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Esta é a história do dia da Rádio observador como são feitas as escalas de serviço dos Médicos o problema está na organização ou na falta de [Música] médicos e no caso dos médicos é preciso ter a coragem de enfrentar às vezes eu vou dizê-lo sem problemas uma visão demasiado corporativista uma visão que não tem contribuído em algumas circunstâncias para que os profissionais de saúde e em particular Os médicos estejam no serviço Nacional de saúde na festa do Pontal a 14 de agosto o primeiro-ministro colocou parte do ónus da falta de médicos nos próprios médicos o verão traz sempre notícias de urgências encerradas ou condicionadas devido à de profissionais em 2022 perante situação semelhante à que estamos a viver a inspeção Geral das atividades em saúde visitou cinco unidades e deixou recomendações dois hospitais dizem ter adotado as regras propostas a 100% outros dois a 75% e um a 50 além da falta de médicos esta inspeção detetou erros de planeamento e erros nas marcações de férias o caso é particularmente grave em olia e Obstetrícia muitos destes médicos têm mais de 50 anos e estão de férias em julho e agosto Como são feitas Afinal as escalas e o que está aqui a falhar São perguntas para a conversa com Tiago Ciro jornalista do Observador que acompanha a área da saúde eu sou o Ricardo Conceição e esta é a história do dia de segunda-feira 19 de Agosto bem-vindo Tiago Olá Ricardo falaste com várias fontes de diversas unidades de de saúde um pouco por todo o país é normal os médicos concentrarem férias em julho e agosto como qualquer outro trabalhador quando é que os pedidos de férias são entregues por exemplo nos médicos sim é é normal pelo menos pedirem mais férias nesses dois períodos nesses dois meses os médicos têm Até abril para surgir os seus períodos de férias eh para o ano corrente sendo que as férias são avaliadas numa primeira fase pelo diretor de serviço uhum e depois se forem aprovadas são avaliadas também pelo conselho de administração dos hospitais no fundo é como em qualquer empresa mais ou menos não é exatamente vem que aqui com dois patamares Claro e e e Abril ou Maio contanto com os atrasos por aí as administrações hospitalares já sabem Quantos médicos têm e quem vai férias quando ou não Sim sabem h no entanto há aqui abordagens diferentes das administrações hospitalares No que diz respeito a este assunto e e e quando eh no momento em que as férias são entregues eh naturalmente que que os gestores apercebem se essas escalas vão significar e que as urgências vão fechar ou não não é e portanto H enquanto umas administrações exigem alterações aos mapas de férias logo no momento outras carimbam e só o que lhes foi proposto o que resulta nalguns casos nas dificuldades a que agora estamos a assistir Hum o que a Associação dos administradores hospitalares Diz ao observador é que há unidades que poderiam gerir as férias dos médicos de outra forma distribuindo essas férias por por todo o período de verão evitando concentrá-las nos meses de julho e agosto e que se isso fosse feito teríamos menos constrangimentos Nas urgências então ti queiro o que estás a explicar é que não há digamos uma forma padronizada em várias unidades de saúde de gerir ou de marcar as férias de verão é isso não não existe nenhuma forma padronizada não existe sequer uma lei ou uma Norma que seja aplicável a todo o SNS os limites que existem há anos são os que decorrem das normas de cada hospital ou seja na maioria dos casos as normas internas definem que um serviço não pode ter mais de 30% dos seus profissionais de férias ao mesmo tempo ou seja hum se um serviço tiver 10 médicos só três é que podem ir de férias em determinado período é isso ex isso quer dizer que h no fundo cada unidade de saúde ou cada serviço faz como entendeo exatamente faz como entendo muitos hospitais também não querem esticar demasiada corda por assim dizer eh ou seja não querem limitar ainda mais e as férias dos médicos eh Neste período de verão porque sentem que se deixarem os médicos que usarem em férias eh aliás se não deixarem os médicos CR usarem férias com os filhos e com a família podem perder esses especialistas para o privado particularmente em especialidades onde onde a concorrência pelo talento médico é froz como são os casos da Obstetrícia e da petitoria também portanto no fundo TM que gerir também as expectativas dos médicos is Exatamente é um equilíbrio difícil por vezes ó Tiago e essa política dos 30% de férias e 70% eh a trabalhar que falavas há pouco portanto é uma prática não é aqui um uma imposição da lei é uma prática que foi adotada isso Exatamente é uma prática que foi adotada que já já tem alguns anos pelo que percebi portanto não há nenhuma lei nem nenhuma regra comum que defina um um limite máximo de profissionais ou da percentagem de cada serviço que pode ir de férias em simultâneo o que acontece é que os hospitais têm autonomia quanto a este assunto e a maior parte das unidades definiu que não não pode estar fora do servço mais de 30% dos profissionais