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bem-vindos de regresso a mais um clube dos 52 este conjunto de entrevistas estamos a realizar propósito dos 10 anos do Observador e dos 5 anos da Rádio observador já passou este tempo todo eh nós vamos hoje Vamos conversar aqui com Vera Pinto Pereira Vera Pinto Pereira é economista é administradora do grupo EDP e é inevitável estamos a falar de da EDP Temos que falar de transição energética eh duma forma a transição energética é um tema de que se tem falado muito eh às vezes por por causa daqueles grupos grupos de ativistas eh nesses grupos de ativistas há um ponto que é eh zer emissões até 2030 quem está minimamente por dentro da dos problemas da transição energética tem noção de que isso não é realista ou ou há alguma possibilidade de ser realista eh Olá e é muito prazer com grande prazer que estou aqui e parabéns ao observador e à rádio observador que parece que foi ontem mas já completa de facto 5 anos hum este zero emissões não é realista aquilo que que pretendemos atingir no fundo é a neutralidade carbónica não é que eh se que resulta de dois esforços por um lado da redução da emissão de gases de gases nocivos e portanto o objetivo aliás traçado pela união europeia é de que consigamos reduzir em 55% até 2030 esses esses perdão sim e até 203 30 a emissão de gases e nocivos e por outro lado também aquilo que é a absorção do CO2 e portanto a novas tecnologias estamos a falar de algumas novas tecnologias para fazer no fundo a compensação de carb evolução essa evolução parece não estar a acontecer ao ritmo que se esperaria essa evolução não está a acontecer ao ritmo que se esperaria portanto hh se é atingível Eh estamos estamos ainda todos por confirmar a verdade é que esta esta meta dos da da redução de 55% obrigar a que todos os anos a partir de agora nós estivéssemos a reduzir as emissões de gas de gases nocivos em cerca de 7% ao ano a verdade é que mesmo no tempo do covid eh onde toda a indústria abrandou significativamente bem como a circulação etc nós ficamos a quem desta meta portanto neste momento estamos a dar passos no sentido certo no ano de 2023 nas economias industrial industrializadas mais avançadas conseguimos de facto reduzir a nossa pegada carbónica para nível comparáveis aos de há 50 anos atrás portanto esta é um Este é um feito importante porém estamos ainda a quem daquele a Marco necessário para atingirmos de facto a e e quando falamos disso às vezes a questão muitas vezes que se discute é uma questão também de políticas públicas é saber se eh Se o discurso é demasiado ambicioso depois pode haver um lado de frustração não conseguimos se o discurso é pouco ambicioso pode haver aquele lado de relaxamento havemos de chegar este equilíbrio é muito muitas vezes difícil sobretudo se nós temos que aplicar políticas que podem ser menos menos populares digamos assim por exemplo há uma transição que pareceu começar muito rapida ou melhor não arrancou muito rapidamente mas depois estava parecia estava a tomar velocidade que era a transição para os veículos elétricos portanto um tema de Quem produz eletricidade seguramente mas essa transição parece estar a brandar e países que colocaram metas bastante ambiciosas Como por exemplo o Reino Unido que devia ter este por este ano já 22% de vendas de veículos elétricos estão de repente sem saber se se isso é atingível e a própria União Europeia abrandou as suas metas portanto vai vai ir mais devagar como é que explica isso tá estamos ainda de facto como digamos isto exige alguma inovação que se calhar não estamos a conseguir e ao ritmo necessário é isso eu felizmente do em termos de mercado português eu acho que nessa matéria em particular até estamos bastante bem temos eh caminhamos para próximo de 1 terç dos novos veículos vendidos serem Veículos Elétricos e Portanto acho que temos nessa matéria específica seguido uma política eh bastante equilibrada e positiva entre o incentivo à aquisição do veículo elétrico e o apoio ao desenvolvimento da rede de carregamento porque ela tem que andar a a par e passo H relativamente ao desenvolv muito ficiente ainda e ainda é muito suficiente mesmo assim e estamos bem comparativamente com muitas das nossas congas europeias mas é um caminho claramente eh ainda incipiente portanto é um caminho que ainda há a fazer eh acredito que é fundamental mantermos os apoios sobretudo No que diz respeito ao carregamento elétrico para garantirmos a ubiquidade dessa rede de carregamento e para viabilizarmos localizações que de um ponto de vista de rentabilidade eh numa lógica de esforço apenas corporativo eh possa não fazer sentido e não ser suficientemente rentável para justificar esse investimento e se queremos ter uma