🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
muito bom dia esta terça-feira falamos aqui no contracorrente do novo podcast Plus do Observador a grande provocadora são cinco Episódios que nos contam a vida de Maria Armanda Falcão mais conhecida como Vera Lagoa primeira apresentadora da RTP foi secretária de Humberto Delgado ainda diretora do jornal O diabo a jornalista que enfrentou a censura do estado novo e depois a da revolução a pedi as bombas e em tempos de autocensura e algum conformismo O que é que nos diz a história de Vera Lagoa Helena Matos bom dia bom dia olha h eu eu eu acho que temos que ter em conta que e o papel e a presença das mulheres nas redações em antigo e e até em algum espaço público agora o que é diferente em ver Lagoa é que ela não se coaduna com aquilo que se esperava dela ou seja em geral aquilo que se espera da das mulheres e hoje também boa parte dos homens é uma grande contenção eh um um grande eh uma grande diluição das das convicções às vezes de algumas pessoas eu por acaso eh estive de férias mas ainda fui aqui ouvindo às vezes um bocadinho aqui da rádio e aqui num programa num contra corrente falava de uma coisa por exemplo em relação ao Marcelo Rebelo de Sousa é que não sabe bem o que é que ele pensa não é eh não era nada disso que a a Vera Lagoa é a antítese de tudo isso e portanto ela é uma mulher de convicções muito fortes sabe–se perfeitamente o que ela pensa e não apenas o que pensa sobre factos E aí há que reconhecer-lhe uma grande intuição no caso dos Factos eh ela por exemplo eh percebe eh é claro que Anes 25 de Abril percebe as questões do regime da ditadura tudo isso e depois após a revolução isso vai quem ouvir aqui o podcast observador vai perceber isso como ela muito rapidamente percebe como aqueles que eram os os revolucionários de ontem e que tinham sido os seus amigos as suas relações as suas amizades o seu amor eh vão de alguma forma transformar-se nos nos ditadores eh daquele momento que parecia de quer dizer que era que era de liberdade Mas que estava a a caminhar muito rapidamente por uma ditadura ela percebe isso muito cedo intui muito cedo e sobretudo intuí em relação e começa por intuir por exemplo muito em relação aos militares eh e e portanto há ali uma intuição grande mas Depois vemos isso também em relação a umas outras outra coisa ela desde o início que tem uma uma um que tem dúvidas sobre as circunstâncias da Morte s carneiro eh e e portanto panto a mores à carneira é preciso lembrá-lo foi e comunicado ao país e a essa aese que estado português vai manter manter durante vários anos de que tinha sido um acidente e de alguma forma questionar isso punha quem o fizesse no campo do dos conspiranoicos dos quase doido doidos varridos e ela não não tem qualquer receio a esse nível não é e e portanto o jornal que Ela dirige vai logo dar espaço seja há textos seja eh algumas caricaturas muito mordazes porque o do do do do do sido não é o sid ele que faz a investigação Ele lê cartonista mas faz o sido é o mais importante Nessa altura quer dizer é o mais importante é muito é Central Nessa altura não é e o sido era o cartonista do diabo é um grande cartonista português Uhum mas enfim muito porque era ao contrário da maior parte dos cartunistas não era de esquerda eh muito ostracizado e tem um trabalho eh investigação incrível e as pressões que ele recebeu fo incrível eu eu devo dizer que houve só deixa-me fazer este pequeno intervalo houve uma altura em que eu dava aulas de jornalismo de na Universidade Católica josos de investigação e uma vez com um do um um dos grupos fez uma um trabalho portanto havia pois a apresentação trabalhos do grupo fez um trabalho precisamente sobre as investigações da morte do s carneiro e conseguiram levar ao mal o o o o sid e foi impressionante deve fo Augusto Sid Augusto Sid S impressionante impressionante o que ele contou sobretudo das pressões que recebeu das ameaças que recebeu porque era há muita gente que é ameaçada processo enim tem um processo que muita gente tem é é banalidade agora coisas físicas ameaçar a família os filhos é uma coisa muito diferente disso e e porque temos de entender nós temos quase que uma ideia de que uma vez acontecido o 25 de Abril o país entrou numa normalidade democrática o país não entrou em normalidade democrática não apenas por causa das das questões revolucionárias mas também porque não era mesmo uma democracia não era e portanto não havia esse pensamento e e e havia situações de encobrimento como é o caso das circunstâncias da Morte eh de Sac carneir e todas as outras pessoas que estavam dentro daquele avião e ela não tem qualquer receio porque em geral o que acontece em Portugal eh ou o que acontece muito frequentemente é que quem Diverge daquela narrativa comum acaba por ser tratado como lunático cons pirano doido ou no caso depois da da se se é mulher as coisas depois também têm uma um pendor hormonal muito forte e portanto e as críticas e a forma de denegrir as pessoas é muito eu conhecia a Vera logoa mal muito mal numa fase em que ela já já está doente e e e envelhecida Depois tinha e depois falava com as pessoas com um ar de que eu eu quer dizer eu era muito novita e e com um olhar de quem eh eu percebo te melhor do que tu a ti mesma não é e e depois era era claro que uma figura pela maneira como falava pela maneira como olhava ela tinha um olhar muito muito penetrante e era quase era uma figura Central era era impossível estar num sítio sem que sem sem que ela quando começava a falar acabava quase por se tornar no centro das coisas pela maneira como falava tinha o que se chama gravitar eh e e e e e por corrência e um olhar muito percutante a pessoa sentia-se examinada eh quando ela falava e não era e e e era uma mulher isso também é uma coisa que não é indiferente e que se percebe ao longo destes eh cinco Episódios deste podcast que está muito bem feito até porque tem uma coisa não consegue articular muito bem o lado público dela não é com um lado privado e aquilo são vidas que não t nada a ver com este certinho dos dias de hoje não é dos dias de hoje e dos dias da altura é uma vida completamente fora do comum não há vida não havia não havia vidas assim não havia em Portugal vidas assim ela é uma mulher lindíssima lindíssima que vai ter relações com portanto casamento estou a falar de casamento com homens substancialmente mais novos não é eh estou a pensar o caso do do do marido o tem garrinha não é que estava AL ao partido comunista português é bastante mais novo do que ela e tudo o que isso impli o bastante mais novo é no caso do T 16 anos não 16 anos 16 anos portanto não é assim um bocadinho mais novo é 16 anos sim e e portanto e há alguém mas ela Nessa altura estava muito num numa área política de oposição ao governo é claro ela nunca foi comunista mas e e Manuel tem garrinha era mas era esse o seu universo e sabe-se como ela ajudava às pessoas até porque ela vem de de uma família o pai dela é militar tinha estado Olha o pai dela parace mais Seme Estava sempre no contra não é portanto esteve na República contra e aliás ligado a setores muito muito muito radicais de república eh depois esteve no contra eh durante o estado de novo e ela é como se tivesse e tem uma grande preocupação em relação à memória do pai eh uma espécie de procura de recuperação da memória do pai mas e tem depois uma forma de escrever que é completamente aquela crónica no Diário Popular que as pessoas tanto falam as bisbilhotice eram muito vastas e podia e era também funcionava também como uma espécie de crónica da vida cultural porque ela dava conta do das peças de teatro que que estreavam dos filmes das Exposições só que não tinha nada aquela linguagem eh de institucional e dizer sempre um bocadinho bem mesmo quando se detestava não ela chicava lá e muitas vezes se achava que os quadros não valiam nada ela dizia mesmo que os quadros não valiam nada ou que o que o livro não prestava para nada ou que a peça de teatro e isso aí era sempre mais complicado porque o mundo do teatro é muito corporativo não é pronto e ó Elena não é o mundo do teatro não é o mundo do teatro é o mundo da cultura Uhum eu eu eu eu enfim nos meus muitos anos de responsabilidades editoriais em jornais confrontei muitas vezes com situações em que pedindo a pessoas para escreverem sobre um livro que não gostavam um filme que não gostavam uma peça de que não gostavam elas diziam não pode ser porque nós não podemos prejudicar os nossos atores os nossos escritores não pode ser E então faço faço uma entrevista uhum Portanto o livro não presta mas eu faço uma entrevista po pronto porque eh eh quer dizer os filmes portugueses tinham todos cinco estrelas mesmo quando eram absolutamente impossíveis de ver pois portanto e porquê bem por uma parte porque o mundo é Pequenino não é o mundo cultural português era pequenino Mas depois porque havia esta ideia de que quem tem o poder de escrever e era é um poder muito importante de escrever ou de dar a sua opinião publicamente eh não pode prejudicar os seus e os seus são este mundo e e nisso e quem sai quem quem alguma vez saiu disso e houve pessoas que saíram não é foi ela a única quem alguma vez saiu disso muitas vezes foi completamente por escrito E durante muito tempo e e ela tinha tinha isso ela dizia efetivamente pensava nota estamos a falar de alguém isso também é importante acrescentá-lo que é e que é uma autodidata não é porque ela em termos aliás começa a escrever muito tarde nos jornais não é aos 50 anos tarde para o padrão habitual não é por quê Porque ela ela tem de começar a trabalhar muito cedo porque o o o a Porque como era muito habitual na época a mãe pronto era dona de casa o pai teve uma carreira militar muitíssimo atribulada e portanto eles ficam praticamente sem rendimento e ela tem de começar a trabalhar ali pelos seus 16 anos ela tem a quarta classe portanto ela é sem dúvida uma autodidata nesse sentido coisa que não era inédita muito no no na altura e portanto ela tem esse lado ela é uma mulher muito voluntariosa ela começa a trabalhar ela tem de trabalhar para sustentar a família não é e portanto nesse sentido é é são vidas emel referia são