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é CNS longe do Apocalipse próximo das reformas é a pergunta feita pelo médico José Fernandes e Fernandes a professora jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa é o nosso colonista do dia bem-vindo obrigado muito boa tarde muito obrigado pelo convite e boa tarde também aos senhores ouvintes Obrigada por ter aceitado este convite este artigo que assina esta quarta-feira no site O Observador é já uma segunda parte de um artigo que escreveu no mês passado com o mesmo título vemos em manchetes zonas gordas dos jornais muitas vezes caus Nas urgências ou caos no SNS no seu entender estamos longe desse Apocalipse mas traça aqui nestes dois artigos um diagnóstico lança perguntas e aponta alguns caminhos não temos tempo para falar de tudo e os artigos são extensos h e por isso é que convidamos depois os nossos ouvintes a irem ler mas deixe-me ir aqui por um desses caminhos que desvia o foco da falta de médicos o d defende que a aposta devia ser em mais enfermeiros pelo que questiona o anúncio feito pelo governo de mais duas escolas médicas em Vila Real e em Évora por quê Porque eu não creio que haja realmente necessidade de médicos eu não sei se tem conhecimento há um estudo de uma entidade pública a3s que avalia o ensino superior e que sobre o ensino medicina chegou a uma conclusão interessante que o número de médicos é aparentemente suficiente em Portugal depois nós nós temos e cerca de nove escolas públicas a funcionar mais de uma mais uma privada eh e temos agora o potencial anúncio de mais duas escolas médicas públicas O que é de facto é que sabemos que há mais ou menos um rácio ideal entre o número de escolas médicas e a população uma escola médica por uma por milhão milhão e meio de habitantes portanto nós estamos realmente No Limite eh daquilo que é razoável do que é suficiente e neste debate sobre a falta de médicos há uma outra realidade que nós cotamos muitas vezes aquilo que se chamava a diáspora portuguê há estudantes portugueses a estudarem medicina no estrangeiro e muitos desses querem voltar ao país e Nós não sabemos os números exatos daqueles que estão a estudar neste momento medicina no estrangeiro e aqueles que ao longo destes últimos anos têm concorrido anualmente à ordem dos médicos para eh certificarem o seu curso e serem integrados na na carreira médica Nacional nós precisamos dessa informação e os enfermeiros haver mais enfermeiros Poderia ajudar aqui em nomeadamente em algumas especialidades Talvez Mas esse problema das especialidades é um pouco diferente porque repar abrir agora duas escolas médicas que vão exigir facto financiamento vão exigir recursos e vão produzir os seus médicos especialistas daqui a 8 anos 8 10 anos e o que é que fazemos aos problemas durante este período ficamos à espera não nós temos que ir à procura de soluções e as soluções são que no meu entender há necessidade de reorganizar os serviços de definir melhor os recursos humanos que são apropriados para cada uma dessas áreas e proceder em conformidade inclusivamente criar uma política de recursos humanos que seja mais Atrativa que fixe os médicos e os outros profissionais à ao serviço Nacional de Saúde ao serviço público e há aqui um outro aspeto que aliás eu no meu artigo baseado nos relatórios europeus da avalia que são foram publicados pela união europeia que mostram que Portugal é o terceiro país no contexto da Europa que tem mais médicos um argumento contra este dado é que são os médicos que estão inscritos na ordem dos médicos e Algum deles alguns deles serão já reformados Como é o meu caso Mas eu continuo a trabalhar no setor privado mesmo tendo em conta que alguns destes médicos já estão reformados a estimativa deste documento Europeu é que Portugal só eh mais de médicos o Portugal tem médicos em número suficiente para fazer Face às necessidades têm que ser reorganizados e há poucos países e há alguns países que ainda têm mais médicos do que nós nós precisamos é de Enfermeiros porque há de facto uma carência importante de Enfermeiros na nos serviços de saúde em Portugal e explica-se isso muitas também eh E essas essa falta às vezes não é percebida porque muitos enfermeiros com muitos médicos têm o trabalho duplo qu é no setor público quer no setor privado uhum o senhor é crítico também de uma organização e do serviço Nacional de saúde com acumulação de unidades locais de saúde eh chama-lhe até uma ideia centralizadora e Hospital hospitalocêntrica exato a ministra da Saúde admitiu que o recrutamento dos médicos de famílias pelas uls não está a correr bem admito voltar a centralizar as contratações no ministério eh faz bem não sei exatamente os dados Concretos e os números que seria importante mas eu acho que de facto nós estamos com a criação das uls estamos a correr um risco enorme que é de atomizar o serviço Nacional de saúde aquilo que era um dos aspectos mais positivos do serviço Nacional de saúde que era a sua unidade era um serviço público unitário que englobava várias áreas de intervenção arriscamos aag ental demasiado nestas unidades locais de saúde e o que é que aconteceu que eu li nos jornais não sei exatamente os números dessa realidade é que houve até Barreiras burocráticas atrás uns concursos daí a dificuldade algumas ols terem conseguido contratar os médicos que pretendiam e eu ponho uma série uma dúvida muito substancial porque é que não há de haver um concurso único Nacional pois os internados começam relativamente sempre na mesma data e terminam ao fim seis anos mais ou