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regressar à rotina é difícil com observador não tem de ser até 26 de setembro Assine por apenas 3,60 por mês e ten acesso a todo o conteúdo do jornalismo independente mantenha-se informado todos os dias por menos observador informação clara e de confiança à distância de um clique e agora com 40% de desconto o fogo da demagogia é este o título da crónica hoje publicada em observador.pt com a assinatura do Historiador Rui Ramos Boa tarde bem-vindo e obrigado pela disponibilidade começo por uma das frases com que inicia este artigo reza Assim somos um dos países que mais arde na Europa e no entanto Nunca Estamos preparados encontra alguma explicação para esta aparente necessidade de sermos frequentemente surpreendidos com os incêndios e suas consequências isso é uma coisa que eu penso que é das mais chocantes da situação da nossa situação eh quando dizemos que é um dos países que mais ard na Europa deveria ser um dos países que mais saberia lidar com o fogo é o deveria ser um dos países com mais experiência para isso e e as épocas de incêndio aparecem sempre como estes como algo esperado eh que nos deixa todos desordenados desorientados a improvisar eh parece muito estranho e essa essa atitude e não sei se ela não terá a ver e esse aqui é o o ponto do meu artigo não trá a ver um pouco com a maneira como Nós pensamos a questão dos incêndios nós eu quando vejo pessoas falar sobre incêndios pessoas sabedoras por vezes outras não tanto eh mas o Horizon contece sempre de acabar com os incêndios Isto é arranjar um plano um algo que se possa fazer para acabar totalmente com os incêndios nunca mais haver incêndios e isso eh parece-me bastante pouco prático eh Neste sentido é muito provável que não haja nenhum plano que nos permita chegar a esse eh obj realizar esse objetivo e mesmo que houvesse demorará muito tempo quer dizer que antes mesmo de conseguirmos acabar com os incêndios há uma necessidade de viver com esse fogo eh Florestal que é o resultado da história que é o é o resultado do clima o resultado de muitas de muitas coisas algumas delas que não são completamente transformáveis por nós de um momento para o outro e parece-me que é isso que às vezes falta isto é eh lidar com o fogo por exemplo par par parece-me a mim seria eh tentar prevenir as suas consequências mais nefastas em termos de mortes para começar logo eh evitar esse tipo de tragédias eh destruição de bens de pessoas eh ou destruição de determinadas áreas naturais que são mais valiosas que são consideradas mais valiosas como aquelas dos eh passadiços do Piva salvo erro que agora eh arderam por exemplo podia-se ter previsto eh antes da época dos incêndios sabemos que há uma época dos incêndios eh no verão on dos incêndios podem eh ocorrer podia ter previsto eh algumas eh algum uma forma de prevenir que o incêndios causassem estragos por exemplo nessa área e aquilo aquilo que me parece é que não há esse tipo de plano não há esse tipo de plano mas esta ideia de bem e nós não vamos conseguir acabar com o fogo mas podemos limitar e os efeitos do fogo o impacto O impacto do fogo e quer em relação a pessoas quer em relação a a bens dessas pessoas querem em relação a estas áreas parques naturais ou outras paisagens protegidas ou ou de especial relevância pela sua boeza ou pela sua riqueza ou pela sua riqueza acho que era possível arranjar e uma estratégia que permitisse e limitar portanto as consequências do fogo antes mesmo de tentar extinguir a de tentar impedir a ocorrência de incêndios que embora seja um objetivo louvável me parece mais difícil sido ent os sucessivos governos nos últimos anos a não conseguirem precisamente a cautelar essas consequências mais trágicas eu eu acho que provavelmente os o os governos têm uma tendência para eh adotar H planos ou atitudes maximalistas Isto é como a Revolução Florestal que do que nos do que nos falaram há há uns eh poucos de anos a tal a tal a maior transformação da Floresta portuguesa desde onde iriz segundo se dizia quer dizer vai-se logo para este nível que eu aqui no artigo disz que é um nível do Impossível quer dizer de colocar as coisas logo ao nível do Impossível em vez de pensar nas coisas em termos práticos que é Provavelmente nós não podemos fazer uma revolução Florestal eh e certamente não em poucos anos mas como disse podemos conter os incêndios podemos limitar o impacto dos incêndios Isso parece muito penso que será que seria hum faz aqui um contexto histórico também no artigo um contexto histórico dos