vidas que são são vidas diferentes para daquelas dos padrões que temos hoje e a vida dela foi sempre muito diferente Depois temos Claro a sua estreia naquilo que são as emissões eh experimentais da RTP na feira Popular que ficava então não no sítio que alguns de nós ainda recordam da Feira popular em entre Campos mas estamos a falar da Feira popular em palhavã eh ela eh eu não vou fazer um spoiler desculpa lá Helena Mas a forma como ele como ela é admitida na RTP para esse programa é absolutamente ente Fabulosa não vou tem que tem que ouvir já não sei em qual dos episódios é é para no terceiro episódio só é demitida ou se demitida não a demitida já falamos dela aqui de manhã AD já falaste dela aqui também é muito interessantíssima mas a forma como e o descaramento da resposta que ela dá no momento da admissão é Fabuloso V vão vão ouvir não é não faço só só digo porque era absolutamente verdade e evidente só que ninguém tinha coragem para o dizer não é e ela teve porque ela de facto era era a capacidade de dar esse essa resposta eu depois confesso deixa-me só fazer um par aplicar-se iia bem o adjetivo era uma desbocada aquilo que nós popularmente dizemos desbocada não mais um sentido mesmo oado que diz coisas sem e que podem ser verdade ou não ser verdade ela procurava sempre podia ser exagerada exagerada mas tudo aquilo tinha sempre base em coisas que ela sabia ou conhecia ou tinha visto e e tem uma grande eh ela quer perceber o que está a acontecer eu por exemplo eh como já se percebeu fiz alguma investigação sobre a questão da chegada dos retornados a Portugal e não havia portanto eles começam a chegar ali em agosto de 74 sempre aind não se não são não corresponde exatamente à figura do retornado porque eh ainda diziam que queriam voltar e depois começam a chegar a chegar a chegar a chegar já estamos janeiro de 75 fevereiro de 75 e não há no jornais quem os entreviste vão saindo umas notícias a dar conta de que estão a chegar e há um dia em que portanto já estão a chegar alguns de Angola são sobretudo mulheres e crianças numa situação deplorável e por aquilo que tinham passado e ess vías tinham sido objeto nomeadamente as mulheres e ela vai com o salgado desenha até porque é preciso que que se explique ela foi militante do partido socialista após o 25 de abril e ela vai com o salgado desenha ver aquilo que então se que que é o hoje o Inatel na Costa da Caparica para onde essas pessoas tinham sido levadas e quer ir lá ver Quer ver Quer perguntar-lhes o que é que aconteceu quer olhar para os olhos daquelas mulheres para os olhos daquelas crianças e mostrar quem é eles são e vai com o salgado Zenha que também era uma figura muito em contracorrente dentro do partido socialista e vão porque ela quer ver ela quer quer dar voz e expressão àquelas pessoas portanto isto implica o o não estar porque na altura quem falasse do os retornados naquele naquele momento era alguém que estava feito com eles os jornais falavam de e fazendeiros de chicote na mão e nós olhamos para as fotografias o que vemos são mulheres com uma cara não há homens praticamente e mulheres com uma cara de quem passou pelo pior e portanto há este lado nela que é também depois aquilo que encontramos por exemplo em relação ao à morte do SAC Carneiro tal como tínhamos encontrado em relação à morte do Delgado portanto ela é uma mulher que eh ela ela não desiste de querer saber e depois tem uma qualidade que é muito rara em Portugal estava tinha que não não não estava preocupada com às vezes estava preocupada com o que diziam dela assim por exemplo perceberão isso quem ouvir o podcast e o que é que nicol briner teve a ver com isso mas ela não vai deixar de fazer e dizer o que acha por causa do que do do que da imagem que pode ter que podem ter dela eu acho que as aqui a crónica as bisbo ties eh ela não gostaria do nome se no Diário Popular tinha realmente imensa leitura eh lendo aquilo e conhecendo-se o que era o mundo h de de de de Muito obrigado Senor doutor como está a vossa excelência do respei temho e escrever daquela maneira dizer que acontecia não sei quantas i ia pessimamente vestida por exemplo para uma peça de teatro ou que a ópera tinha sido terrível ou que o não sei quantos estava vestido de uma maneira horrorosa e quer diz há neste lado um um era de facto muito rompedor Porque isto ainda hoje não é não é habitual se nós virmos O que é hoje a crónica social e essas coisas são todos maravilhosos São todos sempre a gente gira estão todos sempre cheios das é muito Instagram não é mas olha e era era porque a Vera aloa eh pensava Exatamente isso ou porque também fazia parte da constr questão da Persona não eu acho que ela nunca precisou de construir nada porque ela era mesmo assim não é ela era mesmo assim e depois há algo que também está muito bem visto neste podcast e que foi algo que eu que eu que é essa fase em que eu eu que eu a conheci mal como é óbvio e mas que é e a fase ela tem uma vida privada muito atribulada ela ela e foi pública eh o portanto ela casa o seu grande amor não é que ele tem garrinha e depois ele deixa e isso é é algo que ela vive com dor com imensa dor não é e depois há uma fase que já corresponde ao seu outro casamento posterior e em que é Em que em que ela coloca a questão da Solidão O que é ela Pergunta a ao filho e à anora se eles sabem o que é a solidão e nesse aspecto H ali uma mulher que também vive com muita intensidade eh por exemplo as datas dos aniversários as questões familiares ela ela é uma mulher não é ela não é indiferente a nada e portanto nesse sentido eu acho que isso o podcast trata com muita delicadeza mas também com a a informação e necessária depois em relação a ela a ela mesma enquanto jornalista eu acho que este podcast também muito importante no sentido em que nós imaginamos que acabada a pronto 25 de Abril não é acabou a censura e não houve mais censura ora isso não é isso não é assim porque no pós-25 de abril nós vamos ter e o não temos censura prévia mas temos uma forma de censura muito difícil que é a censura dos dos processos a censura eh e nota que ela chegou a ser levada a a justiça militar depois passa para justiça civil e e e portanto e ou e e num ainda ali num determinado período Podia mesmo ser suspensa à publicação ou por isso aconteceu-lhe Uhum E depois também não temos não temos muitas vezes a noção do que foi a violência de determinados períodos uma violência enorme uma violência em que se usam as bombas para conseguir calar as pessoas nós imaginamos pois que as bombas são algo que há ali em 75 e depois aquilo acaba se tem e não não é assim e as bombas continuam a ser usadas ela aliás eh podcast dá muito bem conta disso ela é a alvo de várias eh quer dizer diretamente duas e depois outras duas em ações onde ela está manifestações porque é isso também é importante e isso às vezes eu tenho-me interrogado como é que seria agora e estava a ouvir o podcast e e a pensar a questão ela vai vai tornar ela sempre foi uma mulher profundamente patriota ela sempre gostou e fez questão em relação a Portugal e à sua história e portanto como há há um documento da RTP de 1992 que é feito de si e o depoimento da Vera Lagoa sublinha muito o amor pela Liberdade o gosto por Portugal e a luta permanente pela independência do país notei isso S são três traços que ficam enfim muito plasmados em todas as conversas que a Vera Lagoa tinha com Vai sim até porque ela está convencida que H uma série de pessoas T um comportamento ao nível da traição e ela vai depois estar muito associada à celebração de uma data que é a data do primeiro de dezembro isto agora depois já no final e no num numa fase posterior e portanto ela vai ela vai achar que Portugal deve assinalar essa data e vai mesmo estar em algumas manifestações manifestações que chegaram a reunir muitas pessoas e que e que é curioso às quais a a imprensa e a comunicação social não davam destaque isso também nos deve eu acho que este podcast também estes episódios nos conduzem uma questão e que é o o jornalismo tem em muitos países e em Portugal evidentemente uma noção do que é do não do que é a realidade mas do que devia ser a realidade e portanto as notícias são muito frequentemente não sobre aquilo que está a acontecer mas sobre aquilo que os jornalistas acham que devia estar a acontecer apagando ou não dando prática relevância a alguns acontecimentos e sobredimensionado outros não é por fim eu acho que agora que também falamos tanto das questões da cultura woke e do discurso de ódio eh eu acho que valeria a pena ver os livros eh que dois tipos de livros são diferentes uns que ela escreve que eu acho que é espantoso que eu revolucionários que eu conheci Porque ela tinha os conhecido todos todos não é e portanto elas chama a atenção para uma coisa que é particularmente Evidente em muitos em muitas situações de mudança de regime e que é quem mais esteve com o regime anterior quem mais viveu do jeito Zinho do favorzinho da cazinha do empen Zinho no dia seguinte À Revolução vão tornar-se os mais ferozes Defensores da nova situação e os maiores Perseguidores daqueles mesmos a quem eles lambiam literalmente as botas na véspera e portanto este revolucionários que eu conheci alguns vezes que ela gostava mesmo deles não é faz há ali várias coisas a contar e e depois o livro que o Vilena o da gaiola aberta vai fazer sobre ela que é ela ver meteopata na possa não é e uma pessoa ali Pensa bem eh quer dizer quando querem quando hoje se dizem que não se respeita que não não se Então vão ver aquilo que se escreveu eh e portanto eu acho que se aprende muito e há um título que é muito autoexplicativo cambada Sim claro que é o o outro da da da dos revolucionários que eu conheci sim o que aconteceria se editassem um livro chamado a cambada hoje em dia eh recebemos no contracorrente hoje o José Miguel judis advogado foi articulista do diabo conheceu Suponho eu Vera Lagoa Bom dia José Miguel judice Bom dia já não sou advogado mas não tem mal nenhum bem realmente eu conhecia a ver Lagoa Maria Armanda eh em 1976 portanto não a conhecia antes em casa do António Maria Pereira que era um advogado com quem eu tinha estado detido em Caxias sem