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Esta é a história do dia da Rádio observador porque é que Israel Abriu uma nova frente de batalha no Líbano há muito que Israel ameaçava virar-se para o Líbano foram já centenas os alvos atacados pelas forças israelitas numa operação que telavive diz ter como objetivo enfraquecer o grupo radical islâmico hezbolá milhares de pessoas já forão deslocadas pelos ataques e os Libaneses falam em centenas de vítimas Mortais o secretário geral da ONU António Guterres avisa que o Líbano é um país À Beira do Abismo e que não pode tornar-se numa nova Gaza Que País é Este que está há anos mergulhado numa grave crise económica e social como surgiu e qual a força atual do hezbolá um grupo apoiado pelo irão e um dos grandes Inimigos de Israel e quais os riscos desta nova frente aberta no médio Oriente São questões para a conversa com Joana ricarte especialista em relações internacionais professora e investigadora na universidade de Coimbra que acompanha de perto a situação no médio Oriente eu sou o João Santos Duarte e esta é a história do dia de quarta-feira 25 de Setembro bem-vinda Joana Ricard Olá bom dia Joana falemos um pouco primeiro sobre sobre o Líbano o Líbano que já foi em tempos um país enfim muito muito diferente do que é hoje em dia um exemplo de coabitação entre religiões de alguma prosper D Há muitos muitos anos a capital Beirut era mesmo considerada em a Paris do médio Oriente eh como é que eh o país chegou esta crise grave esta situação desesperada e que vive nestes últimos anos bom a a crise que o Líbano tem vivido é uma crise que é sobretudo uma crise econômica ela vem eh de um contexto já de longo prazo que inclui não só eh corrupção mas também eh as diversas crises pelas quais o Líbano passou como por exemplo as guerras com Israel sendo que a última foi em 2006 que foi uma guerra que também devastou em grande medida a economia libanesa e também levou a uma quebra de turismo eh como referiu o Líbano já foi eh a Beirut já foi a Paris do médio Oriente e essa guerra chegou Inclusive a Beirut teve um impacto muito grande principalmente sobre infraestruturas infraestrutura elétrica infraestrutura eh de fornecimento de de água eh principalmente a questão da energia até hoje Beirut funciona muito por geradores tem quebras todos os dias e depois recentemente tivemos aquela catástrofe no porto e de Beirut que também veio a intensificar esse problema uhum e Neste contexto que o país vive neste momento temos este ator muito importante já há muitos anos que é o hes bolá contextualizando um pouco Este grupo O que é quando é que surgiu bom resbolar movimento que aparece na década de 80 assim como o ramaz de agora é um movimento que nasce eh de uma junção com o irão a partir de uma eh visão shiita do do islamismo e é um movimento que tem o intuito de construção de um califado no médio Oriente que tem por base a própria ideia eh de girad global mas também um movimento que nasce com intuito Claro de extermínio do Estado de Israel do Povo judaico portanto assim como o ramaz o movimento de narrativa genocida eh ele aparece também no contexto da Guerra de 1982 em que Israel invadiu o Sul do Líbano e perpetrou o que nós chamamos na história ficou assim conhecido como os massacres de sabra e chatila sabra e chatila são dois Campos de refugiados eh em que tem população palestiniana que foram refugiados de 1948 e das Guerras eh que vieram depois foi perpetrado por eh Ariel charon foi um dos comandantes ele foi ministro primeiro ministro de Israel e foi o o próprio indivíduo que eh em 2001 2002 já não me recordo o ano exato eh foi a das mesquitas em jerus J além que é uma zona de controlo árabe que faz parte do status quo e com Israel a cidade de Jerusalém é uma cidade partida em quatro religiões e eh e puxou mesmo o que foi a segunda enada que foi um momento de 5 anos de grande violência civil dentro do território Israelita e dos territórios palestinianos ocupados hum portanto é é um movimento que tem enfim um braço político e um braço armado também podemos dizer que acaba por funcionar como uma espécie de de estado paralelo também dentro do Líbano sim tem toda a razão o rebolá ele é uma milícia paramilitar eh e é considerado pelos analistas militares e e de estratégia e inteligência eh Provavelmente o grupo não estatal com maior capacidade Militar no mundo eh o rebolá tem essa dupla função na sociedade libanesa ao contrário eh do ramas que também tem pretensões políticas mas a Palestina não é um estado reconhecido ou não amplamente reconhecido e certamente não funcional por conta dessa falta de reconhecimento eh no caso do Líbano que é um estado eh o ramaz é mesmo o rebolá pe desculpa é mesmo um movimento que tem assento no Parlamento que vai a eleições todos os anos então tem essa função política eh inclusive dentro do que é a democracia libanesa é uma movimento que que vai a votos mas também por outro lado tem uma governança do Sul do