incêndios h de forma a que se faça uma uma uma discussão sobre Como interromper esta triste cina eh Que história é essa que resenha histórica é essa bem a história dos incêndios é o seguinte eh houve enfim houve ao longo da história temos registro de incêndios desde muito cedo mas nada de parecia tido com as épocas de fogo que temos fogo Florestal que temos tido sobretudo desde o fim do século XX nos últimos 30 ou 40 ou 40 anos e isso tem uma razão de ser tem uma razão de ser no facto de a floresta em Portugal ter aumentado muito desde o século XIX por decisão do estado e há uma em meado do século XIX um um plano de arborização geral do continente há esse plano de cobrir de árvores aquilo que eram ais que eram charnecas que eram Serras mais ou menos nuas que era essa a paisagem portuguesa não era uma pais fora das áreas de cultivo não era uma paisagem verde era uma paisagem bastante desolada muito poenta como os visitantes estrangeiros se queixavam portanto houve isso portanto aumentaram muito por e decisão oficial plantio de florestas US recorreu-se ao Pinheiro bravo porque crescia rapidamente e depois mais tarde ao ao ao eucalipto e ao mesmo tempo houve a partir de sobretudo de meados do século 20 um êxodo rural Isto é as populações saíram emigraram saíram do país dentro do país foram para as cidades e esses campos abandonados sobretudo no norte e no centro tornaram-se grandes matagais onde por vezes se colaram com as propriamente ditas florestas Isto é de repente nós vemos aquelas extensões gigantes de Pinhais e uma parte é apontada outra parte é às vezes resultado de crescimentos eh espontâneos isso tornou-se por vezes áreas portanto são áreas que não são cuidadas com enormes acumulações de combustível e depois com o clima que temos eh as ocorrências de eh fogos tornaram-se muito frequentes independentemente às vezes da assim sem contar com as suas origens voluntárias ou não eh mas é muito difícil nestas circunstâncias impedir a ocorrência de fogos alá eles são imensos quer dizer além daqueles que dão áo a grandes incêndios eh Há imensas ocorrências constantes quer dizer do resultado da interação entre em parte entre as pessoas e o ambiente e e e e causam fogos às vezes sem sem não necessariamente com intenções criminosas mas por des leis por descuido por inconsciência por das das mais variadas maneiras eh e portanto nós vivemos num país que é muito tornou-se muito at trito aos incêndios eh e mudar isto isto é pode-se dizer bem mas então a solução é mudar isto mas pá nós estamos a tentar mudar é mudar demasiada coisa quer dizer isto é imagine Eh ó vamos então reflorestar o país mudar isso isso é anos e anos quer dizer Nós estamos neste momento com o resultado de para aí 150 anos ou mais de florestação quer dizer de de práticas de de florestação eh não podemos estar à espera de 150 anos para não ter incêndi es dizer ou para diminuir os incêndios temos de fazer temos de viver com o fogo da ala aprender a viver com o fogo aprender a sobreviver ao fogo e a fazer sobreviver ao fogo aquilo que para nós é importante eh começar pelas vias das pessoas A começar por património o património das pessoas mas também o património natural e portanto concentrar os meios aí e Estar atento aí eh nas áreas em que há possibilidade de ocorrer incêndios avisar As populações ter as populações alertas ter planeado o que é que se po O que é que se pode e deve fazer as pessoas saberem O que é que devem fazer quando há eh eh quando há e eh condições para o para a possibilidade de eh de ocorrer incêndios eu por vezes esta semana em sua opinião eh esta semana vai pôr a nu que ainda há falhas nesse aspectos que aqui elencou eu parece-me que sim eu obviamente e segui a a cobertura noticiosa das eh eh destes fogos desta semana e com muitas entrevistas quer às pessoas queer responsáveis da Proteção Civil e de outros organismos e as queixas são quer dizer e e aquilo que aquilo que toda essa gente disse quer dizer desde os responsáveis até aos até aos cidadãos eh tudo aponta para uma certa imprep paraa para um certo estado de choque para o uma improvisação para uma necessidade de reagir quer dizer parece-me que está muito a correr atrás do fogo quer dizer em vez de estar estar já preparado Ora bem eh isso seria compreensível se os incêndios em Portugal fossem raríssimos eu acontecesse um incêndio incêndios florestais de 10 em 10 anos ou de 20 em 20 anos aí teríamos o direito ser apanhados de surpresa isto Dev não estar não estar à espera mas eh quem vê a história dos últimos 30 ou 40 anos percebe