nenhuma razão tanto eu como ele sem nenhuma acusação sem nada nada nada eh por razões políticas bom dia bom dia José Miguel judice daqui Helena Matos pode precisar quando é que foi para Caxias com Ah foi 28 de setembro de 197 aliás dia 30 de setembro depois da da manifestação com o col eu até discordava mas isso não tem importância nenhuma de 1944 que que era de apoio ao General spino eu era apoiante General spino mas achava que a manifestação era el seja como for eh dois anos depois em talvez em março abril 76 o António Maria pareira convidou-me para jantar dizendo mesmo olha vai lá jantar a Vera Lagoa que lá vai lançar um jornal e e e tu tens tanto gosto de falar de política e não sei que mais vai lá e ela com uma das características mais fundamentais da sua personalidade a Total absoluta e restrita generosidade sem me conhecer sem saber se eu era bom ou se era Malu eh digga al uma forma influenciada por um amigo comum que que disse algumas Maravilhas de mim mas em Portugal toda a gente diz Maravilhas de toda a gente e e também pela pelo caso de alguém que estava af felip não tinha como sobreviver tinha sido demetido sem nenhuma razão do da do seu emprego com professor universitário eh depois foi integrado pel concelho da revolução mas pouco importa ela imediatamente me convidou no escuro para eu começar a colaborar com o diabo Ora bem isto exprime claramente que eue Deva à Maria Armanda Falcão uma parte da minha vida eh porque se não fosse a generosidade dela muito provavelmente nada disso tinha acontecido por outro lado ela era uma pessoa altamente sensível às pessoas que tiveram detidas sem razões e porque ela foi uma das melhores defensoras e apoiante daqueles que eram detidos antes do do 25 de Abril no tempo da ditadura por razões políticas correndo riscos que muitos outros não correram portanto eu acho que o facto de ter estado detido ass sensibilizou também depois Como já foi dito eu estou totalmente de acordo ela era apaixonada até ao final da vida pela Liberdade tinha um lado também de grande capacidade de ser provocadora era uma mulher vaidosa hoje em dia hoje em dia as pessoas talvez não percebam isto a luta pela condição feminina há 60 ou há 70 anos fazia-se com também com a mulher assumindo-se na sua feminilidade tudo muda felizmente muitas coisas no sentido positivo mas ela era uma mulher vaidosa era uma mulher muito corajosa eu tive nessas manifestações do primeiro de dezembro e não era não era sobretudo para ela não é assim portanto é uma mulher que eu guardo uma uma admiração um respeito ela é das poucas pessoas em Portugal Olha o Mário Soares que ontem tive numa deslumbrante apresentação num um livro que infelizmente praticamente ninguém fala a não ser para dizer falar dos recados que o Presidente da República que fez um notabilíssimo discurso eh mandou a ao p Nuno Santos que era mas era periférico nessa comemoração o outro foi Mário Soares os que antes do 25 de abril e depois do do 25 de Abril estiveram sempre sem uma falha do lado da liberdade e ela por isso tinha uma tinha um tinha digamos uma uma uma um direito eh de levar até ao Extremo não é ao extremismo até ao extremo a sua maneira de lutar por aquilo que acreditava uhum e Jé Miguel jul disse e Vera Lagoa terá sido terá sido não foi mesmo e sua diretora porque o Jé Miguel judice escreveu eh no Diabo eh nunca lhe impôs nenhuma condição nunca lhe fez nenhuma correção a um texto não rigorosa nunca aliás tenho tenho essa enorme alegria que Emi lá em quase 50 anos de colaboração com os mídia nunca houve nenhum diretor ou fosse quem fosse que sequer tentasse corrigir umas vírgulas portanto ela não foi diferente de todos os outros seja como for eu fui diretor ela foi minha diretora foi diretora com o Zé V com Deus depois que ela fecharam lhe o jornal ela o com Deus convidou para ser co-diretora do país pois quando ela saiu eu entendi que devia sair com ela porque e não nada comar com Deus quem fiquei ísimo mas porque eu devia à ver Lagoa o estar o estar nesse jornal e por isso quando eu depois fui um dos fundadores do seminário continuei a colaborar sem nenhuma necessidade como é óbvio no no diabo que na altura já era um jornal com muito menos tiragem dentro de umaa ideia de onde ela estava eu estaria sempre Uhum eu eu eu tenho uma dúvida que que é aquilo que recordo dos momentos que estive com ela e que foram três ou quatro vezes e que é quase e o olhar dela sobre quem sendo muito mais novo Ela olhava com uma espécie quase de ternura e de e e e e de perceber e que se calhar havia coisas que nós ainda não sabíamos mas que nos iriam certamente não ela era is tem toda a razão ela era ela era hiper protetora hiper admiradora do dos mais novos eu eu no primeiro episódio que está que eu já ouvi está muito bem a certa altura fala-se de alguém que tinha 30 anos que ela pintou o cabelo e não sei o quê um jovem e eu lembrei-me que ela teria pintado o meu cabelo se fosse necessário Nessa altura e e ela era uma mulher realmente engraçadíssima repar eu eu eu eu pass altura comecei a ter algum prestígio eh excessivo seguramente e e que sempre que havia um jornal novo ou uma coisa Qualquer um novo jornal pediam para eu ir para lá e eu dizia não vou não vou mudar mas mandava um artigo e então ela uma vez disse-me assim ó José Miguel você pá Ainda bem que não é mulher porque senão era prostituta vai com todos era uma mulher com sentido de humor com uma um sentido de provocação as histórias eu não era dos amigos íntimos dela mas tive algumas vezes em casa dela Hum E realmente as histórias que ela contava e e que não publicava ainda eram mais deliciosas do que aquelas que publicava era uma mulher realmente fora de sério é isso leva-me à pergunta que tinha aqui preparada para si José Miguel jud dis é porque quem a Lê e depois quem a ouve diria que estamos perante duas pessoas porque e é muito ácida na escrita é muito direta e muito frontal mas depois é muito doce nas respostas que dá a falar não repar a meia Armanda era uma sedutora aliás eu conheci outra grande sedutora também tive uma boa magnífica relação com ela elas eram amigas eh que era tal e Correia tinham coisas muito parecidas sendo diferentes em muitíssimos aspectos o a Natália cham dizia que eu era o miguelista mais querido que ela tinha porque achava não sei porquê que eu era li miguelista no sentido de Dom Miguel não sei onde que ela foi buscar isso mas pronto era muito engraçado Ora bem e eram mulheres larg and Life e portanto ao mesmo tempo nas suas relações pessoais podiam ser irónicas POD ser às vezes sarcásticas mas gostavam verdadeiramente que as pessoas gostassem delas e quem é que não gosta Como dizia o meu querido amigo Miguel Veiga um grande intelectual e advogado todos nós gostamos que nos façam festinhas eu tenho aqui uma dúvida e que se prende com uma outra questão e que é mesmo sobre a comunicação social quando nó Portugal é um país que faz lindos obituários não é e e portanto hoje é evidente o papel que ela teve Eh agora na verdade enquanto ela foi viva e enquanto eh esteve à frente dos jornais embora nós e é claro e havia tiragens de 100.000 exemplares e mais não é em relação por exemplo ao diabo eh esse todo todo esse apoio Popular eh e todo esse reconhecimento que existia por ela porque ela conseguiu fazer grandes manifestações nomeadamente as primeiras do primeiro de dezembro a verdade é que isso não tinha tradução nem visibilidade no no no na apreciação pelos seus pares e quando se vem por exemplo as notícias sobre Essas manifestações do primeiro de dezembro eh e numa delas aliás mesmo bomba eh um atentado bombista nós na verdade vemos uma uma forma Quase militantemente contra de de de olhar para aquela mulher e para aqueles fenómenos por exemplo para as manifestações do primeo de dezembro Oli s repar o v eu tava a ouvir H bocadinho e a concordar e aliás no seu próprio jornal isso acontece eh Há uma tendência de muitos jornalistas para tomar em posição a não serem capazes de falar dos Factos Sem pôr emem posições que são as deles e teriam todo o direito de exercê-los n outro contexto seja como for é pura verdade o que está a dizer e no caso da Maria Armanda ainda pior por duas razões primeira razão é porque para aqueles que até podiam ser completamente e muitos eram santo Deus totalmente eh incapazes de cederem à ditadura e não cederam mas que depois tornaram muito radicais a Maria Armanda era vista como uma espécie de traidora ela devia ter continuado com eles apesar do que eles passaram a fazer quando se apanharam com o pau na mão e por outro lado ela sabia muito mais do que se pensa sobre muita gente eu nunca me esqueço foi das coisas da minha vida que me marcou eu est em Madrid e vilado e uma pessoa que eu conheci lá foi o Pedro feitor Pinto uhum o Pedro feitor pinto que que que foi uma personagem fantástica que merecia ser estudada em muitos aspectos o pitor Punto disse-me só só aqui um parentes foi secretário penso que o termo era secretário de Marcelo queito não ele foi secretário da informação trabalhava no cí foi hem ele estava ele estava no no estava no no Carmo no 2 de Abril foi um dos homens que negoci Ora bem ele disse-me foi diretor foi diretor do sait não é exatamente tivemos a almoçar tomá café tomávamos vez em quando e ele contou-me isto eu tenho uma lista que vai morrer comigo de todos os jornalistas que eram pagos P sen Uhum e ele disse se eu algum dia revelasse essa lista seria um uma bomba nuclear e realmente pois el levou para levou para o caixão esta lista com uma dignidade e uma qualidade humana única porque é muito fácil à posteriori criticar aqueles que pelas mais variadas razões fizeram coisas que não eram aceitáveis algum tempo depois é das coisas eu admiro muito o PED feitor pin e digo isto com uma enorme homenagem que estou a fazer mas provavelmente havia muita gente n a má consciência é aquilo que estão a dizer os tipos que adormeceram integrados mais ou menos no regime e acordaram foses revolucion e isso ela sabia até porque ela nunca tinha sido Paga pelo s e exato e ela também sabia de alguns que embora da Oposição não tinham tido um décimo da Coragem um centésimo da coragem que ela teve tinha ter claro que havia