Líbano que se assemelha por exemplo que nós vemos com o narcotráfico na América Latina que tem zonas eh de diversos países da América Latina Como por exemplo o próprio Brasil e as favelas em que há uma incapacidade do Estado de controlo dessas regiões e essa milícia Tem uma função quase de PR autogoverno então de facto aqui um duplo papel do rebolá e há uma legitimidade sim política que o rebolá goza na sociedade libanesa precisamente por ser eh um movimento que tem importância e e que hoje tem a a partir da Aliança 8 de Maio importância e acento eh no Parlamento Libanês eh de resto a última guerra aberta entre Israel e o hes bolá aconteceu em 2006 O que é que se passou na na altura não foi eh muito diferente do que o que nós temos hoje eh Há uma troca de farpas de certa forma com eh o rbol e as forças de defesa israelitas porque o rebolá tem essa função anti israelita antissionista antijudaica eh de facto quando uma pessoa visita o Sul do Líbano e vai à zonas de controlo do rebolá pode mesmo ver eh praticamente museus a céu aberto de propaganda anti Israelita com imagens de guerra de crianças feridas mortas eh e com rótulo a dizer made in Israel né feito em Israel então Líbano sempre teve uma ação belicosa com relação ao norte de Israel e também Israel e as forças de defesa israelitas com relação ao rebolá em 2006 o que nós vimos foi precisamente um uma escalada eh dessa dessa dessa troca constante de violência entre os dois países 2006 foi também um contexto que na Palestina houve eleições eh paraa autoridade palestiniana pela única vez e foi quando ramas foi eleito havia aqui também uma tentativa por parte do governo Israelita que se eu não me engano era liderado por Benjamim nanaho se não era passou a ser logo de seguida mas agora não não tenho certeza absoluta eh e que era já um governo que veio se radicalizando também a partir da da segunda intifada na virada do século eh XX houve uma radicalização do governo Israelita que nós temos visto que se mantém e naquela altura Israel entrou por terra eh entrou com com ataques Aéreos inclusive ao aeroporto de Beirut eh até hoje vê-se em Beirut marcas das eh das balas nos prédios então Eh Foi uma guerra que deslocou ou em torno de 1 milhão de pessoas no Líbano 500.000 pessoas em Israel vitimou mais de 1200 pessoas no Líbano em torno de 300 Se não me engano em Israel eh e foi uma guerra rápida nesse sentido foi muito diferente do que o Que Nós provavelmente vamos ver agora eh nos próximos tempos e e tudo nos leva a crer que não Será uma guerra de 34 dias como foi em 2006 uh uhum e já falamos aqui do hbol como uma espécie de de estado paralelo dentro do Líbano eh onde é que eh o grupo está neste momento mais presente no no país bom a área de controle principal do rebolá é o Sul do Líbano eh embora como nós já tenhamos falado tem tem também uma eh capilaridade do rbol na própria política libanesa eh Essa zona do Sul do Líbano é uma zona onde há muitos refugiados palestinianos por exemplo há vários Campos de refugiados eh e o rebolá controla Essa zona eh também Israel eh tem afirmado a partir da sua inteligência que o Líbano terá armas escondidas em zonas como por exemplo eh a zona do Vale de bec que é a zona mais a leste eh do Líbano portanto mais acima dessa Zona Sul é uma zona que é importante referir que para além de tiri que é que é uma das cidades que tá ser visada agora por Israel mas uma cidade que tem mais de 4.000 anos é Patrimônio da Humanidade classificado pela Unesco nessa zona do Vale de bec também temos a 8 km do que tem sido bombardeado uma cidade chamada balbec uma cidade Romana eh com patrimônio mundial e que tem eh diversos prédios e e uma das zonas de maior preservação do império romano e portanto eh Há aqui também esse potencial de que essa guerra se alastra possa vir a danificar também zonas de patrimônio E também o rebolá tem atacado zonas como Nazaré eh como a cidade de rfa que são na Galileia no norte e por isso eh é mais uma das dimensões dessa guerra também que que provavelmente podemos vir a lamentar eh como civilização no fut já regressamos à conversa com Joana Ricard especialista em relações internacionais professora investigadora na universidade de Coimbra que acompanha de perto o contexto no médio Oriente na segunda parte vamos falar também desta operação Israelita agora em curso no sul do Líbano estamos de regresso à conversa com carte Joana Quais as diferenças entre o hes bolá e o movimento palestiniano H amass bom uma diferença primordial tem a ver com a orientação religiosa eh o hezbolá é um movimento de de linha shiita e o hamasa sunita quer isso dizer que do ponto de vista da interpretação que eles fazem do Corão e da hadit que é o o livro de tradições do islamismo que eh traz um pouco do que era tradição na vida na altura do Profeta Maomé em 600 depois de Cristo portanto eh tem um Panorama de como a sociedade deve se organizar bastante conservador e retrógrado de certa maneira eh esse esses