adoção massiva dos veículos elétricos tem que ser nesta lógica de uma grande ubiquidade da rede inda ao tema do da da inovação tecnológica nós de facto hoje em dia cerca de temos e cerca de 75% das tecnologias necessárias para atingirmos as metas de 2050 já existem Qual é o desafio faltam 25% das tecnologias e nas 75% que já existem eh Nem todas estão em condições de serem escaladas e e comercializadas portanto há um esforço enor quer dizer quando quando diz as tecnologias que necessitamos está a falar de quê as grandes tecnologias portanto os e o próprio o próprio hidrogénio quer dizer a tecnologia existe eh não está é ainda ou ou os vários tipos de baterias que existem h e nós por exemplo vou L dar um exemplo de uma coisa que é que é preocupante não é portanto nós eh temos uma Enfim uma vida muito dependente de uma do cimento uhum o cimento representa só por si 7% total de emissões a produção de cimento exatamente e não há ainda tecnologia para substituir a produção de cimento emissora emora emissora de emissões pode-se reduzir um bocadinho mas não há forma de produzir tanto calor como é aquilo que é necessário só com os com com com fontes alternativas nem existe ainda forma de substituir o cimento não podemos rebotar à madeira e as outras alternativas também não são as mais fáceis do mundo eh por exemplo uma parceria que nós fechamos recentemente 7% significa se cimento fosse um país era o terceiro emissor do mundo a seguir aina e aos Estados Unidos sim sim sim 7% esses 7% eu acho que no nos próximos anos serão apenas desafiados pelos data Centers que se estima que também chegarão a 7% do consumo do consumo de de energia sab que energia poderão ser verdes exatamente poderão ser verdes traz outros Desafios que é termos essa capacidade de fornecimento energético em Pontos muito específicos h e em grandes quantidades e numa lógica contínua mas mas mas sim voltando ao tema do cimento existem hoje tecnologi que estão que estão em fase de piloto ainda H precisamente para fazer a eletrificação h dessas indústrias das indústrias eletroin síes e onde o calor o tema da eletrificação do calor é Um Desafio uma entidade com quem nós fizemos uma parceria recentemente que foi a Rondo H que está a trabalhar precisamente em tecnologia para eletrificação do calor eh é é uma tecnologia que existe agora cai naquele capítulo que eu lhe dizia há pouco de a tecnologia existe porém não está como nós chamamos the money não é e portanto precisa de eh de ser escalada para poder ser comercializada em larga escala e poder fazer o seu papel de forma absolutamente eh massiva portanto eu acho que é aí temos um grande temos um grande desafio o desenvolvimento tecnológico vai ser absolutamente fundamental para conseguirmos cumprir esta transição energética e portanto Apesar de eu achar que Portugal está numa posição potencialmente privilegiada porque se nós na última revolução energética se quiser eh não não não estávamos bem posicionados porque não temos carvão nem temos petró temos sol não é temos sol não é temos em média 300 Dias de Sol por ano sim melhor do que nós só sul do Mediterrâneo exatamente e as ligações não são tão fáceis exatamente e portanto temos sol temos e Engenheiros e eletricistas e uma camada uma população disponível para fazer para aproveitar esta quantidade de empregos que acreditamos que a transição energética vai criar temos aqui também indústrias de ácido de cimento que precisam de ser eletrificadas portanto temos indústria automóvel que também vai precisar de grandes consumos somos a península ibérica é neste momento considerado um dos polos no tir dois dos dos mercados de data Centers e portanto poderá vir a atrair muita necessidade energética portanto acredito que é um país que está bem posicionado para tirar partido desta transição energética mas essa mas essa por exemplo aí passa pela também pela produção de de de energia limpa eletricidade limpa digamos assim sim agora essa eletricidade até para por razões de eficiência devia tem um Cent vai ser uma eletricidade com um tipo de consumo diferente antes nós tínhamos e grandes centrais produtoras e Distribuição e agora há uma um esforço para ter uma produção descentralizada acha que estamos a fazer aquilo que é necessário para e levar as pessoas a mudarem para esse tipo de produção do ponto de vista de de aceleração da capacidade de geração renovável em Portugal nós temos objetivos ambiciosos portanto temos temos o objetivo de acrescentar 10 Gigas de de capacidade eólica onshore mais uma mais cerca de dois offshore h e cerca de 18 em solar nesse solar toca no ponto que mencionou agora do do descentralizado H portanto de uma parte talvez 1 terç desta 50% desta capacidade solar que Esperamos que o país