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o espetáculo está quase a começar no átrio do Teatro Nacional de São Carlos todos os olhos estão postos na mulher que acabou de entrar a madeixa branca que L cai sobre a testa é inconfundível oeso foito à Med el el to a gente toda a gente quer cair nas graças dela é sextafeira dia 15 de abril 1966 prara para subir ao palco do São Carlos está assim tão interessada na lúcida Donizetti vieram para ver e ser vistos como sempre fizeram é quase um ritual e sobretudo um jogo de poder só que nos últimos tempos tudo mudou na feira de vaidades dos Salões lisboetas e a culpa é dela a mulher da madeixa branca de queem meio o país tem medo o país que tem uma reputação a manter porque ela só ti irá a matar a quem pode cair com estrondo os milionários os políticos os empresários os artistas o primeiro ato da opera ainda não vai a meio Quando começa o barulhinho Não é a primeira vez barho V dosis deados que um Conde e uma Condessa achar por bem trazer à noite de gala do São Carlos mas Carlos piment preparado assim que primeiro a serhado aproxima-se doal e diz sen Conde não se incode tem aqui amendo já descascados o que o conde não esperava é que estivesse também a ser observado pela mulher dos olhos carregados de R que na abertura do São Carlos soltam faíscas sobre aquilo ela chama a enorme procão de gente péc que só quer aparecer a humilhação vir dias depois nas páginas do jornal para todo o país ler nem será preciso dizer nomes para que se saiba de quem se fala no São Carlos tal como na política ou nos negócios qualquer um pode ser a próxima vítima a arma dela está à vista de toda a gente uma crónica num jornal que corta como uma guilhotina três ou quatro parágrafos não precisa deais para fazê-los tremer e ela vai fazê-los tremer durante décadas uma crónica no jornal é só o começo o início de anos de combate contra eles os homens do poder eles que vão enforcer quando ela enfrentarse Salazar e esconder comunistas em casa durante o estado novo eles que depois vão chamá-la de fascista que depois da revolução do 25 de Abril vão tentar impedi-la de falar e escrever e quando não conseguirem vão levá-la à tribunal centenas de vezes vão atacá-la com uma bomba ou duas ou quatro para já ela é só uma mulher com uma crónica num jornal que sabe como provocar em 1966 só ela tem coragem de dizer e escrever que os ministros de Salazar não são homens feios são horríveis e ela sabe que todos leem o que escreve que lhe chamam profissional de mor a mulher que pode entrar reputações num áp a mulher que tem um bistor no lugar da caneta é dela que todos têm medo ela é Vera Lagoa Esta é a grande provocadora uma série para ouvir em cinco Episódios faz parte dos podcast Plus do Observador é narrada por mim José mata com banda sonora original de molin Episódio 1 A bisbilhoteira que faz tremer o país na Kia acreditamos que o movimento inspira ideias e é a partir das histórias do passado que estamos a escrever a história do Futuro Descubra o Kia ev6 100% elétrico a Vanguarda da mobilidade sustentável Kia Movement inspires é uma das mulheres mais populares do país e uma das mais cobiçadas em Maio de 1966 a cantora sim de Oliveira recebe um convite participar na entrega dos prémios limão e laranja uma iniciativa do Diário Popular que distingue as figuras que se destacaram pela positiva e pela negativa durante o ano ao restaurante Tavares começam a chegar os premiados o radialista Artur Agostinho e as atrizes Laura Alves e Maria Barroso mulher de Mário Soares veio Até o Ministro das Finanças ul Cortês mas é Simone que atrai todas as atenções mais concretamente os olhos de Simone convidado a dizer umas palavras o Ministro das Finanças não resiste tenho na minha frente Os lindos olhos de Simão De Oliveira perdão os lindos olhos das senhoras presentes quem também está Neste almoço é ver Lagoa ou a terrível como lhe chama o metre do restaurante Tavares e a terrível não