também ali a sua relação com com com José Manuel fing garrinha tudo isso se pode chamar da colação mas ela era uma mulher ela era uma mulher de uma generosidade perante os oprimidos uma generosidade perante os que estavam a sofrer uma generosidade perante aqueles estavam a pagar o preço de car a liberdade que ia para além de tudo o resto e foi sempre coerente nisso uhum e e é é a propósito dessa questão eh Uma das coisas que hoje assombra e hoje e não só é a falta de solidariedade dos dos sindicatos dos Jornalistas das associações tudo isso em relação à perseguição de que ela foi objeto não é ela teve de facto ela venceu na justiça contou com com testemunhas Poderosas a e pessoas que nomeadamente Maria Barroso não é que foram ao tribunal a defendê-la Mas e o O Silêncio do jornalismo português e Internacional Face às perseguições de que ela era alvo aliás eu penso que num dos processos do que lhe move o presidente o então Presidente Costa Gomes ela ainda chegou a estar em alçada militar não é eh quer dizer há um silêncio muito grande eu fui advogado do do do Augusto S que foi outro sim que que est mais ou menos esquecido e e e e e também e também que era o advogado habitualmente da Maria Armanda era o Daniel prina de Carvalho ex eh que era uma pessoa que sou sobre ela pode dizer coisas magníficas diz e diz no podcast diz muitas coisas e conta conta alguns desses julgamentos exatamente mas quando ele foi a certa altura foi para Ministro já não sei para quê teve deixado ser advogado e eu sucedi e e de facto os processos da Maria armand e os processos do August Cid eram acontecimentos e eu estou-me a lembrar no caso do Augusto Cid a certa altura quando a a Natália Correia porque havia um livro do Ianes que eu tenho muito respeito mas tinha ficado supostamente muito muito ofendido e e veio um processo por isso por ter dito que ele tinha tido um filho molato sugerido que um filho molato que era o espírito Bal porque el eu foi uma coisa muito importante que ele fez Aliás a primeira vez juntaram os presidentes dos Países de Língua Portuguesa foi em missão e ele dis aqui nasceu o espírito Deão e então o com muito com muito humor ácido invent inventou um personagem que era um m e e quando eu estava a interrogar a natá no tribunal só juntei intelectuais humoristas para serem testemunhas e transformei o julgamento numa farça que era a melhor forma de defender aquilo e a certa altura perguntei Nat corre sen Correia diga-me uma coisa se for dito que um garb oficial do exército português foi para a África com Os Lusíadas numa mão que era o que tinha acontecido e para para tentar defender uma ideia de portugalidade e tomado por esse espírito de pluralismo teve uma paixão por uma uma mulher negra e teve uma criança acha que dizer isso que não aconteceu mas que dizer isso era injurioso e dizia a Natálio corre injurioso senhor doutor é elogioso elogioso ria ao juiz ria ao procurador ria aos advogados di portanto eh digamos a liberdade também se exerce assim percebe e eu digo com toda a franqueza que e ela tinha muita coragem antes do 25 de abril e teve Depois sabe uma das coisas que eu mais orgulho tenho foi ter feito também isso ninguém fala fiz a seguir ao quando fui barcaro da dos Advogados fiz uma homenagem em peniche aos advogados que antes e depois do 25 de Abril defenderam paraesses polí polos o Presidente da República Jorge sampai que eu admirava imenso foi foi inaugurar e ficou o dia todo a assistir Foi um momento em que todos por razões as mais variadas mas todos tinham estado do lado bom da história todos estavam tiveram a defender com grandes riscos pros políticos e digo-lhe com franqueza a Maria Armanda defendeu-se não sendo advogado J Miguel judice agradeço-lhe imenso o seu depoimento aqui em direto no cont que agradeço agradeço muito esta oportunidade que me diseram que me deram de poder eh homenagear uma das mulheres que eu mais admiro muito obrigado estamos a falar de Vera Lagoa ela é protagonista do novo podcast Plus do Observador vamos continuar a falar dela na segunda parte do contracorrente até já o novo acordo de concertação social já está assinado mais uma vez com a cgtp de fora ainda assim depois da assinatura os parceiros sociais deixaram críticas ao documento a Confederação do Turismo diz que este foi um dos acordos mais difíceis de poder aceitar a cip afirma que tendo em conta o contexto de instabilidade política entendeu ser imperioso ser parte dos consensos e não das divisões eh apesar do acordo nos salários ir mais longe a ugt eh diz que vai ficar atenta e Vigilância e vigilante para fazer valer os compromissos a Confederação do Comércio também diz que o acordo devia ser mais ambicioso no final da assinatura da concertação social Luís Marques Luís Montenegro deixa um recado só quando há boa fé e sentido de responsabilidade é que os processos negociais podem ter sucesso são declarações que vamos ouvir no jornal lá ao meio-dia o presidente da Comissão de acompanhamento do prr Alerta que um cenário de Du décimos em caso de chumo do orçamento pode dificultar a aplicação dos Fundos europeus Pedro Dominguinhos perde por isso estabilidade e previsibilidade defende que ter um orçamento do Estado aprovado é crucial para manter os investimentos já em curso e acelerar os próximos foi esta manhã a entrevista à rádio observador que o presidente da Comissão de acompanhamento do prr avisou também que um cenário de do démos não é positivo o Líbano pede ajuda urgente à ONU na sequência dos ataques de Israel o governo de Libanês fala de uma guerra devastadora Alerta que 1 milhão de pessoas ficou deslocada Israel confirma que deu início à incursão terrestre no Líbano diz também que atacou vários alvos do hezbolá em Beirute é perante este novo cenário geopolítico que Marco ruta Toma Posse como o novo secretário-geral da Nato a cerimónia decorreu esta manhã o novo responsável da Aliança Atlântica define como prioridade o reforço do investimento da Nato o antigo primeiro-ministro dos Países Baixos diz que é importante garantir que a aliança Atlântica continua forte Marco ruta promete também aproximar ainda mais a Ucrânia da organisação durante o mandato que agora começa Carla Jorge Carvalho e a síntese das 11 da manhã rádi observador 88.7 está no ar a segunda parte do contracorrente hoje dedicado a Vera Lagoa quem é Vera Lagoa a grande provocadora ela é a figura central do novo podcast Plus do Observador José Manuel Fernandes conheceste Vera lagoa não infelizmente não conheci infelizmente não conheci ver Lagoa e e devo dizer que durante muito tempo eh alimentei PR conceitos Como assim os preconceitos que eram típicos nas redações eu entrei para as redações na altura em que a v Alagoa estava eh enfim era vista como sendo uma um um animal raro mas deixa-me dizer já agora uma coisa que é assim eu eu ontem eh para preparar este programa ouvi Hum de enfiada todos os cinco podcasts eh não gosto de fazer elios em causa própria Mas gostei imenso quem o quiser fazer torne-se assinante que vale a pena vale a pena ouvi-los todos de enfiada ganha com isso ganha com isso passa aqui um boquinho a publicidade e mas dito isto ainda Vera Lagoa uma das coisas que se percebe muito bem ouvindo é algo que a mim me ainda hoje me faz muita muita espécie que é perceber até que ponto ela é um símbolo de algo que em Portugal continua a ser mais raro do que devia ser primeiro é ela nunca foi do país do respei Portanto o país do respei inho é algo que ainda se mantém com uma força em Portugal muitíssimo forte portanto ela começou a desafiar esse país do respei Dinho ainda no tempo de de Salazar Claro depois Marcel citano e muitas outras ocasiões e continua a desafiar o país do respei tenho a a seguir quando e escreveu aquilo sobre alguns revolucionários e escreveu outras coisas e convocou manifestações E por aí adiante e por outro lado eh quando nós falamos de pessoas corajosas Eu costumo dizer quando se fala ah fulando ou cican é corajoso porque exprimiu esta ou aquela opinião eu costumo responder não estou a ver porquê Porque nós vivemos numa democracia onde há liberdade de expressão eh mas ela era realmente corajosa porque ela viveu numa ditadura onde não havia liberdade de expressão e viveu depois numa democracia incompleta onde ela muitas vezes desafiou um ambiente que limitava a liberdade de expressão e claríssima e ela foi alvo de não uma não duas mas quatro bombas felizmente Só houve morto eh nessas nesses quatro eh quatro atentados e tudo que ocorreu na sua vida é é e extraordinário agora eu ontem resolvi fazer uma busca simples que era mulheres notáveis do século XX português por isto no Google ou mulheres corajosas do século XX português a gente põe isto no Google e não aparece nada não aparece nada quer dizer aparecem muitas coisas não é mas nunca está lá Vera Lagoa a única vez que que Vera Lagoa a únicas vezes que Vera Lagoa aparece é se pusermos o nome dela e então aparecem dois basicamente enfim aqui está aqui aa Celes connosco seguramente encontrou muito mais coisas mas aquelas que apes que é autora do do do podcast eh mas aparece o livro Uma biografia que saiu muito muito recentemente tem do anos portanto Aliás a autora colabora com com com o Maria João Câmara Maria João Câmara e aparece uma série que passou na RTP sobre três mulheres portuguesas ela Natália Correia e senou caas que são de facto mulheres raras em eh eu diria foram mulheres raras na no tempo em que viveram portanto elas passaram de um regime para outro que era portanto e Natália Correia e e Vera Lagoa elas chegaram a viver juntas quer dizer viver juntas na mesma casa portanto no mesmo no mesmo espaço eh e eram ambas muito bonitas portanto a sen cacis também era muito bonita todos sabemos até que ponto as vidas destas mulheres em em momentos muito diferentes desafiaram Convenções desafiaram o respei Dinho e desafiaram o respei tenho antes e depois do 25 de abril e isto é algo que eu dou imenso valor imenso valor portanto eh quando nós por exemplo vemos inclusivamente a ver na na na no site da Assembleia mulheres que marcaram a política Portuguesa e por aí diante e e e de facto olhamos para aquil e encontrando é muito difícil encontrar