🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
[Música] voz de cama bom dia boa tarde boa noite sejam bem-vindos a mais um voz de cama aqui estou eu Ana Marle aqui está ela Tânia graça e aqui está também uma convidada que desejávamos ter entre nós há muito tempo revejo- muito nesta jovem porque eu sou idosa só digo isto porque sou idosa OK nesta jovem autora que com uma velha Eh Ou pelo menos com uma alma sábia que que revejo- inclusivamente no detalhe dela ter passado alguns anos da sua vida a pedir cachorros sem salsicha que é uma coisa muito particular mas em que também me revejo h e em tantas outras formas de de se analisar nas suas obras é a madalina s Fernandes malea obrigada por estares cá trago aqui quem está a ver em vídeo o livro Um dos livros na verdade é verdade o livro de crónicas o dera exato e nós no no Episódio Passado demos o Taser eu dei na verdade que teríamos aqui a autora do meu segundo livro das férias e cá está ela e cá está o livro que eu vou quer que ela assine no fim Isto foi uma companhia voute dizer Madalena muito muito muito muito boa para as minhas férias porque o teu livro é assim e eu até fiz esta esta mesma descrição no no no Instagram quando me perguntava O que é que eu dá a ler e tal Porque ele é leve não é tu ler descontraidamente e de repente choro pois e de repente Choro Porque estás a descrever mem horas de Infância com a tua avó e tudo mais e de repente Rio porque tens um um uma crónica sobre as particularidades da língua do português de Portugal e do português do Brasil porque eu como consumo muito conteúdo brasileiro identifico-me com essas com essas diferenças Ou seja é é uma leveza aprofundada ora leveza ora profunda pá é isso e complementamos noos porque eu li o lem e a t leu o dera eu li as crónicas assim avulso à medida que um C no público algumas hã e E é isto é bem observado na medida em que tu Consegues eh falar de coisas duras sem ser nunca melodramática és blaz e profundo ao mesmo tempo exato e depois de fazermos toda esta declaração de amor incondicional H Madalena e bem-vinda Olá obrigada é um amor completamente mú e é o que estão a dizer também posso dizer em relação a vocês ao que sinto vocês e este programa que é essa abordar às vezes assuntos muito sérios não é mas com uma certa eh não é displicência mas com uma certa leveza identifico-me com isso e isso que dizias por serem crónicas tem Tem essa particularidade eu eu sempre adorei crónicas como como género literário descobri isso No Brasil onde acho que a crónica funciona muito bem e eles dão muito valor à crónica e e e descobri que era uma maneira de e poder usar tanto humor quando me apetecia como um certo sentimentalismo também às vezes e eu gosto dessa dessa dessa malandragem que a crónica permite não é de deambular entre uma coisa e outra por isso também se chamar deriva por ser assim uma coisa que balança por aí ex por acaso São dois géneros que Portugal não Não aprecia muito nos tempos que correm que é a crónica mais naquele sentido essi não é sim sim sim autoficção que também é uma coisa muito recente sim são os dois meus géneros preferidos eh preferidos ou que nos quais Acabei por por me dedicar a escrever e a crónica tem muita pena porque eh eu gosto a crónica surge no jornal não é que é uma coisa super objetivo é super eh baseada em factos em verdade e e Quando surge no tempo Áureo do jornal em papel era o espaço da ficção dentro daquele jornal por isso era onde a pessoa descansava da atualidade descansava daquilo que acontecia no momento com coisas mais intemporais Uhum E realmente não se vê tanto isso e eu sinto falta disso porque como o que eu gosto é ler literatura a crónica era o espaço da da literatura no num jornal e até da mentira num certo sentido e da ficção e tu juntas a uma crónica e autoficção na mesma no mesmo espaço eh eu lembro quis quis propor uma vez uma tradução de um de um Jornalista que eu gosto muito que só escreve precisamente crónicas um americano que é o time crier e e a resposta do editor muito querido um grande beijinho eh foi dizer eh os leitores portugueses não se interessam por este género de de coisa tenho ouv ol pass uns anos Madalena S Fernandes chega e tipo não se interessa ao quê tomem chupem toma aí olha mas sim realmente a acho que é mesmo eu eu eu confesso que nunca tinha lido um livro de crónicas assim que me lembre e apaixonei pelo género porque lê-se tão bem para férias então eu sinto mesmo que é el está esta mistura de leveza mas às vezes vais a um lugar mais profundo ou até inquietante tu tens uma crónica que é sobre o estares a querer dormir e todas as coisas que te vão passando pela cabeça pá Uhum identifico-me em género número e grau eu tento tanto especialmente com ideias que tipo Espera tenho mesmo que escrever esta só que depois flada de luz do telemóvel na cara depois vou dormir de novo depois uma inquietação qualquer depois história da minha vida história das minhas noites estamos juntas todas estamos juntas sim senhor Olha nós temos aqui um e-mail aqui um bocad acho que dá para abrir a conversa e depois irmos às temáticas do livro ou outras porque acho que este e-mail é uma partilha muito que acho que podemos identificarnos todas talvez em em certo ponto Portanto vamos a isso vamos ISO vamos a isso começ rtp.pt isso mesmo começa ela por dizer podem chamar-me Raquel chamaremos pronto é o que ela quiser nós às vezes damos nomes e os nossos nomes nunca são tão bons quanto Raquel geralmente foos para a Marlene nada contra estes nomes não não é só que nos sai exatamente portanto Tenho 33 anos tu tens quantos Madalena 30 ah ok porque eu tinha da que tuas mais nova que eu porque eu faço lin titz este ano tenho 33 com duas filhas já mais crescidas que o meu filho Pois é 6is e c entrou para o primeiro ano a minha a minha mais velha minha mais v a minha mais velha a entrada para para para a primária is é foi aviar serviço logo cedo foi foi sem querer pois eu eu tamb também aqui descreve também aqui sim bem sei bem sei e pá que mas pronto mas tá feito tá feito está a tua contribuição para a natalidade feita já foi dada se quiseres mais mais para a frente mas agora já estás qu quiser saber detalhes Leia o livro Leia leia tu agora quando chegaste Desculpa eu tava a dizer precisamente eu S já te conheço porque eu me li tanta coisa que tem a ver contigo pronto Tenho 33 anos e estou numa relação a 10 com o meu namorido de 31 vivemos