🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
temos o pior uma escalada do conflito no médio Oriente que deu origem uma guerra com consequências imprevisíveis Ana santes Pinto a secretária de estado da Defesa investigadora do Instituto Português de relações internacionais conhece bem a realidade do médio Oriente e do Irão e está eh connosco no direto ao assunto da observador bem-vinda e obrigado pela disponibilidade a Coligação multinacional liderada pelos Estados Unidos que alegadamente se prepara para ajudar a repelir um eventual ataque iraniano avisou preventivamente Israel para que não responda com demasiada força se tal acontecer podemos ter uma invasão militar terrestre é isso que a Comunidade Internacional quer impedir porque o ataque iminente Esse parece inevitável Boa tarde eu creio que é é necessário nós e separarmos várias questões a primeira é a a iminência ou não de uma resposta iraniana eh e que eh exigirá uma resposta eh ou uma cont contrar resposta neste caso por parte de Israel e isso pode acontecer em duas grandes linhas ou diretamente entre o irão e Israel como aconteceu no passado mês de abril com uma ação única e uma resposta e cont contrar resposta utilizando mísseis e drones ou eh aquilo que seja a a iniciativa do Irão vai utilizar os vários grupos que apoia eh e que rodeiam digamos assim do ponto de vista geográfico Israel entre os quais o isbal no Líbano e é só se nesse caso isso acontecer é que podemos falar de uma invasão terrestre porque o padrão do ponto de vista histórico é que a capacidade de resposta de Israel vá aquilo que é o seu alvo mais direto e portanto se o isbal que é faz fronteira com Israel sul do Líbano Norte de Israel se houver aí de facto uma eh H um ataque eh uma iniciativa mais robusta e considerada inaceitável pelo atual governo de Israel pode repetir-se o que aconteceu em 2006 e existir Aí sim uma guerra entre Israel e o isbal eh eh no Líbano E aí também em 2006 houve uma intervenção ter resto portanto são duas coisas que podem acontecer hh e e podem até acontecer em paralelo Parece que só cenário mais provável que a anunciada ofensiva tenha como epicentro o Sul do Líbano eh e que seja o es bolá conduzir esse ataque e não ataques a partir de território iraniano eu creio que em algum momento eh e pode não ser já no no nos próximos dias mas até porque eh eh o padrão anterior teve 10 a 15 dias de de diferença entre eh eh O que aconteceu com o consolado eh H iraniano na Síria e a resposta por parte do Irão em abril deste ano h eu creio que de facto o centro da conflitualidade e da tensão vai ser o Sul do Líbano e o e o norte de Israel H desde logo até porque hoje eh eh o o líder supremo do isbal H eh disse publicamente que não estavam a pedir ao irão para entrar numa guerra mas sim que o apoiasse eh apoiasse o isbal neste caso na luta que estava a a desenvolver eh eh na região e portanto isso leva a crer que o ibala terá um papel muito significativo eh neste neste momento depois porque ao longo dos últimos meses têm existido permanentes eh eh ataques eh e e e até mútuos mas há uma uma situação muito sensível no norte de Israel em que eh foi necessário retirar várias dezenas eh eh de milhares de israelitas da zona norte eh eh de Israel e queem e que se encontram neste momento a viver eh numa espécie de e situação de refugiado dentro do seu próprio território Portanto o governo Israelita Quer Garantir por uma razão interna que estas pessoas podem regressar às as suas casas e em terceiro lugar porque de facto o isbal tem uma capacidade de atingir Israel seja do ponto de vista de recursos humanos e capacidades materiais mas também por uma razão geográfica que nenhum outro eh dos grupos apoiados esteja no caso do Iraque no caso da Síria no o caso dos utis eh no yemen tem porque a proximidade de facto é muito mais significativa porque é fronteira eh e e e isso eh H digamos assim alcança o objetivo que é pretendido uhum eh e que tipo de intervenção é que os Estados Unidos podem ter no caso de um ataque a Israel uma intervenção direta ou ou de outro tipo Ana sanos Pinto uma vez mais o padrão que nós temos é o que aconteceu eh eh nos últimos meses e aquilo que os Estados Unidos têm procurado fazer é e por um lado a dimensão diplomática para conter aquilo que possam ser respostas e mais impulsivas e imediatas e que coloquem em causa eh eh tudo aquilo que é o funcionamento mínimo eh dos dos Estados na região e é isso que ainda hoje e provavelmente a esta hora nestes dias se estão a fazer H por outro lado o apoio do ponto de vista militar é inequívoco independentemente da presidência que esteja a a assegurar a administração n amana e portanto a reação deverá ser semelhante àquela que assistimos Há uns meses com o apoio do ponto de vista militar Aliás já foram alterados a a as capacidades o sistema de capacidades que os Estados Unidos T na na região