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ora viva sejam bem-vindos ao clube dos 52 Este é um ciclo de conversas no âmbito dos 10 anos do Observador 52 personalidades foram desafiadas a pensar a próxima década do país António ri Amorim é o convidado de hoje presidente da corticeira Amorim que é um dos maiores grupos empresariais em Portugal e o líder Mundial eh do setor António rias Amorim bem-vindo antes de mais obrigado por ter Obrigado por pertencer a este Clube 52 Vamos partir do artigo que escreveu e como membro deste clube de 52 dois precisamente eh para falar eh da necessidade de reforço da indústria e da diversificação de mercados e setores que também defende para Portugal nós nas últimas décadas assistimos à deslocação de uma série de indústrias do mundo ocidental Se quisermos da Europa também eh para a China eh que se tornou basicamente a fábrica do mundo esse refluxo agora vai ser necessário e obrigatório sim eu acho que é inevitável eu usando as palavras de um analista que disse que eh a Europa fez basicamente o outsourcing da indústria à China da energia à Rússia e da defesa aos Estados Unidos e portanto se calhar andamos a viver no Club Med durante os últimos 20 ou 30 anos e agora temos que e ser mais autónomos em tudo aquilo que fazemos sobretudo nestas três vertentes e portanto não não correu bem não é claramente não não correu bem quer dizer obviamente se calhar a grande vantagem que istoo teve foi uma redução significativa eh da inflação isto isso também temos que que que de ver isso a a a muito destas movimentações e da e da e da o outsourcing da da tal indústria ou doss produtos eh feitos no no Oriente isso antes do do do aumento de preços com por causa da GU mais recente e se calhar já é efeitos desta desindustrialização ou seja da reindustrialização da Europa eu acho que a Europa tem que ser mais autónoma em tudo o que o o que faz e portanto exageramos se calhar naquilo que fizemos há setores estratégicos têm que ser claramente eh reposicionados de novo em território europeu e portanto temos um desafio pela frente grande nos próximos anos que é ter uma indústria se calhar a regressar a à a Europa num contexto global que será diferente hoje temos no mundo uma guerra comercial instalada entre os Estados Unidos e a China não declarada mas toda a gente sabe que ela já existe se calhar um dia há de ser declarado oficialmente mas e nós vamos ter que tomar parte e seguramente nós vamos penso eu e eh tomar a parte daquilo que é o parceiro mais próximo de nós que será a América do Norte O que significa que a Europa já começa neste momento a a levar a cabo iniciativas por exemplo para trabal em importação de carros elétric chineses e começa a fazer investigações de produtos que são maioritariamente prod produzidos na na na China e portanto eu acho que isto vai obrigar de um ponto de vista estratégico os países a pensarem O que é que temos que fazer para que se criem as condições na Europa para que determinados setores sejam vejam de novo e a a sua base Industrial a existir neste continente por cá e de que forma é que Portugal deve eh acompanhar esse Comboio O que é que nós temos eh a ganhar temos se conseguimos acompanhar a questão é vamos conseguir acompanhar vamos ter que conseguir acompanhar vamos ter que ser positivos e vamos ter que ter um plano estratégico para conseguir eh concretizar isto nas empresas como nos países tem que se ter uma visão estratégica para aquilo que nós queremos fazer e se o tivermos seguramente que vamos executar bem Portugal hoje em dia tem uma Geografia na Europa que é uma geografia muito positiva ou seja estamos longe do centro de conflito na prática estamos praticamente no centro do do mundo se a nossa relação com os Estados Unidos Isto é fundamental que existe por isso é que as eleições Americanas são tão decisivas para o futuro da do desenvolvimento económico no mundo ocidental eh se isto existisse esta parceria entre a Europa e os Estados Unidos existir Portugal Tem aqui um uma relevância muito grande nós temos um interior do país praticamente desertificado podemos ter aqui uma base Industrial muito grande temos talento temos que reter esse talento temos que ter empresas com dimensão sejam portuguesas sejam internacionais a ter eh eh investimentos em território português e portanto quando alguém vier para a Europa numa Europa Central que se calhar já está eh crowded com investimento Eu acho que esta parte do do da Europa será claramente Atrativa por todas estas razões que acabei de mencionar temos é que provavelmente internamente em termos de políticas públicas e eventualmente também a ambição dos empresários seria um pouco diferentes daquilo que fizemos até agora porque nós o talento temo-lo formado bastante e ele sai de alguma maneira não é e desertificação do interior também é um processo que continua não temos conseguido travar o que é que temos que fazer diferente eu acho que o o os jovens hoje querem ter uma experiência Internacional e portanto é inevitável que alguma experiência eles vão ter que nós temos é que