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ai está tanto calor o que me ape mesmo era assim uma coisa fresca inovadora mas rigorosa uma sereia ó Rita o que tu queres é um observador fresquinho Ah era mesmo isso mas quanto é que isso me custa a partir de 70 cêntimos por semana mas só se assinar O Observador até dia 23 de agosto então é mais barato que um gelado e tuia já assinaste eu e [Música] [Música] está no ar o explicador da Rádio observador esta quinta-feira falamos sobre o tema da linguagem neutra utilizada pela dgs e defendida pela ministra da Juventude e por isso convidamos para estar connosco nas manhãs 360 Nuno Amaral Jerónimo é especialista em sociologia da comunicação e professor da universidade da Beira interior explicadores é conducido pelo Paulo Ferreira e pelo Bruno Viera Amaral há mais de um mês a direção-geral de saúde utilizou a expressão pessoas que menstruam numa campanha de informação sobre menstruação nasceu assim a polémica com a utilização desta linguagem neutra polémica que foi agora reabilitada ou retomada com o governo a dar apoio e e seguimento a esta linha de linguagem Nuna Maral Gerónimo Bom dia bem-vindo a este explicador eh Bom dia esta polémica faz sentido esta esta batalha da linguagem neutra é uma batalha que vale a pena travar de facto em termos sociais Ah depende de quem a queira trabal de quem a queira travar não é porque e quem é que quer quem é que quer travar essa batalha eu acho que são eu eu acho que são os dois lados digamos assim ou seja aqueles que querem de alguma forma implementar e aqueles que acham que essa linguagem neutra tem alguma algum é algum processo ou de controle do pensamento ou de controle da linguagem ou do controle da realidade através da linguagem e por isso eu acho que há aqui um é no fundo é uma batalha nesse sentido uma batalha cultural ou social de de dois pontos de vista de Se quiserem um mais revolucionário ou de t ia de transformar a realidade através de da linguagem e um mais conservador aqui não não no sentido político mas no sentido social de conservar a linguagem como ela é a linguagem nunca é natural mas mais orgânica não é Ou seja no fundo uma linguagem que se evoluir evolui através do do de de um processo dinâmico dentro da sociedade e não com fórmula impostas por algumas algumas elites ou enfim E é isso que acontece neste caso a pergunta que se pode fazer é se a linguagem dita neutra é mesmo neutra ou se esta em particular vem com uma carga ideológica é é é é vamos ver há há duas até há duas coisas há uma há aí há duas teorias há mais mas vá vamos simplificar que há quem acha linguagem nunca é neutra e o mais interessante neste nesta discussão é que muitos dos que estão dos que defendem ou até do que tentam implementar uma linguagem neutra partem de um princípio teórico h a partir dos pós-modernos que a linguagem nunca é Nutra a linguagem é sempre política isso é muito interessante não é Ach linguagem nunca é neutra Mas aqui tem mas tentam impô-la eles só acham que lingu é neutra quando quando é a que eles escolhem não é isso é interessante neutra aqui poderia ser também vá dita natural quase natural sim a linguagem é assim se nós se nós pensarmos a linguagem pode ser neutra em em coisas muito específicas a gente se a gente disser eh uma pessoa está a comer uma maçã a gente pode dizer que não há aí nenhuma implicação política a não ser que a gente veja aí a maçã está é do foi roubada ou se foi ou se ou se é uma maçã biológica Exatamente exatamente há sempre maneira de politizar qualquer coisa não é mas quando a gente aqui a questão da linguagem neutra é ela ela ela na verdade não é neutra porque ela traz uma um pensamento e portanto aqui nestes exemplo não neste caso específico das pessoas que menstruam em vez de mulheres ela também não é neutra Nesse sentido porque ela é obviamente um uma tentativa de impor ou de sugerir uma uma formulação diferente daquela que era a a tradicional a costumeira a habitual enfim H mas não sendo neutra Nuna Maral Jerónimo não sendo neutra admitamos que não não se trata de linguagem neutra pode ser a intenção de quem a utiliza e de quem a propõe eh que sirva como ferramenta de inclusão e Equidade social Claro esse é o Esse é a o discurso de quem a propõe mas por exemplo as pessoas que contestam essa formulação e que dizem que se devia usar mulher em vez de pessoas que inst também dizem que têm a mesma intenção por exemplo de não excluir as mulheres ou ou seja aqui o que está em causa é sempre como que a linguagem traz atrás de si uma determinada forma de ver o mundo e e estas estas formulações linguísticas eh eh eh que que parecem mais artificiais elas trazem sempre alguma coisa atrás agora o que me parece é que muitas vezes esta linguagem é uma tentativa de controlar a realidade através da linguagem não é fundo é uma primeira se quiser uma primeira linha de batalha é uma batalha se quiser de uma guerra muito mais profunda sim de uma uma guerra Social social ou uma polémica Se quisermos ou tentar tentar impor uma moldar a sociedade da forma como nós a vemos de alguma maneira através da linguagem sim é sim eu eu por isso eu acho que muitas vezes eu que estas formas de que são habilidades de linguagem neutra mas que estas fórmulas que são suger muitas vezes elas têm por trás precisamente uma tentativa de controlar a linguagem e às vezes parece-me um bocadinho totalitária porque não admitem outra formulação Hum e e ebral Gerónimo até que ponto é que neste caminho todo nós Isto é um é um caminho que foi começou pelo pelo ele e ela senhoras e senhores para representar portuguesas e portugueses no discurso político não há