perdoa nos dias seguintes todos os leitores di Popular vão ficar a saber da queda do ministro por sim de Oliveira Vera lagoa não tem problemas em tratar um membro do governo de Salazar por marialba e o que o clube dos Poderosos começa a perceber é que para Vera lagoa não há Intocáveis não mor mais ningém assim que atendem o telefone no rádio Clube Português é esta a ordem dada pela voz que surge do outro lado da linha é voz da censura estamos na madrugada de 25 para 26 de novembro de 1967 Lisboa vi uma das piores cheias de sempre vai ser mesmo a maior tragédia na capital desde o terram de 1755 ao fim de TRS Dias os jornais dão conta de 427 mortos Salazar quer suavisar a dimensão da catástrofe ordena que as notícias parem de falar em mortos mas no Diário Popular Vera Lagoa escreve sem medo e a crónica escapa aos serviços de censura elogia à equipa do Rádio Clube Português por ter ajudado a salvar vidas ao contar o que realmente estava a acontecer aor e arriscando um castigo ataca o senhor do ponteiro que apresenta a metologia na televisão e que à hora a que as maiores desgraças ocorriam prosseguia imperturbável a falar de ligeiros aguaceiros e termina com uma denúncia enquanto por todo o país Decor peditórios para os feridos e paraos desalojados ser enfeitadas as árvores de natal o dinheiro das luzes deve ir inteiramente para as vítimas das cheias defend Vera Lagoa ela falava de tudo ela falava da pobreza ela falava da da situação da mulher ela falava e da violência doméstica eh depois eu acho que ela era muito inteligente a escrever porque conseguia ela conseguia numa crónica de costumes fazer críticas fazer críticas ao regime veladas que toda a gente percebia que era ao regime sem ser depois no fundo sem sofrer depois as consequências enfim supostamente deveria sofrer houve uma curiosidade crescente enorme sobre sobre sobre sobre a própria pessoa Maria João Câmara é autora do livro um diabo de saias a biografia de Vera Lagoa só naquela noite morreram em Lisboa mais de 700 pessoas e mais de 20.000 casas ficaram destruídas o regime tentou esconder a verdade sobre a tragédia mas esqueceu-se da mulher que não tem medo três crónicas por semana com destaque de primeira página no jornal o título da coluna bisbilho ties estava criado o fenómeno Vera Lagoa um pseudónimo para esconder a verdadeira identidade da autora para o grande público a bisbilh teira é um mistério fora do Circuito das elites ninguém sabia quem era a mulher que se escondia atrás de um nome falso e de uma escrita assassina mais no início havia at quem duvidasse de que a autora das crónicas fosse sequer uma mulher à medida que os textos vão sendo publicados as cartas começam a chegar à redação são as dezenas e v de todo o país os leitores querem saber quem é Afinal a cronista secreta do Diário Popular começa a bolsa de apostas e há três nomes que ganham força candidata número do programa Talismã do Rádio Clube Português António Torres leitor do Porto é um dos que tem a certeza de que é ela discutiu a resposta em casa com os pais e os irmãos e o que não lhe faltam são provas para dar Corpo à teoria numa entrevista à revista Eva Vera Lagoa tinha revelado que foi a primeira locutora da RTP ora segundo uma outra revista a Flama Quem foi a pioneira das locutoras da RTP nada menos do que eia Maria pode querer dizer que as duas são a mesma pessoa garante o leitor detetive que se apresenta como estudante de medicina e bisbilhoteiro prov vocação sim admite na carta publicamente até fala uma na outra mas há uma explicação isso só pode ser para disfarçar candidata número dois Virgínia Ramos mulher de Jacinto Ramos conhecido Pelas noites de teatro em direto na RTP o ator foi elogiado recentemente numa crónica e a leitora e admiradora Maria Clara Silva acha que não foi por acaso e deixa um último pedido à corista continua a dizer que o rei vai nu quando ouv candidata número TR Agostina Bessa luí autora premiada de romances e