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[Música] vamos a mais um português suave estamos com o Marco Neves que vai esclarecer todas as dúvidas e contar histórias e curiosidades também sobre a língua portuguesa Marco bem-vindo mais uma vez mais uma semana hoje estamos aqui um bocadinho mais sozinhos não é a nossa Filipa Duarte está doentinha no dia em que estamos a gravar isso um beijinho para ela s é isso as melhoras eh mas vamos vamos aqui nós os dois H falar um bocadinho O que é que nos traz hoje olha vamos vamos falar inevit a primeira nossa primeira secção é sobre e palavras que estão nas notícias inevitavelmente vamos falar do orçamento depois vamos falar de uma palavra que não está nas notícias mas que é interessante que é avondo avondo nunca ouvi que vamos descobrir assim perguntar não vou perguntar já e ainda com um ditado que em que nós usamos o nome de uma cidade eh mas também não vou dizer já Até fim muito bem eu lembro também para os nossos ouvintes que o nosso e-mail portuguess suave @ observador.pt está neste momento já a barrot de mensagens temos recebido muitas Vamos tentar obviamente responder a todas ao o máximo delas não será todas em cada episódio Mas vamos aqui reparar um bocadinho mas hoje vamos então à primeira parte do nosso programa Vamos à língua nas [Música] notícias a língua nas notícias olhamos sempre para uma palavra que nos sucita maior curiosidade nas notícias uma expressão uma expressão exatamente que quee para hoje Marco Olha eu antes antes de dizer aquela palavra que escolhi eu até dizia que se os ouvintes também quiserem enviar para o e-mail sugestões de palavras poderia ser poderia ser interessante PR já estamos a receber poucos mos não exato exato Queremos mais ainda é isso para quem não percebeu estamos a ser irónicos mas mas eu tinha já na semana passada tinha basicamente duas opções e depois Acabei por fugir escolhi outra coisa completamente diferente eh aqui entre nós entre para hoje Estava entre guerra e e orçamento e o que é que escolheste e e acabei por fugir a a guerra e e e escolher o orçamento Portanto vamos falar de do orçamento Ok então vamos ter orçamento não é e não sei eu neste momento que estamos aqui a falar eu acho eu acho que ainda ninguém sabe eu também não sei eu acho acho que nem ele sabe ainda Marco acho que n não é isso que nós vamos hoje ver mas vou-vos dizer vou dizer a todos os que nos estão a ouvir e a ti a Que língua é que nós fomos buscar a palavra orçamento Ou seja é um estrangeirismo portanto há que dizer que sim é um estrangeirismo mas não é o único nós temos muitos estrangeirismos e não é apesar do que nós por vezes pensamos não é uma característica da nossa língua em particular todas as línguas estão pejadas de estrangeirismos talvez haja ali uma língua qualquer isolada numa ilha que não tenha assim grandes influências da de outras línguas mas mas o português a nossa língua pelo menos e todas as línguas aqui à volta deram muitas palavras umas às outras e receberam muitas palavras eu sei que às vezes há exagero na na língua que nos ou seja ou seja e nós por vezes estamos sempre a receber palavras de uma só língua mas o princípio geral é que todas as línguas se emprestam palavras est aqui neste caso de Que língua é que vem o orçamento a palavra orçamento vem do verbo orçar e e até aqui nada nada de surpreendente portanto passamos e de orçado para orçamento como fazemos com muitos outros verbos e agora o Curioso é que o verbo orçar vem do italiano orare eu estou a tentar treinar eu vou agora à Itália por acaso tens que treinar um bocadinho aqui o acho que o z acontece orz E que nos chegou no século X nós sabemos que chegou no século X e eh tal como no português no início nas primeiras nos primeiros tempos em que a palavra cá estava a palavra orare e a palavra orçar queria dizer algo como andar à Bolina ou orientar a embarcação para o vento ou seja tem tudo a ver com o orçamento que usamos agora não é exato não tem nada é o que acontece isto acontece muitas vezes na língua não é que