juntos há 4 anos à altura em que saímos de Lisboa e fomos morar para a minha terria no interior do alentejo a minha questão não é tanto sobre nós mas tem algumas implicações na relação os últimos 5 se anos da minha vida têm sido um mergulho profundo em desenvolvimento pessoal e desconstrução este ano inclusive iniciei terapia para desatar alguns nós sinto-me bastante orgulhosa do meu percurso e cada vez mais gosto da pessoa e come estou a tornar boa uhum felizmente o meu namorido tenho feito um namorido é uma palavra fita Di eu ouvimos a falar no programa anterior Alguém disse se calhar vamos abolir n lona disse assim Eu voto em abolir a palavra namorido mas pronto eu estou a ler o que ela diz no entanto sinto cada vez não desculpem felizmente o meu namorido tem feito um percurso similar debatemos bastantes temas e a terapia também está nos seus planos sinto mesmo que nos ajudamos a crescer mutuamente e que temos ido acomodando as novas versões um do outro com muito amor no entanto porque ele sempre chega sinto cada vez mais dificuldade em relacionar-se com os outros com esta desconstrução toda fui perdendo alguns amigos porque deixei de me conseguir rever eh nos seus valores e ideias lutos que ainda estou a fazer com a minha família bem Digamos que estou a geri-la com as minimos olímpicos a nível de contacto pois desde sempre que me sentia ovelha negra e é cansativo estar sempre a ter de defender o meu ponto de vista o facto de vivermos no meio relativamente pequeno faz-me sentir que não tenho muito para onde me virar a nível de criar novas amizades ainda se liga muito ao Status qu ao que fazemos profissionalmente à vida dos vizinhos ainda há muita homofobia racismo preconceito nos geral tenho feito esforços para me relacionar e integrar nos eventos da comunidade mas dou por mim muitas vezes a pensar mas o que é que eu estou a fazer aqui com esta gente estava melhor em casa com um bom livro estarei a ser bom livro de madalina S Fernandes por exemplo estarei a ser demasiado arrogante e a não dar oportunidade às pessoas é possível estarmos demasiado desconstruídas para nos relacionarmos com os outros comuns Mortais tento sempre pensar que as pessoas não são só uma coisa e que todos estamos no no nosso percurso de desenvolvimento e desconstrução mas há conversas que não há mesmo paciência neste momento isto não tem nenhum impacto na nossa relação mas fico sempre a pensar se ele não se começa a tornar a única perna da minha mesa isto é uma metáfora que nós usamos aqui muitas vezes a da mesa acho hiper importante termos uma vida plena fora da relação e sinto que faço isso com o trabalho tempo para mim óis e algumas amigas conto pelos dedos de mamão acho que valem mesmo a pena porém já vivi muito dependente de um parceiro no passado e foi uma grande lição quando terminou como cultivar melhores amizades agora em adulta estando tantas vezes em acordo sou eu que não me permite ver além das primeiras impressões como trabalhar isto para efetivamente equilibrar todas as pernas da mesa e não depender emocionalmente do companheiro um grande beijinho e não parem este maravilhoso trabalho que fazem grande beijinho também Grand beij Obrigada bem eu agora revimo imenso nisto nesta nesta ovin porque h a questão de ficar só dependente de uma pessoa isto isto aconteceu-me isto é mesmo também a história da minha vida h e também não não recomendo nada isso mas por circunstâncias e de isolamento físico geográfico como neste caso ou por circunstâncias de ter depositado naquela P sim sim isolamento geográfico geográfico geográfico e geográfico emocional também H E eu acho que a terapia pronto eu também faço é fundamental Não é por isso acho que esta Raquel tem de facto até pelo discurso parece uma pessoa que como ela diz está desconstruída e está está a trabalhar sobre si mesma mas eu são logo alertas quando ouo falar disto de estar só dependente de uma pessoa Ah aqui a questão dela até se prende mais com e não estar com muita paciência ou com muita faz as pessoas à sua volta faz as pessoas à sua volta ah mas mas é mesmo mesmo importante eu diria investir nisso também porque mas mas mas eu até eu entendo um pouco quer dizer não sei se ela tá a partir um um bocado com condescendência para esta visão das pessoas que vivem na aldeia onde elas está a viver uhum assim um bocado tipo pá Estas pessoas dá-me sensação que ela tá assim um bocado pessoas parolas sei lá aborrecidas não sei não não sei o que é que el acha compl conceitos e tudo mais que há aqui uma série de preconceitos uma fobia racism Essa parte é é bastante difícil de ultrapassar pá sim diria que sim como é que uma pessoa eh será que uma pessoa consegue manter-se eh independente que é o objetivo dela eh estando eh sozinha é a minha questão ou seja Será que até através de meios que que que hoje em dia são mais fáceis que te colocam mais em contacto com o mundo tu Consegues sentir nem que seja tipo através de redes sociais Será que Consegues sentir essa companhia sem sem sem precisares de te dares com pessoas com quem sehar não te apetece dar sim eu pronto ela referiu aí os livros e eu não quero ser a que usa sempre o poder salvífico dos livros mas para mim os livros foram sempre muito importantes nesse aspeto em momentos em que eu me senti mais sozinha eh mesmo na questão da empatia e de conhecer outras realidades etc aliás pronto eu estou sempre a dizer Leiam para para salvar o mundo quase mas se uma pessoa ler mesmo questões de preconceitos ou de coisas que existam uhum e Dificilmente uma pessoa será agora estou estou a extrapol imenso no tema mas já volto Isto é deriva à mas se uma pessoa crescer a ler sei lá Garcia Lorca Rambo difícil essa pessoa será homofóbica porque vai perceber desde muito cedo que é a mesma coisa e se ler Paul apreciado dificilmente será transfóbica ou seja se uma pessoa tiver contactos com e com autores negros dificilmente será racista porque vai perceber vai ler aquelas histórias e ficção ou autoficção de que falávamos e vai perceber aquilo de uma maneira que que que muitas vezes só literatura ou uma conversa muito profunda possibilita e dificilmente será uma pessoa com preconceitos pronto agora descambiar no temaa observação não é muito importante aliás eu eu quando falo de interseccionalidade e de como as porque tu tens podes ter várias camadas de desigualdade que te atravessam porque ser uma mulher branca não é igual a ser uma mulher