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saldos de verão observador até 31 de Julho assinaturas a partir de 3€ por mês em observador.pt tenha acesso a todos os conteúdos do Observador para ler onde quiser até na praia apoio o jornalismo independente Esta é a história do dia da Rádio observador se há 723.000 casas vazias em todo o país porque são tão [Música] caras a questão que se coloca os senhores deputados no debate de hoje é muito concreta que interesses devem ser prioritários para as opções políticas querem proteger os lucros da banca ou as casas das pessoas a vossa resposta a estas perguntas vai traduzir-se nesta discussão e na votação que no final se fará Bruno Dias é deputado do PCP esta quarta-feira foi debatida e chumbada no Parlamento uma proposta dos comunistas na área da Habitação esta quinta-feira o governo apresenta um pacote de medidas para enfrentar um dos maiores problemas do país a dificuldade de encontrar uma casa que se consiga pagar uma situação grave que está a empurrar os portugueses para fora das grandes cidades e a adiar projetos de vida como por exemplo sair da casa dos pais mas há um dado pouco conhecido há 723.000 casas vazias em todo o país e se há casas vazias no centro das cidades Porque estão tão caras há soluções para este problema vou conversar com Edgar citano jornalista da secção de economia do Observador eu sou Ricardo Conceição e esta é a história do dia e este Episódio tem um sabor especial hoje a história do dia faz um ano vamos à [Música] conversa bem-vindo Edgar Obrigado pelo convite já todos ouvimos e em muitos casos até já sentimos esta frase eu não consigo encontrar uma casa como é que chegamos aqui depende da zona do país de que estamos a falar e depende de também de vários outros fatores mas chegamos até aqui porque temos um mercado imobiliário que vive num desequilíbrio entre aqu que é a procura que é que é muita e que é muito concentrada e a oferta que é comum dizer-se que é que é escassa em parte por consequência de políticas como o congelamento das rendas e outras que acabaram por contribuir para que hoje tinhamos um um parque Habitacional muito mais degradado e onde tanto na compra como no arrendamento se protege mais quem está instalado no mercado Quem quem já tem casa basicamente e se cria grandes Barreiras para quem quer entrar no mercado como é o caso dos jovens por exemplo e Edgar quantas casas temos sabemos quantas casas existem imagino que sim não é de acordo com o iné temos quase 6 milhões de casas de alojamentos clássicos como o iné lhe chama 6 milhões de casas em Portugal deste destes 6 milhões 4,1 ou seja cerca de 2/3 estão a ser usados como residência habitual eh 1 milhão um pouco mais de 1 milhão é residência secundária e depois temos mais de 700.000 casas que foram registradas pelos licenciadores como vagas estamos a falar de 723 1 215 casas e como é que sabemos que estão vazias eh sabemos que estão vazias graças ao trabalho árduo e meritório dos recenciador do inec que andaram no no terreno a fazer os censos basicamente não precisamente e de quem abriu a porta basicamente não não só sabemos esse número de casas vagas mas sabemos também onde é que elas estão no país e e no texto que publicamos o leitor vai poder encontrar não só um mapa mas também uma tabela de Excel Onde está tudo discriminado ao nível do município ou seja será possível saber exatamente de quantas casas é que há no seu concelho que estão vagas pelo menos à data de 2021 então segundo estas contas Edgar 12% das casas em todo o país estão vazias é isso é isso mesmo 12% se pensares que são 723.000 casas se imaginar em média em cada casa podiam viver por exemplo três pessoas em média um casal e uma criança por exemplo estamos a falar de habitação que podia servir a mais de 2 milhões de pessoas não é coisa pouca estes 723.000 alojamentos que estão vagos e nós dividí-las em cerca de metade metade entre alojamentos que estão disponíveis para venda e ou arrendamento as duas coisas ou só uma delas a outra metade está vazia por aquilo que o iné considera como outros motivos e esses outros motivos são muitas vezes heranças indivisas ou até mesmo proprietários que preferem não vender ou arrendar e TM as casas fechadas deixa-me só perceber antes uma coisa e na área de Lisboa tens números sabemos Quantas são as casas vazias sim em Lisboa a porcentagem de casas vazias é mais baixa percentagem Claro eh mas segundo os dados dos censos temos mais de 150.000 casas vazias na área metropolitana de Lisboa se limitarmos ao concelho de Lisboa estamos a falar de quase 50.000 casas vagas mais de metade das quais que não estão disponíveis para venda ou arrendamento ou seja são hos Tais outros motivos e ainda vamos regressar a esses outros motivos parece-me uma parte muito interessante desta desta história mas Edgar há aqui uma pergunta que se impõe estas casas que estão vazias estão em condições podem ser habitadas algo ajuda-nos lá a definir o que é isso de uma casa vaga isso é muito importante deixar muito claro até parece-me que houve alguma confusão recente sobre o que é que o iné considera uma casa e vaga nós questionamos o iné diretamente sobre o conceito que está subjacente a estes números de 723.000 e é importante explicar que o que está aqui em causa São casas