venha atingir e e que está nas metas do pnec para para a transição energética H serão aquilo que chamamos geração solar descentralizada portanto Aquela que está nos telhados das das casas nas empresas etc H temos feito aí um caminho muito significativo essa aliás é uma das áreas eh que enfocamos especificamente na EDP temos hoje cerca de 135.000 140.000 famílias já cons solar nos telhados Portanto acho que é uma eh uma evolução importante temos centenas estamos a falar de um país que tem não quero enganar mas S ver 4 milhões de habitações certo nem todasas ex nem Todas têm atalhado atalhado própria portant algumas T acho que temos feito um caminho positivo acho que com em tudo e e e voltando ao início da nossa conversa temos que andar muito mais depressa porque senão não vamos atingir estas metas temos que andar muito mais depressa no licenciamento das Comunidades energéticas e é algo sobre o qual eu tenho sido muito vocal ao longo dos do do último ano ou dois todo tudo tudo o que seja licenciamento toda a burocracia associada a estes processos temos que acelerar significativamente eh para que de facto consigamos tirar partido deste potencial da energia da energia descentralizada que aliás tem vários benefícios é não só nos permite cumprir com os objetivos de descarbonização mas também e e quase tão importante ou mais é que dá à nossa Às nossas empresas uma proteção importante contra a volatilidade de preços do mercado e isso foi algo que nós vimos nos últimos dois anos nestas nestas crises dos mercados energéticos que afetou muitíssimo as nossas empresas sim mas estamos a falar que muitas vezes este aqui tem um lado também de consumo Privado não é portanto famílias eh e aí será que quer dizer o grande dificuldade é o custo do investimento não é eh desse e portanto nessa matéria eh eu acho que tudo o que sejam apoios e incentivos a essa a essa aceleração eh é absolutamente fundamental aliás uma das eh e também sobre esta matéria ten tenho sido bastante vocal e eu acho que H nós na Europa somos extraordinários a estabelecer metas somos hh eh bastante exigentes na regulamentação do como hh somos talvez exigentes ou complicados exato quase exigentes e complicados eh somos eh eh é menos entusiasmante depois todo o quadro de incentivos de estabilidade hh que que que apoia o investimento nesta estas circunstâncias porque estamos a falar de uma necessidade de investimento na transição energética eh muito muito significativa portanto a e Eh estamos a falar de 200.000 milhões de Euros por exemplo só a nível da Península Ibérica H esse nível de investimento requer necessariamente um quadro regulatório por exemplo estável porque não há investimento sem previsibilidade de retorno e portanto essa essa essa estabilidade regulatória é absolutamente fundamental é também fundamental de facto também estes estes todos este plano de incentivos H seja à indústria seja às cadeias de fornecimento como nós temos nos Estados Unidos através do inflation reduction act onde onde fica muito claro Qual é o montante que vai ser investido a apoiar estes est não que os Estados Unidos nessas políticas alguns pacotes da administração biden acabaram por passar à frente da Europa de designadamente pem mais dinheiro em cima do em cima do problema digamos assim para para permitir esta transição a Europa tem metas mais ambici com os Estados Unidos mas se calhar menos instrumentos a menos instrumentos eh menos instrumentos e um compromisso menos claro com esses instrumentos eu diria que aquilo que salta à vista como muito positivo neste momento nos Estados Unidos é a a transparência e a e a simplicidade do modelo de financiamento desta destas eh deste esforço de transição energética eh nós na Europa Como dizia há pouco somos eh complexos e de pouco Claros nos incentivos e depois complexos no processo para chegar para chegar a esse incentivo e estamos a fazer por exemplo e às vezes não somos contraditórios agora discute-se se devemos ou não colocar Barreiras fiscais portanto Barreiras alfandegárias Aos aos carros elétricos chineses que estão a inundar o mercado de repente eu não conheço nenhum não sei se tem qualidade se não parece que sim parece que tem não é contraditório B quer dizer se nós precisamos de fazer com que os carros elétricos migrem para setores do mercado com menos capacidade de comprar carros que custam umas dezenas de milhares de euros mesmo com os apoios todos eh como custam hoje em dia os carros elétricos Não há aqui um lado eh não se pelo menos de exitação bom nessa matéria eu diria Até que a Europa está a ser menos protecionista do que os próprios Estados Unidos Portanto entramos numa matéria um pouco diferente e em e e e e que toca o plano geopolítico portanto a resistência