negra ou ser uma mulher branca heterossexual não é o mesmo que ser uma mulher negra eh lésbica por exemplo em que te atravessa a camada do racismo e da homofobia e eu acredito muito que nós Só conhecemos o outro estando em contacto com o outro convivendo com o outro e se essa a convivência nem sempre nos for possível em termos de ou seja pessoalmente não é na nossa vida os livros e o consumir conteúdo de pessoas que são de outras bolhas ajuda-nos muito a rebentar a nossa e eu acho que isso salva ao mundo sinceramente portanto concordo muito isso como é que se promove desde cede e e em determinadas famílias quer dizer nós se calhar crescemos com livros à volta não é ou não foi o meu caso Olha eu não sou nada eu não sou nada essa pessoa Aliás a leitura entra alum momento na tua vida houve ali um ponto de viragem qualquer fosse pelos teus amigos fosse pelo ambiente na faculdade não sei muito bem como é que como é que apareceu o teu interesse até o estudo pode ter-te levado ao Gosto pela leitura não é eu acho que foi um bocado por aí ou seja o a faculdade e estudar o comportamento humano que é fascinante vou dizer hum levou-me a a refletir muito sobre mim sobre a minha história às vezes dizem que os alunos de Psicologia vão estudar a psicologia para se resolver eu não não foi o meu caso mas o que é facto é que confrontada com aquilo que já se sabe sobre o comportamento humano é impossível não olhares para ti pelo menos Claro para m é impossível e na literatura igual é a mesma coisa Exatamente exatamente e acho que com o tempo e quando me tornei sexóloga também e quando comecei É engraçado porque eu acho que a minha vontade de trazer coisas e para o mundo também incentivou do género eu não posso só ter outputs eu preciso input até para os meus outputs serem melhores mais ricos e mais refletidos portanto isto não tem muito tempo na minha vida porque eu não eu não cresci Numa família intelectualizada al uma predisposição havia em ti o que é interessante também mas aí não sabemos fazer essa leitura exatamente tipo onde é que começa um interesse quase natural Tu tiveste sempre tu contas ISO no meu caso era mesmo já pelo objeto não é eu via aos meus pais ali a minha mãe sempre com o livro e eu sentia ciúmes não é tinha aquela ela exato crónica mas alar que a minha mãe ia para o banho com o livro saí P di mãe mãe e ela ali aquilo era uma coisa quase até erótica num certo aspeto e eu percebi e pá isto isto tem poder isto deve ser mesmo incrível porque os meus pais não me ligam nenhuma sempre faz sou um bocado Não sei ainda não os nossos filhos são pequenitos Ainda não temos bem a noção de como é que como como é que se vão comportar no futuro em relação aos Livres mas tenho sempre essa noção de que a melhor maneira de tu despertares uma paixão é exercendo essa paixão à volta do ambiente não dúv é a mesma coisa da Imitação é mesmo é mesmo mesmo verdade e primeiro então enquanto objeto a coisa de da natálie correia não é de devorar o livro de de comer os livros Eu acho que isso é já diz que a tua mãe comia livr não é a minha mãe sim sim sem dúvida e era mesmo aquela que que que comia fisicamente no sentido de falo muito diso nãoé de fumava para cima do livro entorn Ava ao café Sim sempre com o livro As migalhas para cima do livro H E isso no meu caso foi isso mas eu acho até mais bonito a coisa de de descobrir assim mais tarde tipo um amor adolescente ou um amor mais tard sim mais adulto até sim sim sim sim mas aqui é Nossa ouvinte sendo que os livros mas podemos derivar à vontade como te dizia É isso mesmo até que sequer H portanto mas ela diz ela sente que é um refúgio os livros efetivamente porque porque é que ela se nega se calhar ela devia entregar-se não eu acho que a entrega é é é muito útil até por tudo o que estamos a dizer aqui no entanto substituirá relações e convívios e o que é que achas Madalena não não não não não eh também tenho muito essa tentação eu revi bastante nesta nesta pergunta desta esos bem então sim até porque eu também mudei recentemente de de sítio não é um sítio nada recondito mas é um sítio e que não é o meu sítio ou seja não tem as minhas pessoas e também tenho enfrentado esta dificuldade que é fazer um amigo em adulta e até no outro dia falava com uma amiga e e até escrevi uma crónica sobre isso porque ela por exemplo acha gosta muito da educadora do filho dela e gostava de ser amiga da educadora e ela disse Mas como é que eu faço isto E estávamos aqui a falar isto é um bocado estranho não é o que é que dises vais convidá-la para ir ao cinema ou próprio para um café porque não mas ela tava estávamos as duas a achar muito estranho e e eu tenho tentado Contrariar ISS porque eu própria agora estou a ficar a tentar fazer amizades com mães de colegas Estou a ir por aí eu acho que é mas forçar uma amizade também é muito complicado não é os estudos mostram que as pessoas na idade adulta TM os estudos e a vida mostra-nos também não é mas que as pessoas na idade adulta têm mais Dificuldade em fazer amigos e amigas porque existem aqui algumas camadas existe o tens mais desconfianças sobre as pessoas será que s Sim será que não será que o que tu em criança ou adolescente ou mesmo jovem de faculdade pá não quero encontrar pessoas que curtem bops e tal os seus filtros são diferentes tens mais questões de Ah isto é meio award não é agou de repente vou lá está Vou vou convidar como a senhora vouv convidar para cinema coisas que nós não pensaríamos noutra fase da nossa vida e então dificulta e a solidão pode apoderar-se das vidas das pessoas precisamente por esta por esta maior dificuldade portanto é mesmo uma diferença gigante entre as crianças nas crianças temos uma sala de aula alguém te senta se ao lado aos amigos hoje em dia é mesmo essa Desc mas o que é que esta quer e eu e sente-se isso nas abordagens mas acho que é interessante tentar Contrariar porque eu por exemplo eu gosto de fazer amigos aquela coisa Ah já não tenho espaço para mais amigos até tenho eu gosto eu gosto mesmo só que eh tenho tenho tido essa mesma dificuldade acho que é E e essa por exemplo que ela diz de as conversas não interessam e não sei quê eu acho que talvez as primeiras conversas a minha mãe isto não tem a ver com conversas mas no outro dia estava a fazer panquecas h e eu aproximo Isto é coisa à minha mãe e de manhã nas férias eh e a primeira panqueca estava assim muito muito formada Sim e eu disse ah e eu