colaboradora frequente do Diário Popular a tese é de João correal que também garante ter prova num do jorn que diz que provas també não mas tem certeza que asil só podem ser escritas pela famosa autora da Sibila descobrir a verdadeira Vera Lagoa tornou-se numa missão de interesse Nacional nem a própria resiste ao jogo AES não é Eugénia Maria quem escreve não é Virgínia Ramos e muito menos Agostina Bessa Luís todas as apostas estão erradas ninguém faz a mais pequena ideia mas o segredo não vai durar para sempre Vera lagoa não foi sempre Vera Lagoa a mulher que agora faz tremer os donos do país é a necessidade que a leva num de inverno 1966 a subir aa luano noir alto e a bater à porta do administrador do Diário Popular um homem chamado Francisco Pinto balsemão tinha sido despedida do emprego como secretária da companhia Nacional de navegação e era casada com um Jornalista perseguido pelo Estado novo que estava impedido de exercer a profissão viviam de traduções balsemão achhe graça percebe que H ali potencial a ideia dela é escrever uma crónica de costumes sobre os bastidores da alta sociedade e da cultura que ela conhece bem uma crónica como nunca foi feita em Portugal mas a mulher que balão tem à frente não se chama veroa el acha que ela SA quem audar algumas ruas abaixo do Diário Popular num restaurante na Travessa dos fiéis de Deus O almoço está servido à volta da mesa marcada no Rina Um clássico do Bairro Alto a nova corista do Diário Popular senta-se com um grupo de amigos no almoço de hoje discut em voz alta é preciso um nome forte para a amiga começar a assinar as crónicas Joaquim letria recorda como o último nome acabou por ser o primeiro a nascer o Lagoa vai pelo vinho que era a marca do vinho que estava na mesa e fo por acaso mas foi ele entou o apelido e depois o primeiro nome mas esse não foi um acaso e o Vera pelo adjetivo ser verdadeira e ser pela verdade e pela e por aquilo que ela no fundo era e a maneira como ela fazia aquilo como criticava a sociedade no fundo era o que ela fazia e fazia com muita graça tinham acabado de criar a identidade de uma das mulheres mais controversas da sociedade portuguesa das próximas décadas março de 1966 nasce Vera Lagoa e nascem as bisbilho A autora é Surpreendida pelo título da crónica quando abre o jornal naquele dia foi a única coisa que se tinha esquecido de combinar não foi ela que escolheu o nome bisbilho para encabeçar os textos que vai passar a escrever o título desperta mesmo um ódio profundo acha básico e redutor até porque Vera Lagoa vai fazer muito mais do que simplesmente bisbilhotar por exemplo também escreve obituários logo na primeira crónica revela que se a famosa pintora estrela Faria recusou o convite para o aniversário de um dos amigos mais próximos foi porque estava de luto e em sofrimento profundo dias antes tinha-lhe morrido o papagaio também faz crítica de teatro num outro texto há de escrever que é muito aplaudida estreia da peça Uma Noite de Verão no teatro Vasco Santana não passou de um espetáculo péssimo num teatro que vive de subsídios e em que nem os atores se aproveitam a autora de bisbilho ties escreve ainda sobre relações e até separações de bens como aqui que aconteceu depois da cozinheira Maria de Lurdes Modesto ter casado a cadela Tucha com o cão Godô do radialista igrejas C do enl nasceram cachorrin mais uma eela sab que fe a ldes não acertar não fez Dog Mas foi muito feio vendeu todos e não deu nada ao Ciro veroa esc sobre tudo que apetece até sobre os amigos num na Embaixada de França não são só as senhoras que escondem bombons nos bolsos que cham a atenção é também a afli de Lu Monteiro esse mesmo o amigo que lhe inventou o nome por ter deixado dois dentes postiços dentro de um guardanapo ninguém escapa ao ridículo e à humilhação os leitores deliram a correspondência acumula-se é impossível responder a toda a gente mas há uma Inconfidência que ao longo de quase um ano e meio de bisbilhotice