perfis de outras mulheres que tenham tido um papel de alguma forma tão disruptivo o que diz diz muito sobre o país que somos e o país que ainda somos eu vou falar eu vou só citar três ou quatro casos que acho que apesar de tudo h t algum significado e todas elas ou quase todas elas por exemplo tiveram tiveram uma vida de relacionamentos que saiu da Norma em Portugal isso para as mulheres era foi quase sempre um crime e ainda hoje ainda hoje é é é é visto com com com assim de relance assim com desconfiança portanto quase todas elas tiveram vidas conturbadas e são politicamente vários locais como verão e uma que também se cruzou com com V lagoa no tempo antes 2005 de abil e Maria Lamas também teve mais que um casamento também foi jornalista também desafiou muitas e muitas convenções e digamos que E os sobressaltos políticos provavelmente foram menores mas depois temos uma outra que curiosamente também passou pela redação do diabo Mas passou pela redação do diabo nos anos 30 uhum chama-se canda Aventura Cand Aventura foi eh é uma pessoa que hoje em dia a quem damos muito pouca quase ninguém conhece Cand Aventura foi uma das primeiras mulheres a ter a ter um papel importante como dirigente do Partido Comunista português e foi uma das primeiras grandes decident do Partido Comunista português portanto a seguir a seguir ao 25 de Abril eh e de facto eh não sei se não tinha certeza absoluta eu Grande Aventura eu conheci pessoalmente eh não tinha certeza absoluta se ela conheceu a óra cunhal na redação do diabo e Mas lembro uma coisa mas há uma coisa que eu me recordo e que seguramente F lagoa não copiou a relação do diabo que ficava ali no perto nas nas bordas do Bairro Alto eh São Pedro de Alcântara sve o erro tinha as paredes completamente pintadas de vermelho era um dos quer dizer em Portugal existia censura havia havia não havia liberdade de imprensa mas havia publicações que sempre andavam ali a pisar o risco o diabo era uma dessas dessas publicações o diabo desse tempo ligada totalmente ligada ao partido comunista Como disse alvar cunhal escreveu lá e Julgo que há textos do alvar cunhal no Diabo portanto textos legais a defender a o pacto germano-soviético eh não tou Julgo que não não tá enganado sobre isto ele escreveu defendeu o pacto germano-soviético no Diabo sobre literatura há de certeza sobre não sobre literatura Há porque era uma revista assim com um lado um lado cultural portanto Grand dud também é alguém que sae da Norma que em muitos aspectos e também tem em muitos momentos muita coragem há outra mulher muito interessante que eu gostaria também de destacar até pelo enfim essa hoje é mais reconhecida é para parece essa aparece em todas as listas que a Beatriz Angelo Beatris ángelo foi é muito curioso que ela era era uma mulher republicana portanto dá uma forma ligada à Revolução do 5 de outubro que consegue ser Eleita quer dizer consegue votar votar consegue votar portanto numa altura em que as mulheres não tinham direito ao voto explorando uma fragilidade da uma fragilidade da lei que é a fragilidade de os chefes a lei permia previa podiam votar os chefes de família que soubessem ler e escrever eh e ela eh era viúva portanto era chefe de família e era médica portanto sabia ler e escrever e votou e logo a seguir a lei é alterada e tem que ser chefe de família homens mas já é alterada pela república e ela era republicana portanto eh hoje em dia há um hospital com o nome dela uhum muito merecidamente olhando para as figuras políticas eu eu aqui procurei duas figuras com percursos inversos quase opostos mas que eu acho que em vários momentos mostraram também coragem figuras políticas pós 25 de Abril portanto e Zita se abri Lena Roseta também têm percursos que e Ambas estão ativas ainda continuam aí no espaço público eh escreveram sobre aquilo que lhes aconteceu ocuparam cargos políticos diferentes umas vezes com mais sucesso outras vezes com menos sucesso mas é muito raro encontrarmos histórias destas eh mesmo quer dizer eu estou a falar aqui de mulheres mas mesm para homens não é muito frequente e Quero porfim falar de uma outra mulher ainda que também ela eu creio que tem uma portanto é completamente diferente é também muito bonita era das minhas podia-se dizer na altura enfim tem uma idade completamente diferente tamb ver Lagoa mas no tempo dela também era aquelas que fazia parar as a o trito o trânsito eh e que continua enfim hoje menos infelizmente a desafiar Convenções falto Maria filim Mónica que fez algo que em Portugal é é é um tabu foi escrever umas memórias em conta tudo e é uma coisa que é habitual noutros países mas que em Portugal é considerado Tabu não se pode a há conveniências das quais não se pode não se não podem ser violadas e eu creio que de uma forma ou o só de uma forma ou outra se olharmos para estas diferentes histórias partindo eh de Vera Lagoa e daquilo que o há em Vera Lagoa de facto aspetos nesta neste podcast que são eh Há umas respostas que ela dá uma coisa que eu acho absolutamente quer dizer muito representativo que estamos a falar de uma mulher que casou duas vezes com homens que eram um 14 anos mais novo e outro 16 anos mais novo não tou a enganar portanto e pelo menos um era claramente um homem muito bonito para aquilo que enfim não sou tem garrinha não sou não não José Manuel tem guerrinha o outro não conheço não tenho o outro não faço ideia portanto não conheço e e isto há poucas coisas menos convencionais que isto portanto Primeiro ela era divorciada eu devo dizer que os 25 de Abril B divorciada quer dizer bid divorciada bid divorciada mas estou a falar do primeiro B divorciada e eu devo dizer que antes do 25 de Abril todas as relações da minha família e eram muitas os meus pais tinham muitos amigos viviam em meio havia um casal e que tinha sido que se tinha divorciado portanto tudo o resto era casado pela igreja portanto tinha seguia a norma não se ninguém podia dissolver o casamento podia haver uns casos de separação mas nada nada nada mais do que isso e portanto era era agora ela a fazer isto sucessivamente é algo e muito muito muito particular e também muito revelador que é um modo de estar um modo de de de de de viver a eu acho Por fim que outra coisa que também resulta muito claro e eu estava a ouvir o já os últimos não sei se o quarto se o quinto número do podcast onde se contam e episódios mais recentes episódios pós 25 de abelo os episódios que já aqui foram recordados pelo Jé Miguel judis por exemplo das manifestações do primeiro de dezembro eu desafio quem quiser quem qualquer pessoa a ir à emeroteca a uma hemeroteca e procurar as notícias que na altura Foram publicadas pela imprensa sobre manifestações que tinham dezenas de milhares de pessoas ex desafio a fazerem isso desafio não não não não eh só vão encontrar preconceito e desvalorização do que eh do que aquilo foi eh e eu estava a ouvir aquilo e a pensar que até que ponto ainda hoje eh quer dizer fala-se muitas vezes que os jornalistas também vivem numa bolha e por isso é que por exemplo não perceberam que o trump ia ganhar as eleições em 2016 estou a falar da América mas e até que ponto é que essa tendência para viver em bolha se mantém só que hoje eh e há quem rompe essas bolhas criando outras bolhas nós sabemos já falamos disso muitas vezes não vamos entrar por aí mas eh neste caso naquele caso concreto eh eu estava a ouvir aquilo eu vi eu eu tinha tenha idade para me Recordar daquelas manifestações e para ser franco Não tenho não tinha memória nenhuma O que é um sinal e era já era jornalista o que também é um sinal não só da falta da falta de direção que eu dei na altura à aquilo como da ausência por exemplo aquela fala-se de umaa manção do porto de que eu não tinha ideia nenhuma absolutamente nenhuma eh e Portanto acho que isso é algo que este este podcast também nos devia e levar a a refletir eu espero não me ter esquecido de nenhuma mulher assim muito relevante e muito fora de muito fora da caixa como mém está na moda a dizer mas e nós pensando bem não são só mulheres fora quer dizer Mulheres Que correram riscos mulheres que foram que lutaram politicamente e correram riscos e correram riscos Emas alturas tivemos várias eh mulheres que tenham tido Independência de espírito para e dizerem tantas vezes não e e assumirem não apenas riscos políticos mas riscos profissionais riscos de vida riscos de relacionamento tudo eh São muito poucas e e nós nós Olha acho que ainda somos de facto muito um país de de conveniências de conveniência é pá isso não é conveniente isso não não não não vais por aí quer dizer vai vai parecer mal os silêncios os silêncios estratégicos os silêncios não dig nada e pá tá bem deixa de estar Deixa de estar e eu acho que eh e a ver Lagoa Teve teve a grande vantagem de e como se perce hoje são logo o episódio com que abre este podcast que se passa no São Carlos tão tão revelador Temos mesmo de ir ouvir Ana ses jornalista do Observador foi a autora da Série A grande provocadora Ana bem-vinda Obrigada Olha antes de mais deixa-me perguntar-te escrevendo tu sobre economia és Editora a de junta de Economia aqui no observador enfim não diria que fosses fazer um podcast uma série de Podcast sobre Vera Lagoa porque o interesse por esta Senhora do século XX português bem felizmente o Miguel Pinheiro não pensou e da mesma forma porque Pois me colocou-me o desafio e que eu agradeço porque foi realmente eu escreve sobre economia gosto muito e mas foi refrescante ir fazendo aqui umas pausas para descobrir esta a história hã espero tê-la contado da melhor maneira eu quando me perguntaram pelo menos sabes quem era a ver Lagoa eu tinha 7 8 anos quando a ver Lagoa morreu sabia que tinha sido diretora do diabo H até porque aprendemos isso o nome há de ter sido referido quando Estudava na faculdade Mesmo durante lembro-me do nome dela ser referido por causa do processo camarado por exemplo eh mas tudo o resto eh foi foi uma descoberta e até pegava aqui em dois ou três exemplos que o José Manuel referiu por exemplo da da Maria Lamas eh elas eram amigas h a Vera aloa considerava uma amiga e e uma uma dessas uma das facetas da Vera aloa foi a recuperação dos concursos