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[Música] está nos últimos dias em funções Carlos Mineiro Aires renunciou ao cargo de presidente do conselho superior de obras públicas para o qual foi nomeado em Julho de 2022 a decisão de sair tem efeit a partir do próximo mês esta entrevista surge na sequência do sismo que abalou Portugal esta semana 5.3 na escala de rister ia-se agora a capacidade de infraestruturas críticas do Estado resistirem a sismos de grandes dimensões muito bem-vindo ao direto ao assunto Carlos Mineiro Aires muito obrigado pelo convite é um gosto de estar a falar sobre temas ligados à engenharia ouvimos o governo dizer que passamos esta semana por um teste real foram estas as palavras a expressão utilizada pelo Ministro de estado Paulo Rangel o senhor não alinha nesta ideia de que os edifícios tenham Regra geral condições para aguentar um grande cismo as autoridades estão a vendernos uma ilusão de segurança eu hoje até publiquei um artigo da opinião no público onde eu em relação às às normais aparições políticas obviamente ilegítimas eu dizia correu tudo bem Porque não houve danos não houve qualquer problema era impossível correr mal quando não há problemas para para resolver e mal fosse que corresse mal quando não há problemas não é ponto Eh vamos Jão nós não não podemos nós não podemos escamotear as coisas e não podemos criar a ideia e eu também abordo essas questões de de que são ilusoriamente falsas de que tudo está bem que tudo é seguro não não é não é não é nós se olhamos para os países mais avançados e os países ricos que também TM Alt que estão altamente expostos a sismos por exemplo os Estados Unidos o Japão etc nós vemos que quando as coisas acontecem com determinada magnitude os prejuízos São enormes é obviamente que nós não estaremos ao nível de uma Turquia mas estaremos ao nível de uma Itália e a Itália e a Itália também tem tido sismos terríveis terríveis eh porque são construções antigas algumas delas da da época Romana até e portanto nós temos que ter a consciência de que em Portugal há uma situação que tem eh constituição nova que estará bem mencionada e poderá resistir até certo ponto ao sismos porque não há não há resistências totais mas quer dizer mas os danos serão serão de inferiores aos outros e teremos um parque enorme Habitacional e e um parco público até construído eh antes dos anos 60 durante a década de 60 que obviamente esses edifícios não estão não estão dimensionados nem têm condições Até porque até porque não foi feito qualquer reforço sísmico dessas dessas eh eh estruturas desses edifícios eh em relação em relação às obras de arte em relação às Pontes em relação às barragens em relação a muita coisa dessas eu aí a minha a minha opinião já já já tende a e a alinhar com com de um engenheiro porque eu não creio e e e e conheço os casos que as empresas que detém E que gerem esses ativos têm obviamente uma preocupação grande é mantê-los e verificá-los e e e por isso e por isso tê sido feita reforços sísmicos as barragens Estão bem monitorizadas estão as grandes as grandes nadamente as que eram da EDP e e as outras que também foram construídas na na mesma época ou portanto eram eram foram bem monitorizadas são bem monitorizadas E essas estão acompanhadas de só interrompê-lo interrompê-lo porque vamos só falar do exemplo de Lisboa por uma razão o presidente da Câmara disse que 10% dos edifícios municipais apenas 10% dos edifícios municipais precisam de reforço antis sísmico sim Lisboa não são s edifícil municipis certo mas mesmo este valor eh que acha que este valor faz algum faz sentido eu eu eu não sei eu eu não eu não eu não eu não eu não sei porque eu gostava de primeiro que tudo frisar e dizer uma coisa acho que tá a ser feito um bom trabalho em Lisboa com aquele programa resista porque há uma preocupação Evidente e nítida de criar condições para para pelo menos haver organização e para haver informação para para se poder eh enfrentar uma catástrofe destas Mas eu ontem eu fiquei espantado porque num artigo qualquer também que estava aí publicado com a opinião de diversos especialistas e era de 201 atenção já lá vam 8 anos pá uma diretora Municipal diz iia que se houvesse um cismo enorme que Lisboa ruiria como um baralho de cartas pá e eu acho que em 8 anos não não se modificam as coisas assim uhum e portanto e pá eu eu eu eu eu acho que e para ser muito franco eu tenho maior preço que eu sou presidente da Câmara Além do mais é meu colega é engenheiro e portanto eu o trabalho que ele está a fazer ele também em terado altura quando eu era um bastonário eue próprio me me ia inteirando do que estava a fazer depois diso já tive alguns contactos para sobre o resista mas há uma questão que que que que tem que tem que ser vista eu eu eu desconheço quantos edifícios municipais tiveram reforços de e estruturas reforços sísmicos porque as estruturas são estruturas antigas e e há casa em que se tem feito o reforço eh Digamos que a nível Nacional são poucos muito poucos e e portanto e portanto é essa obra é é é é essa questão que tem que ser vista porque eu eu entendo que Portugal e e falo o país não tem uma radiografia e não tem um levantamento exato de qual é que é a situação fala-se por alto apontam-se números muitos números enormes de 70.000 fogos e coisas assim e portanto mas a realidade a realidade devia