a cronista ainda não cometeu quem se esconde Afinal atrás do pseudónimo Vera Lagoa essa revelação não vai acontecer numa festa numa recessão ou numa vernissage vai ser feita onde menos se espera no último dia de 1967 o Sporting vence o Benfica por 3-1 no Estádio José de alvalade mas não é o jogo que desperta a curiosidade dos leitores do Diário Popular a grande bisbilhotice do Sporting Benfica vem assinada por um jovem fotógrafo chamado Correia dos Santos a imagem mostra uma mulher de madeixa branca olhos pintados anel no dedo mindinho o futebol faz mais um milagre escreve o jornal pela primeira vez o grande público fica a saber quem ela é Vera Lagoa ganha Finalmente um rosto e com um rosto vai ser fácil chegar ao nome a mulher que aterroriza a elite lisboeta chama-se Maria Armanda Falcão num dia estava desempregada no outro já era a mulher mais lida do país a fama chegou tarde tem quase 50 anos quando começa a escrever as crónicas do Diário Popular no bilhete de identidade surge como doméstica apesar de trabalhar desde os 16 anos quando consegui o primeiro emprego como secretária e doméstica é tudo que Maria Armanda não era recorda Carlos pissarra o sobrinho Neto ela não era não era uma senhora de ficar em casa a cozinhar percebe a bordar e coiso ela não cozinhava no frigorífico ela tinha os batons os vernizes os e era o que ela punha no frigorífico muito em breve o bilhete de identidade vai servir para pouco Vera vai sobrepor-se Maria Armanda ela era Vera Lagoa para tudo porque ela chegou ao ponto de que aquele pó ela assinava cheques e tudo Carlos pissarra conviveu de perto com a tia já depois do 25 de Abril num época em que as bisbil deram lugar à luta política mas no final dos anos 60 são as festas as inaugurações e os coils que lhe Dão trabalho ver Lagoa é tão ven o nome dá-lhe carta branca para entrar onde quiser e ela quer entrar onde mais ninguém consegue na primeira semana de setembro de 1968 um francês um português e Um Boliviano transformam Portugal no centro mundial do jet7 vão chegar ao país as atrizes mais conhecidas de Hollywood as figuras mais admiradas da realeza europeia os homens mais ricos do mundo e os Playboys mais cobiçados do planeta a Marina de Cascais não é suficiente para tantos eatos de luxo o Aeroporto de Lisboa enche-se de jatos privados e na Portela chega mesmo a ser criado um Espaço Exclusivo para as celebridades que por esses dias vão aterrando no país para marcarem presença nas festas de que até os jornais internacionais falam nessa semana o casino Estoril vai ficar aberto pela madrugada dentro tal é a concentração de estrelas com dinheiro para gastar são três os acontecimentos de Arromba em TR dias consecutivos 4 defea destino dos Milionários acabados de chegar a Portugal é a quinta do vinagre em colares o casal xumb RG mandou construir de propósito para a festa um portão novo que lá para a estrada de Cintra Há 10000 convidados mais de metade não são portugueses antes de os receber os slum brg oferecem Um Jantar Para 72 amigos íntimos como os do Windsor ou rei de Itália A festa começa às 11 da noite em ponto em 2 horas são arrumados 728 carros os donos da casa recebem os convidados no cimo da escadaria que dá acesso ao palácio Vera Lagoa é pontual traz um vestido da Carmen Modas e um casaco de peles emprestado e 47 g de cabelo postiço platinado arranjado pela Odete do cabeleireiro amar é a própria cronista que diz faz um vistão ao Contrário de outras convidadas a começar pela anfitriã com azul que aos olhos de Vera lagoa não ace muito a dona da casa é Maria da Conceição nascida no porto filha de um alemã e de um português é casada com Pier Magnata do petróle bair decora for trazidas centenas de Flores da Holanda num Pavilhão tocam duas orquestras alternadas os empregados vestem azul celeste E aia serva até os militares da GNR queam as entradas estão vestidos de gala nada escapa a ver Lagoa terrível Chegou há poucos minutos e já reparou