comentei Eu disse ah essa panqueca tá um bocado e minha mãe disse ah é como se costuma dizer é a primeira queca e a primeira panqueca são sempre moder e adoro nunca tinha ouvido faz todo sentido pois faz pois e as primeiras conversas às vezes são essa primeira panqueca está deformada não é e é preciso às vezes de investir ali e fazer mais e pronto e se calhar essas primeiras conversas são estranhas para ela também são estranhas para a outra pessoa estão ali meio awkward meio e tentar Claro fazer mais panquecas se calhar pois acho que sim até sei direitinha eu acho que ela até pode pegar no seu amor pelos livros que me parece que está presente até mencionado mais que uma vez ao longo desse desse mail e criar assim um book Club lá na sua na sua terra na vi talvez Ass até H mas aí está aí ela tem que ultrapassar um bocado uma certa resistência que que me parece que ela está a ter em relação são homofóbicos são racistas não sei quê se é tipo Então bora lá tentar mostrar-lhes aqui qualquer coisa sim houve houve um as pessoas às vezes também precisam muito desses momentos de comunidade e e às vezes um estranho H consegue proporcioná-los melhor do que as pessoas que clar está tão dentro naquele ramram É verdade houve houve um período da minha vida já depois de viver em Lisboa em eu voltei para lolet que é de onde eu sou no Algarve E quando voltei Eu sempre tive muita resistência voltar para lá pois a vida Olha a vida e as minhas escolhas levaram a voltar para um período de p a dois anos e quando eu voltei eu tinha exatamente esta ideia H pessoal não e atenção eu tenho amigas e amigos ótimos de infância em que há coisas em que já divergimos um bocadinho mas temos pontos em comum mais que não seja a nossa história que é muitas vezes o que sustenta amizades mais mais antigas à vezas e até entre pessoas que não tem mesmo na vida adul nada a ver com as outras mas queem nome D bons velhos tempos mas tinha muito esta esta resistência de pessoal aqui tem uma mente mais fechada e pá e vou dizer que de uma forma geral disso é comum em meios mais pequenos porque porque é parece que a informação durante muito tempo demorou mais a chegar e e tudo mais o que é que na altura aconteceu e também foi por movimento meu e v vou dar esta dica aqui mesmo é uma coisa pessoal eu procurei coisas que estivessem a acontecer que fossem um bocado dentro da minha linha e primeiro pensei Ah pá não há nada não há nada a acontecer que me interesse não há nada a acontecer e de repente descubro que há um curso de teatro física decorrer e descubro que há um um clube de de era era cinema tipo ias ver filmes e eram filmes LGBT uhum e de repente começa a encontrar eu hoje em dia até já nem tenho muito contacto com essas pessoas mas na altura per calma há pessoas de todos os tipos em todos os lugares exatamente só que é preciso às vezes que nós eser fun chemos um pouco para ir ao encontro da essas pessoas e ao mesmo tempo é um bocado Na Linha Do que estavas a dizer pá treinei um bocadinho a mesmo nas pessoas que não tem tanto em comum em termos de valores e ideias procurar os pontos comuns porque porque as relações exato são dos dos maiores fatores de saúde mental relações boas não é com com o mínimo de satisfação mas são dos dos maiores preditores de saúde mental e de bem-estar das pessoas ou seja ainda que os livros nos possam refugiar sim não substituem Claro não substitui o contacto o toque físico até do Beijinho do abraço de dar a mão de o apoio emocional porque ela tem amigos não é ela diz que tem poucos mas mas que os tem h e às vezes as pessoas também acham que que T obrigação de ter uma vida social às vezes obrigam foram-se não é que também não temos verdade assim muito muito muito muito ativa pois eu hoje em dia estou muito cansada ó pá pois olha eu que se eu fosse fosse a falar semana que tive uma uma coisa portanto tive com pessoas na sexta no sábado e no domingo eu sinto que a minha bateria social ficou no menos 20 pois sim sim e tuena também não és uma Party Girl eu eu tme a acontecer uma coisa estranhíssima que é Estou A Ficar progressivamente mais mais tímida ou seja eu era extremamente extrovertida hoje em dia quando as pessoas dizem Ah tu és tão tímida eu assim tímida eraa a coisa que eu não era e e menos e Party Girl digamos assim também pum pela maternidade e tudo isso e também pela escrita que é uma coisa que exige um certo isolamento Claro embora a palavra isolamento e até na na mensagem da da Raquel me desperto logo a alertas por causa da questão da Saúde Mental a coisa sozinha isolamento Claro mas depois também até Fala aí numa crónica da questão de de que eu até surgiro uma nova palavra para a solidão boa que é aquela porque o sozinha é logo ai estás tão sozinha badinha como uma mantinha exato Coitada olha Aliás está aqui eu tenho que sublinhar essa essa parte posso ler di a solidão pode ser muito boa pode trazer uma felicidade profunda e momentos de paz que nenhuma companhia traria quando estou no sofá a ver uma série com uma taça de gelado nos joelhos não tenho vontade nenhuma de chorar antes me apetece cantar all by myself i w be Exatamente exatamente portanto vai muito aqui nesta nesta ideia de pá se calhar Às vezes sozinha também estou em melhor companhia sim eu sugiro porque aqu coisa de por exemplo que me acontece Às vezes estar a comer acontecia sei lá Centros Comerciais aquele sítio tão agradável mas pronto mas estava com os meus fones estava ali no meu mundo e aparece al um conhecida estás aí sozinha na maiora anda connosco como se tivesse a resgatar um cão do caniv po sim sim sim sim sim e eu sugiro a palavra Sassa passo lidão boa AD não estou sozinha estou Sassa a ver tranquilaço so zona nest ia perguntar só Zora também é fixe ia-te perguntar uma coisa esta esta questão de lidar com perspetivas diferentes e ideais e valores diferentes tu contas também neste livro que tu vens de duas famílias vou dizer muito Opostas em termos de ideais religião eh até espectro político sim sim sim sim como é que isso também constrói se calhar a pessoa que tu és muito mais talvez aberta a beber um bocadinho do que cada pessoa te pode dar independentemente desta exatamente nesse Buffet familiar eu fui buscando o que eu me identificava mais de um lado e do outro eh o lado da minha minha família da mãe são que chamamos betos não é e com toda aquela aquele código meio máfia não é das palavras e não sei quê direita religiosos sim