de Miss a miss Portugal H E ela diz que teve dúvidas eh quando eh quando foi recuperar esses concursos porque havia um preconceito eh em torno em torno das misses que era redutor para as mul mulheres e foi precisamente a Maria Lamas com Maria Lamas que aav lagoa falou eh e perguntou-lhe achas que eu que eu devo fazer isto e Maria Lamas disse-lhe algo do género se achas que podes fazer alguma coisa por estas raparigas então sim vai em frente e ela foi em frente com este com este exemplo de uma mulher que era reconhecidamente uma uma feminista outro outra história que e pegando na na na questão dos casamentos o casamento que menos se fala por ter sido menos relevante Lagoa foi o primeiro ela casou-se por volta dos 20 anos ela casou aos 20 aos 40 e aos 60 esse casamento h quando ela tem 20 anos Isto foi nos anos 30 ela esteve cerca de 1 ano casada teve um filho desse primeiro marido e nos anos 30 ela divorcia e fica amissíssima desse primeiro marido para o resto da vida foi uma separação amigável eh nunca houve drama nunca houve eh nada eram amigos ela era amiga a ficou amiga da segunda mulher desse marido oferecia-se a que conviveram com ela e que teriam histórias para contar hum foi houve uma pessoa se se devia dizer isto aqui mas vou dizer com quem eu queria falar e que não quis falar connosco não não teve disponibilidade H que foi a pessoa que a trouxe para os jornais que foi Francisco Pinto balsemão EA deixa-me dizer uma coisa que é assim eh sim uma das coisas muito interessantes na tu naquele podcast é como como tu Como se conta o Episódio de primeiro encontro dela com Francisco balsemão Mas se me perguntassem ele vai falar eu diria não ele não vai falar e não vai falar por causa do caso de camarate e por causa de durante quer dizer é é reparos estamos a falar da pessoa que provavelmente em termos de figura pública é aquela queem ver Lagoa pode deve mais de certeza absoluta mas na altura em que se publicava na capa do diabo eh cartoons do Augusto sido sobre o caso de camarate Francisco pino pulmão aparecia sempre com o rosto sem rosto não é com aquele cabelinho que todos todos conhecemos eu também tenho um cabelinho estranho portanto com aquele cabelinho que todos conhecemos mas depois sem rosto porque era assim que o Augusto Sid O retratava que era cruel era uma caricatura cruel e portanto eu creio que o que também é regulador portanto ela não achou que tivesse a conveniência de poupar alguém em queem no fundo devia alguma coisa sim e h essa terá sido certamente uma das razões e e e há uma eh um um dos documentos históricos eh que nos Serviu de muito neste podcast e foi uma excelente base foi uma entrevista que ela dá a RTP ao Carlos cruz eh e na qual diz que Francisco Pinto palão foi a pessoa que mais a censurou h Porque durante na altura das crónicas do do Diário Popular ASB dises há muita coisa que saiu eh e que que nós lemos aquilo e eu pelo menos Li e pensei mas como é que isto não passou pela censura mas também terão havido muitas crónicas que foram que foram ao lápis azul H mas pronto gostava de ter tido Esse testemunho não tivemos mas tivemos outros e todas as pessoas temos aqui já o Dr judice a falar que foi super disponível também Dr prença de Carvalho h a família que ainda está viva toda a gente até mostrou muito gosto em falar sobre ela porque toda a gente guardava as melhores memórias dela e eu já disse isto aqui hoje de manhã Hum porque as pessoas conhecem ficaram a conhecer aquele lado duro dela mas quem a conheceu guarda a memória da daquela pessoa mais Eh mais doce mais simples até acho que ela em em Família para os amigos era uma pessoa muito simples eh e e portanto não foi nada difícil conseguir essas estes esses testemunhos o o que o que é que te mais surpreendeu Ana h sobre esta mulher que tu pouco ou Nada sabias sim muita coisa eu confesso que me surpreendeu muito a vida dela pré Vera aloa os 50 anos em que ela foi Maria Armanda Falcão uhum H por exemplo há uma fotografia extraordinária dela h eu não sei se nós podemos dizer não não há elementos que o permitam que ela foi a primeira mulher em Portugal a usar um biquíni mas terá sido certamente das primeiras o biquíni foi inventado Agora posso estar enganada Mas eu creio que foi em 1946 e há uma fotografia dela eu creio de 4849 na rábida com com um biquíni Hum e há uma história e é um por menorzinho mas há uma história que ela conta ela foi Obrigada deixa dizer uma coisa engan deixa deixa só deixa só confirmar 46 pena é uma pena ao podcast não ter imagens É verdade porque essa imagem é fabulosa a fotografia é é Lindíssima e e depois havia pequenos pequenos pormenores e ela foi Obrigada desde muito cedo a sustentar a família ela aos 16 anos teve que ir trabalhar porque o pai eh foi admitido do exército não tinha rendimentos a mãe não trabalhava ela arranjou o emprego como secretária e há um episódio que ela conta e que a orgulhava muito que foi aos 20 anos comprou sozinha a primeira árvore de Natal da família na praça da Figueira pegou na árvore meteu às costas e subiu à Avenida da Liberdade com a árvore à costas para uma miúda de 20 anos eh nos anos 30 eu imagino que fosse uma conquista gigantesca e demonstra também algum altruísmo não é pensar na família Miguel Pinheiro diretor executivo do Observador Miguel bom dia bom dia tu começaste a tua carreira jornalística no Diabo em 1996 precisamente o ano em que faleceu Vera aloa ainda te cruzaste com Maria Alanda Maria Armanda Falcão cruzei de facto já foi só por alguns por alguns e meses mas e eu era um miúdo não é eh não não tinha não não tinha os S anos da da Ana mas tinha não sei 19 20 talvez eh não fazia a menor ideia do que é que do que é que o que é que andava a fazer ali não é eh e ver lagoa era eh um uma presença não é e quer dizer ela quando ela entrava numa sala eh notava-se sim não havia aqui equívocos nenhuns mas era uma pessoa que se impunha e com a sua voz com o seu discurso ou era ou era ou era a figura não não tudo tudo T tudo tudo sim eu eu el enfim aquilo a redação ficava num eh aquil era um apartamento não é num prédio ali na na ao pé da adita da da Liberdade numa numa perpendicular da Avenida da Liberdade agora não me estou a lembrar do exatamente do nome da rua mas eh e quando quando tu entravas na redação o o gabinete da Veira aloa e do cordão Esteves pinto que era que era o marido dela também trabalhava no jornal ficava ficava para a direita a redação ia ali para para para para o lado esquerdo e e e ela não estava na ela não estava na na redação como é evidente não é e estava na redação o Nuno rogeiro que na altura era não sei se e talvez diretor adjunto penso eu na altura eh e portanto ela eu lembro que o a primeira o primeiro artigo que eu escrevi foi sobre uma exposição de dinossauros no Jardim Zoológico temos temos de ir resgatar isso a hemeroteca e e e ela eh depois foi à redação para saber quem é que tinha escrito o artigo nós não era aquilo era mínimo não é não sei quantas pessoas é que eh trabalhavam lá mas ali na redação estariam não sei se 10 uma coisa Qualquer assim não é já tudo já tudo somado não é acho eu já tudo somado jornalistas direção comerciais etc sim foto jornalistas chefe redação enfim pronto e e claro estamos a falar de um mundo onde não havia Eh claro não havia telemóveis não havia internet eu lembro que uma vez para tentar confirmar uma informação que estava num livro eu tive que atravessar aa da liberdade e ir à bols e para para ver o livro né para ter a certeza de que aquilo estava tudo estava tudo certo e portanto ela ela eh estava fazia questão de estar presente não é se havia ali um um alguém novo que estava chegar à redação ela fazia questão de depois de ser publicado o primeiro texto mesmo sendo sobre uma exposição de dinossauros no Jardim Zoológico dinossauros atenção não é assim tão antigo Quanto isso dinossauros falsos não é isto não é no tempo em que havia mesmo mesmo dinossaur pessoas também não se e depois claro havia sempre havia sempre esta esta provocação eh eu eu lembro-me que me mandaram a fazer reportagem houve assim três reportagens que eu imagino também fosse para para ver e o que é que me acontecia não é e estamos a falar do diabo não é Ou seja estamos a falar de um jornal que eh em relação ao qual há como dizia o Zé Manuel muitos muito preconceito não é e principalmente à à à esquerda era um jornal com muitas coisas eh ótimas eh na altura mas muito preconceito e por isso enfim quando mandaram por exemplo fazer uma reportagem tinha eu acabado de chegar à festa do Avante então imaginar Um Jornalista do diabo a apresentar-se na festa do Avante correu tudo muito bem não é Ou a fazer o desfile eh da da Liberdade do 25 de Abril eh quer dizer que completamente à esquerda não é Ou a ir ao lançamento do semanário já que vem um semanário do Miguel portas não pronto lembro que mandaram fazer o lançamento do jornal e fazer uma entrevista a ao Miguel portas com com umas perguntas um bocado provocadoras não é Pronto voltei voltei sempre muito bem mas e mas tinha havia sempre esta dimensão de provocação não é um bocadinho no sentido de a a eles acham isto de nós a eles acham que nós não vamos aos sítios não é a frase que está a passar no trailer de medo em que Vera Lagoa diz medo Ah isso é a primeira coisa para eu ir para pra rua com com pedras na mão se for preciso portanto a Vera Lagoa alimentava isso sim alimentava isso como como se diz na gíria p picava picava o touro picava ação achava que o jornal tinha que estar nos sítios não é o jornal não não se podia acantonar e absorvendo o o preconceito que havia em relação a ele nãoé não não não não podia interiorizar que era um jornal eh menor só porque fazia tinha inimigos não é obviamente eraa um jornal com meios eh limitados não é mas eu lembro-me que uma vez me chamaram eu obviamente eu não fazia a menor ideia de como tratar aquilo chamaram porque havia alguém que queria fazer uma denúncia e eu agora olhando para trás durante muitos anos eh eu olhei para aquele Episódio desvalorizando hoje em dia não porque era contra alguém não não vou dizer o o o nome mas era contra uma pessoa muito poderosa na altura e que depois passado umas décadas teve uma queda