criar condições para que eles regressem e poucos regressam quando começam a ter acesso a condições de vida diferentes nos países para onde vão desenvolver a sua atividade e eh profissional inicialmente e portanto nós temos e seguramente que temos que criar condições para fazê-los voltar para isso temos que ter empresas de maior dimensão pá nenhum jovem que está a trabalhar numa multinacional num país fora quer vir trabalhar para para uma PME eh eh em Portugal alguns farão Mas normalmente as pessoas querem trabalhar para empresas de dimensão Portugal é o país na Europa onde as grandes empresas representam menos da economia temos sempre este síndrome de de atacar as grandes empresas as grandes empresas são um motor de desenvolvimento fundamental para o país são um motor de inovação são eh quem mais investe em investigação e desenvolvimento são quem paga melhor salários são quem permite ter umas carreiras dentro da própria empresa eh evolutivas para para os jovens e portanto temos que claramente não discriminar negativamente as grandes empresas tratá-las como qualquer outra empresa e isso é fundamental eh eh para para o futuro da atração de talento em Portugal no meu ponto de vista a segunda área que eu acho que é é relevante também não é como a evolução salarial nos salários fixos os jovens têm que partilhar parte do Sucesso eh que as empresas possam ter e portanto ter um tratamento fiscal como eu penso que agora se está a pensar para aquilo que serão as remunerações variáveis para que o estado também possa fazer da a sua parte no sentido de permitir a retenção deste talento e portanto se os jovens tiverem um vencimento que se calhar será sempre inferior a países de do do centro da Europa mas tiverem acesso a uma remuneração variável que essa assim pode ter um tratamento fiscal diferente seguramente terão condições para ficarem aqui verem desenvolvido as suas carreiras profissionais em Portugal empresas estrangeiras sadadas em Portugal ou empresas portuguesas que tenham entretanto ganho escala para poder operar globalmente e e em relação aos mercados de destino e e das empresas portuguesas estamos muito assentes na Europa que é os países europeus na União Europeia que é o nosso grande parceiro comercial conseguimos diversificar de alguma maneira para outros mercados nomeadamente para os Estados Unidos temos que conseguir temos que conseguir o grande mercado do mundo é os Estados Unidos 350 milhões de consumidores com um poder de compra num com uma cultura com uma geografia o grande problema é que para ter acesso ao mercado como Estados Unidos é preciso escala por isso é que se calhar há instrumentos públicos também podem ajudar as empresas temos o banco fomento que pode ajudar dar à internacionalização das empresas de produzir em Portugal distribuir nos Estados Unidos dar acesso a estas médias empresas de poderem fazer Joint ventes participações aquisições em em empresas de distribuição em criarem as suas próprias empresas nos Estados Unidos eu acho que é claramente dos mercados que melhor remunera eh eh os produtos que lá são eh eh vendidos e portanto a Europa é muitíssimo competitiva os Estados Unidos também o é mas que tem tem acesso ao mercado de uma dimensão compl completamente diferente e se formos ver as empresas portuguesas que se calhar não têm tido muito sucesso num país como o Brasil eu acho que têm tido muito sucesso aquelas que têm conseguido internacionalizar se para os Estados Unidos pode haver uma ou outra exceção mas globalmente os Estados Unidos é um mercado que aporta valor e às empresas no nosso caso no setor da cortiça é uma evidência é se calhar o mercado onde temos mais potencial de crescimento de um ponto de vista global e portanto ver ver Espanha seguramente ver França ver Alemanha ver Inglaterra mas o grande mercado para o qual Grand as empresas portuguesas deveriam ambicionar é ter um pé nos Estados Unidos porque a nossa Cultura a nossa forma de de de atuar nestes novos mercados com este poder de compra terá trará muito sucesso mas a dimensão é fundamental é fundamental já disse há pouco e António ri amorinho eh vê essa ambição nos empresários Portugueses e eu pergunto não é o caso da Corti Amorin que vocês quanto é que exportam da da vossa produção 95 96% tratamos de um produto eminentemente ibérico Portugal produz 50% da cortiça no mundo Espanha produz 30% transformamos quase toda a cortiça do mundo em Portugal e portanto depois exportamos daqui para para os diferentes cantos do mundo Portanto o mercado de serno para vocês é uma naturalidade há muito tempo ex des desde desde sempre nós assistimos durante a crise provocada pela intervenção da troika um aumento muito forte das exportações no peso no PIB Isto é as empresas portuguesas perante o mercado interno que definhou foram à procura eh de mercados lá fora e conseguiram e entretanto já estamos a assistir de alguma forma a um certo refluxo também também dessa tendência Será que e muitas empresas voltam a estar assentes no mercado interno não nos falta alguma ambição daqui também eu penso que a ambição