que as exceções às vezes é os anos em que a não arde muito vees isto tornou-se tornou-se muito frequente e portanto a questão parece-me a mim é saber com os meios disponíveis eh conter os estragos do fogo em vez de tentar porque a conversa depois em termos dos responsáveis políticos passa imediatamente para o para aquele nível que é impedir incêndios quer dizer não podem ocorrer incêndios Então vamos fazer isto e mais aquilo e mais aquilo outro e tudo aquilo que eles dizem que podem eh ou que querem fazer são coisas mais ou menos inexequíveis pelo menos eh no curto prazo eu eu acho que isso só desvia o debate daquilo que de uma de uma dimensão mais importante que era aquilo que no curto prazo se pode fazer e pode ter resultados em termos de aumento da da ordem e da segurança no país porque os focos são também uma questão de ordem ou são essencialmente uma questão de ordem e de segurança eh dar com eles desta maneira quer dizer isto é aprender a viver com o fogo até um dia podermos eh limitar imenso essas ocorrências mas enquanto não não temos eh eh meios para limitar as ocorrências limitar as consequências quer dizer e dar ao ao país uma sensação de segurança de ordem de saber o que é que deve fazer temos a sensação que as pessoas sabem o que é que devem fazer estão preparada estão Preparadas para isso claro nós temos epidemias de temos gripes todos o uma época de gripe todos os anos eh Há vacinas há avisos eh temos também uma época de fogos eh também devia haver meios para lidar com isso devemos assumir isso é faz parte da nossa do ambiente em que nós um ambiente que criamos que criamos uma vez que eh e o o revestimento vegetal do eh do país é um é um em grande em grande medida um resultado da nossa da ação humana quer dizer não é uma coisa espontânea é o plantio ou o resultado de abandono eh eh portanto Nós criamos esse esse procedimento e acho que Devíamos também imaginar formas de lidar com eh com os acidentes que esse revestimento vegetal tá sujeito e falava em em demagogia eh em simplismo e o as palavras de Luís Montenegro do primeiro-ministro a apontar para algumas teorias da conspiração e interesses sobre a floresta H aparentemente sem estarem Digamos que fundamentadas em dados isso foi conhecido hoje pelo Expresso H é é essa demagogia simplista eu parece-me que são são declarações relativamente e infelizes porque Imagino que queira dar que a intenção fosse querer dar à população a ideia de que eh Os Atuais responsáveis pela governação eh serão implacáveis e estão muito atentos Ao que se está a passar mas eh Isto é eh dá a dá a entender que há uma que é eh quase simples e fácil resolver o problema isto neste caso aqui e o o a impressão com que se fica é que eh O fogo é o resultado de ações criminosas e nós agora vamos prender os criminosos e logo vai deixar fazer incêndios eh e as coisas não são infelizmente as coisas não são bem assim eh e portanto parece-me que é eh dar às populações uma uma espécie de um desaba que é aquelas coisas que à mesa do café se dizem eu se fosse Ah se eu mandasse mandava aprender disto e acabava-se eh aquela coisa que o mundo é sempre parece sempre muito simples por trás de uma dica eh mas o mundo é mais complicado quer dizer e o eh e e quem di tem responsabilidades governamentais tem também a responsabilidade de transmitir aos eh cidadãos uma eh essa dimensão de complexidade não para não fazer nada mas para poder fazer o que é possível fazer isto é e acho que seria melhor o o teria sido mais interessante o primeiro-ministro dizer olha neste momento Eh vamos começar a ter um plano uma emergência um planos de emergência para áreas onde e onde a ocorrência de incêndios é eh frequente eh eh estar-se preparados para os incêndios Isto é estar-se as populações os serviços estarem todos preparados para limitar as consequências dos incêndios isso parece-me que seria mais eh interessante do que propriamente lançar esta ideia de que há interesses que há criminosos que há uma espécie de uma conspiração eh para queimar as florestas e que nós estamos atrás dessas conspiração e que basicamente Isto é apenas um Cao de polícia Ora bem estuda a história sabe percebe que isto não é um caso de polícia é mais complexo do que isso e essa refleção e essa refleção que o historiador Rui Ramos partilha com os leitores e agora com os ouvintes da Rádio observador no artigo hoje publicado em observador.pt com este título o fogo da demagogia Rui Ramos obrigado pela disponibilidade e pela sua participação na edição desta sexta-feira do colonista do dia h