sim sim eh Sporting pronto coisas diferenças esse género lá do meu pai esquerda ateus e a verdade fui buscar quase tudo quase tudo ao lado do meu pai mas algumas coisas também ao lado da minha mãe porque depois as coisas não são Preto no Branco e na família do lado da minha mãe até São mais artistas mais expansivos eh mas aprendi muito bem eh lidei muito bem Com estes dois eh com estas duas vertentes não é de de de pensamento e de e de vida eh não são tão distantes quantas que existem no mundo mas de facto são distantes não é só em política são Opostas e futebol religião são assim três três sim sim Pilares sim e uma coisa que dizias há bocado que que até diziam relativamente aos amigos de encontrar o ponto em comum por exemplo em relação a a pessoas da família eh que politicamente são Opostas acontece comigo com por exemplo um tio distante que é não podia ser mais oposto meu politicamente mas foi a pessoa que me ensinou a andar de bicicleta Uhum Então isto mexe imenso comigo mas o que eu faço é pronto não com esta pessoa não vou falar de política coisas sim sim mas resgato ali o o andar de bicicleta à lembrança e também tenho uma crónica parece que estou a fazer mas chama-se lembras-te que é que às vezes essa pergunta ou lembras-te salva muito essas essas situações não é mesmo com esses amigos sim sim sem dúvida que Esso é muito é muito bonita Especialmente na conversa que tu falas entre o teu pai e a tua mãe quando que são que são divorciados e que não tendo uma relação muito regular É nesse contar uma coisa e dizer lembras-te uhum e tu reconect está-te com outra pessoa e com e com aquilo que tens em comum com ela que muitas vezes né tendo uma filha em comum não sei se tu tens tu tens irmãos não eu sou filha única e E então era aquele momento de de de irem depositar a casa de um ou a casa do outro e aqueles 5 minutos que podia ser meio award mas que eu via que eles encontravam esse Elo que não vou dizer Elo de ligação porque é tambm F um patamar de entendimento vá sim sim sim não mas estava a dizer do Elo de ligação por ser um pleonasmo que eu também falo aí porque que eu tinha uma professora de português lá está que uma recordação que me vem sempre que dia el exato já é de ligação e era sempre mas pronto mas esse céo de da das memórias e das lembranças e de e de e do humor também que eu Zun muito e eu acho isso muito muito bonito essa pequena Faísca h não nunca estão juntos mas quando estão essa feis que pronto eu comovo-me com essas coisas e o humor é uma grande chave para essas é muito diplomático nestas situações assim de É verdade de alguma de algum afastamento Hum como é que como é que tu eu é conhecido que tu foste aconselhada pelo teu psicanalista a a escrever tu encontras e se calhar para a nossa ouvinte Também seria uma boa ideia encontras na escrita assim um um Isto é super Clichê não é escrito enquanto terapia mas eu acho que olha se há coisa que é terapêutica Mais Do Que Sei lá sim sim porque se calhar mais do que passear à beira mar até a mesma escrita porque nada te confronta mais com os tuas próprios pensamentos não é exatamente e e eu faço psicanálise também e a psicanálise é na narros constantemente não é narros o que que nos dói narrar o sofrimento narros um pouco de tudo e a escrita é isso também não é e é é uma É uma elaboração através da palavra eh também não acho que substitua a terapia Porque a terapia leva a outros Campos mas eh Sem dúvida que por exemplo no caso do Lemo para mim foi foi muito terapêutico essa escrita eh eu eu estava inicialmente a fugir a esse tema era um tema pronto violência Dom uhum eh e era no fundo a minha história e eu estava a fugir muito disso não só pelo preconceito de que existe em Portugal até talvez por isso a autoficção não seja tão pois eh porque é uma coisa muito e não só de Portugal como do do tema da violência doméstica é muito a questão de esconder Olha aí não digas a isso fica-te mal pôr muito também do lado da de quem sofreu isso uhum essa vergonha e esse medo tipo como Se Fosse A Culpa da pessoa então o falar sobre isso na terapia é muito importante eh mas o escrever foi outro passo e Fundamental e eu estava a fazer o oposto eu estava a fugir completamente desse tema uhum porque lá está pelo medo e pela vergonha é assim não eu nunca nunca nem o amigos ou conhecidos ou família vai saber quanto mais lançar um livro que se fala disso Sim sim e por isso depois Hã o em em psicanálise eu falava então sobre outros temas tinha uma psicanalista e metade da sessão de psicanálise era a falar sobre o que os assuntos do Lemo e e a outra metade era a falar sobre querer escrever um livro e contava as minhas ideias juntar sim mas eu não eu falava eu quero escrever e tava na altura estava obsecada com pescadores na Costa da Caparica não pergunta isto é é o tema de facto pescadores na Costa da Caparica história da tua família são dinâmicas giras de observar Sem dúvida Sim mas só que é aquelas coisas que eu estava completamente a fugir de mim estava com com que é não tem mal nenhum e também é bom mas naquele caso claramente não era por onde eu precisava de ir e contava lhe as minhas histórias e esta aqui e aquela ali e ele sem paciência nenhuma e até um dia ele diz Melena porque é que não eh escreve sobre o que me tá sempre aqui a falar eu acho que eu dizia nem pensar nem pensar portanto foi quase um uma prescrição não é foi quase um livro sim mas isso é interessante porque tens aí duas questões uma é H expor por um lado exporte a ti né expor a tua família uhum h e e e e até ao e e teres o o gatilho criativo no bom sentido não é de eh tipo em Em que momento é que tu pensas tipo não isto interessa a mim enquanto processo terapêutico e interessa também às pessoas Ok Isso é muito importante porquê porque eh para mim isso é uma diferença fundamental porque eu quando eh decido o que eu quero é escrever um livro eu estudei literatura o que me interessa é literatura tavas ó fogo não havia como é e era era o que eu queria eu queria mesmo uma obra literária sim sim depois acontece que a história que eu vou contar acaba por ser a minha mas ainda assim por isso é que eu a autoficção muita gente não gosta do conceito mas eu mas eu interessa-me porque para já é era importante que fosse do texto para a vida e não da vida para o texto Ou seja a prioridade é o texto uhum Claro eh não ser uma coisa sensacionalista tipo eu vou aqui expor e embora os livros TM um lado