não há hoje em dia comunica de político que não comece desta maneira quase e sim mas mas apesar de tudo há ali uma há uma pequena diferença não é há uma pequena diferença ent apesar de tudo há uma pequena diferença entre os senhores e senhoras que até bem uma uma se pensarem por exemplo na formulação em inglês ela realmente não é inclusiva porque ladies e gentlemen são exclusivos um do outro e portanto essa formulação digamos binária é necessária não é só que mesmo agora esse segundo os novos padrões de uma certa linguagem inclusiva le G também já não se é aceitável não é Aliás foi notícia aqui há uns três ou quatro anos no metro de Londres que deixaram de de se dirigir Aos aos utentes dessa forma eo Não dá acho que agora é qualquer coisa como Hi everyone ou qualquer coisa do gnero e mas se este caminho pregue Será que também não é um caminho para a perda de identidade quando nós nos referirmos eh eventualmente no futuro a pessoas como pessoas quando queremos falar concretamente de uma pessoa que que é homem que é mulher ou que tem outro tipo de de identidade sexual Será que também não estamos a alisar e depois vamos que aos novos e aos velhos deixam deixam de existir jovens e idosos e E por aí fora mas mas é isso por exemplo mas é esse o o grande argumento tal como as feministas é que ao dizer pessoas ou alo formular dessa maneira se exclui a a as mulheres do do espaço público a palavra do espaço público não é e que algumas dizem e com razão que foi uma palavra que demorou algum tempo aem entrar na no léxico do da discussão pública e que agora de repente está a desaparecer outra vez sei lá o um caso muito famoso é dessa discussão é a JK Rowling por exemplo nãoé autor do Harry Potter que diz precisamente isso que o o que se está a fazer é excluir outra vez a denominação das mulheres e e é interessante ao mesmo tempo num a a a um o um país que tem legislação que defende por exemplo cotas específicas para mulheres mas depois noutros casos essa designação desaparece não é isso é é interessante também perceber como é que até do ponto de vista social e legislativo essas designações que se compaginar que afeta outra outras políticas que são destinadas a grupos específicos mas de um ponto de vista Cent acerca desta questão em particular das pessoas que menstruam existe consenso sobre a linguagem a utilizar há recomendações das organizações internacionais quanto à linguagem usar neste neste caso eu assim eu não sou médico e portanto não não estou não sei quais são as as o o a linguagem que é mas segundo li não é por exemplo a Organização Mundial de Saúde aconselha a essa formulação mas reparem mas a a essas organizações internacionais eh eh também não estão livres de de estar tomadas por alguma por alguma ideologia ou por alguma algum propósito também são atores também são atores nesta guerra cultural atores políticos são são sim sim claramente ou seja também não me parece que seja absolutamente neutro a a uma uma organ as organizações internacionais tomarem uma posição desse g ou outra e e mas não parece que que que que seja absolutamente neutra se há um consenso entre os profissionais isso não impede que esses profissionais tenham uma determinada tomada de posição sobre esta sobre estas questões porque aqui é que aqui sempre uma uma uma diferença e e e o em que os espiritos muitas vezes tentam trazer para a linguagem comum uma linguagem mais específica da da ciência não é mas que tem sempre uma alguma carga e neste caso e neste caso específico claramente tem por causa das discussões que tem havido e portanto ela é sempre um uma uma discussão que ultrapassa a a a questão pericial ou a questão científica por uma razão porque ela depois vem para a linguagem comum e é precisamente esse processo que que lhe pedia um pouco que nos explicasse como é que ocorre porque muitas destas discussões parecem existir e assim um pouco acima da realidade do do cidadão comum mas acabam por eh ter algum efeito afetar de alguma forma acabam por também se inserir na linguagem como é que esse processo e acontece e quais são os efeitos na prática destas discussões que parecem eh eh num primeiro momento processar-se entre uma elite Isso sim é verdade elas elas n elas estão numa Elite e o mais interessante é mesmo isso do ponto de vista sociológico é ver se esse tipo de designações chega à linguagem comum ou seja no fundo se elas se tornam orgânicas e se as pessoas passam a usar essas designações no seu dia a dia na forma como falam como e isso neste momento não me parece que aconteça não é H não me parece que ainda ninguém use quando está a conversar com amigos ou na família ou não na na na da forma coloquial ninguém acho eu ninguém diz pessoas que menstruam em vez de mulheres não é portanto ainda ainda não essa essa linguagem não chegou aí e por isso é que eu digo muitas vezes é uma tentativa artificial de tentar introduzir na linguagem uma formulação que não existe e por isso é que ela depois às vezes parece uma luta porque ela é ela aparece em documentos oficiais ou aparece em na numa linguagem mais Eh mais erudita ou mais científica ou mais pericial e e depois não é usada na Na linguagem comum uhum ah hã e e e a guerra e a guerra à vees parece-me Essa não é de porque é que se está a tentar eh quem rejeita essa essas fórmulas de linguagem porque é que se está a tentar impor uma coisa que não é natural aqui o natural é evidente que natural orgânico não não bem no n Jerónimo obrigado por ter estado connosco neste explicador a ajudar-nos a perceber os contornos destas polémicas sobre a linguagem neutra Obrigado e um resto bom dia bom dia obrigado pelo convite [Música]