eh designadamente no caso do do Mediterrâneo eh seja com sistemas de defesa aérea seja com a a componente naval e portanto é isso que os Estados Unidos iram fazer aquilo que pode ser diferente são os parceiros com quem possa contar eu creio que pode continuar a contar com os G7 designadamente o caso do Reino Unido e da França que apoiaram na na naquilo que foi a operação em abril já o caso da Jordânia e da Arábia Saudita que implica a autorização de sobrevoo Ou seja a utilização de espaço aéreo nestes territórios aí já pode estar em causa eh eh porque estes dois estados E a Jordânia visitou eh eh muito recentemente eh Ainda Ontem esteve eh pela primeira vez em 20 anos uma delegação da Jordânia no irão h e portanto a situação da Jordânia sendo muito delicada e h Arábia Saudita Tendo também um papel muito importante naquilo que é a a negociação corrente e futura em relação ao Cesar fogo e eh em Gaza eh provavelmente esse esse apoio será bastante mais contido do que foi em abril hum eh o irão eh Ana Santos pino tem apelado aos países árabes Como dizia apoio para um ataque a Israel eh e e de facto há um posicionamento dos diferentes eh países do médio Oriente face essa eh eh possibilidade mas ontem Vimos a queda dos mercados e eu pergunto-lhe se isso foi uma espécie de aviso ao mundo do que pode acontecer se Israel não for defendido pelo ocidente eu estando muito longe de ser uma especialista em economia e Finanças e e economia internacional eu diria que a queda dos mercado está muito mais associada à publicação dos dados da economia norte–americana do que a a a esta razão específica eh do do do do caso de um conflito no no no médio Oriente porque o impacto a daquilo que são os dados da economia norte–americana e e depois o que se vai o que vai acontecer nos próximos meses em termos de campanha eleitoral e alteração da da presidência têm de facto um impacto muito significativo nos mercados financeiros internacionais naturalmente que falando de economias globalizadas como é o caso do do do Golfo eh e podendo estar estas economias eh eh vulneráveis perante uma nova conflitualidade ou uma conflitualidade mais alargada isso também terá consequências nos mercados financeiros mas é elas não serão tão imediatas elas podem ter contribuído um bocadinho eh mas verdadeiramente só acontecerão se eh a funcionalidade destas economias as cadeias de fornecimento e de valor estiverem em causa com a existência de um conflito eu creio que tudo isso é o que está a tentar ser evitado eh com e aquilo que são as iniciativas diplomáticas junto de Israel junto do Irão e e também junto do isbal e eh dos utis no yemen eh que são os os aliados mais e significativos e mais ativos até E desde e 7 de outubro eh ao lado do Irão eh é isso que se tenta conter nesta altura eh e que se tenta perceber como é que pode ser mitigado num contexto que me parece evidente que vai existir uma qualquer resposta uhum falava no yemen é o principal aliado do Irão neste Neste contexto para lá do do principal aliado Neste contexto historicamente e e do ponto vist Vista ativo o principal aliado do Irão eh é o ibala é assim há décadas desde que foi e eh criado eh e é digamos assim o braço armado eh eh do Irão na destabilization eh de Israel mas também na intervenção por exemplo no caso e da Síria e portanto eh eh mais recentemente designadamente a partir de 2015 temos o caso do yémen e o o o relacionamento do Irão com o movimento UTI que tornou eh a zona do Mar Vermelho eh muito mais suscetível àquilo que fosse a capacidade de disrupção e de instabilidade provocada por interesses do Irão eh e estes são os dois grupos que mais diretamente têm sido eh utilizados pelo irão para eh alterar digamos assim eh eh aquilo que são as formas de exercício de poder e até do ponto de vista da conflitualidade nesta área do médio Oriente mas depois também temos o Iraque e a Síria já tínhamos eh desde desde 2003 e 2010 2003 no caso do Iraque 2010 no caso da Síria e continuamos a ter portanto se olharmos para a região é importante perceber o irão não é a a a imagem digamos assim ou não é o porta-voz da maioria da comunidade muçulmana o irão tem aproveitado no médio Oriente um conjunto de grupos minoritários e clivagens políticas em vários países e é assim com todos estes grupos à exceção eh do isbal que é eh bastante mais eh robusto do ponto de vista demográfico e assim Continuará a ser o irão não quer uma guerra no médio Oriente porque sabe que não a vai ganhar hum eh o que conduziu Ana Santos Pinto a esta escalada mais recente foram os assassinatos de líderes do hamas por parte de Israel ora o amas soubemos hoje tem um novo líder eh pergunto-lhe se Benjamin Natan mediu bem as consequências portanto eliminar o grupo extremista era uma das prioridades desta guerra tal como o resgate de reféns mas amanhã passam 10 meses desde que começou este conflito e parece não