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[Música] foi secretário de estado adjunto da Proteção Civil no governo de António Guterres entre 2000 e 2001 e foi durante anos eurodeputado do PS é o convidado do direto ao assunto Carlos zorrinho muito bem-vindo Olá muito boa tarde apesar de os incêndios ainda estarem em curso é desde já crítico da gestão que está a ser feita pelo atual governo porque é que entende que o Executivo privilegiou as compensações e não o combate bem eh eu fiz de facto duas referências eh duas notas digamos assim de de chamada de atenção mas globalmente não sou crítico globalmente nós vivemos e situações uma situação profundamente adversa eh para o controle dos focos forestais todos sabemos temperaturas acima de 30º idade do vento mais de 30 km/h índice de umidade abaixo de 30% eh a mudança do estilo de vida tudo aquilo que nós sabemos que leva também a ao não uso do do do dos combustíveis e das e eh florestais também a a ao menor tratamento eh do do dos terrenos mas a verdade é que eu chamei a atenção achei que devia chamar porque acho que houve um um erro de na questão das perceções Eh claro que os bombeiros deram o melhor que podiam o governo deu o melhor podia de certeza os autarcas vimos os autarcas sempre no terreno vimos As populações muito ativas mas eu penso que na primeira intervenção eh do Senhor primeiro-ministro eh ao não focar eh todo o seu discurso na eh no combate na na na agregação e na estratégia de contenção da daquilo que se adivinhava ser um uma semana como foi muito difícil e ao focar eh o o tema na na equipa que é muito importante Sem dúvida nenhuma mas na equipa multidisciplinar para depois compensar e repor e aqueles que que enfim tiverem perdas em todo este processo deu a ideia ao país de que daqu o pior tinha passado ou seja mas não é possível atacar o problema em paralelo forças operacionais a combater as chamas e o governo a dar a resposta às populações penso eu penso que é que é que é possível em paralelo atacar E ao mesmo tempo em paralelo recolher os dados e depois dar a resposta agora e eh O que a nota que eu coloquei foi que ao fazer ao ao dar prioridade à chamada resposta que vai ser dada daqui a eh uma semana 15 dias a um mês eh no momento em que estávamos a inici em que estava a iniciar digamos o ponto mais alto houve que uma desfocagem ao mesmo tempo isso vem da minha experiência enfim como quando fui já há cerca de 20 anos eh responsável dessa área muitas vezes nós eh quando tínhamos focos de eh enfim de de incêndios de fogo posto sabíamos que alguns er por questões de interesses e claro esses têm que ser julgados mas também havia muito e há muito fogo posto que é feito por por analogia digamos assim por algum tipo de dúbio mental e ao no fundo também na segunda intervenção do Senhor primeiro-ministro ao colocar como um dado não eh como uma hipótese mas como um dado o facto de haver de tudo isto ocorrer em função de de uma de uma crise de fogo posto Julgo que também cria uma percepção errada que é perceção de de levar aqueles que por distur mental eh enfim são levados a fazer este tipo de eh de atuações e mesmo aqueles que têm interesse a sentir agora pode ser um meu momento Mas como lhe digo Isto são foram duas notas que eu achei que devia colocar que em nenhum momento enfim se sobrepõem ao esforço enorme que foi feito por todos e aquilo que temos que fazer é é não perder a memória enfim eu acho que eh 2017 eh foi muito duro eh penso que sea 2017 muita coisa foi feita para minimizar o risco de situações como estas alterações climáticas estão sempre a ocorrer a adversidade das ações podem correr em qualquer momento Os anos passam é um pouco também tradicional no nosso país eh vai-se perdendo um pouco a memória do que aconteceu enfim eu acho que 2024 eh se alguma coisa posso desejar é que eh enfim já que se que se resposta total que se resposta às populações também que a equipa multidisciplinar funcione mas sobretudo que se crie mecanismos para que a memória não se não se perca e para que 2025 não haja uma atenção especial pois mais eh eh enfim com mais relaxo em 2026 e em 2027 e depois em um Ano Qualquer volta a acontecer acho que isso é muito importante não perder a memória há pouco falou eh de uma equipa para aprofundar a investigação eh criminal e e acha que é uma boa medida mas pergunto-lhe se esta matéria compete ao governo ou há aqui uma interferência junto da procuradoria geral da república pois eu não sou especialista nesse desse ponto de vista julgo que tem que ser feito eh O que o governo chama a atenção a importância de e ninguém ficar incolo digamos assim eh porque se estamos a destruir enfim bens território vidas Que se perderam eh acho que compete até um cidadão a poder dizê-lo e ao governo também claro que e a justiça é independente e que o julgamento Ou seja a prova a demonstração de que efetivamente houve eh enfim fins criminosos eh na no disputar destes incêndios isso compete obviamente a a quem tem que investigar e a justiça agora a assinalar que é importante que ninguém fique incolo e é importante agora o que eu queria dizer e e volto a repetir porque nós na altura fizemos alguns estudos eh Há de facto uma correlação entre e ideia de que está a haver fogo posto