alguém se lembre de repente que agora vamos deixar de usar isto no nos navios ou nas embarcações e vamos passar a usar com as Finanças o que acontece é que por vezes as palavras vão mudando gradualmente E no fim desse desse processo gradual acabam por estar irreconhecíveis se as compararmos com o início certo mas aqui neste caso como é que passamos aqui de andar à Bolina para fazer um cálculo de preço fazer cálculo de preço olha Eh é assim a palavra começou a ser usar usada metaforicamente é o que nós conseguimos entender se virmos os registros escritos da da palavra certo bem paraar ou seja andar à Bolina no mar é preciso calcular bem e daí alguém terá dito que ia orçar alguma coisa ou seja ia calcular o que haveria a fazer e quanto é que custaria e e foi assim que a palavra deixou de ser apenas Náutica e começou por ser ou seja passamos por uma metáfora Náutica que de repente se cristalizou e ficamos com esta palavra nava e no sentido original ou seja da da parte mais Náutica aa se us em Portugal eu diria não sei os olha os nossos ouvintes que nos digam se alguém pois se disser orçamento eu penso que haverá talvez dois ou três Portugueses e se calhar são aqueles que estão a escrever os dicionários porque na verdade está nos dicionários este este antigo este sentido antigo ainda lá está mas claro que o principal agora é este outro sentido de calcular valores para um projeto ou para um estado é assim se vermos bem orçamento também serve para navegar não é nas águas revoltas das is Navegar outras coisas sim olha vamos vamos então passar à próxima parte sim antes antes de passarmos à à segunda secção eu queria só dizer que eh a talvez alguém algumas das pessoas que nos ouvem possam pensar bem mas isto foi extraordinário Esta palavra é ah surpreendente como é que passamos das navegações para o para os orçamentos mas na verdade eh não é isto não é nada raro se nós olharmos para cada palavra nalgum ponto da sua história podem ser mais recentemente ou ou noutro tempo eh passou Provavelmente por alguma transformação como esta uma metáfora nós estamos cheios de metáforas nos dia no no dia a dia na forma como falamos e foi como a metáfora que chegamos então ao orçamento vamos ver se isto inspira também aos os nossos líderes políticos a quem sabe conseguir navegar no meio é isso no orçamento até bom Porto Ora vamos então a passar à língua no mapa vamos ao mapa da língua neste caso vamos olhar para h frases expressões não não é estrangeirismo aqui neste caso mapas e expressões que olhamos por todo o país Vamos então ao mapa da [Música] língua mapa da língua olhamos sempre para uma expressão que usamos por cá alguns jornalismos é Portugal Marco O que é que nos trazes hoje olha eu fui outra vez aquela lista que que que já falei nos Episódios anteriores uma longa lista eu pedia aos ouvintes neste caso também às pessoas que estavam a ver um vídeo no no no Instagram que me dissessem eh palavras pérolas da nossa língua e espalhadas pelo país ou seja palavras que não não são de conhecimento geral mas que fossem da terra de cada Então e o que é que encontraste O que é que trouxeste hoje olhei para aquela lista e eh Há que dizer que eu gostava eu eu gostava mais de investigar este tipo de coisas não no propriamente no Instagram mas no terreno que estava de ouvir das pessoas mas havemos de gravar episódios lá fora lá fora do estúdio certamente calhar Podemos fazera ao vivo fazos aqui o português p ao vivo Já que as pessoas têm Tantas perguntas podemos se calhar falar com elas ao vivo e agora eh uma das estava aí pela lista e encontrei uma expressão que pelo que dizia o primeiro comentador era algarvia a expressão é ter avondo ter avondo nunca ouvi falar na minha vida o que é que isso quer dizer Marco olha Eh eu já te vou dizer dizer o que que quer dizer mas tem sim eh Isto é preciso sempre garantir que as pessoas CL Claro mas eh Depois deste primeiro comentador que que no que dizia que a palavra era algarvia tipicamente algarvia Comecei a receber também outros comentários di de vários