movimentos Num caso em que não houvesse o o inimigo comum que é Israel eh seriam movimentos eh inimigos eh de certa maneira porque tem visões diferentes do islam do islam sim eh são movimentos que nascem numa altura próxima o rbol aparece primeiro o ramas aparece depois ambos na década de 80 e ambos com essa dimensão também eh de resposta ao que foi naquela altura na década de 80 quase 40 anos de conflito já eh com diversas guerras que ocorreram 1948 1967 1975 entre Israel e os estados árabes sendo que em 1967 Israel expandiu o seu território anexou uma série de territórios eh desde as colinas de golã até a própria península do Sinai do Egito que foi entretanto devolvida e é por isso que o Egito tem uma normalização de relações com Israel esses dois movimentos eles são também isso é algo que tem em comum financiados pelo irão e portanto são movimentos que agem como proxy Ou seja que que tem uma ação de procuração em nome do Irã eh que também buscam alguma desestabilização da região mas é importante referir que o ramas é um movimento que é um movimento terrorista que tem na sua carta o intuito Claro de eliminação do Estado de Israel de um povo e por isso eh eu vejo como muito difícil classificar o o ramas como algo diferente do que o movimento terrorista eh também o que nós vimos no 7 de outubro mostra isso mas é um movimento também de libertação Nacional porque a Palestina é um território não autônomo não é um estado as pessoas lá vivem a 75 anos eh numa situação que é de ocupação É uma situação em que vivem sob lei militar Israelita vivem sob cerco e portanto eh o ramas também tem esse intuito que é da transformação da Palestina em estado e nesse sentido não é tão diferente de outros movimentos Que nós conhecemos da Guerra Colonial por exemplo portuguesa eh que foram movimentos armados e violentos e que depois eh Foram absorvidos pela sociedade se tornaram movimentos políticos depois da libertação no fim da guerra Colonial em 1974 e o primeiro-ministro Israelita Benjamin nanu já tinha prometido abrir uma nova frente a norte contra o es bolá no Líbano agora Israel e atacou já centenas de alvos Qual é o objetivo desta desta operação Israelita agora em curso bom nós temos eh a narrativa de Israel e a narrativa de Israel é que há três objetivos eh o objetivo número um é desmantelar a capacidade do rebolá e eh também desmantelar as suas infraestruturas militares e e de capacidade de ação eh e o outro objetivo terceiro seria empurrar o rebolá para fora eh da Fronteira de proximidade com Israel portanto eh o podemos resumir esses três objetivos como eliminação do que Israel define como uma ameaça agora por outro lado nós temos também eh a situação atual que tem um contexto que não podemos discur portanto eh parece haver aqui pelo menos outros três objetivos não ditos eh por um lado diria que a tentativa de sobrevivência política de Benjamin ateno nós já sabemos que o primeiro-ministro de Israel é acusado de corrupção no seu próprio estado e que já vinha sendo muito questionado antes do 7 de outubro por conta eh da sua reforma judicial que para todos os efeitos o que Benjamin nanaho tava fazer em Israel antes do 7 de outubro era a redução do poder judicial o que transforma a democracia israelense numa democracia de base não Liberal porque uma das definições da Democracia Liberal é os três poderes em equilíbrio o executivo legislativo e judiciário podendo eh um eh moderar o outro e Benjamin atano fez isso com o intuito de se proteger das acusações de corrupção porque é um primeiro-ministro que vai no seu sexto mandato Portanto tem um histórico e é por isso que é perseguido no país nesse momento tem também um mandato de captura internacional a ser emitido pelo tpi eh provavelmente para breve e por isso eh tem essa tentativa de sobreviver politicamente porque a manutenção da Guerra eh seria uma forma também de se manter no poder eh e de construir diversas outras ameaças que faz com que o povo considere que é necessário manter o senhor segurança que é uma das suas as alcunhas eh em Israel no poder por outro lado parece haver uma manobra de diversão eh benjamina tanaro não tem agido apenas contra Gaza eh tem agido também contra a sis Jordânia cada vez mais esse último ano que passou foi o ano mais mortífero na S Jordânia nos últimos 20 anos eh nós temos visto redes também em zonas como norte da s Jordânia zonas que são controladas pela autoridade palestiniana de acordo com os acordos de Oslo eh Campos de refugiados como Campos de refugiados gen eh E essas ações TM também destruído infraestrutura civil numa numa ação que é bastante inexplicável também esse governo de benjamina eten é um governo de maioria tênue tem apenas 64 acentos em 120 no knet que é o Parlamento Israelita e eh tá coligado com uma extrema direita incluindo ministros como yoav Galante que é o ministro da Defesa que nos últimos tempos tem até suado quase a um moderado eh ao pé de Benjamim nanaho mas que é uma pessoa que