de revelação não é no sentido literal de revelar tirar o véu e isso toda a literatura tem de de destapar o que está escondido Segredos isso é a base da literatura mas o texto é muito importante isso para mim foi fundamental eh E daí autoficção Porque a autobiografia é quase um testemunho em Tribunal assume-se como a verdade sendo a verdade o que for mas mas assume-se como a verdade e portanto até pode ser levada à Tribunal do género isto aconteceu assim a ficção tem um pacto com com a fantasia uhum com a imaginação a autoficção tem um pacto ambíguo que me interessa aquil o que fazemos todos os dias quando estamos a contar uma coisa que nos acontece no trabalho ou assim Claro e mesmo a própria autobiografia até aquela frase toda a autobiografia é é ficção e toda a ficção é autobiográfica porque a partir do momento em que estamos a contar já estamos a ficcionar a criar uma imaginação sobre isso Eh mas mas essa questão que dizias de de expor e tudo mais eu tive eu o meu interesse nunca essa nunca foi a minha prioridade nunca foi o meu interesse por exemplo existe muito em essa a coisa do romance de Vingança uhum Eh que que não é bem literatura no sentido em que o objetivo daquilo até uma ex-primeira dama francesa eh quis fe do do holand fez um livro a dizer as traições que ele tinha feito e isso era para quê era era era Vingança ela não queria escrever livro nenhum não estava preocupada ela queria sambar na cara do inimigo Exatamente exatamente e e eu tive a preocupação de não ir por aí eu queria mesmo escrever um livro e contar uma história e eu gosto muito da coisa de de da do acho que é um momento bom para a autoficção agora e e depois cruza-se claro com a questão que não era a minha prioridade mas crua social de eh mulheres falarem uhum contarem uhum que também é importante super a Gisele pelic que é um caso que está a ser muito falado atualmente e que é assim macabro num nível que foi a a Francesa que foi eh drogada pelo marido durante cerca de 10 anos e violada por vários homens etc ela disse uma coisa uma frase que tem eh circulado muito que é precisamente a vergonha tem que mudar de lado ex exato a que boma a vergonha porque isto porquê Porque quiseram fotografá-la e ela disse podem fotografar exato podem porque eu eu não tenho que me esconder a vergonha tem que mudar de lado e tem mesmo e tem mesmo eu acho que é é uma frase tão simples mas tão poderosa porque de facto em casos de eh violência contra a mulher dos vários que existem violência doméstica violência sexual assédio no trabalho tantas vezes ou o grupo de telegram que existe atualmente com cerca de 70.000 homens que tem imenso conteúdo sexual partilhado sem consentimento e quem fica envergonhada é a mulher que tem lá o seu vídeo partilhado sem consentimento que provavelmente o partilhou com o seu namorado em confiança não é tipo pá aqui uma coisa gira para a gente se divertir e de repente isso está num grupo em que a a que tem que ter vergonha porque é uma Ganda porca é ela uhum não é ele que o fez ser o seu consentimento que fez um um cometeu um ato criminoso portanto esta ideia de mulheres falarem na sua própria voz mesmo que não seja com um objetivo ativista que não era o teu objetivo inicial sim sim sim mas acaba por acontecer CL é ter voz não é ter é é ter a própria voz isso é eh esse assunto de de França tem não quase que não consigo dormir a pensar nisso é uma coisa mesmo simi mesmo mas isso é lindo isso da vergonha tem que mudar de lado eu acho que é que é exatamente uma frase que resume tudo deix te perguntar só a tua mãe depois leu o livro A tu a tua devoradora de livros mãe depois leu o livro É sim a minha mãe é pronto eu eu CL Como dizia por ser eh uma história que embora haja a distinção autor narrador aqui claro que está mais teno e em toda a autoficção acaba por ficar mais teno H Mas eu tive essa preocupação a minha mãe eh não sei se vem ao caso mas é é psicoterapeuta e é uma pessoa super evoluída e eh incrível comigo e sempre me apoiou imenso em tudo e apoio Eu minist também isso para mim foi das coisas mais bonitas e não só me apoiou como tem estado em todos os eventos literários em todas as coisas e é eh difícil fazer na autoficção isto Anda aqui mesmo na numa lía muito Tena porque eh quem está habituado a clubes de leitura e a falar sobre o livro em si e e discutir o livro que é o que eu gosto eh e que eu sei fazer e que eu me predispus a fazer tudo OK o problema é quando a pessoa vê que eu estou ali que eu sou a aora e que ainha entre o que eu estou a contar e quem eu quem eu sou é muit interno começa a entrar na vida e a fazer perguntas aconteceu uma coisa muito desagradável e de uma pessoa acusar-me diretamente de Então mas os teus pais não sei quê E eu ei ei calma estou para falar do livro mal dos meus pais JEM ex a falar mal dos meus pais e não sei quê portanto essas confusões é é interessante eh vão acontecer não é sempre que que alguém fizer uma coisa mais mais Auto uhum Hã mas eu tento sempre afastar-me disso eu gosto sempre de de de ir do ponto de vista do livro Claro embora a história que esteja tratada e aí podia ser autoficção ficção podia ser ficção é um tema de facto que tem reverberado em e eu infelizmente tenho percebido a quantidade sim pessoas que estão a passar vão passar vão passar não estão a passar estão a sair eh estão com medo de passar sei lá milhares de É mesmo é uma epidemia mesmo uhum o falar e o escrever por exemplo são boas eh maneiras de de processar e de e de lidar e de fazer mais pessoas conectarem se com isso tu tu falaste com ela antes de escrever o ou seja consultaste para autorização ou não sei houve uma conversa antes não não houve depois de já ter escrito antes de de ir publicar eh expliquei qual é que era o tema e a minha mãe disse uma coisa muito bonita que foi foi é a tua história posso L uma coisa que também tu escreveste sobre a tua mãe porque eu partilhei eu partilhei esta frase e muita gente me respondeu tirei uma fotografia e partilhando num Story e fiquei até um pouco invejosa vou dizer porque não Vivi isto com a minha mãe ou Ana ouve lá isto ouvir Portanto o texto a crónica aliás chama-se ambiguidade e esta este trechinho diz o seguinte deu-me das uma das coisas mais importantes e mais difíceis coisas que se pode dar a um filho Liberdade principalmente a liberdade para eu ser quem era sempre disse vai um verbo árduo de ser conjugado por uma m mãe e teve a magnitude