que estão perfeitamente habitáveis ou que estariam habitáveis com algum trabalho simples ou não muito profundo de reabilitação ou seja nó estamos a falar de uma ruína sem janela Cent telhada isso não contou para o critério dos recenciador do iné Edgar vamos voltar à aquele ponto que deixamos há pouco pendurado As casas estão vazias porquê Quais são as razões simplificando aqui um pouco os números o que temos é casas vazias em que cerca de metade está disponível para venda ou arrendamento eh simplesmente não estava a ser alogado ou comprado por ninguém aos preços que estavam a ser pedidos Este é um pormenor importante a outra metade cai no que o iné engloba os chamados outros motivos que já falamos o o que percebemos é que são sobretudo casas de de pessoas que morreram as casas ficaram vazias Os Herdeiros estão longe ou não querem aquilo ou não se entendem os que os outros Há Há de tudo ficamos com a sensação de que embora o iné não tenha partilhado dados concretos desagregados estamos a falar de sobretudo de heranças indivisas que estão encalhadas como se costuma dizer e já todos ouvimos histórias incríveis sobre os problemas relacionados com heranças mas também já ouvimos aquela frase e nem se sabe quem é o dono Imagino que isto seja uma parte importante este problema sim foi aí que fomos dar com a história de uma de uma historiadora portuguesa que está a tentar criar em Portugal um setor que já é bastante enraizado noutros países Como como o Reino Unido que é a chamada investigação sucessória ligada à genealogia forense nós entrevistá-la para este trabalho ela chama-se Ângela Campos e lidera uma uma rede profissionais em vários países essa rede chama-se Living History Solutions e o que eles fazem basicamente é localizar por exemplo herdeiros que ninguém sabe quem são Onde estão são uma espécie de caçadores de herdeiros é isso sim que até isso até é o nome de uma série na pbc no Reino Unido onde isto já existe mas em Portugal não existe mas ela contou nos casos de zonas históricas por exemplo em Espanha com 20 ou 30 Imóveis vagos completamente vazios em que ninguém tocava há décadas porque as autoridades locais não conseguiam localizar os legítimos proprietários no fundo né E foi através deste tipo de serviços que eles conseguiram ir enar donos vezes na améri latina pessoas que emuitos casos nem sabiam que tinh aqueles Imóveis mas como dizela Campos encontrar as pessoas também é só o primeiro passo porque depois tambm vão ajudar mediação e na document que é necessária nestes [Música] processos já volamos à conversa com Edgar queit jornalista da secção de economia do Observador se há casas no estão vazias Porque estão Afinal tão caras as casas [Música] ouvi o rádio hoje ouvi a pipoca mais doce a Ana Garcia Martins ouvi a Catarina Miranda ouvi o Manel serrão ouvi meu amigo J magalhes sim ouvi o Paulo Ferreira já ouvi a Maria João Simões ouvi a voz incrível da Carla Jorge de Carvalho ouvi o José Manuel Fernandes ouvi a Helena Matos ouvi Claro o Rui Ramos ouvi o João Miguel Tavares ouvi o Lu ag ouvi a su já ouvi o jor fandes ouvi o João de ris ouvi o Carlos fiolhais Eu ouvi o Martim Sousa Tavares ouvi o Bruno Vieira Amaral ouvi o Eduardo S ouvi o Alberto Gonçales ouvi o Gabriel ales Acabei de ouvir o Pedro Henriques se também já os ouviu ouviu a rádio observador estamos de regresso à conversa com o jornalista da secção de economia do Observador Edgar citano Edgar as empresas imobiliárias dizem que há falta de oferta e que isso faz disparar os preços mas como explicaste com milhares de casas fechadas não estará aqui a oferta cara demais para a capacidade financeira da procura que temos os mercados tendem sempre a equilibrar-se não é e de alguma forma o mercado está-se a equilibrar com com a oferta e a procura que tem já falamos um bocadinho sobre isso agora de facto Como diz as empresas imobiliárias dizem muitas vezes que há falta de oferta e e e em algumas zonas há falta de oferta em oposição à procura que existe sabemos que é assim agora eu acho que vale a pena nós termos sempre presente este número não é a temos sempre ter presente que de facto a construção de novas casas abrandou muito na Desde da crise de 2011 e e de facto Como o próprio iné disse só cerca de 3% das das casas que existem no país todo foram construídas na última década Isto são factos mas não podemos esquecer que isto não é toda não é todo o argumento ou seja isto não a discussão não se pode limitar a isto porque temos de facto um número muito grande de casas que não estão a ser ocupadas São casas que foram licenciadas para a habitação e não estão a servir para a habitação estão a servir para outras coisas nomeadamente para estar fechadas e e acho que existe um papel que a política pública deve ter neste deste tipo de casos e isso agrava o problema Edgar queria antes de irmos às soluções que nos explicasse aqui também porque escreveste sobre isso no observador um problema adicional no acesso ao crédito à habitação aos empréstimos O que é que se passa com o estes dos 7% eu vou dar um exemplo de uma família simples que nós podemos simular uma família que é em 2000 no início de 2021 conseguia aceder a um crédito para uma casa de 160.000 € por exemplo neste momento pela efeito matemático da subida dos juros só consegue