que há três vestidos rostos iguais e que Gina loló Brígida estrela de cinema italiana e uma das mulheres mais bonitas do mundo está pssima diz que a atriz parece um reclama produtos para o desenvolvimento de certas glândulas há de ainda como a mais antipática da noite tudo porque se recusa a dançar com quem não conhece já o prémio de Miss Simpatia vai para outra estrela internacional a atriz americana Audrey urn a festa continua pela madrugada Vera Lagoa só há de chegar a casa pelas 7 da manhã mas nem por isso vai dormir tem de escrever a crónica para o jornal desse mesmo dia praticamente nem olha para as notas que tirou tem tudo bem fresco na memória às 9 da manhã a crónica Está entregue e pronta a sair ao final do dia mas Vera lagoa não tem muito tempo para dormir tomar um duche e montar uma nova toalete às 5 da tarde desse mesmo dia há outra festa para ir o convite vinha endereçado à excelentíssima senhora dona Vera Lagoa em nome de Maria Alice e Manuel Vinhas no verso traz um mapa para a Herdade dos zambujal em Setúbal nestes dias em que Lisboa foi o destino das grandes estrelas internacionais Manuel vinhas prometeu uma festa portuguesa com pormenor a ideia foi de Salazar o presidente do conselho tinha proibido os ministros de qualquer ida às festas dos Milionários estrangeiros mas o ditador achou que ficava mal ver tanta gente importante de fora e não haver uma festa à Portuguesa e é através do sogro de Manuel vinhas que também é amigo de Salazar que a festa começa a tornar-se realidade estamos a 5 de setembro de 1968 Vera Lagoa apanha boleia para a festa no Maera de outro dos convidados há de escrever mais tarde que se sentiu uma provinciana ao vê-lo carregado nos botõezinhos do carro moderno e de luxo os convidados começam a chegar aos 1700 hear da Herdade do zambujal lá está de novo Audrey urn a dançar de minisaia o ator Douglas fairbanks Junior e a atriz francesa capine conhecida pelos filmes da pantera cor-de-rosa fazem uma parte do caminho uma reboque de tratores está montado um verdadeiro Arraial português com cavalos e Campinos pauliteiros de Miranda e um rancho folclórico há barracas de tiro e farturas e desfila à marcha da Mouraria o menu está nos antípodas das iguarias do rit que marcaram o baile interior na quinta de Colares aqui há sardinhas assadas croquetes e caldo verde servido em tigelas de barro e o vinho é de jarro Gina lol Brígida também veio à festa mas está pouco interessada nas danças a estrela italiana decide fazer telefonemas de 1 hora para a Califórnia UEL vinhas é que h de pagar a conta para ver Lagoa que não gosta dear e nunca bebe champan Manuel vinhas d a festa das festas oito é tanto que passado menos de um ano do Arial das estrelas o zambujal vai servir de Ceno aoo de James Bond no fil 007 estado mas na semana dos eventos mais extravagantes que a sociedade portuguesa já viu o melhor está guardado para o fim aquele que ficaria conhecido como o baile do século a 6 de setembro o milionário boliviano Antenor patinho dá a terceira festa a mais grandiosa de todas a revista Vogue tem um exclusivo internacional do baile patinho em alcoitão onde são esperadas 1500 pessoas só há dois jornalistas portugueses na lista de convidados João coito do Diário de Notícias e claro Vera Lagoa todos os outros repórteres estão proibidos de entrar às 23 horas em ponto de uma noite a Mena de lua cheia o banquete do Chefe Luís Carolino começa a ser servido no pavilhão decorado de vermelho e verde onde todos os convidados têm lugar sentado cascatas de lagostas dominam o centro das Mesas no Buff frio montado no pavilhão da quinta de alcoitão não faltam trutas salonas do Rio Minho filetes de linguado com espargos glac e uma balotina de galinha ou Omar para a mesa dos Doces Estão guardadas 20 especialidades entre Charlot sorvetes e Dom Rodrigo num vestido Dior branco e dourado e colar de diamantes ao pescoço beatri patinho recebe os empresários hen e o homem mais rico