ter ser objeto de um levantamento para se ter ideia de qual é que é a tarefa que nós temos pela frente para tentar Minimizar os eventuais eventos de um grande terramoto e isso isso é um trabalho que dev ser iniciado e da da sua experiência tendo em conta que foi bastonário presidente do conselho de obras públicas portanto está há muitos anos nisto e os sucessivos governos não tiveram interesse em fazer esse esse levantamento eu eu não diria isso eu não diria isso o que eu diria é a tarefa é tão gigantesca que se nós não começamos por uma ponta nunca mais fazemos nada o eu não vou dizer que que que o os os governos tenham tenham a inconsciência de não ligar a ess a esses assuntos não é falso portanto os governos têm preocupações destas mas também há uma questão que é evidente estes assuntos só se falam e só aparecem quando acontece um cismo foi o da foi o da Turquia foi o de Marrocos agora foi este que fo que já foi dentro de casa os outros eram lá fora a coisa tava melhor e portanto depois Até voltar haver um cismo não Se não não não se fala disso E como eu digo é nós Engenheiros no verão cuidamos das cheias no inverno cuidamos da das secas e portanto nós temos que nunca baixar a guarda em relação aos sismas porque Esso não tem ciclos esse esses aparecem de repente e portanto nós temos conhecimento repar nós fomos dos primeiros países a implementar a legislação de 1958 eh de cálculo de antisismico era era incipiente mas era que que havia mais tarde no no nos anos 60 melhoramos a a legislação e depois nos anos 80 também fizemos o que eu diria o aperfeiçoamento entretanto Portugal por ser uma um país com muito conhecimento e por ter uma entidade de referência que é o laboratório Nacional de engenharias Cívil eh encarregou-se ou foi encarregado de ficar eh ali a liderar um eurocódigo que é o eurocódigo dos dos do reforço da da resistência de estruturas resistência artis sísmica de estruturas eh portanto esse EUR eurocódigo foi praticamente desenvolvido em Portugal pois bem o que é que aconteceu o Portugal terá sido se não est a o último país a adotar o eurocódigo em 2019 em 2019 e houve um iato em que havia Engenheiros a projetar de acordo com o eurocódigo já porque o eurocódigo é muito mais exigente e e e havia outros a a projetar de acordo com a legislação dos anos 80 Mas é possível uma câmara e aprovar um projeto sem estas regras de de 1990 não em teoria não em teoria não agora com o Simplex já não sei de nada não é a nova a nova regra que vem aí não é sim sim antes disso antes disso antes disso antes disso Digamos que a legislação que está aplicada é para cumprir e é e é para ser aplicado mas do do edificado eh ehem só em Lisboa 300.000 casas estão construídas sem ter isso em consideração Pois porque são são porque são construções antigas Olha eu próprio moro moro no nos olivais numa casa que era do antigamente já eu já a comprei não é usada mas era daquelas que foram feitas no nos anos 50 dos barros sociais quer dizer a minha casa abanou um bocado E de resto primeiro andar e portanto e há muita conção Messa por aí a constução social toda dado para dessa altura porque depois pouco ou nada foi feito foi feito alguma coisa mas como mas mas comparado com o que foi feito ao estado novo e digamos que não que não tem essa dimensão e portanto eu não faço eu não eu eu não quero pôr em causa a boa fé e a boa vontade que as pessoas têm em seguir estes assuntos agora eu acho que a tarefa tem um tamanho gigantesco e devia ser abrangente a todo o no país e e realmente devia de haver uma uma task force ou um grupo de trabalho quer o que quer que fosse quem é que fazer quem é que podia fazer essa fiscalização não e pá eu acho eu acho que que basicamente as coisas têm que começar pelo princípio eu acho que havia que constituir um grupo de trabalho nós temos o lnec nós temos e e a academia nós temos engenheiros que têm alto conhecimento nós temos a a a a profess civil que tem muito conhecimento eu acho que se devia envolver essas essas entidades todas numa task force ou que queiram chamaram um grupo de trabalho ou uma comissão ou o que quiserem para que não tem custos para além duas que já existem porque são entidades públicas e Haver alguém que começasse a fazer terra a terra de conselho a conselho isto porque isto tem tem que ser assim um levantamento exaustivo do que é que tá em risco e do que é que não tá em risco a Proteção Civil de resto hoje até convocou uma reunião mas sem avançar grandes detalhes mas foi uma reunião com todos os elementos que atuaram na resposta ao sismo desta semana eh teria sido profico eh nesse encontro estarem já estas entidades que que elenca aqui senhor Engenheiro Não não faço isso se foi a proteção C civil a convocá-la protação civil sabrá muito melhor quem é que deve envolver ou não em relação a isso e o que diz e o que diz em relação ao repto que foi lançado pelo presidente da república para um debate sobre a construção de obras públicas referia-se aqui também nas Entrelinhas em a novos investimentos como o hospital de Lisboa oriental o Tribunal de Contas obrigou a incluir no projeto uma solução de isolamento contra sismos o governo garantiu entretanto que o consórcio liderado pela pela Mota engil vai fazer alterações e a unidade de saúde vai avançar em breve pergunto-lhe o que é que acha deste repo lançado pelo presidente E se o conselho