é característica do de um empresário a tomada de risco é característica de de um empresário eh temos é que fazer com que as empresas evitem o chamado V da Morte que é aquele crescimento Inicial Fantástico e muito projetado e nós isto temos muito em P em pequenas e médias empresas em Portugal e depois chegar ali uma zona que quase é uma zona de conforto em que a empresa deixa de de de crescer por isso é que eu digo que se houver eh não só o movimento de exportação mas um movimento de internacionalização estas empresas que começaram pela exportação mas que agora estão sedeadas nos principais mercados de destino elas vão ter um desafio enorme porque é a partir do mercado que nós vamos aumentar a a a nossa a nossa o nosso investimento em inovação e eh desenvolver produtos novos são estes mercados que nos vão desafiar a criar uma dinâmica completamente diferente eu vejo isso pela nossa própria indústria que é uma indústria sedeada em em Portugal mas que claramente que o desafio vem dos principais mercados destino as exigências vem dos principais mercados destin isso obriga as empresas a reinventarem e a e a inovarem permanentemente sem inovação não há internacionalização possível e não há e não há sucesso possível e portanto a Inovação é fundamental para que as empresas consigam ter sucesso Nacional internacionalmente portanto eu diria que é preciso é muitas vezes ajudar estas empresas a dar este passo porque entrar no mercado dos Estados Unidos Unidos Como pode imaginar não é nada fácil porque uma empresa que que tem um volume de negócios de 10 ou 15 milhões de euros nos Estados Unidos não se representa quase nada portanto ela precisa de ser ajudada para se instalar no mercado se calhar já tem uma relação com o distribuidor com quem pode fazer uma parceria e se calhar é aqui que alguns instrumentos públicos podem ajudar empresas de menor dimensão a a terem maior sucesso e mais rápido e na na conquista de mercados internacionais através da internacionalização eh as exportações é um primeiro passo mas realmente para que isto seja permanente e para que a internacionalização tenha um papel relevante no crescimento das empresas portuguesas é preciso ter investimentos estados nos principais mercados de destin ou seja não só enviar o produto mas ter lá depois também equipas comerciais eventualmente redes de distribuição eventualmente até e Indústria fora do certeza com certeza e eu acho que nós temos bons exemplos em Portugal onde isso eh eh aconteceu e portanto é é é fazer algum bench Marketing com com grandes empresas existe hoje em dia o business roundtable que permite que empresas e ceos de grandes empresas façam eh conversas eh tenham eh possam partilhar o seu exemplo com empresas de mais pequena dimensão que possam ajudar a instalar e as suas empresas eh pela primeira vez nos principais mercados de de destino evitando aquelas barreiras e aquela dificuldade Inicial temos o brp criou regimes de cowork para que as empresas podam instalar até nas instalações das empresas de maior dimensão que já estão nesses mercados portanto eu acredito que vamos ter aqui 20 anos on Portugal se vai afirmar economicamente não só como um grande país mas também internacionalmente faltam-nos campeões internacionais faltam-nos marcas globais cortiça era Morinho a cortiça é uma coisa pequena a nível Global Ok no nos no nosso gosto somos somos líderes mundiais mas negócio da Corti é um negócio relativamente pequeno portanto faltam-nos marcas portuguesas que se afirmem internacionalmente e Então temos toda a capacidade e de o fazer muitas vezes é o pequena um pequeno um pequeno empurrão que faz com que as coisas aconteçam e o estado há pouco falou do banco de fomento e do apoio que o banco de fomento podia e Devia dar sobretudo nestes processos de internacionalização e acha que essa escolha de campeões deve ser feita pelo Estado de alguma maneira com alguma política pública ou deve-se deixar o mercado funcionar para que os eventuais campeões surjam naturalmente da competição não eu acho que nós não estamos no condicionamento Industrial há muitos anos atrás panto estamos claramente num economia eh livre eu acho que deve ser a iniciativa privada devem-se proporcionar os instrumentos para que a iniciativa privada se possa candidatar aos mesmos o banco fento tem aqui um papel relevante em Três Fontes em três áreas principais primeiro tentar eh eh cobrir eh falhas que existam de mercado se hoje quisemos fazer uma fábrica nova e pedir um empréstimo a 15 anos a um banco não vamos ter uma banca comercial que vai dar um empréstimo a a 15 anos para a para a execução desse investimento como antigamente o banco fomento eh o o fazia portanto seguindo uma metodologia do banco europeu de investimento que é uma metodologia onde mais importante que a análises financeiras da análise técnica dos Engenheiros sobre a viabilidade do investimento que se está a fazer eu acho que o banco fento poderia suprir falhas de mercado em segundo lugar acho que podia ajudar as empresas neste processo de internacionalização nomeadamente na Constituição