num determinado período de tempo e portanto é uma regra que já está consolidada já regressamos à conversa com Tiago jornalista da secção de sociedade do Observador Afinal oa das escalas de médicos é uma questão relacionada com uma eventual má organização ou com a falta de profissionais ou será tudo isto junto [Música] todas Estas pessoas poderiam estar a funcionar ou para um lado ou para o outro esta é a história de como os nazis tentaram raptar em Cascais o rei inglês que abdicou do Trono por amor Episódio 3 Segredos enterrados na floresta um rei na boca do inferno é uma série para ouvir em seis episdios faz dosador é narrada por mimia Chaves com banda sonora original de Cláudia Pascoal um novo episódio a cada terça-feira os assinantes do Observador T acesso antecipado a todos os episódios desta série já disponíveis em observador.pt os podcast Plus do Observador tem oo da estamos de regresso à conversa com jornalista do Observador que acompanha habitualmente a área da saúde Tiago em Leiria onde a urgência de Obstetrícia vai estar fechada até dia 19 de agosto aparentemente e essa regra dos 30% não foi observado o que é que aconteceu em Leiria que obriga ao encerramento do serviço de urgência uhum exatamente não foi não foi observado de todo em Leiria a administração decidiu por is simplesmente abdicar dos dos nestes nestes dias de agosto concentrando as férias precisamente entre os dias 2 e 19 e garantindo depois a resposta no resto do mês de agosto é uma decisão que podemos considerar que é no mínimo duvidosa Ou pelo menos polémica porque eh com a urgência das Caldas da Rainha também fechada por falta de profissionais o distrito de Leiria ficou sem resposta nesta área o que nunca tinha acontecido e que obriga as grávidas a a deslocarem-se a Coimbra ao ao Porto não é Como já aconteceu portanto aí a tática podemos dizer vamos chamar-lhe tática eh é pronto fechamos Agora durante este período estas duas ou três semanas e depois garantimos que o resto do ano temos o serviço a funcionar foi um bocadinho este o racional que estos no resto do mês no no estará estará a funcionar sim exato já em Lisboa no São Francisco Xavier a tática é outra como é que funciona no São Francisco Xavier sim no São Francisco Xavier que é um dos maiores hospitais de Lisboa há H apenas 11 obstetras hum 11 11 que é um número bastante abaixo daquilo que seria recomendado para um hospital desta dimensão e que faz mais de 2000 partos por ano estamos a falar de turnos de urgência de 24 horas por dia estamos a falar de férias folgas fins de semana enfim Ok exatamente e outros outros serviços que os objet também têm que garantir como internamento e como as consultas as consultas Claro embora o diretor de serviço com quem falamos Garanta que quase só atribui férias à vez eh o máximo que o hospital tem conseguido é estar aberto de forma condicionada ou seja só recebe grávidas encaminhadas pelo inem hum é que eh como como eu dizia para além das urgências os médicos têm ainda de fazer consultas e de dar apoio ao entrenament são necessárias equipas robustas que é algo que o SNS não tem neste momento porquê Porque se nota que há cada vez mais médicos a saírem para o privado nomeadamente na região de Lisboa médicos especialistas em Obstetrícia para se ter uma ideia dos cerca de 1900 especialistas nesta área que temos em Portugal inscritos na ordem dos médicos apenas 40% trabalham no SNS neste momento portanto a maior parte maioria está no está no privado exatamente está no privado e ainda há aqui Um Outro fator a ter em conta que pode impactar na na questão das urgências e particularmente nesta neste Neste período do verão que é a questão dos tarefeiros é que muitos hospitais particularmente também aqui na zona de Lisboa dependem muito dos médicos prestadores de serviço que trabalham à tarefa e mesmo que as férias dos médicos do quadro doss médicos do hospital com vínculo estejam bem organizadas basta que os tarefeiros não tenham disponibilidade e e uma vez que não TM também um compromisso estabelecido com o hospital e são eles que mandam nas próprias férias não exatamente e o hospital não pode fazer nada basta isso para As equipas não terem os mínimos definidos por ordem dos médicos e os hospitais terem de fechar as urgências o que tem sido particularmente notado no caso da Obstetrícia Mas voltando aqui ao São Francisco Xavier portanto aqui a que é outra há mais e eh restrição na forma como como os médicos são autorizados a tirar as férias é isso porque serem só o 11 eh sim no caso do São Francisco Xavier isso acontece porque por imposição da direção de serviço Ou seja há aqui diferentes abordagens eh neste caso é assim e o que acontece também no São Francisco Xavier é que muitos médicos têm muitas dezenas de dias de férias por gozar ou seja naquele Hospital eh Há uma Entrega Total e e e e só assim se tem conseguido manter algum algum nível de serviço Hum e vamos aqui a outro exemplo que é por exemplo no porto no hospital de de Santo António na na Pediatria aí é reduzida a oferta aos doentes é isso sim eh no Norte a