alentejanos a dizer que a palavra também é tipicamente Alentejana a expressão a expressão isso mas isso prova aquele ponto que disseste também nos últimos episódios que é ou seja às vezes é difícil perceber de que zona ao certo é que é a origem é o aconteceu também quando quando eu falei da da da minha da do ginar daquela palavra da Minha Terra começamos depois a perceber que também aparecia noutras noutras zonas as as fronteiras as palavras são muito difíceis de de definir e as pessoas nem sempre sabem exatamente até onde é que essa palavra vai e aconteceu aqui também uma coisa parecida com o shinar é comecei também a receber mais comentários de pessoas a dizer que também se usa avondo na Galiza nós estamos já é o segundo episódio consecutivo a chou vamos vamos ter é isso que vamos ter à galiz todos os caminhos v g eu gosto particularmente da Galiza É verdade mas não é não é só por ser um gosto meu é também porque na verdade se falamos da nossa língua não temos outra hipótese vamos sempre parar a paraar a Galiza mas é mas é um salto aqui grande porque disseste começamos no Algarve não é depois para alentejo a até acab por ser perto mas depois saltamos para a Galiza como é que como é que se deu este salto sim olha Eh é assim a palavra tem é uma palavra que é que não é um estrangeirismo portanto a palavra começa com com tem mesmo di que abundância e avondo é abundante é abondo se pensamos bem abundante isso também não é é comum haver as trocas dos vs com os BS dos vs com os vs na nossa língua sim e é assim eu eu ia-te pedir que talvez hoje não falássemos disso porque senão tínhamos aqui um sim não não é só porque temos temos a razão pela qual eh nós eh nós por exemplo eh Há portugueses que dizem baca e não dizem vaca eh é muito muito interessante mas isso vai dar para um episódio ou dois ou três e eo cá ficamos com é isso é isso ouvimos ouvimos na próxima os próximos episódios Então mas vamos lá ainda não explicaste quer dizer já uma nota avondo é abundância é terem abundância sim portanto avondo e que fala-se diz-se na Galiza diz-se no Algarve diz-se no no no alentejo e quer dizer já é suficiente ter abondo ou seja eh se alguém está a encher um copo alguém diz tem avondo eh já chega já já está abundantemente água aqui no eu vou usar isto esta semana ninguém vai perceber mas olha exato Experimenta isso então na Itália ninguém vai perceber Provavelmente sim sim sim ex mas pelo menos entre entre quem em portugueses com quem estej Experimenta mas mas o o que é curioso voltando à pergunta que fizeste há pouco eu depois não respondi é que aparece na Galiza aparece no algarvio aparece no alentejo H talvez E o que e o que aqui eu diria que o mais provável é que tenha acontecido isto a palavra tem é é muito genuinamente portuguesa tem a mesma origem que abundância eh deve deve ter sido usada provavelmente no território todo do país e da língua mas começou a por algum motivo a ser menos usada no Centro e no norte e manteve-se tanto na Galiza como no sul não é o habitual o habitual É que as palavras mais galegas digamos assim sejam do Norte mas por vezes acontece Acontece isto CL estes saltos olha Marco eu diria que já temos avondo desta já estou a usar bem não é já já temos que chue desta desta parte mapa da liga não não não não este Episódio continua vamos deixar o mapa da língua vamos até aos mitos da [Música] língua então E hoje Marco vamos e aqui finalmente resolver dúvidas dar algumas Soluções para algumas das dúvidas das pessoas são muitas não é nós temos pessoas provavelmente à espera será que é hoje que que que Vamos responder a mas olha são tantas que nós calhar alguém vai calhar alguém sim mas nós decidimos se calhar fazer um episódio especial só para falar destas e destas e dúvidas e e esse episódio se calhar não vai ter as secções habituais Mas nós vamos desbastar toda aquela lista de de dúvidas Então e hoje o que é que nos trazes hoje é mesmo falar como diz o nome da secção falar de um mito vamos falar de um mito e de um de um e de um ditado sobre um ditado que