menos na mesma data porque é que não há de haver um concurso nacional e em segundo lugar Uma Outra vantagem que é muitas vezes pouco percebida e que é uma realidade na nossa organização os profissionais não circulam o suficiente no país quando nós comparamos a nossa realidade por exemplo com outros países como a Espanha Itália a França eh a Alemanha até a Inglaterra até as pessoas circulam muito mais pelas instituições procuram as instituições que lhe interessam e que podem ter também essas instituições ter interesse na sua contribuição e circulam nós não o nós desculpem usar esta expressão mas profissionalmente Às vezes tendemos a a nascer a crescer e a terminar a nossa atividade profissional sempre no mesmo sítio fica essa dúvida no ar e se o governo nos ouvir aqui o colonista do dia pode também refletir sobre isso sobre esse concurso único nacional que José ferira Fernandes Fernandes acaba por sugerir aqui eu gostava de ouvi-lo ainda sobre esta medida anunciada também hoje pela ministra Ana Paula Martins de urgências metropolitanas para a região de Lisboa é uma boa solução eu acho que sim porque eu acho que já foi uma solução que foi tentada ainda no meu tempo Quando Eu dirigi ao serviço de c escado no Hospital de Santa Maria e e e que resultou as urgências metropolitanas realmente é uma forma inteligente de resolver o problema porque nós temos que várias unidades que não reúnem talvez o número de requisitos de Recursos Humanos necessários para estarem constantemente de urgência todos os dias Mas podem prestar um serviço muito importante à comunidade e organizar-se para poder colaborar para um serviço de urgência e em três ou quatro maternidades ou três em quatro serviços ou três em quatro unidades que estejam que tenham equipamentos que tenham cuidados capacidade de dar cuidados muito diferenciados e capazes de de resolver os problemas do da da população portanto eu acho que essa é um é um caminho e isso foi feito não só para em Portugal eu vi eu trabalhei uns anos em Inglaterra foi feito em Inglaterra onde houve de facto uma concentração de unidades unidades eh às vezes alumas algumas bem conhecidas que que foram juntadas com outras e que se concentraram portanto isso deu um bom resultado hum no artigo também assumo que o preocupa a expansão do setor privado da Saúde eh que vai abrindo unidades em zonas com menos população h o pacto de convergência e cooperação que sugere no seu texto coaduna-se com estas 20 novas unidades de saúde familiar que vão ser geridas por privados e setor social se houver isso se elas tiverem qualidade Se tiverem os recursos tiverem a capacidade e bem estruturada eu não vejo razão nenhuma porque não possam ser privadas ou sociais às vezes dáme impressão que nós estamos Vivemos em dois países o país público do setor público e o país do setor privado como se não tivéssemos todos que serer à mesmas leis aos mesmos princípios aos mesmos às mesmas condições em que temos que atuar Eu acho que isso é pode ser um caminho eu acho é mais importante isso até parece mais positivo do que ter demasiado tudo isso dependente de uma estrutura de um hospital de uma unidade local de saúde centralizada num hospital e e Portanto acho que é um caminho possível há aqui que ressalvar vários as coisas nomeadamente a qualidade segundo lugar a existência de recursos e depois uma negociação séria exenta e rigorosa das condições em que é prestado esse serviço à população e eh o José Fernandes e Fernandes termina este artigo sublinhando o fardo da enorme decisão política tem faltado coragem aos governos sucessivos para reformar o SNS e acompanhar essa evolução do privado e dos seguros de saúde em Portugal eu eu não não tenho capacidade para lhe responder isso não posso responder isso não sei com certeza que eu tenho a melhor a melhor das impressões sobre todas as pessoas que passaram pelo governo que fizeram o melhor que souberam e aquilo e que puderam fazer é é difícil eu termino o artigo dizendo que é muito difícil falar e escrever é mais fácil decidir planear é muito complexo E então executar ainda mais mas eh o que eu acho que que que importante era que que os nossos políticos fizessem uma coisa em vez de seguissem a nossa máxima dos cirurgiões que eu cito também nesse tigo acho eu que é acreditar naquilo que vemos e não ver aquilo que se acredita portanto sejamos objetivos é o a situação hoje da Medicina evoluiu imenso desde os tempos em que foi construído serviço Nacional de saúde que foi uma uma construção eh foi um exercício notável foi Talvez um dos serviços mais notórios e mais bem conseguidos da desde a revolução de 1974 não lhe chama Joia da coroa porque a Joia da coroa para mim é liberdade mas de facto eh foi foi excelente e teu excelentes resultados mas as situações mudaram muito e é preciso adaptarnos ao tempo e o e eu creio que há uma enorme fixação num modelo passadista do passado de do serviço público isolado como se os outros ao lado fosse o deserto ou não existissem isso não pode ser não a população quer outras soluções Porque os portugueses também não querem soluções radicais e demonstraram isso eu falo nso no meu artigo e os portugueses querem ter as vantagens de um lado as vantagens do outro lado e se possível usar uns outros fante sua é a chamada perspectiva do do utilizador e José Fernandes e Fernandes muito obrigada por ter sido o nosso colonista do dia assim neste artigo no site do Observador esns longe do Apocalipse próximo das reformas pode ler em observador.pt muito obrigada e até à próxima Até à próxima muito obrigado