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[Música] autogolpe eleições e autocracias é o título do artigo que o historiador e especialista em segurança internacional Bruno Cardoso Reis assina esta sexta-feira no site do Observador e a entrada deste artigo vinca que em Democracia é inaceitável a complacência com quem não aceita o resultado de uma eleição é o nosso colonista do dia bem-vindo Bruno Olá obrigado muito se tem eh falado sobre as presidenciais norte-americanas e quem lê as primeiras linhas deste teu artigo até pode pensar que é sobre os Estados Unidos mas na verdade quer chamar a atenção para as eleições noutro país a Venezuela já no próximo domingo tem-nos passado um pouco mais ao lado mas não devia ser assim não é Devíamos estar todos Alerta depois das ameaças de Nicolás maduro que fala em banho de sangue e guerra civil se não se mantiver no poder sim exatamente ou seja por um lado é um brincar um bocadinho com esta apropriação indevida pelos Estados Unidos da das Américas não é portanto Quando falamos em eleições Americanas pensamos ainda mais no contexto atual pensamos em eleições nos Estados Unidos da América mas na verdade Há Há muitas eleições Americanas eh e nomeadamente na América do Sul a esta na Venezuela h eu diria que é claramente e as próprias declarações de maduro eh deixam claro que o regime está muito preocupado este regime chavista maduro no fundo é o herdeiro político do Hugo Chaves que tentou dar um golpe deu um golpe militar mas que falhou em 1992 depois transfigurou-se digamos num político populista e conquistou realmente o poder em eleições em 1999 e depois manteve-se até morrer em 2013 a é substituído por Nicolás maduro que era o seu vice-presidente e realmente desde essa altura é claro que o regime é cada vez mais impopular estamos a falar de um um país que era o mais rico da América Latina neste momento é o mais pobre de um país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo Mas é incapaz da das explorar de forma eficaz e está preocupado em ir tirar petróleo ao vizinho ao país vizinho Guiana e que realmente o único recorde global que tem atualmente é númer número de refugiados há volta de 7 milhões de venezuelanos fugiram do país por causa enfim da da repressão política do caus económico muitos deles aliás de origem portuguesa temos nos lembrar disso há quase 700.000 venezuelanos pelo menos de de origem com passaporte português e e realmente é é uma tragédia terrível E a expectativa para domingo é que se o regime não conseguir o resultado que quer mesmo recorrendo à fraude provavelmente vai recorrer a uma repressão ainda mais violenta eh eh nós sabemos que eh eh eh pel aquilo que a imprensa avança as sondagens indicam que o povo parece querer uma mudança também sabemos que o maduro impediu a candidatura mais popular que era a de Marina Corino Machado foi substituída por Edmundo González eh a Venezuela corre o risco de viver uma fraude eleitoral no próximo domingo Sim o regime realmente eh não dá nenhumas garantias de eleições isentas eh o pró próprio contexto já é muito adverso aquilo que referiste ou seja Isto é típico destes regimes que da Democracia só tem as eleições que é no fundo não podem escolher o povo mas escolhem e eh as pessoas em quem o povo pode votar portanto houve não uma Mas duas candidatas da oposição que foram bloqueadas nomeadamente e em particular e esta Corina Machado que tinha ganho com votações esmagadoras as primárias da da oposição enfim com acusações vagas e sem sem provas evidentes de em termos jud porque o próprio poder judicial também é controlado pelo regime acaba por aparecer este Diplomata eh que o Edmundo González que enfim é quase uma figura tipo Joe biden portanto mas que foi aquilo que o regime permitiu e e aqui o que é incrível é que apesar de tudo a vontade de mudança é tanta que as pessoas aparentemente estão mobilizadas eh em nome de simplesmente acabar com com o chavismo agora o problema é que já vimos isto acontecer anteriormente ou seja em 2016 a oposição ganhou as eleições legislativas o regime não conseguiu no fundo controlar de tal forma o escrutínio que impedisse esse resultado e logo a seguir eh o o regime basicamente alterou a a Constituição de forma ilegal usando o controle do aparelo de estado judicial etc privou O parlamento de poderes criou uma espécie de Parlamento paralelo e portanto impediu que na