de Joint venture ou de aquisições de empresas no exterior eh com financiamento específico a empresas portuguesas para poder ter acesso e em terceiro lugar eu acho que poderia ajudar a que diferentes empresas se calhar do mesmo setor em Portugal se pudessem juntar para ganhar escala agora isto não deve ser feito top Down devem ser feito proporcionar os meios e as empresas se tem que ser uma coisa natural não pode ser uma coisa imposta e portanto eu acho que os empresários têm toda a a a vantagem de ter estes meios disponibilizados para que possam aceder a eles e ganhar escala e ganhar escala não só Nacional mas internacional para as suas empresas que isso é fundamental já há pouco e estamos quase a chegar ao fim António riz Amorim eh Há pouco falou eh da necessidade de Inovar e dos standards dos mercados internacionais são eh cada vez mais exigentes e de como isso ajuda a melhorar as empresas a Corti Alin tem uma experiência já no início deste século de uma ameaça ao seu negócio com a tentativa de aparecimento de de de de de alguns vedantes alternativos à cortiça como é que deram a volta nessa altura pá duas coisas muito concretas primeiro acreditar que a cortiça é um produto tem vantagens absolutamente únicas de um ponto de vista de performance se os melhores vinhos do mundo continuam continuaram a confiar na cortiça como continuam hoje se servimos para para para tapar os melhores vinhos do mundo seguramente somos suficientemente capazes para tapar todas as outras garrafas portanto uma forte investimento em investigação e desenvolvimento trouxemos doutorados para dentro das nossas empresas para ter um melhor diálogo com a academia e com a investigação e desenvolvimento desenvolvimento de Novos Produtos criando novas tecnologias melhorando processos melhorando a eficiência de tudo o que fazíamos e há uma parte que é absolutamente fundamental que é toda a parte da sustentabilidade Ou seja a cortiça como sabemos é uma casca de meia árvore porque cada kilo de cortiça extraída e ele capturou 73 kg de CO2 portanto é um produto tem uma uma pegada de carbono negativa e portanto único de um ponto de vista de sustentabilidade e falando de sustentabilidade acho que isto deveria ser também um desígnio para Portugal Portugal tem dado Passos significativos na área da sustentabilidade sabemos que temos aqui uma meta global de atingir net zero em 2000 e e e e 50 e Portugal devia ser o primeiro país no mundo a afirmar que vai conseguir atingir essa meta não naquilo que são os parâmetros internacionais mas se calhar 10 Anos Antes e criar aqui uma uma dinâmica positiva um desígnio nacional que que que que afetasse a vida de todos nós o comportamento de todos nós que priorizasse as ajudas e os apoios para investimentos que levassem o país a caminhar nesse sentido que favorecesse os investimentos estrangeiros que ajudasse o país a caminhar nesse sentido e teríamos aqui uma uma coisa que teria que ser mobilizadora para toda a sociedade Imagino que era Portugal aparecer em todas as parangonas do mundo como o primeiro país no mundo a atingir net net zero nesse país o que é que ISO Ach possível de facto eu acho possível porque a gente já tem dado Passos muito significativos AC acabamos com as centrais a carvão nos Transportes as coisas estão a acontecer Vamos descarbonizar com o investimento que vamos fazer na ferrovia portanto eu acho que há claramente mas é preciso é que isto não aconteça português normalmente diz eu vou fazer o meu melhor aqui não é preciso criar um objetivo ambicioso e Izar todo o país em todas as áreas para que isto fosse possível e já viste já viu o que é que era a imagem de Portugal no exterior aparecer como um país o primeiro país a afirmar que não vai ser nas datas que está prevista internacionalmente que vamos conseguir antecipar de não sei quantos anos e se calhar a gente conseguiria é preciso é criar a a mobilização para que isto fosse possível e Portanto acho que temos muito de positivo para para continuar uma tendência e de de de crescimento e sobretudo de Val ização e do talento que temos que é isso que que eu acho que é mais Evidente nos dias de hoje nós temos talento a internet hoje prova que nós eh as comunicações do mundo que nós claramente estamos ao nível de qualquer outro país a nível Mundial os nossos executivos e fazem e tê sucesso no no exterior as nossas empresas mais internacionalizadas têm uma dimensão e ganhos de escala muito significativas e portanto temos que criar aqui um efeito de arrasto para estas empresas empresas de de de de mais média dimensão a a a ter uma ambição que T seguramente mas a ter os meios capazes poder propiciar dar um salto mais consequente muito bem e fica também esse desafio e mais coletivo António rios amorinho de antecipar e transformar o cumprimento de metas ambientais numa marca numa marca nacional e que é uma uma meta Que também está dentro da próxima década que foi o o horizonte temporal que nos trouxe a este clube de 52 agradecendo a sua e a sua participação o clube de 52 regressa próximamente com o novo convidado até lá