superior de obras públicas se pronunciou ou vai pronunciar-se sobre esta obra em concreto eh eu eu como eu como eu lhe disse o conselho sobre superior de obras públicas comigo pelo menos enquanto Presidente não já não se dá por porci no dia 1 de de Setembro sucesso as funções sucesso as funções por vontade pessoal que tem um novo desafio mas também porque ao longo de 2 anos nunca foi enviado parao conselho superior de obras públicas qualquer projeto ou ou ou plano para ser apreciado e portanto não acredito que conem com com com o conselho super de obras públicas para esse para esse efeito porque senão já teria sido chamado antes eh Aliás o conselho de superior de obras públicas Hoje não tem quadros não tem nada é só o presidente e tudo o resto funciona com com entidades que estão indicadas no no Decreto que que que o criou e portanto é um modelo um modelo muito muito lowcost demasiado L lowcost que vive na barriga de alg que é o laboratório Nacional de engenheira civil que o alberga e que e que paga as despesas portanto é o modelo não que que não que não prestigia quer o quer o concelho quer o interessado que é que é o estado o estado e e eu acho que o o concelho sem voltarmos ao concelho antigo que efetivamente esse era um concelho gordo e com despesas a mais o o concelho tem que ser repensado porque a sua utilidade que é para o país que é para o aconselhamento à tomada de decisão por parte dos decisores políticos na minha ótica é fundamental e é crucial e portanto não não deve ser alienado deve ser deve ser afiado mas confesso que neste neste neste momento da única tarefa que eu me ocupou ao longo de dois anos foi por inerência do facto de ser presidente do conselho obas públicas que foi est a presidir à comissão de acompanhamento da do que foi desenvolvido para a localização de no aeroporto que foi uma tarefa de que muito me orgulho e que correu muito bem mas em são outras obras públicas às obras públicas não foi enviado nada nada ao concelho e deviam ter sido enviadas porque a própria Decreto que que o o publica ou que o criou é bem claro quanto às exigências os parceiros não são vinculativos mas são obrigatórios e essa queixa que tem portanto em relação a ou essa mágoa mas mas é uma mágoa que vem da da relação com o anterior governo ou com este também não foi feito nada que pudesse evitar esse esse desfecho tendo em conta que nem em meio do mandato eu tenho que ser justo eu tenho eu tenho que ser que se este este governo nem nem tempo teve para se aperceber como é que funcionava o conselho superioras públicas e aliás eu sou Ministro até Foi acolhido algo de surpresa com a minha denição ou com com com o meu pedido de de renunciar ao cargo e e portanto Mas vem vem Trás há uma série de coisas que que vem de trás que eu aposo ven calas eh porque são evidências eu cheguei a falar com com o ex-presidente do Metropolitano entretanto falecido por causa da do que ele tinha uma grande urgência nos passageiros para a linha circular para a linha de Loures e e que enviar aquilo com uma grande urgência nunca foi enviado nunca foi enviado nada eh o plano de Ferroviário Nacional eh também foi recentemente aprovado na Assembleia da República é um processo que já vem Trás diga-se P também não passou no Concelho su de obras públicas para grande espanto dos conselheiros at atenção não é só o presidente que que fica que fica algo algo algo e espantado com isso mas é os próprios conselheiros que dizem assim então mas isto serve para é que é não Mou aqui nada e portanto portanto eu entretanto eu falei abertamente com o senhor Ministro com Miguel pinto pinto luz para que fique claro pá e e a conversa foi muito cordial aliás e mas eue realmente ainda não ainda não tinha tido tempo para se aperceber eh de questões desta natureza e desta e desta mza não não não posso estar a deer críticas Porque estaria a ser injusto atenção agora no quem é que gostaria de ver à frente do Conselho superior de obras públicas não eu não faço eu não faço não não não não não não não o o governo que que que decida o que ser melhor eu também optei porque tive um um novo desafio muito interessante no meu ponto de vista e portanto e portanto e pá são são opções que que que que se tomam e e acresce mais então eu também tenho uma razão de queixa forte eu sou aposentado e estava a trabalhar para o Bono atenção Hum e mas como eu sou apresentado público não posso receber nada maisum Isto é optei pela reforma atenção mas se eu fosse privado Hã eu podia acumular a reforma privada com o salário de com o tá indexado ao presidente do conselho superor obras públicas que é equivalente a diretor geral porque é que é esta Esta discriminação entre entre Então se achavam que eue era útil e que que eu tinha qualidade para estar à frente eu não posso acumular a reforma e se fosse um privado pode acumular a reforma Neste País há coisas incompreensíveis às vezes querem poupar e querem resolver as coisas qu não vale a pena e é com essa é com essa incompreensão que terminamos esta entrevista estamos mesmo no limite do nosso tempo Carlos Mineiro Aires mas fica também esse apontamento dessa desilusão de jogo dessa mágoa muito obrigada muito obrigada e e boa sorte para esse desafio futuro que vai agora no Prado em breve havemos de de de voltar a falar estou cer fica fica prometido até à próxima tá bom obrigado obrigado [Música]