verdade a vontade dos venezuelanos dos votantes traduzissem alterações reais portanto daí se justificar estas expectativas muito negativas e a grande preocupação em relação ao próximo domingo e podemos depois do ponto de vista social Bruno assistir a episódios como aqueles que aconteceram nos Estados Unidos e no Brasil em invasão ao capitol e à Praça dos Três Poderes há o risco de enfim H seja qual for o resultado das eleições eh Há aqui alguma uma intimidação uma campanha de de intimidação e também uma polarização sim ou seja eh e no no caso eu faço essa comparação com com os Estados Unidos embora não seja realmente o tema principal porque há uma quase coincidência completa nas declarações ou seja o Donald trump veio dizer poderia haver um banho de sangue se ele não vencesse quando lhe pediram eh para garantir que não haveria violência ou que ele rejeitava a violência no caso de perder as eleições agora em novembro Ele disse que isso dependia do resultado das eleições e maduro diz basicamente a mesma coisa não é se nós não ganharmos portanto no fundo ameaçando os eleitores se vocês não votarem em nós eh O resultado vai ser o caos vai ser a violência vai ser ainda pior e portanto esse tipo de de de linguagem é absolutamente inaceitável e e do meu ponto de vista também não é uma grande um grande argumento dizer ah mas eles se calhar não estão a falar a sério que é um argumento que se utiliza alguns utilizam em relação ao Donald trump e em função até das suas simpatias ideológicas e outros utilizam em relação ao maduro por exemplo o próprio presidente brasileiro Lula da Silva durante muito tempo no fundo tendia a desculpar sempre o regime venezuelano porque é um regime mais à esquerda felizmente agora não não foi o caso finalmente teve palavras bastante duras em relação a Maduro e mas e e mas a verdade é que isso é sempre inaceitável quer dizer não não pode haver mesmo que sejam só palavras é grave porque não deve haver qualquer tipo de declarações que pareçam no fundo ser cúmplies ou até apelar à violência num contexto eleitoral Como disse Lula nessas declarações em que se manifestou muito assustado e em que disse que maduro tinha de aprender que em democracia quando se ganha eleições fica-se quando se perde vai-se para casa mas ele disse eh em eleições não há banhos de sangue há banhos de votos eh e portanto hh Esse é o ponto principal E aí devemos ser coerentes quer dizer somos críticos de uns temos de ser críticos do outro de outros e realmente não é um grande argumento acho que é um argumento mesmo muito fraco em política dizer Ah eles se calhar não querem não vão cumprir aquilo que estão a dizer isto são só é só retórica não há só retórica em política as palavras contam muito sobretudo quando tem a ver com violência ou com apelos à violência ou com complacência com violência Mas além disso emem em termos de defesa de um ator político dizer que nós não devemos dar grande credibilidade não devemos dar grande crédito que aquilo que eles dizem não é para levar muito a sério não me parece que isso seja propriamente um grande argumento a favor desse desse ator político é e que outras consequências é que podes perspectivar em termos sociais e económicos num país que já em crise e também para o povo a repressão há de aumentar Bruno se conseguir Czar em em 30 segundos agradeço bem eh o quer dizer h a questão é pode piorar ainda mais eu diria Pode parecer impossível porque o o e só nos últimos 10 anos a economia venezuelana contrai o 2is teros e mas eu acho que pode sempre piorar e sobretudo pode piorar se houver aqui uma uma dinâmica de repressão de violência muito maior por exemplo em relação aos líderes da oposição novamente e eu diria aqui o grande risco é realmente uma vaga uma vaga de refugiados que é uma tática que este tipo de regimes tem também favorecido que no fundo é eh levar aqu as pessoas que estão mais contra o regime e e que poderiam mais mobilizar-se contra o regime acabem por sair do país e deixem de ser uma ameaça para para Esse regime mais autoritário uhum eh este artigo do Bruno Cardoso Reis tem este título autogolpe eleições e autocracias E de resto Bruno deixa lá uma sugestão de leitura para este verão sobre os autocratas que querem governar o mundo um livro Convido os nossos ouvintes a espreitar o site do Observador Bruno muito obrigada E bom fim de semana obrigado bom fim de [Música] semana h