de compreender que houve momentos em que precisei de estar longe dela para estar perto de mim entendo agora Quanto isso deve ter-lhe custado eu ia e por saber que podia ir sempre quis voltar Isto é tão lindo e diz que é isso mesmo é que é mesmo mesmo bonito e tenho pena que não todas as mães o consigam fazer fazem o melhor que Podem sim mas esta este dar liberdade para ser é foi o que a minha mãe sempre fez e e neste livro não foi exceção e isso para mim é assim foi a melhor coisa que ela que ela fez por mim Eh E eu chamei essa crónica [Música] umbiguinho com a nossa mãe não é mas ao mesmo tempo é a lembrança de que nunca cortamos exatamente exat Tá ali tá ali e por isso acho um Bigo tão bonito nesse nesse aspecto e e é exatamente isso que é a relação com m mãe não é essa ambiguidade essa constante cortamos e é muito importante cortar mas ao mesmo tempo ela está aqui não é um bungi jumping no fundo sim J ambical tipo exatamente qual tal e qual tal e qual Mas esta esta relação Imagino que tenha porque nós falamos aqui tantas vezes a importância das relações eh familiares e tendo as relações com os nossos pais sempre n complexidades ou seja isto não resume certamente toda a vossa relação D houve mil coisas de certeza mas esta ideia de da liberdade para ser é muito valiosa para ser tipo eu aceito-os que tu és S tendo esta e esta questão mas aceito podes podes ir e e é como tu dizes por eu poder ir é que voltava é que gostavas de voltar claro com certeza e isso na nas relações entre mães e filhos mas também nas relações eh amorosas uma coisa que CL aquela coisa que até foste acho que eras tu que falavas de ele dá-me Liberdade não tenho que me dar liberdade nenhuma exatamente mas é aquela música do citano não é o seu amor ame-o e deixe-o ser quem ele é não é deixe-o ir onde ele quiser essa música para mim é é resume o que é o amor que é que é aquela coisa é isso é deixa ser quem ele quem ele é deixa-o ir deixa brincar deixa eh aí até já vai a outros Campos mas como só o Brasil sabe não é deixa o livre para amar uhum eh é é muito bonita essa essa música é o amor O amor é livre não é na verdade não estou aqui a ir para além mas o amor é é isso O Amor é livre porque é que achas que temos ainda tanta dificuldade em viver amores em liberdade eh eu eu tenho muito essa dificuldade na minha vida h não no caso com a minha mãe que acho que é um totalmente em liberdade Mas h por eh ter ter visto e crescido num ambiente eh de em que tóxico não é de uma relação eh de violência e tal é o grande desafio da minha vida e parece estou aqui a fazer psic isto é o tema da minha psicanálise é de facto a repetição desse padrão nãoé de ir procurar sempre eh lá está alguém que não dá liberdade ou seja de pôr no outro essa capacidade de dar ou não dar liberdade e é o grande desafio se sei muito bem identificar sei leio e vejo bem a mas é o que conheces sim é o que eu conheço é o que me é é o o estranho familiar não é ex exato porque o conforto e mesmo que um conforto mau puxa noos muito ali eu conheço isto isto exatamente e com isto eu sei lidar com isto eu já já me sei mexer aqui e é muito muito comum também tá tá estudado que e filhas que presenciaram situações de violência doméstica repitam ess a até com esta conscia pá não posso fazer isto novamente eu não quero viver isto novamente eu não sim sim e vão lá parar sim sim isso é é comigo foi assustador é mesmo pensar como é que isto é possível mas é isso é o que é o que eu conheço é o que eu sempre conheci e aquela coisa do vocabulário do amor se ensina o amor é isto Ah então ok Isto é amor aquela é muito Acontece muito muito assim e e comigo foi assim agora ia dizer uma coisa Isto é o défice de atenção não me lembro o que é que era Dev Tera ser pesado não não conseguimos viver amores em liberdade repetir padrões o conforto o estranho confortável não estranho como é que disseste estranho familiar estranho familiar Exatamente olha agora se tu voltares eu PSE se me voltar a lembrar e digo já trazes mas sim mas sim mas é mas é uma repetição de padrão comum como um e mais ainda se calhar por outro lado tendo Não sei vou fazer aqui uma leitura meio meio abusiva vou especular um pouco mas tu tens uma mãe que também me parece que é uma uma mulher livre não é que te dá essa liberdade e que também ela se deixa prender portanto há há há de facto uma procura de um vejo isto em muita gente e muita gente que não escreve também uma procura quase de um na naquela confusão de alguém que cuide de nós que é uma coisa muito pá antiga e e meio bafi é a narrativa da salvação não é eu estou compa depois na linha desse cuidar alguém que nos anula Sim nós crescemos com narrativas de salvação ainda agora a ver filmes com as minhas filhas aqueles que eu via na altura eu apercebo-me do quão enraizado fica nossa imaginária narrativa do homem vir salvar é é às vezes mesmo inacreditável não Grande dizer mas no outro dia por acaso estava a ver a pequena sereia A Pequena Sereia ela fica sem voz sem voz por não não há nada mais gritante do que isso eu perco a minha voz para conquistar o homem que eu amo incrvel é pior no fim ela perde a voz para conquistar o homem isto problematizar a pequena Saria e a minha filha fez a festa deos da pequena sereia pronto porque ela gosta mas eu est mesma fica sem voz e no fim eh ela deixa de ser o que ela é que é sereia uhum Ou seja a sereia Deixa de ser sereia sim sim sim é uma coisa absurda mas pronto estava tão bem estava tão contente lá em baixo de mar no fundo do marem que ela ela tava ela já mas ela já cria já tinha esse sonho portanto podemos Ok temha essa curiosidade não éos mas eu mas o que eu pensei ela deixou de ser o que era mas mas isto a coisa da que dizias da Liberdade eu acho que muitas vezes as pessoas e Livres isto eu identifico-me com isto procuram Um carrasco Pois é verdade é isso é que são tão isso acontece eu acho de formas diferentes nas mulheres e nos homens nas mulheres não sei se é porque e pá o ascendente masculino é tão antigo que nós ainda não sabemos ser Livres sozinhas não é pisos que alguém nos venha P seja obviamente problemático e e e Dev devamos Contrariar também é bom dizer que ainda existe isto e sim sim aquele verso da flor Bela espanca não é do para que é que tem asas para rastejar exatamente É ISO exato precisamente e E no caso dos homens também vejo isso acontecer às vezes mas de uma maneira tipo eu sou um man child não é eu sou