Vídeo: Reportagem especial: “Volta para o teu país!”

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nos últimos tempos os casos de xenofobia e racismo parecem estar a aumentar cada vez mais em Portugal volta para o teu país é a reportagem especial desta semana on vamos conhecer as histórias de quem já viveu episódios de preconceito e de quem lida diariamente com a discriminação alguns dos casos escalaram mesmo para violência física foi detido esta madrugada no porto um homem de 26 anos suspeito de esfaquear dois imigrantes no porto um homem foi por fortes suspeitas de ser o autor de Dois crimes de homicídio qualificado depois de agredir brutalmente dois Imigrantes na cidade do Porto a PSP do porto está a investigar um caso de agressão física e moral contra dois cidadãos brasileiros as duas vítimas contaram com o apoio de centenas de pessoas que participaram numa manifestação contra a xenofobia minhas mã Imigrantes fou aa hora os imigrantes as notícias não enganam e nos últimos tempos muitos casos de alegadas xenofobia têm sido denunciados os mais recentes aconteceram no norte do país mais precisamente no centro do porto Gabriela e John são duas vítimas destes comportamentos discriminatórios no passado dia 24 de setembro os dois estavam a trabalhar nas imediações da casa Odara um espaço cultural e de beleza de referência para imigrantes que fica numa rua movimentada da cidade estavam a fazer a gravação de uma performance do artista brasileiro Ítalo Augusto era uma performance de cartas em que ele iria pedir pras pessoas interagir com as pessoas para que elas dissessem escrevessem né no papel coisas que não puderam dizer por algum motivo e a partir dessas frases desses textos ele iria então desenvolver uma performance na área da dança aqui subindo a rua até a cas Odara enquanto John fazia a filmagem eu tava ali só acompanhando um senhor saiu sabe se lá de onde nós Não vimos a dizer que ele não não queria ser filmado direito não ser gravado ten direito tens comissão PR quando gravar tens quando gravado e John respondeu olha não tô filmando você tô filmando o artista e dali em diante as agressões escalaram de uma forma brutal e estávamos só eu e ele e o artista eu me desesperei gravado vieram primeiro tentaram tirar o telefone da minha mão né então com essa garantia de que vou pegar o telefone vai abaixar isso né como se mais uma vez estivesse filmando ele se o como se o interesse fosse esse fica muito nítido quanto a o o a fala dele no vídeo que é uma das inclusive né e das falas sobre eu sei quem vocês são eu sei onde vocês estão eu sei o que aquele lugar é que aquele lugar é legal fica nítido um ataque definitivamente xenofóbico um ataque deliberadamente xenofóbico sabe os insultos rapidamente escalaram e acabaram todos por se envolver em violentas agressões Gabriela entrou no conflito longe de imaginar que o agressor pudesse agredir uma mulher mas aconteceu ao mesmo tempo ativei uma live no meu no nas minhas redes sociais porque pensei eu não tenho como gritar eu não tenho para onde correr então que alguém de fora veja o que tá a acontecer e acione a po eh dali em diante as agressões tomaram um um tom nítidamente xenofóbico e em que se referiam a nós como brasileiros como imigrantes que não tinham o direito de estar ali com frases de baio calão que eu me recuso a reproduzir aqui mas que é nítido no vídeo Um dos dos rapazes né um dos irmãos que estavam a a proferir as agressões dá a volta por trás de nós e rouba meu telemóvel furtou meu telemóvel e saiu correndo no que ele saiu correndo e eu gritei que o meu telemóvel tinha sido Furtado o John sai correndo atrás dele para reav ele lança o meu telemóvel no chão e parte para cima fisicamente de John nas imagens não é possível ver o seguimento do episódio mas ouvem-se Gritos e palavrões aqui as tuas coisas dois homens partiram para cima de John eu entrei no meio para tentar separar fui agredida fisicamente com cotoveladas pontapés socos tenho marcas pelo meu corpo eh foi uma das situações mais dolorosas que eu já vivi até que pessoas à volta tentaram me tirar não tentaram separar briga tentaram me tirar a proprietária da casa Dara também Gabriela ouviu e saiu correndo em nossa direção para nos ajudar conseguimos apartar a briga eu consegui reaver meu telemóvel e apelei as pessoas para que chamassem a polícia e pedir socorro Enquanto isto John continuou a ser insultado e agredido foi terrível amedrontante sabe uma exposição violenta deliberada xenofobia deliberada sabe o medo realmente o clima atual de to de todo mundo ali dentro da casa hodar é de trauma é de medo sabe é de de buscar segurança você tem Imigrantes Fera na po para o hospital de Santo António para serem submetidos a uma perícia médica o caso de Gabriela e John levou a uma manifestação no porto que reuniu centenas de pessoas contra o racismo e xenofobia semanas antes era uma segunda-feira perfeitamente normal para reay até chegar a hora de apanhar um autocarro para regressar a casa depois de um dia de trabalho então no dia 9 de Setembro agora por volta das 5:50 da tarde eu que estava no na paragem de autocarro desde às 4:30 e perdi o primeiro Autocarro porque embarcou existe uma fila não é para embarcar de embarque e eu perdi o primeiro Autocarro porque outras pessoas passaram à minha frente e veio o segundo Autocarro já no horário de 5:50 o primeiro foi às 4:50 da tarde o que eu perdi o meu amigo consegui embarcar nesse e no segundo Autocarro Ele parou um pouco pouco mais abaixo porque um primeiro parou à frente então a fila se inverteu quem estava na parte de trás passou a embarcar primeiro novamente então eu pedi licença e falei olha eu estou aqui desde às 4:30 da tarde e eu preciso embarcar porque eu já perdi o primeiro e