Maria Ramos Silva H passamos aqui há pouco por este por este tema mas muito ao de leve eh Camões será demasiado nacionalista e mulherengo e etc para 2024 se 2024 acha isso o problema está em 2024 não está e no Camões julgo eu eh O Bruno já falou um pouco sobre isso eu eu por acaso acho que é capaz nem nem ser das figuras mais eh alvo a bater é para ir por por esse caminho há outro mais que não seja Porque infelizmente as pessoas também não se semam tantas vezes assim do Camões e portanto eh eh enfim H sear também está um pouco a salvo dessa dessa senha w digamos assim não sei olha eu por todas aquelas características que elenquei no início sobre sobre o Camões eu acho que devia ser uma personagem fascinante É engraçado porque eu penso que a Maria João Lupe de Carvalho tem um livro sobre as mulheres do Camões qu sou aqui há uns anos eh e que dizia que era perfeitamente entendível que uma mulher se apaixonasse pelo pelo Camões ela própria se apaixonaria porque de facto há ali uma série de entos que são são extraordinários Ele parece enfim do que nós imaginamos uma figura sanguínea uma figura irreverente o tal Aventureiro que o Bruno falava era uma estrela rock roll à sua maneira obviamente e tinha sobretudo essa essa inquietação e sobressalto que eu acho que nos faz falta não é nós quando olhamos para trás e E revemos essas figuras que pá nós ho quase temos dificuldade em atravessar o Rio e e e e estes tipos enfiaram assim NS NS Barcos e foram à descoberta completa també tal Deus Dará não é com enfim com condições que nem conseguimos imaginar e e eu acho que é de facto extraordinário e ainda acho mais extraordinário que tenha havido alguém neste caso o Camões que conseguiu registar isto e que teve enfim a capacidade de fosse puro puro Marasmo não ter nada para fazer vou aqui escrevinhar umas coisas ou porque realmente percebia a importância daquelas façanhas deixar aquela aquelas empratadas todas escritas e Portanto acho que com mais Soneto ou menos Soneto é absolutamente assinante com mais sonet ou menos sonet muito bem H estamos a a ficar sem tempo e portanto Ainda temos que fazer aqui uma rápida eh Viagem ao Passado no isso é que era bom e vamos mudar completamente o tema eh só para tornar isto ainda mais interessante eu não sei se vocês sabiam sabiam porque eu enviei vos o guião senão não sabiam hum o Tetris que é um jogo de vídeo não sei se estão a par eh faz esta quinta-feira 6 de junho 39 anos e a propósito H que é uma coisa que nós raramente falamos aqui ou se calhar nunca falamos que são videojogos e que é uma componente bastante importante da cultura pop caso não saibam e eu queria saber e e se vocês alguma vez tiveram e qual o vosso jogo vídeo Favorito ou jogos ou se alguma vez tiveram uma relação especial com algum jogo eh contem-me tudo Maria Ramos Silva eu sei que tu tens aí uma há um título que tu precisas falar há um título que eu preciso falar não de jogos de vídeo não sei eu eu eu escolhi e escolhi dois eu gostava muito passei muitas horas em casa a jogar o Shinobi não é já não sei qual deles porque aquil depois tinha um Revenge e tinha não sei que mais para para a Mega Drive H se bem o p sei o que é isso não sabes o que é Meg drive p não isso é Sega qualquer coisa é se qualquer cois consola é uma consola é se essa se mas so tudo estes jogos tipo Street Fighter e não sei quê gostava de jogar na rua naquelas er uma rapariga salões de jogos Sim ainda ainda tive a sorte de apanhar essa essa ess chegamos à conclusão que temos saudades dos Salões de jogos É verdade sim algum o Pedro nem por isso sim eu eu jogava bastante Space Invaders ah cá está h e Pacman também mas nunca foi uma coisa que eu que eu que gostasse muito como Sabes eu sou um intelectual não é não Sim certo mas Camilo ent cam mas mas era uma questão geracional eraa uma questão de não eu apanho em cheio o o Boom dos jogos vídeos através do Spectrum ali em 82 83 84 ex portanto apanhe isso em cheio o eu nunca tive um Spectrum tinha outro computador e pronto e muito mais avançado sim mas também