uma criança grande e preciso de arranjar alguém para pôr aqui ordem na minha vida não é sim é é é por ângulos diferentes não é eu acho que nós Meu fígado não aguenta mais e é eu preciso de uma mulher para me pôr na linha mas isto houve se imenso Ah tu precisas de uma namorada para ver satinas ou seja esta coisa é uma mulher que te vai orientar é uma mulher que vai cuidar de ti que vai eh ter paciência contigo que te vai ensinar a viver não é e uma Exatamente são portas abertas a relações tóxicas ess raciocínio te vez em relações em que estás a dar imenso e a receber muito pouco e mais e a e a agradecer por isso tip A que bom ao menos tenho aqui não é esta Esta ânsia por sermos escolhidas não só salvas mas escolhidas e é que somos tão ensinadas a validar noos pelo olhar positivo de um homem é é o teu olhar é eu valido pela forma como tu te vê como tu me vês e não como eu me vejo Exatamente isso é e é terrível Pois é terrível porque depois caímos em lugar super obscuros em busca desta aprovação e e às vezes a definhar completamente porque lá está porque somos somos cuidadoras daquela pessoa que não só não nos cuida como nos maltrata é isso eu lembrei-me o que é que ia dizer não sei er só uma um parentes ou a parte que era por causa do assunto da violência e tudo mais que eu tenho sempre algum alguns não é peridos mas algum algumas eh reticências a falar porque de facto é isto tudo aconteceu num ambiente de uma classe mais eh que não é baixa e nas classes baixas de facto é mil vezes pior infinitamente pior mas que há uma relação eu acho entre as classes classe média classe média alta e as aparências passiv agressividade e o esconder também terror silencioso sim sim sim sim e no outro dia via ao picky blinders uma frase em que ele diz e em que uma O Thomas Shelby é de uma classe mais baixa e ele tá ali meio deados com uma de classe mais mais alta e ela diz-lhe you think your people are ruthless try mine pois que é essa coisa do sem misericórdia às vezes eh e desse e nessas classes de facto a aparência ganhar uma importância e na hierarquia ir acima de do de tudo o resto não é da decência pores etc ex Hum E a propósito também de de relações tóxicas etc não sei se vocês leram um livro que era trilogia de Copenhaga não recomendo muito é uma autoficção e e tem agora é cua muito também com a história Agora que se viveu em França Porque então na parte final sem querer fazer spoiler mas o marido dela H também a droga etc e é daqueles livros que que ficam em nós muito tempo e e são leituras mesmo importantes é mesmo importante que que se fale e que se conte infelizmente ela não teve um um fim e feliz por tudo o que passou mas mas recomendo já agora f não sei se f nós nós quando cada vez que recomendamos livros há uma grande ebulição entre na nossa comunidade do é verdade é verdade é verdade aqui ainda temos de terminando não é sim senora mas pronto fechando aqui para a nosso ouvinte acho que falamos de coisas que podem ser úteis esta esta estar tudo bem em refugiar-se em momentos nos Livros mas também ser importante que procure se calhar retirando alguns filtros do seu olhar tentar procurar pon em comum tentar procurar pessoas que tenham interesses semelhantes ao seu na sua área porque Devem haver nós nós achamos sempre muito eu sou a única que passa por isto é das coisas que mais me respondem às vezes quando eu falo em vídeos de Instagram que é eu pensava que sou eu às vezes coisas muito simples que achamos que são universais mas que há uma pessoa que não se apercebe disso por alguma razão sim e às vezes são silêncios combinados sobre aquele tema até mesmo a vência doméstica sem dúvida tanta gente ah assim achava que era só eu ah ou às vezes paraísos mesmo de Crónicas de coisas ridículas de as pessoas Ah é pá tamb bé sou eu Exatamente porque porque contas num detalhe e numa simplicidade que é tipo esta gaja sou eu eu sou esta pessoa mas Pronto acho que acho que sim Acho que esta preocupação que ela tem de equilibrar a sua mesa também a vai deixar muito atenta para que ela não se desequilibre isso é um passo importantíssimo porque muitas vezes nós vamos só e vamos tirando as outras pernas todas e fica ali uma mesinha só com uma perna toda Bamba FFA exatamente a a alimentar as outras as relações familiares também talvez os seus Hobbes também ajudam acho que os hobbies também muitas vezes levam-nos des encontrar pessoas com interesses semelhantes a aos nossos e eu acredito que estando vocês estão atentos e neste processo de autoconsciência a relação não será prejudicada e mais e tu próprio não serás prejudicada nessa relação Sim e também não vamos antecipar coisas eu acho que ela tá a antecipar muito que ai sehar que me vou tornar codependente pá calma não vale a pena se calhar pensar nisso Está confortável se calhar tá só a tentar encontrar problemas onde eles não existem também é isso tens algum evento assim em breve que vais mostrar as livros Coisas Que queiras dizer eh posso dizer sim vou apresentar esse livro a deriva na CS em Setubal na livraria col Qual é o dia dia 25 de setembro às 6 da tarde então ficam aí com com a nota e comprem aqui os livros e vamos ficar à espera do próximo que lá de sair então sim estou estou a trabalhar é um desafio mas diário eh mas estou estou a trabalhar nele porque tenho um prazo que é uma coisa que porque senão minha amiga não fazia nada na vida sim sim os prazos ajudam mas ao mesmo tempo para é é uma contradição não é nas profissões criativas a coisa do prazo pá não devia haver e tem que haver é examente isso porque a procrastinação é tão importante mas a procrastinação por definição é deixar para amanhã pois é e portanto só procrastinar também não cumprimos nenhum prazo é é o dilema da minha vida e das É isso mesmo Madalena muito obrigada por ter estar aqui conosco foi um prazer Espero que voltes mais Livres mais vindas cá também isso mesmo Obrigada Hum E nós despedimos para a semana cá estaremos não é não se esqueçam Não sei ainda deve haver um lugar ou outro vive no porto honestamente neste momento sequer já não há nada não não fui lá a verificar mas também não mas já tinha mesmo muito eram uns Logos solitários muito tristes lá uns uns B uns banquitos muito frios à espera dos vossos rabos quentinhos para vocês cantarem all by myself I Wan be i Wan be lá está 27 e 28 de setembro no porto e nós voltamos para a semana portanto Beijinhos e até lá vozd Gama @ RTP PT beijos