a paratosa e e era uma denúncia que que ninguém estava a pegar não é Ah eu eu eu nem sequer tinha capacidade na altura para pegar numa coisa daquelas não é mas eh tinha acabado de chegar não é Estava Ali há um mês ou dois nãoé não não fazia a menor ideia não tinha a menor capacidade para para para fazer uma história daquelas mas no jornal havia a vontade de pegar naquilo E era uma história muito muito incómoda e como se veio a ver ao fim de umas décadas foi ainda foi preciso há algum tempo eh de facto era uma história que sear devia devia ter sido feita portanto não havia respei Dinho não não havia respei inho uhum muito bem olha Eh vamos todos ouvir o ouvinte Carlos Pereira que tem 96 anos liga-nos de Santo Tirso é reformado e eh Diz à produção da Rádio obs ador que tem uma história com Vera Lagoa para contar Bom dia Carlos Pereira Que história é essa Carlos Pereira Bom dia bom parece que não temos em linha o ouvinte Carlos Pereira que ligou para o contracorrente porque aparentemente tinha uma história para partilhar com nosco sobre Vera Lagoa Vamos tentar resolver este problema com a chamada telefónica Miguel e Vera lagoa era uma pessoa muito combativa e onde é que Vera Lagoa ou sobre o que é que ver Alagoa estaria a escrever hoje e obviamente qualquer coisa que fosse contra e contra o poder que que existe não é ela ela realmente era uma uma uma desmancha Prazeres e e e e tinha um bocadinho aquele slogan anarquista do H governo sou contra e e e e ela de facto é a personificação e disso eh eh ela foi contra eh foi contra o o poder no estado novo foi contra o poder no processo revolucionário foi e e mesmo há uma história que que que aa sanle conta eh no final do podcast um dos últimos atos eh políticos dela foi inscrever-se eh no PSD uhum quando o PSD deixou de estar no poder portanto foi quando Foi quando eh foi quando Foi depois do do do período de de Cavaco Silva portanto quando quando quando quando o PSD e e e atravessar uma longa um longo período de de eh de oposição e e realmente em Portugal se ser contra o poder eh tem um preço não com com uma com um agravamento que é no caso das mulheres é suposto que as mulheres participem Mas a partir do momento em que a sua opinião não se inscreve ou a sua postura não se inscreve naquilo que está eh definido como o que deve ser e até podemos ter o o o recado do como é que deve ser para as pessoas pessas que estão na oposição eu tenho uma relação muito forte de amizade e até se pode dizer amor quase com com uma mulher da da área da esquerda já com alguma idade e uma das coisas que acontece acompanhei uma vez a uma homenagem era que o o Quem estava a homenagear transformava a vida dela naquilo que nunca tinha sido porque ela de facto era e é uma mulher de Paixões de amores de desamores não era uma uma esposa de ada em casa e a verdade é que era isso em que ela era transformada naquela homenagem Ela olhava para mim estarrecida e isso acontece muito foi aqui referido o nome da da da Maria Lamas por exemplo um dos problemas com a Maria Lamas é que e isso felizmente não aconteceu à ver Alagoa que é a a normalização da senhora não é e portanto a Maria Lamas é uma mulher que mantém uma relação com Ferreira de Castro que é uma coisa que que nem sempre a família aceitou e uma das coisas que acontece é quase que o pagamento desse lado no caso das mulheres de oposição elas são sempre esposa à mãe devotada antifascista mas que está ali eh dentro da Norma porque oposição ao estado novo é muito puritana muito puritana e e portanto e depois temos muito este lado de se as mulheres têm uma têm uma tomam posições públicas que não estão dentro daquilo que está enquadrado então imediatamente E no caso de ver alor Sera difícil de dizer ou porque são feias não é eh mas depois porque envelhecem é cruel Vejam a capa do livro que velena faz sobre ela ehh é um bocado eh Começam a surgir imediatamente as histórias não é no caso dela porque tinha sido traída pelo tem garrinha e portanto há depois ali uma hormonização é explica-se através das hormonas porque é que elas são excêntricas porque é que não estão eh eh eh dentro daquele enquadramento e muitas vezes com com expressões particularmente obscenas com com as pressões mesmo obscenas e portanto Há ali um lado terrível nesse aspecto portanto não se aceita muitas vezes é muito difícil as as mulheres terem que haja delas uma memória que seja de facto real Porque existe sobretudo do lado dos descendentes muitas vezes uma necessidade de normalização daquilo que foi a vida daquela antepassada mesmo mesmo e também e às vezes sobretudo quando elas se destacaram por ter vidas que não correspondiam em nada à àquilo que eles aspiravam que tivesse sido e portanto há ali umas omissões ela felizmente não tem isso não não não não há esse essa essa o oisa daquilo que é a a sua personalidade muito bem agora sim estamos em condições de ouvir o Carlos Pereira Bom dia Carlos bom dia bom dia ligou noos porque tem uma história com Vera Lagoa para partilhar Que história é essa a História Quase insignificante será aí o sexto Episódio da grande provocadora eu vou eu vou tentar ouvira mas um caso que aconteceu aqui na inauguração de uma casa eh Industrial importante da terra e também estava lá também estava lá e veio foi convidada Lagoa e a Maria Leonor e porque a Maria Leonor era realmente uma pessoa muito conhecida porque já falava na televisão todos os dias e tal o proprietário da casa sempre andava de volta da Maria Leonora a contar coisas a mostrar isto e a mostrar aquilo e a fazer acontecer E eu então tive há dele e disse Ora bem temho que fazer também umas cgas à ver Lagoa porque senão ela as santas vai num revista para diz-lhe que a casa que presta para nada ou que outras coas não acontece de maneira que foi um facto a que eu assisti que tive facilidade de falar com ela algumas vezes algum tempo naquela altura e portanto Lembrei de de revelar de partilhar connosco eu não percebi na altura a Vera Lagoa tinha sido convidada para a inauguração da qualidade de de de de certamente já jornalista mas ele não a conheceria tão bem como jornalista conhecia melhor a Maria Leonor também era jornalista mas que falava na televisão todos os dias não é então terá sido por isso não é preferiu falar F com a pessoa que aparecia na televisão do que R na Ráo na rádio na Rádio diz diz el rir era uma figura extraordinária da Rádio obrigado Carlos rádio da rádio da rádio pronto eu na altura até já nem abri na televisão eu também estão a chegar aos 97 sabe como é a memória já não é tal qual como deveria obrigado obrigado Carlos perira obrigado por ter ligado para partilhar connosco essa pequena história em torno de o ouvinte Carlos Pereira Helena a evidenciar aqui também uma parte da carreira de Vera Lagoa foi a primeira o primeiro rosto feminino da da RTP saiu da empresa pública enfim atenção por razões praticamente ninguém a viu pois porque foi na F foi naquela fase experimental ainda que só havia emissões na feira Popular que não eram depois paraia ser seguir ainda era em palhavã portanto e onde hoje é gulben basicamente portanto era nessa fase uma fase completamente diferente daquilo que depois veria a ser aliás isso é curioso porque também é há confusões sobre a identificação dela precisamente por causa disso sim ah isso isso está relacionado com aquele episódio que tu que tu contaste não contaste tá log contar no primeiro episódio tá log contar no primeiro episódio e Vão ouvir a contratação dela como é que ela acos aqui demasiado spoil nós nós nós não vamos contar mas é mas é de facto extraordinária a maneira como ela responder im mas era isso também passa muito ou seja ela tinha essa capacidade de responder no momento porque perante situações eh inesperadas ninguém ia preparado para para para a pergunta que lhe fizeram não é quando ela é contratada para RTP eh e e e a capacidade de responder no momento eu não sei se o cienti disse Miguel eu falei com ela muito poucas vezes mas era e não gostei nada irritou muito quando falei com ela porque senti os olhinhos dela em cima de mim eu senti-me bastante transparente que não é uma coisa que me deixe confortável não sei se tive esta mesma sensação não ela ela ela eu mais uma vez eh conheci e pouco a Vera lagoa não é foram foram aqueles meses em 96 e portanto e agora mas mas tive um um uma vez uma um Uma Viagem Épica porque a na sanle já falou aqui da da questão das misses ela elá da altura organizou os concursos da missos mas mas houve ali um período não me lembro porque é que isto que que não me lembro mas mas ia a haver no no casino Estoril uma coisa Qualquer que tinha a ver com misso de Portugal e ela levou-me para escrever qualquer coisa já não me lembro e e e fomos de carro e de Lisboa até até ao Estoril e ela foi a viagem toda a explicar-me e o que é que cada uma das misses e tinha de herança Gené ética e o que é que tinha adquirido através de cirurgias e foi explica o que era seu e o que era emprestado certo foi foi foi explicando isso ele realmente tinha tinha e e liga-se a esse ponto esse outro ponto que é e não não de não mais uma vez não deixou que que a transformassem eh no no caricatura que era feita dela não é por um lado e por outro lado ela nunca sentiu que precisava de deixar de deixar de se interessar por por concursos de missos ou por ou por roupas bonitas ou pelo que fosse para ser para ser levada a sério não ela era ela era vaidosa ela tinha um cuidado muito particular com a forma como se vestia como se maquila gostava de gostava de bijuteria não é eh portanto ela não era uma er de aspeto e recatado de modo algum não é e e isso aliás e depois era e tinha tinha coisas insólitas por exemplo quando nós vamos ver até num livro penso quem tem essa fotografia é num dos livros de alguém que até tem colaborado aqui com a rádio observador aini Vilela que é o parque campismo Monsanto e eu sei que isto toos Pode parecer estranho não é o parque campis portanto é o parque de mon Santo o parque de mon Santo e e o parque de Monsanto tinha uma p que eu penso que está quase sempre fechada mas houve uma altura em que por exemplo há pessoas foram fazer férias para mons imagina como nós vamos fazer