vive na Jordânia que tá contribuir pro regime de colonato eh e que acredita piamente que tem que haver eh uma ocupação dessa zona e por isso o aumento da violência também contra eh os palestinianos a partir dos Colonos também balel motr que também é o ministro de administração interna eh também tem deixado que isso aconteça e por isso eh parece haver uma manobra de diversão do que tem sido uma guerra bastante imoral e fortemente contestada por diversos atores internacionais e pela população civil tanto em Israel quanto externamente e por fim parece haver também uma tentativa de arrastamento do irão para essa guerra porque eh uma ação direta contra o rebolá que já agora é importante referir o rebolá tem sido uma ameaça já levou ao deslocamento de 50.000 pessoas do Norte de Israel Mas isso foi logo no início eh no início do 7 de outubro e essas 50.000 pessoas estão deslocadas dentro do Israel e estão acusar o governo de completo abandono São pessoas que têm vivido de caridade São pessoas que não t tido apoio govern Fundamental e que TM sido marginalizadas nessa guerra e agora eh tornou-se um grande objetivo eh trazê-las de volta para casa não deixa de ser estranho que essa narrativa apareça apenas agora quando tudo que se passa em Gaza parece que já vinha chegando a um fim de linha eh o desmantelamento do ramaz parece claro já diversos membros importantes das forças de defesa Israelita já declararam que o ramas está praticamente desmantelado e por isso eh parece óbvio que é uma tentativa de criar uma nova frente de guerra para criar mais pressão Internacional e também para obrigar os Estados Unidos a manterem um discurso de apoio porque todas as vezes nesses últimos 11 meses quase um ano que Joe biden alterou o discurso e o Tom do discurso contra Benjamin nanaho a dizer que a guerra era imoral a dizer que havia eh o descumprimento do lei da Lei humanitária internacional Benjamin nanaho abriu outras frentes de guerra e quando faz por conta da ameaça Regional Joe biden vem ao seu apoio e obviamente ctera de novo o discurso diz que Israel tem direito de defesa posiciona porta aviões na região e eh não corta o financiamento econômico e parte no esforço de guerra que Benjamin nanar não consegue manter sem o apoio dos Estados Unidos fala falava há pouco aí no irão há esse risco de de com esta ação arrastar também o irão é completamente imprevisível nesse momento eh me parece bastante óbvio que não há interesse por parte do Irão de entrar numa guerra direta contra Israel inclusive porque houve eleições recentes no irão e o presidente Presidente quin é um presidente mais moderado que tem sido muito vocal no seu interesse de reaproximação de relações com os Estados Unidos o que também parece que é uma tentativa de Benjamin nanaho de boicotar é importante referir nós estamos a falar de um regime que é um regime eh autocrático que é um regime fundamentalista religioso que oprime os direitos civis das mulheres não estamos a falar de um regime democrático e esse presidente mais moderado É na mesma autorizado pelo Líder Supremo ayatola comini e para concorrer às eleições Portanto ele é reformista dentro do que é um regime de controlo no entanto uma aproximação dos Estados Unidos com intuito de levantamento de sanções e da reativação eh do programa nuclear iraniano dizem os iranianos com intuito eh de para fins energéticos não para fins militares eh isso não é do interesse de Benjamin nanaho e portanto parece haver essa tentativa de arrastamento que acredito que vai ser eh de todo o máximo evitada pelo irão e nós temos tido provas ao longo dos últimos 11 meses de que o irão teve várias oportunidades para entrar em guerra aberta com com Israel e não quer Eh o que parece aver é o contrário é uma tentativa de criar desculpas para fazer guerras com os proxis do Irão e potencialmente puxar o irão para essa guerra eh mas me parece que o próprio irão eh considera e e e parece a mim Óbvio eh que qualquer guerra Direta com com Israel seria profundamente danosa pro seu estado eh principalmente que os Estados Unidos teriam que se envolver diretamente e já disseram que o fariam e por isso me parece que nós não devemos ver uma ligação direta com o irão nessa guerra mas efetivamente nesse momento vai depender do que eh Israel fizer porque já se fala na gasificação do Líbano ou seja na transformação do Sul do Líbano numa Gaza eh já esse receio na sociedade libanesa de que Israel entre e entre com militares e entra no terreno e destrua destrua prédios casas infraestrutura civil escolas hospitais eh isso poderia sim de facto levar eh a um a uma regionalização maior dessa guerra mas não é do interesse de ninguém Obrigado Joana Ricardo Muito obrigada até a próxima Joana Ricardo é especialista em relações internacionais professora e investigadora na universidade de Coimbra esta foi a história do dia a sonoplastia é do Bernardo Almeida a música do genérico É do João Ribeiro eu sou o João Santos Duarte até amanhã