aos carros chineses tem mais do que tudo não necessariamente uma a preocupação de de proteção da indústria automóvel na Europa não apenas eh mas também eh estas questões que têm vinda a ser discutidas sobre o acesso a dados hh e porque quando nós falamos de carros elétricos e carros inteligentes a circularem nas infraestruturas eh eh de um país estamos a falar de milhões de pontos de acesso a informação eh eh eh que vai nos dois sentidos e portanto aí a discussão eh é um pouco diferente nó estamos nim a falar de políticas e de de de e de limitação ao comércio internacional e e e ao comércio com determinadas áreas mas esse equilíbrios tê ser muitas vezes têm que ser feitos e voltando à questão às vezes de comparação até que ponto é que a Europa poderá não acabar por recorrer a mecanismo protecionistas por ter perdido um bocadinho o Comboio da Inovação não está quer dizer nestas áreas parece que o principal está a vir novamente dos Estados Unidos que têm sempre capacidade de o fazer E aparentemente a China nós para pmos para cumprirmos por exemplo as metas de painéis Solares temos que comprar painis chineses não é temos que comprar panis chineses h eu acho é que europ há fabricantes europeus mas até o momento não tem nem vamos procurar apoiar o desenvolvimento desses fabricantes e dessas alternativas e procurar aqui um equilíbrio eh nessa matéria em tempos de painéis temos que comprar e compramos e e e e e faz parte do nosso da nossa da nossa cadeia de fornecimento ind indo ao ponto do desenvolvimento tecnológico de facto a a a Europa esta sobre este este conservadorismo na regulação do desenvolvimento tecnológico não nos tem ajudado hh eu acho que Portugal deve ter esse esse e falando agora do do Futuro de Portugal nós devemos ter esse ponto eh em atenção hã temos eh eh temos assistido H um bom desenvolvimento tecnológico e de e de H eh eh e de competências e de de matéria aqui que depois fruto se calhar de um parco apoio e incentivo este investimento e às limitações que se sente por parte da regulação europeia em matéria de tecnologia acabam depois por mudar a sua sede e estamos a falar dos poucos unicórnios de origem Portuguesa que tivemos H que que acabaram por mudar a sua sede ou paraos Estados Unidos ou para o Reino Unido e temos empresas absolutamente extraordinários eu lia no outro dia sobre a Sword Health H é um projeto da EA em matéria de saúde que é a a a nível Mundial uma uma referência e um projeto muitíssimo interessante começou aqui com dois empreendedores Portugueses e acabou por mudar a sua sede para fora portanto eu acho que pensando Portugal e o futuro do país H temos que entender estas dinâmicas e onde é que o país se pos posiciona mesmo frente a uma união europeia que que que posição é que queremos ter é porque nós temos tendência a união europeia complica e nós pomos complicação em cima da complicação examente temos simplificar nós temos que simplificar seja para reter os jovens seja para incentivarmos o desenvolvimento tecnológico seja para termos aqui Grandes Empresas e empresas saudáveis é importante o país ter grandes empresas eh não deve ser um motivo de contestação social deve ser um motivo de orgulho Nacional Porque as grandes empresas atraem investimento proporcionam emprego são uma fonte regra pagam melhor por regra pagam melhor são uma fonte de retenção dos jovens que estão a emigrar neste momento ser ca de acho que é 70% da imigração Portuguesa São pessoas entre os 15 e os 39 anos Isto é a idade mais produtiva não é é a idade da formação e depois a idade em que as pessoas são mais produtivas e mais inovadoras e e e mais inovadoras e portanto nós neste momento estamos no Pico do que alguma vez tivemos Ou pelo menos dos últimos 30 a 40 anos de de de português a viver lá fora 25% da nossa população reside fora de Portugal 70% deles são pessoas nesta nesta nestas idades e nós precisamos destas pessoas cá para precisamente tirar partido desta oportunidade da transição energética que Eu mencionei a e desta criação de emprego hh que vai que vai necessariamente explodir se queremos participar neste neste movimento para poderem fazer este este desenvolvimento tecnológico mas para isso nós temos que pensar eh nas políticas certas de apoio ao apoio ao investimento apoio ao desenvolvimento tecnológico Apoio aos jovens e ao regresso dos jovens a Portugal H estamos num momento de viragem a nível mundial e eh em termos económicos e mesmo políticos na Europa H são momentos de oportunidade mesmo para um país pequeno Como Portugal eu acredito mesmo que são momentos de oportunidade bem o tempo voou como eu tinha dito que ia voar portanto quase que estávamos só a a iniciar a conversa muito obrigado eh foi muito interessante obrigada