do mundo e as atrizes zab e brig AM Rodrigues de vestido vermelho É ilustre portuguesa entre os convidados est da música A festa só acaba de manhã depois de convidados tomarem o pequeno almoço à beira da piscina o baile é um estrondo quando finalmente se assenta para escrever a crónica por uma vez Vera lagoa não consegue ser terrível As Crónicas no Diário Popular são Umo grande que rapidamente Dão origem a um livro A primeira edição de vilho esgota em tempo record e os leitores querem mais que haja alguém nesta terra de pessoas que usam o rabo entre as pernas que tenha coragem de dizer tantas verdades peml por carta mas Vera lagoa não tem só admiradores junho de 1968 o teatro monumental em Lisa aaot desta vez ver lagoa não recebeu convite assim que as cortinas se abrem atriz flor Queiroz coberta de plumas e rodada de bailarinas arranca o primeiro aplauso só que o ponto alto do espetáculo é outro vem de vestido rendado casaco de peles e saltos altos na cabeça traz uma peruca com uma madea branca nier so ao palco do monumental como fera Lagoa a cronista do reino que come de borla em todos os restaurantes da cidade a personagem é um sucesso na bilheteira e na imprensa há uma pessoa que não lhe acha graça quando assiste ao espetáculo e vê finalmente a caricatura Vera Lagoa fica Furiosa nos Bastidores não tardam a surgir os boatos diz-se que Vera Lagoa faz tudo para deitar o número abaixo Ou pelo menos Para que sejam cortadas as passagens mais ain calantes fala-se num pedido de indemnização a Vasco Morgado dono do teatro monumental a polémica chega até aos jornais espanhóis mas a peça Vai continuar em cena Vera Lagoa perdeu percebe pela primeira vez que não é intocável estão os dois em silêncio ela sabe o que está a fazer sentado numa cadeira de frente para o espelho o homem assiste à transformação à medida que ela lhe vai espalhando tinta Negra pelos cabelos brancos ainda não tem 30 anos mas parece mais velho conhece Decor os calabozos da pide e a tortura do sono fui ter com ela porque vai precisar de fugir tenha certeza de que no segundo esquerdo do número oito da Praça das Águas Livres em Lisboa está em segurança já por ali passaram tantos camaradas do partido Maria Armanda Falcão é a mulher em quem todos Confiam a quem pedem ajuda quando saem da prisão de repente o homem é tomado pelo medo e se o disfarço desaparece com a água ela diz-lhe que pode estar descansado a tinta só sai quando cortar o cabelo estamos em 1961 Anos Antes de Maria Armanda Falcão se transformar em Vera Lagoa aista mais temida do país em plena Ditadura do estado novo é perigoso ser comunista e também é perigoso protegê-los em cima da cama estão as roupas que ele deve vestir puxa para trás a última madeixa do cabelo agora negro e levanta-se não pode esperar mais foi álvar cunhal o líder do partido quem deu a ordem ele vai cumpri-la chegou a hora de passar à clandestinidade Mas essa é uma história para o próximo episódio no próximo episódio as provocações da Pit são constantes os agentes estão em toda a parte a espiar escondem-se na rua para ver quem entra tentam passar despercebidos nos andares vizinhos num desses diases um est no corredor corre para a porta a temer o pior vê um agente tapido tombado no chão foi atirado pela escada abaixo por Maria Armanda a grande provocadora é uma série para ouvir em cinco Episódios e faz parte dos podcast Plus do Observador é narrada por mim José mata e tem banda sonora original de mulin o guião e as entrevistas são Diana sés a sonoplastia é de Artur Costa a edição é de João Santos Duarte e Tânia Pereirinha a coordenação é de Miguel Pinheiro Filomena Martins Pedro jorges Castro Ricardo concei e Sara antes de Oliveira se gostar desta série pode seguir dar cinco estrelas e comentar o episódio no Apple podcast ou no Spotify pode subscrever e gostar no YouTube Assim receba uma notificação sempre que houver um novo episódio podcast Plus do Observador é mais do que um podcast