e a eh Digamos que uma certa propensão sobretudo pessoas que tem destos mentais para o fazerem eh eu contro que por exemplo Visitei quando era secretário de estado pessoas que foram detidas eh por terem feito fogo posto e e tive respostas deste género mas eu eu coloquei eu fiz isto porque a minha Freguesia não estava na televisão e estavam as outras as outras freguesias à volta estavam todas na na televisão portanto nós temos sempre queesta esta noção como também Julgo que Sem pôr nada em causa a liberdade de expressão que deve ser uma liberdade de expressão uma liberdade de eh enfim de de imagem Total eh também deveríamos refletir sobre se não deveria haver uma diferente moderação na na reportagem e dos fogos porque a a forma como muitas vezes essa essa reportagem é feita e eu não estou querer fazer nenhum tipo de censura apenas uma autorreflexão a forma como essa reportagem é feita também induz um pouco o fogo induz o fogo eh o fogo induz o fogo isso é tá explicado em termos de aqueles que são especialistas do ponto de vista da dos destos mentais enfim eu não sou médico e não explicar e h e não é médico mas é político lá está e queríamos ouvir também aqui sobre sobre a gestão política desta questão dos fogos a ministra da administração interna tem estado em silêncio até agora ontem disse que falava no final da tragédia entretanto acabou por marcar uma declaração para esta quinta-feira às 8 da noite quem tem dado a cara nesta crise é até agora o primeiro-ministro que avaliação é que faz da comunicação que o governo tem adotado enim a comunicação do governo é um pouco fora do vulgar eh quero dizer que no meu tempo e o que eu imaginava e sempre fiz foi achar que eh a comunicação Ou melhor aqui o palco nestas nesta o palco a ação o foco da ação deve ser um foco da ação dos operacionais o os políticos devem fazer balanços mas balanços fora do contexto de onde onde está a decorrer a ação eh e de facto eh quanto mais mais se se politiza digamos assim a resposta eh mais se enfraquece eh aquilo que é eh o poder da decisão do ponto de vista operacional eh a coordenação política deve sentir-se no terreno pelos operacionais não tem que ser anunciada tem que se sentir no terreno eh não me não não senti que a coordenação política tivesse sido tão forte no terreno como foi eh nos ecrãs mas enfim é apenas uma sensibilidade eh de acordo com os especialistas e há pouco falava disso e eh desde 2001 que não há aliás Nessa altura estava em funções que não havia uma combinação atípica de fatores climatéricos eh e não só que pudessem desencadear eh incêndios desta natureza o o que é que falhou nos últimos 23 anos em matéria de preservação eh de prevenção perdão nos sucessivos governos PS e PSD Eu acho que o que o que falhou não foi não foi a a a reforma do sistema aliás em 2021 aliás em 2001 peço desculpa nós iniciamos um uma reforma eh a de instalação do serviço Nacional de Proteção eem Socorro um trabalho muito mais coordenado entre os bombeiros e a Proteção Civil eh na altura o Associação de Bombeiros que era da liga de Bombeiros passou a ser totalmente público a escola de Bombeiros passou a ser girida paraa liga de Bombeiros houve a criação das equipas permanentes e portanto alguma profissionalização dos bombeiros voluntários Portanto o sistema foi sendo adequado o que eh provavelmente não foi sendo adequado foi a a preparação do terreno digamos assim a a forma como foi feita a a preparação do da floresta a gestão da floresta de maneira a a prevenção também em certa medida de maneira que a resposta da dos meios seja condolente àquilo que tem sido das alterações climáticas e a verificação destes fatores de qualquer maneira eu recordo-me que 2000 2000 2001 2002 foram sobretudo anos com muita água e com poucos fogos não houve essa conjunção a questão fundamental nesta nestas circunstâncias é sempre a que capacidade de conseguir responder e todos nós sabemos isso conseguir responder nos primeiros minutos nos primeiros aos fogos às várias ignições Quando se é que ciclicamente temos temos incêndios eh grandes incêndios em Portugal mais ano menos ano vamos tendo grandes incêndios H os sucessivos governos PS e PSD eh São ou não responsáveis eh por pelo pelo facto de de o país não estar a conseguir lidar prevenir e lidar também com esta evolução das das alterações CL deix deixa-me dizer-lhe que os sucessivos governos que é que é que todas as as forças de e de segurança que os autarcas que as populações são são responsáveis por muitos incêndios que não ocorrem são responsáveis por muitas ignições que não que não são incêndio digamos assim e também têm que ser responsáveis quando isso quando não se consegue evitar mas todos nós sabemos e que há incêndios enormes em países como o Canadá como os Estados Unidos como Austrália enfim com capacidades enormes do ponto de vista Tecnológico de meios ou seja nós temos que perceber que a viver num contexto diferente isso não nos não nos eh eh excusa de nada eh acho que é preciso uma pedagogia mais forte em cada um também dos cidadãos portugueses no sentido de ser um soldado contra os fogos e como eu disse não perder a memória porque eu eu eu tenho a enfim consciência provavelmente é difícil que que isto se repita no próximo ano não sei que