tive Beta Max portanto só para tu Veres como foi a minha vida h e e mas jogava Space invid sim não mas a minha questão era se por exemplo se tinhas amigos que de facto jogavam muito e tu é que eras um tipo que não davas assim tanto eu não tinha amigos não é ah ok certo não o o eu uma apone para estar a acabado calma talvez não acab não Claro que sim Havia uns que jogavam o Donkey Kong talvez talvez possível sim sim aqueles jogos do de de Patamares do Spectrum tinhas que saltar para uma coisinha bom não sei os nomes mas nunca liguei muito ah o lber sim sim pronto mas joguei pronto joguei Space in vedas para responder à tua muito bem mas fica-te bem Space Vas porque é um clássico pronto então mas eu sou um clássico exatamente era aí que eu queria chegar H Bruno V amarel tu e os jogos de vídeo ou ou já está ou quando eras garoto já só lias e não querias saber de mais nada já já só Lia nãoe é uma é uma relação pouco significativa porque e está relacionada com com com os cafés ou com os salões de jogo certo hum o Pacman aquele do do pinball sim flippers fli havia um que era o kung fu não sei quê já não me lembro e depois havia o Street Fighter hum Street Fighter e joguei muito Quando andava ali no sexto ano num café que era acho que era o café o café do francês a caminho da da escola um abraço para francês um grande um grande abraço e depois houve ali uma fase em meados dos anos 90 em que os meus amigos tinham cega devia devia ser Sega não sei ou Nintendo já não não sei qual é que era e jogá muito qual é que é do Super Mário é é nint é Nintendo pronto então joguei ia lá à casa deles e jogava jogava muito e depois só voltei a ter uma relação com jogos com quando eh um o meu filho mais velho eh começou começou a jogar esse jogos começou ainar a cabeça a dizer que queria jogos e que queria uma uma PlayStation e ainda joguei alguns jogos de carros de tipo Burnout takedown e essas coisas muito divertido cheguei e houve uma altura em que eu jogava sozinho não jogava nem jogava com ele não is foi já não deixava jogar não eu estava mais viciado do que ele nesses jogos de de de andar com a chocar com os carros essas coisas mas não não é uma relação ao contrário do agora possa parecer possa dar a impressão esta última declaração não é uma relação muito muito intensa muito bem mas gosto da forma exótica como vocês falam de jogos de vídeo como se fosse Mas tu jogava Pelos vistos a isso eu eu jogava bastante tudo o que fosse sobretudo do reino Nintendo Super Marios e etc muito bem muito bem ainda hoje sou bastante fã fica sim sim tens isso montado lá na sala cheio de fios e não hoje hoje não já não e com aqu com aquelas aquelas lâmpadas para fazer a transmissão para já as consolas hoje já já já não tê assim tantos fios já não carecem de fios não quer dizer podem Não carecer não é isso em alguns casos são portá só para usar e fazias batota fazias muito B fazias muita batota Tiago não não andava para fazer muita batota havia um havia um Street Fighter na Super Nintendo que dava para fazer batota e e de repente tu podias usar todos os se fizesse lá um truquezinho com tinha um nome né os poques ou os os os tinha um nome vi uma palavrinha em inglês que designava os trucos Os Cheats não é é cheats não sei não era cheats não mas era uma coisa não era mas é a ideia é essa sim era pronto e tu E e tu podias e tu estar que estamos a falar sobre isto neste programa sobre Camões não e as pessoas que percebem de de de videojogos estão a ouvir isto estes palermas tiram estes gajos daqui estes palermas mas Pronto agora fiquei com essa na ideia talvez talvez faça olha um dia um dia temos que fazer um programa sobre vídeojogos super mar hoje nunca se sabe quando chegares a casa como saudades faz isso e muito bem e então só por causa disso Chegamos Ao Final De Mais Um popup na próxima semana fica o aviso estaremos a Celebrar o Santo António e e é uma desculpa tão boa para avisar que não haverá programa e regressamos na semana seguinte antes do São João fica o aviso e portanto até lá [Música] h [Música]