estar a ser bem sucedido a nenhum desses objetivos eu diria que a eliminação do movimento como o ramaz h é impossível por uma razão o ramas para além dos seus operacionais eh é uma ideia é uma forma de organização da sociedade palestiniana que é proposta por este movimento desde o final da década de 80 portanto a aposta quando o governo Israelita fala eliminar o ramas significa eliminar os seus comandantes a sua Cúpula do ponto de vista de decisão política militar e eliminar os seus operacionais Mas eles serão substituídos e portanto não era eh eh digamos assim surpreendente que após a iluminação de Ismael ania eh surgisse um líder alternativo isso não me parece que estivesse fora da da da daquilo que é a avaliação por parte eh eh de Israel e aliás tem sido eh do governo Israelita e aliás tem sido várias vezes eh anunciadas eh eh os assassinatos de vários comandantes do do do ramas o fracasso maior parece-me a mim deste Governo e da forma como tem prosseguido o processo é claramente a recuperação de refis e isso é aquilo que está a causar maior dano do ponto de vista interno porque a sociedade Israelita não questiona o assassinato de operacionais comandantes do ramas a sociedade Israelita questiona e questiona todos os dias a incapacidade do governo em não recuperar os reféns em gasa E é isso que pejam Natani tenta sobreviver Hum e e eh de facto Há um novo Eh Líder militar eh eh do amas eh o em que é que ele é diferente eh do que foi eh assassinado Ainda há uma semana e e que enfim terá sido o autor eh do ataque de 7 de outubro bom estamos a podemos estar a falar de coisas diferentes eh eh o o Ismael an que foi assassinado no irão e era o líder político e não o líder militar e portanto ele é a cara ele esteve na Fundação do do do ramaz e é cara digamos assim da componente externa eh e ele foi primeiro ministro após as eleições de 2005 e 2006 e é de facto uma figura muito significativa naquilo que é a forma de presença até do ramá seja em Gaza seja nos est dados mais próximos e dificilmente um novo líder trará e aquilo que e Ismael ania tinha enquanto por um lado Carisma eh e por outro lado a interligação com a a a população de Gaza porque historicamente esteve esteve ali eh mas estas lideranças constróem E hoje é verdade que sin noar enquanto Líder militar é provavelmente a figura mais presente na narrativa de dos palestinianos que vivem eh em Gaza muito mais do que uma liderança que vive no Qatar ou eh num outro país externo é aquela um pouco aquela ideia do líder político que está afastado digamos do do centro da da da ação h e e e e daí e eh a pergunta se de facto um novo líder que seja de componente mais eh Militar de execução eh não pode ser digamos pior do que a encomenda sim a a a Assunção da maior parte do Poder dentro do ramas por um líder eh eh de um Comando Militar é claramente muito mais prejudicial aos palestinianos eh e em particular aos palestinianos em Gaza mas também aos palestinianos e eh na S Jordânia H uma liderança política no ramas implicaria eh que estivesse a ser feito uma aposta eh de Médio prazo na governação de Gaza e da s Jordânia e isso neste momento é absolutamente inadmissível seja pelo governo seja pela sociedade Israelita portanto eu creio que o movimento ramaz na sua componente militar que recorre ao terrorismo eh e que assassina eh eh eh cidadãos em Israel em qualquer parte do mundo mas sobretudo pelas suas ações palestinianos eh esta componente militar terá nesta fase uma presença eh muito maior até para a própria reconstrução das capacidades do movimento que é o que eles pretendem nesta altura uhum e o antigo ministro da Defesa Russo séri que é shogu e atual secretária do Conselho de Segurança da Rússia encontrou-se hoje em tarão com o presidente iraniano eh qual é o papel da Rússia neste conflito e pode ajudar a resolver este impasse afastar o tal ataque esperado por parte das autoridades iranianas ou pelo contrário é um fator que contribui precisamente para acentuar este clima de tensão no médio Oriente eu creio que esta visita do do secretário do Conselho de defesa da Rússia o antigo ministro da Defesa H significa o apoio público declarado eh e para visibilidade internacional da Federação russa ao irão eh que é aliás eh um dos principais eh eh cooperantes digamos assim em matéria de fornecimento de eh armamento e de equipamento militar esta visita do Secretário do Conselho de Segurança da Rússia eh e aconteceu Exatamente no mesmo dia em que chegou a Israel o comandante do comando central dos Estados Unidos que é o equivalente ao Eh chefe de estado maior das forças armadas eh eh eh portanto norte-americano a Israel e não é a toa que estes que estas duas presenças eh eh são feitas mais ou menos no mesmo na mesma altura eh no caso eh do do do comandante eh do do comando central dos Estados Unidos para preparar aquilo que seja a capacidade de defesa e a