aceder a um crédito 109 Hum E isso mostra-te que neste momento o acesso das pessoas à às casas e ao crédito para comprar casa está muito condicionado isto os 7% que perguntaste é porque o banco de Portugal obriga a que os bancos simulem sempre na taxa de esforço máxima da de cada família até que ponto é que ela conseguia Aguentar uma subida de três pontos percentuais na taxa de juro e o efeito que isso tem na prestação e atualmente e atualmente os os juros estão na casa dos 3% soma-se é isso iso é isso ou seja estava em zero aguentavam mais três pontos porcentuais em cimma disso facilmente não é Mas neste momento os juros Como já subiram para mais 3% continua a levar com o mesmo teste e a mesma simulação de mais TR pontos percentuais em cima mais o spread que é 1% ou ou pouco ou pouco menos do que isso significa basicamente S isso exatamente encontras redondas significa que só acede a crédito quem consegue acomodar na sua taxa de esforço taxas de juro de 7% Vamos então aqui regressar as casas vazias e como estas casas também poderiam fazer parte de uma solução para o problema grave da Habitação Quais são as soluções que estão em cima da mesa dear nós falamos com vários especialistas nesta área explicaram um pouco como é que estas casas podem ser trazidas para o mercado e em termos simples Tudo começa com a fiscalidade obviamente ou seja dar mais incentivos fiscais a quem disponibiliza as casas para o mercado e quem diz incentivo diz penalizações para quem não o faz eh porque H aqui um ponto importante que eu também já referi que é quando as casas foram licenciadas para serem construídas estava subjacente que aquela casa seria para a habitação ou seja se não está a servir para a habitação se está fechada então o estado que licenciou a obra poderá ter aqui uma uma legitimidade ou até mesmo uma obrigação para atuar e atuar além da fiscalidade se isso não for suficiente estamos a falar de soluções como tomada de posa administrativa ou que que significa no fundo ou o pode est em cima da mesa por exemplo é o estado mantém a propriedade do lado da da pessoa do neste caso respeita-se o direito da propriedade de quem tem a casa mas o estado apropria-se daquela daquela casa faz as obras aluga e depois desolve passado un anos passado 5 anos passado 10 anos devolve ao proprietário nas mesmas condições ou melhores mas assegurando assim que aquela casa pelo menos naquele período serviu para habitação que foi por isso que ela foi licenciado inde independentemente da da vontade do proprietário é isso lá está nós temos sempre que tentar respeitar o direito à propriedade embora os nossos especialistas com quem falamos a Sera altura dizem que no último reduto está a expropriação e isso é a expropriação já não há já não se está a respeitar o direito à propriedade Mas isso é um caso que só se defende em último caso nós ouvimos Mariana Mortágua por exemplo no outro dia ela falou em obrigar os senhorios a a colocar as casas no mercado se quer obrigar a uma uma expressão muito forte acho que deve-se tentar estimular sem dúvida e mas no no Fim da Linha poderá estar alguma coisa que que seja condicente com aquilo para o qual o estado licenciou aquela construção que é a habitação Edgar e há ainda outro problema Isto é um saco de de problemas das Tais 723.000 casas disponíveis em todo o país só 150.000 são em Lisboa eu digo só 150.000 na região da grande Lisboa ora é na grande Lisboa que há também muita procura e não conseguimos trazer um prédio sei lá de Beja aqui para Lisboa ou para a amadora ou para Sacavem ou para Loures não é nem um prédio nem um aeroporto infelizmente exato mas sim ISO de facto as casas não têm rodas e de facto uma das questões relacionadas com com esta problemática é que às vezes à procura onde não há oferta e vice-versa eh mas isso também me leva à questão que eu acho que é sempre muito esque saída neste neste tema da Habitação que que não é Habitação é Transportes é outra é outra faceta que que às vezes é esquecida porque todos nós nos recordamos que há há há 15 anos a baixa lisboeta Ninguém queria viver lá as casas eram muito baratas o ambiente nem sempre era o melhor nessa altura as pessoas viviam fora da da cidade neste momento é mais agradável a ver na cidade ainda bem que é eh mas também temos que pensar que parte do problema da da da da Habitação também tem que ser resolvido com sítios fora da das cidades e isso é assim em todas as capitais europeias eh e não só europeias eh O que falta é Transportes e quando eu digo mais transportes não estou a referir-me obviamente transportes que estão em greve o mês inteiro nem estou a dizer mais três faixas para ic19 estou a referir-me a uma estrutura de transportes que de facto dê resposta e que dê alternativas às pessoas Obrigado Edgar obrigado Ricardo Edgar citano é jornalista da secção de economia do Observador hoje a história dia completa um ano e isso só é possível devido aos milhares que nos ouvem todos os dias Muito obrigado aproveito para deixar também um pedido porque não partilhar a história do dia com um amigo ou um familiar para nós isso é muito muito importante este Episódio contou com a colaboração das jornalistas Diana rosa e Teresa Borges a sonoplastia é da Beatriz Garcia a música do genérico do João riro eu sou reição até amanhã