férias para o Algar iam fazer férias para mon Santo e por exemplo há uma fotografia extraordinária dela sentada porque foi fazer férias lii a Monsanto numa numa espécie não sei se num uma rote ou lá o que era o equipamento em que ficava instalada portanto ela tinha ali um lado de uma de uma portanto podia estar no casinho do Estoril ou podia estar num sítio não sei quantos como depois podias estar ali no Monsanto a fazer férias e depois não tinha isso quando por exemplo isso é um aspeto que está muito bem detalhado aqui no podcast que é questão por exemplo quando são os as festas dos Milionários não é em Portugal e a forma como ela eh eu li as três eh as três reportagens que ela fez sobre as diferentes festas ela é uma mulher de trabalho hã nós nós não estamos a falar de uma senhora que ali fazer uma umas cronicazinha e não sei quê não ela é uma mulher de trabalho ela vai para para aquilo tá lá chega tem de bater aqueles textos à máquina e às 9 da manhã nãoé tinha chegado às 7 Isto é um grande às 9 da manhã já tinha o texto pronto para entregar foi fazer uma cesta e foi arranjar-se para a próxima festa tinha de arranjar e é muito interessante quando se vê nós quer dizer nós vemos o texto estava publicado a seguir ao almoço sim porque o os jornais saíram a seguir os jornais na altura se querer o diá Popular saia a seguir ao almoço e ela por exemplo a forma como ela descreve há ali simultaneamente o ela ponto aquela gente tava toda da coberta de joias era uma coisa extraordinária no ba as LAMB RG e e a forma como ela descreve a ironia que há naquilo as coisas que ela diz sobre as joias quer dizer eh Às vezes o não levar joia alguma já podia ser a forma de se destacar ela é muito atenta ela realmente entraria nas festas claro que entrava via as pessoas comeria beberia estaria a andar de um lado para o outro mas ela estava literalmente AC colher elementos eh que Notaria mas ela devia ter uma memória prodigiosa uma memória também fotográfica porque ela depois sabe Claro percebeu logo que havia alguns vestios repetidos eh e tudo e depois percebe vestidos roxos iguais exatamente E é claro depois percebe Não é a festa de que ela gosta mais não é tu tu Leste aa salesa bisbo tios presumo que sim mas ela além das bisotti fazia depois enormes reportagens sim as reportagens das festas são são absolutamente são Fabulosas são reveladoras e ad vinhas é estra Manuel vinhas que foi houve a festa dos LAMB RG e depois a festa na quinta patinho mas no meio houve uma festa portuguesa que se me perguntassem das três Qual é que eu gostava de ter ido era sem dúvida a essa por muito luxuosas tivessem sido as outras mas talvez pelo relato relato que ela faz e imagina Audrey epb numa festa com pauliteiros de Miranda e a marcha da s vinho servido em malgas de Barro toalhas quadriculadas portanto a Gina Lola Brígida lá meio perdida que Desiste da festa e vai só fazer telefonemas para América Sim esta era a festa que eu gostava de ter presenciar já agora desculpa qual é o Tom dessa desse desse relato por partea está mais do lado do Luxo ou do lado não não não não sim ela a verdadeira festa portuguesa como ela lhe ch a festa do Manuel vinhas e nota-se que ela se divertiu muito nessa festa sem dúvida as outras festas Claro que sim aquele o luxo toda exclusividade nota-se nota-se muito isso h o orgulho que ela tinha em estar ali por estar a testemunhar só ela era era ela e mais um Jornalista aquilo era praticamente vedado à imprensa ela própria levou máquina fotográfica três dias seguidos que acontece tudo incluindo no último dia Salazar que Salazar para ir para o hospital sim e e ela por exemplo esta festa do vinhas teve uma coisa extraordinária a Audrey epb a tourear uma bezerra porque à festa veio também aquele que era o Rei dos reis dos toureiros da p não é o dominguin de Espanha Amigo pessoal do Picasso aquelas coisas todas tem cuidado com o que Estás a dizer se não tens aí o pano à porta de eles têm uma tenta eles fazem uma tenta não é mas também hav barquinha de tiros quer dizer e ela eu acho também isso ou seja pensando pensando a sério a festa patinho deve ter sido uma coisa nunca vista mas o eu também fiquei a pensar o que eu gostava é de ter ido à festa do vinhas não é porque havia ali a maneira como ela contava como ela dava conta daquilo portanto as reportagens das misses à partiras se Vocês me perguntaram o que é que tu pensas sobre miss eu faço um ard de enfado e digo n mas eu a certa altura uma pessoa já está AL aquilo porque ela contava aquilo e depois não e e atenção e depois aquela ideia de aquela ideia de que as misses são apenas bonecos ela a primeira missa a primeira missa de Portugal Eleita digamos no mandato dela chamemos assim entre aspas é uma pessoa que ficou Ana Maria Lucas que ainda hoje sabemos que é Ana Maria Lucas porque ela fazia delas personagens não é e depois dava conta de rivalidades porque quando começam viras de Angola e de Moçambique claro que eram esplendorosas e desfilavam em biquini de miçangas que ainda por cima as miçangas mexam-se não é e elas também e e portanto Claro era uma era uma concorrência absolutamente desleal com estas aqui ela dava conta das das manobras de bastidores dos militares para que a Miss que viesse da sua colónia ganhasse ela ela explicava as manobras de uma do spínola para que a miss da Guiné fosse tão bem tratada quanto a quanto a Miss de Angola porque claro que Miss de Angola esqu quer dizer nem dá para não é portanto H este lado sendo que depois deixou isso e por causa do regime e por oposição ao regime exatamente Claro claro depois é esta mistura eh das várias facetas dela em que no final tudo aquilo é coerente não é Ou seja tens uma tens uma coerência tanto quando quando ela estava a tratar de organizar as missas como quando estava a escrever sobre festas de de milionários como quando estava a a fazer jornais e da oposição ou esconder militantes comunistas em casa antes do 25 de Abril ou a denunciar os o os novos comunistas e que tinham sido tinham sido pelo menos cúmplices com o estado novo uns anos antes e que de repente eram eram eram os novos revolucionários tudo isso acaba por ser muito coerente e eu acho que isso é possível porque eu acho que ela sendo uma mulher de trabalho toda disse está muito bem Expresso no podcast eu acho que é muito importante que isso esteja uma mulher de trabalho ganhou uma vida desde muito nova desde muito Piú até com dor do pai e tristeza do pai para ela ter trabalhado tão novo ela não era uma mulher eh corrompi pelos bens materiais do que conhe não e atenção e eh uma coisa que se notava no Diabo na altura em que na altura em que eu lá estive em em 96 eh de facto não havia dinheiro pois pois não não não havia não né Nós nós na altura o diabo chegou o diabo nos tempos enfim logo ass a prec chegou aos 150.000 exemplares que é uma coisa Alucinante e depois como quase todos aqueles quase todos aqueles jornais é o único que sobrevive até hoje não é não sim desapareceram todos o dinheiro que havia era de um jornal e irmão que era o crime e de uma revista que acho que era boa estrela que era uma coisa de astrologia e o o diabo ficava num andar e depois havia a acho que era no prédio lado a redação do crime e e da boa estrela e acho que havia mais uma outra revista qualquer assim e não ia a Todas As bancas não mas quer dizer isto mostrava um Realismo Empresarial da parte dela não é e e e e além disso ela nós temos outra citação da entrevista na na RTP o Carlos Cruz em que ela em que ela diz e ganho muito pouco isto publicidade ela até diz publicidade é é dos lobis não é diz tem uma frase desta e e realmente era difícil um jornal como o diabo ter a muita publicidade enfim mais uma vez eu naquela altura tudo isso me escapava não é eu estava estava a tentar perceber se se dava com a porta de saída ao final do dia como é óbvio mas e mas no naturalmente que se notava que era um jornal e Eh claro com com dificuldades precário Claro sim o Manel ias a dizer ia só dizer uma coisa enfim e uma coisa que eu estava agora aqui a ver e descobri que hoje não poderíamos fazer mas por razões legais O que é lamentável devo dizer que era eh pronto ela como se perceberá lá penso que é logo no primeiro episódio há uma relação próxima com luí stão Monteiro uhum Portanto o dramaturgo toda a gente conhece enfim eh penso que os livros deles ainda fazem parte dos dos livros que são obrigatórios ler na na na felizmente aar felizmente aar bem eh e apenas que 10 anos depois ela o o Luís sal Monteiro é um dos revolucionários que ela conheceu portanto Ela escreve um texto muito cruel no ela atenção estes textos desse desse desse livro sairam todos os primeiros publicados um por um no no no jornal O país de que ela tinha como Aliás o José Miguel jiz se recordou há pouco tempo ela era diretora com o José Vas com Deus por convite de José V con Deus a seguir a proibição do diabo até ela tá a escrever esses textos Luís salmon envia uma resposta e dá e dá a entender que a resposta não vai ser publicada e a resposta é publicada na íntegra E no fim ela põe uma nota eh a dizer não vou responder a tudo enfim é uma nota e escreve esta frase que eu acho uma frase fantástica que é assim eh como balanço destas nossas declarações desta Nossa declaração de ternura Acho que fiquei a ganhar apesar da célebre entrevista corta Gomes essa luí Definitivamente não não te perdoo éme grato como diretora deste jornal publicar um original de stão Monteiro eu acho que hoje o Miguel gostaria de publicar uma nota num final de TRE de resposta como estes muito bem Luís monteira quem ela chamava o adorável mentiroso porque ao contrário de Costa Gomes e de mel Antunes que tinham para ela um defeito terrível além de outro que era muito feio o adorável mentiroso era um homem muito bonito aí está era sensível a isso Vera Lagoa a grande provocadora o novo podcast Plus do Observador da autoria da Ana salz com narração do ator José da Mata em música de molin os assinantes do Observador já podem ouvir os cinco Episódios Será que vem um sexto tá fechado não está com a ajuda dos nossos ouvintes quem sabe Ana sja Manuel Fernandes Miguel Pinheiro e Helena mates Muito obrigado e até amanhã di