então entrei no Autocarro foi quando veio um senhor e uma senhora e me agarrou bruscamente e aí começa o senhor na parte de trás com puxões e a senhora na parte da frente me empurrando Foi aí que eu tive a minha mochila rasgada ela retirou o meu fone de ouvido junto com o meu aparelho telefônico não conseguiu derrubar o aparelho mas o fone sim quebrou também o o fone de ouvido eu consegui grudei na barra ali de do do Autocarro consegui me desfiliar dos dois fui pro fundo do Autocarro Eles vieram atrás foi aí que eu saquei o meu celular e comecei a gravar e aí eu comecei a perguntar para ele se ele ia me agredir novamente nas imagens um homem e uma mulher sem qualquer relação juntam-se e partem para os insultos e gritos mas Ray descreve que a situação piorou quando perceberam que é um imigrante brasileiro na frente eu t errado desculpa quem me empurrou foi a senhora eu não me figurou foi não fui EUA identificação que eu quero tua identificação que eu quer fazer uma queixa ti quando eles perceberam que és brasileiro tiveram uma uma atitude mais agressiva o ser brasileiro Sim eles tiveram uma atitude mais agressiva os motoristas também que são a Mai em maior parte imigrantes e de Angola e de Brasil sofrem eh insultos todos os dias todos os dias no meu bairro também eu tenho um café do lado da minha casa parei de fitar Eu e minha mãe porque fomos mal atendido todas as vezes que fomos lá o caso foi denunciado à PSP mas a vítima não quis dar seguimento à queixa crime Este foi um dos episódios mais violentos para Ray que no dia a dia já tem lidado com outro tipo de agressões ligaram pro proprietário da minha casa para falar que eu entro e saio de homem na minha casa quando a gente passa a gente sempre escuta piadas ou então lá vem os brasileiros você os cumprimenta com Bom dia viram a cara então é tá assim a outra coisa que acontece também é quando você entra noor carro e senta já comigo da pessoa se levantar do meu lado para Quem escolheu Portugal para ter uma vida melhor a vida não se tem revelado fácil é é tão injusto quanto você ir numa numa repartição pública tipo num num Centro de Saúde e o seu direito ser negado pela pessoa que tá te atendendo Não não posso te dar o número do dente mas por qu por se é o meu direito aqui eu tenho meus documentos que prova que eu posso ter número não você não não pode não pode Ai quero ter um médico de saúde não você não pode ter um médico de saúde Eu quero mudar de posto porque esse é mais perto da minha não você não pode sabe tipo esse direito não é para você esse direito é para um cidadão português e e é é engraçado que nós brasileiros a gente tem e o direito de igualdade ele para mim é é é é muito é uma resid com aspecto de bi né exatamente e só que se você tiver ele em mãos a tratativa muda as pessoas te tratam de maneira diferente eu aprendi a lidar com o sistema não é fácil então eu aprendo a lidar com as os pontos de xenofobia eu aprendo a lidar às vezes com bastante cautela às vezes não às vezes com bastante energia depende de como veio a agressão porque a gente tem que ir lidando com as as adversidades pra gente não se não morrer literalmente não se afogar em tantas mágoas e chorar e ficar aqui só chorando não vamos embora é com dificuldade mesmo também através das redes sociais ou de quem se escuda atrás de um telefone para agredir o próximo os ataques vêm de todo lado eu acho até que as pessoas sentem mais à vontade e mais valentes Por estarem atrás de um telefone não é então xingam usam palavras Nem vale a pena enfim e só que às vezes quando a gente tá mais embaixo apesar da gente tá ali para ajudar pega a gente num dia que tá mais embaixo e estraga mesmo sabe já aconteceu de eu encerrar a chamada e ir para um canto chorar chamar meu supervisor para conversar comigo volta pro teu país não quero ser atendido por brasileiro disse olha me desculpa mas então o senhor vai ter que ligar quantas vezes forem precisas até cair com um assistente português olha não tô percebendo o que que a menina diz eu disse mas não percebe o quê não não tô percebendo mas o que que não percebe as novelas percebem as músicas percebem Mas afinal o que nos diz a lei portuguesa sobre a xenofobia e o racismo Tem que haver algum afinamento eh na maneira como se aplica a lei para nós percebermos onde é que estão de facto as fronteiras daquilo que são os crimes que punem a xenofobia que punem o racismo vamos chamar de racismo eh daqueles crimes que embora praticados num contexto em que se pode equacionar a existência de racismo podem não ter diretamente a ver com com o racismo de facto nós não tivemos até há relativamente pouco tempo não tínhamos e digamos uma punição visível daquilo que era o racismo em Portugal e agora Já começamos a ter e portanto tem que haver uma digamos uma concretização da aplicação das normas quer por quem vai sancionar a falta do seu cumprimento seão os tribunais quer por quem deverá prevenir e na prática assegurar o seu cumprimento na rua privamente que são as polícias um fenómeno que parece estar a aumentar à medida que cresce o número de imigrantes no país Mas mesmo sendo vítima de preconceito apenas por ser estrangeiro há quem ainda escolha ficar por cá eu acho que eu só vou deixar Portugal quando eu quiser eh permanecer aqui é um ato de resistência só respeito entendeu Ninguém é obrigado a aceitar nada é só respeitar aonde termina o seu começo o meu tu tem que ter o direito de buscar o teu sonho e não ser penalizado por isso só porque sim só porque tu veio de um outro lugar Precisamos sim criminalizar xenofobia racismo eu acredito que é a homofobia eu acho que é muito importante criminalizar essas essas essas coisas porque se não criminalizar nós vamos chegar a um ponto onde é muito fácil cometer um crime