as condições sejam super adversas porque as pessoas vão ter uma memória muito forte no próximo ano do que aconteceu este ano mas passaram 7 anos e a memória foi-se perdendo essa memória no sistema penso que não se perdeu mas ter já perdido um pouco naqueles que são que têm que ser todos aqueles que têm que ajudar o ecossistema somos nós todos tendo em conta que foi eh eurodeputado até há bem pouco tempo Eh vamos puxar o assunto de Maria Luís Albuquerque porque pergunto-lhe se tem acompanhado as críticas hh de Marta temido que ainda hoje disse que eh o PS não deixará um não dará um cheque em branco e ao nome de Maria luí alquer que alegando conflitos de interesse e mesmo o currículo político da antiga da antiga ministra das Finanças partilha desta desconfiança bem já agora deixa-me dizer e que tendo sido eurodeputado fui também relator de um mecanismo muito importante que foi o resc eh o mecanismo europeu eh de resposta aos fogos e enfim eh como vimos a resposta que tivemos enfim podia ter sido um pouco mais rápida se tivesse sido feito também eh o pedido um p um pouco mais rápido Faça aquilo que eram as previsões mas e é um bom exemplo de como a união europeia pode funcionar de de forma de forma solidária eu nos 10 anos esve no Parlamento europeu sempre tive eh enfim consciência de que os os Comissários são fortemente escrutinados quando eh e em função também das comissões que têm são fortemente escrutinados pelo Parlamento europeu eh e quando Maria luí alquer que foi nomeada eh exatamente para para para rádio observador eh quando me perguntaram a minha opinião disse OK Des do ponto de vista técnico e político é alguém que foi ministra das Finanças teve no ecofin mas eh vai depender da pasta que lhe for atribuída eh o grau de o tipo de escrutínio aquela vai ser sujeita é evidente que eh sendo uma pasta ligada à área financeira tendo todo o histórico quer político queer de decisões controversas do ponto de vista político ela vai ser escrutinada eu não quero anticipar o do escrutínio mas acho que seria muito mal que e não houvesse uma um for escrutínio E esse escrutínio tem que ser feito por Deputados de todos os grupos e os 27 países não é por ser Portuguesa que não deve ser escrutinada não é deve ser não é por ser Portuguesa que deve ser e não ser PS que deve serenada mas mas não há aqui falta de sintonia entre os eurodeputados do PS Francisco Assis diz que a escolha é legítima O importante não é olhar para o passado mas sim para o futuro daquilo que poderá ser a ação de Maria Luísa alquer que e até o trabalho conjunto que pode vir a fazer com o Parlamento europeu não não tenho enfim não tenho nenhum mecanismo de avaliação de sintonia Não estou não estou J não estou em estrasburgo onde eu estão esta semana tenho não tenho falado com eles e a minha opinião é é esta que lhe disse ou seja acho que aos ao ser atribuída esta esta pasta a Maria Lu Albuquerque ela tem um histórico um histórico político e um histórico de decisões e que e ela deve ser escrutinada e que à partida esse escrutínio não ela não deve ser prejudicada eh enfim por por ser portuguesa na avaliação dos eurodeputados Portugueses e não deve ser beneficiada por ser portuguesa na avaliação dos deputados portugueses isso erá o que eu faria mas eu não sou er Deputado são os meus colegas e eles certamente discutirão e debater debaterão e farão o que acharem melhor conhecendo muito melhor a realidade também Tendo também a sensibilidade do que pensam por exemplo os colegas do grupo socialistas e Democratas os outros colegas no Parlamento europeu há uma sensibilidade que se vive na casa da Democracia europeia que eu neste momento já não vive como é óbvio eh para uma resposta relativamente rápida a pasta dos serviços financeiros poupança e investimento é é é importante no contexto europeu e Mundial que vivemos não me parece tanto assim ou seja não parece tanto assim parece-me mais importante por exemplo as a pasta da da da competitividade ou pastas que tenham a ver esta pasta é uma pasta fundamentalmente de e reorganização Enfim pode levar à União bancária isso pode ser importante eh pode levar a uma maior transparência dos serviços financeiros mas ao mesmo tempo a Maria Luísa alquer que não é vice-presidente e portanto estará no contexto de uma vice-presidência Portanto tem um uma pasta eh instrumental é uma pasta importante mas diria o seguinte talvez não seja uma pasta eh eu sei que se diz que o comissário não é português o comissário é um comissário dos 27 Mas normalmente os países procuram ter pastas que tenham a ver mais com aquilo que é prioritário para eles e não é por acaso que a coesão está com Itália não é por acaso que a competividade está com França não é por acaso que essas pastas que enfim que são transformadoras estão mais a sul Nós temos uma pasta instrumental e técnica enfim não deixa de ser importante mas penso que não é tão importante como se calhar Portugal poderia ter Carlos Zinho muito obrigada por ter vindo ao direto ao assunto aqui com estes dois temas essenciais comissária europeia proposta por Portugal Maria luí Albuquerque e também a gestão que tem sido feita pelo governo do combate aos fogos muito obrigada e até à próxima foi um gosto muito [Música] obrigado h [Música]