resposta a um potencial ataque no caso do do Secretário do Conselho de de segurança da Rússia para garantir o apoio político para se assumir num lado alternativo aos Estados Unidos e para garantir o fornecimento de todo o equipamento militar que o irão pretenda para para si para os grupos que apoia para desencadear qualquer iniciativa no contexto médio Oriente em que nos encontramos sendo que Vladimir Putin pediu ao Aiatolá iraniano para que a resposta a Israel A Retaliação seja contida e não tira vida a civis também não interessa e eh ao presidente da rúsia na Santos que haja aqui uma uma nova guerra tendo em conta que há outra em curso que é a guerra na Ucrânia eu eu tenho muita dificuldade em dizer que uma guerra em larga escala interessa a alguém eh incluindo obviamente a lideranças políticas autoritárias e com interesses próprios muito particulares H é natural que eh todos os que neste momento possam ter uma capacidade de intervenção pelo menos publicamente digam que é necessária contenção são eh eh na resposta eh aquilo que Vladimir Putin eh pretende é apresentar-se como eh alguém que respeita digamos assim a vida de civis eh e portanto eh do ponto de vista da imagem eh eh internacional eh passar como eh eh apoiando o irão mas ao mesmo tempo pedindo contenção para não existir uma guerra em larga escala ou eh uma guerra mais alargada no contexto do médio Oriente depois eh naa bilateral e na forma de fornecimento de armamento e de capacidades eh eh incluindo capacidades do ponto de vista dos dos recursos humanos e de de forças paramilitares vamos imaginar aí já pode ter um uma outra postura eh é verdade que a guerra da Ucrânia é uma prioridade para Vladimir Putin mas ele não esquece que também não a pode fazer se não tiver alianças internacionais e como já vimos o irão forneceu dros à Federação russa eh e eh eh há uma uma ajuda digamos assim dupla à Qual a Federação russa também não Pode falhar neste momento em que o irão possa precisar uhum e a União Europeia é um ator neste conflito ou h não não é uma voz que importe para o desfecho deste mesmo conflito eu creio se olharmos para aquilo que têm sido os posicionamentos e as declarações internacionais percebemos que a União Europeia eh Neste contexto não tem voz não tem voz não porque ela não exista existe um AL representante para a política externa eh e que desfia digamos assim o posicionamento Internacional e da União Europeia mas eh a união europeia não tem de facto capacidade eh de eh influência ou de intervenção em eh algum destes estados ou destes movimentos eh que lhe permita H digamos assim ter ter um Uma postura mais assertiva eh e isso parece-me parece-me evidente e também a união europeia e vipin tendo em conta o afastamento dos país árabes boa parte dos países árabes em relação aos Estados Unidos não devia a união europeia ter essa capacidade de ser um interlocutor privilegiado Junto desses mesmos países árabes bom isso é uma conversa que nos levaria bem mais do que estes 15 minutos mas apenas para termos um contexto os estados europeus têm um lugado histórico no médio Oriente que os Estados Unidos não têm h e portanto isso implica algum condicionamento nas relações com algumas destas sociedades por outro lado em termos de parcerias do ponto de vista económ da cooperação económica a união europeia tem muitas parcerias incluindo é o primeiro parceiro comercial de algum destes estados a mesma coisa no que diz respeito à ajuda ao desenvolvimento a união europeia do ponto de vista agregado é o maior financiador de ajuda ao desenvolvimento no caso do médio Oriente E no caso da autoridade palestiniana de uma forma muito Evidente e é assim há várias décadas que isso se transforme a incapacidade de influência política ou de pressão diplomática já é outra coisa e e e por provavelmente é preciso ter capacidade militar para se conseguir ter esse grau de influência h não creio porque existem eh áreas e temas em que a União Europeia tem uma grande capacidade de influência do ponto de vista diplomático eh e designadamente do ponto de vista e da regulação e da forma como eh isso foi visto eh eh com o que a União Europeia fez com o acordo relativo ao programa nuclear e eh iraniano e tinha eh tanta ou menos capacidade de Defesa do que tá eh hoje em dia eu creio que está muito relacionado com eh o objetivo e a forma que a União Europeia decide h e e o interesse que tenha num determinado tema e a União Europeia sabe que neste caso em particular não tem nem capacidade nem interlocutores que lhe permitam exercer essa influência e esse poder político uhum Ana Santos Pinto muito obrigada pela análise que nos trouxe aqui desde a questão particular do Irão Israel hezbolá hamaz mas também o papel de todos os atores geopolíticos que estão direto ou indiretamente envolvidos neste conflito no médio oriente muito obrigada pelo seu contributo Obrigada boa tarde