situação não é tão grave É verdade que o internamento de Pediatria é reduzido em cerca de 10 camas entre junho e setemb e setembro não tanto pela falta de médicos e mas para permitir que outros profissionais como os enfermeiros que também são muito importantes e também seguram estes serviços possam gozar férias Tiago há pouco falavas da das equipas robustas no São Francisco Xavier no hospital em em Lisboa a contribuir para este problema está também um número mínimo de profissionais que é exigido por exemplo é preciso um número específico de médicos de Enfermeiros enfim para manter um determinado serviço ou neste caso uma urgência aberta sim a ordem dos médicos definiu tem tem documentos a definir esse esse mínimos de de profissionais em permanência num serviço para que ele possa garantir as condições de segurança mínimas para poder estar aberto e para poder dar os melhores cuidados aos utentes para se ter uma ideia em hospitais mais pequenos que fazem menos de 1500 partos por ano a ordem dos médicos define que eh terão de estar em permanência em presença física três especialistas no patamar seguinte eh para os hospitais que fazem entre 1500 e 2500 partes anuais já são necessários quatro especialistas em presena física depois para os hospitais que fazem entre 2500 e 3.500 partos cinco especialistas e para os maiores hospitais que fazem mais de 3.500 seis especialistas acontece que h a ordem dos médicos e Desde o ano passado e confortada com estas dificuldades Nas urgências obstétricas permite digamos assim que estes limiares mínimos não sejam cumpridos des desde que os hospitais acionem os chamados planos de conting para que possam funcionar com equipas abaixo dos mínimos ou seja em vez de ter Quatro médicos pode ter três exatamente eventualmente dois menos que dois não é não é possível não sabemos e Já percebemos então que há métodos diferentes há abordagens diferentes deixa-me lá fazer aqui uma pergunta e que de certeza vai irritar muito os médicos que me estão a ouvir nesta altura toda a gente entende por não pode haver uma ordem centralizada que restrinja a possibilidade dos médicos irem de férias neste período ou seja não no fundo não seria quando o médico quer ir de férias mas quando o serviço permite que o médico pode ir de férias e não a tutela não intervém pelo que percebemos neste No que diz respeito a férias o que faz é apenas auxiliar os hospitais completarem as escalas em situações mais sensíveis em que por exemplo existe o risco de uma região inteira ficar sem resposta hum a tutela tem o entendimento de que a Organização das férias dos médicos é um assunto do âmbito da autonomia dos hospitais e autonomia essa que aliás tem sido tem sido reforçada por este governo e portanto não há qualquer perspectiva de de vir a ser introduzida uma uma uma obrigatoriedade nesse sentido até porque também como explicava há pouco isso poderia irritarem muito os médicos e ser um acelerador para uma saída para o privado onde esse problema se calhar não se colocaria dessa forma assim e aqui chegados tiqueiro podemos dizer que há desorganização que nalguns casos é potenciada pela falta de médicos ou seja tudo isto acaba por contribuir para a situação que estamos a atravessar agora é isso sim é é uma junção do dos dois fatores se quiseres falta de organização e falta de médicos mas o principal problema não é a questão da organização das férias é mesmo a falta de profissionais no SNS que é um problema que se tem vindo a agudizar e que está a atingir patamares eh em que não é sequer possível em muitos casos manter as urgências a funcionar como temos visto e como diz o bastonário dos médicos os médicos sempre tiveram férias e os serviços funcionavam no passado ainda que com menos pessoas ho naturalmente Neste período de férias de verão agora o problema é é mesmo As equipas estarem muito desfalcadas e os serviços não não poderem funcionar Tiago então o futuro também não é animador Não não é animador nós nós estamos a viver esta situação já não é o primeiro ano que estamos a viver e poderemos confrontar-nos com ela durante durante as próximas férias de Natal durante as próximas férias de verão nos próximos anos porque de facto não há uma solução à vista e e não há uma solução única para para resolver estes problemas ou seja isto não se resolve por decreto não se resolve por decreto Obrigado Tiago obrigado Ricardo Tiago Cairo é jornalista da secção de sociedade do Observador e acompanha temas relacionados com a saúde esta foi a história do dia a sonoplastia é da Beatriz Martel Garcia a música do genérico do João Ribeiro eu sou o Ricardo Conceição até amanhã e boas férias
1 comentário
Este é um bom tema. Os hospitais. Ouvi sobre organização , falta de médicos, férias etc. Mas diz que existe excesso de médicos, quer dizer temos mais médicos por n de pessoas que os países de UE. Como diz os médicos sempre tiveram férias . Mas não falaram do excesso de povo nos hospitais relativamente a anos transatos e do excesso de mortes também. Não terá tudo a ver com as famosas vacinas de que não querem falar?