por acaso é sobre uma cidade do país onde onde vais não é Itália exatamente diz lá vamos falar quem tem ess car as pessoas já já sabem quem tem boca vai a Roma ah No meu caso eu tenho boca mas não vou a Roma não vou a Roma vou a Milão vou a Milão vamos também é preciso boca tem críticas tem críticas um bocadinho piores do que Roma por acaso mas é mas então mas portanto quem tem boca vai a Roma eh Isto é um ditado é um mito estavas a dizer não não não é um mito o ditado não é um mito existe mas mas há uma versão nova digamos assim que anda cor corer por aí e é muito fácil encontrar n basta procurar que as pessoas dizem Algumas pessoas dizem que o ditado Originalmente era quem tem boca vaia do verbo vaiar vai a Roma ah vai a Roma de vaiar Roma sim sim exatamente ou seja isto isto não quer dizer a mesma coisa claramente não Ou seja Não não é e é uma invenção uma invenção recente como todos os ditados são invenção e mas se se se procurarmos da internet e não só na internet que já encontrei pessoas e de carne e osso não é que pessoas que estão por trás da Dos comentários da internet não existam mas já já tive conversas reais com pessoas que estavam mesmo convencidas isto tanto no Brasil como em Portugal eh que a versão original é mesmo vai a Roma vai espaço a Roma sim vai no sentido de como é que eu dizer quem tem boca critica ao governo critica sistema verão versão nova o o agora o que acontece e as pessoas estão livres de inventar novas versões e de serem como é que como é que V dizer ah serem criativas mas eh nós podemos Reinventar este ditado mas não podemos Reinventar a origem a origem é conhecida e não e não há grandes dúvidas e e neste caso qual é que é a origem do ditado original neste caso o vai espaço a Roma Sim este este é um ditado que existe há muito está relacionado com com o facto de termos sistemas de estradas que levam ao centro do império romano e isto na esta imagem continua a ser muito presente continua a estar muito presente durante a idade média eh e e por isso várias línguas criaram versões desta desta deste ditado nós nós próprios temos todos os caminhos vdos caminhos vade a Roma neste caso é um não é exatamente o mesmo o mesmo ditado mas é algo que quer dizer no fundo que se a pessoa for por esses caminhos fora e e souber perguntar vai chegar ao Sítio onde quer e curiosamente esta esta este ditado existe uma versão em castelhano uma versão em francês existe também em russo uau e em grego só que as cidades são outras e Ah já não diz em Roma diz outra porque se pensarmos bem há aqui qualquer coisa de religi se pensarmos bem como eles são ortodoxos provavelmente não iriam dizer Roma Sabes o ditado em russo diz lá eu não sei dizer em Russo não vou dizer em russo mas vou dizer que a cidade é Kev curiosamente mas não tem nada a ver com a com a guerra que mas é de facto Kev os russos dizem um ditado que eu até pedi um amigo meu que fala que que um amigo que ele é ucraniano mas fala russo e e escreve em russo ele ele disse-me mas eu eu não consegui decorar não não não sei já os gregos têm a cidade de constantinópolis centro ou seja quem tem boca vai a Constantinopla ou a Kiev ou a ou a Roma mas em Nenhuma destas versões e vão até Nenhuma destas versões vaiam Claro claro as cidades mas agora eh deixa-me fazer só mais duas perguntas a primeira Tu conseguiste perceber quando é que surgiu ou qual é a origem desta nova versão o vai a Roma e depois também se há muitas pessoas que acreditam realmente neste mito que anda que andam a dizer realmente vai a Roma Olha eu posso-te posso-te dizer que eu procurei a h e consegui encontrar uma uma referência a quem tem boca vaia de verbo vaiar Roma em 1997 é mais antiga já 30 anos quase sim mas estamos a falar de 30 anos em comparação com uma outra versão que tem pelo menos uns três qu C séculos pelo menos e certamente que até a mais antiga porque se existe nestas línguas todas certamente que houve Que e foi aparecendo nestas línguas todas Há muitos séculos Eh agora se Há muitas pessoas eu diria que sim porque se procurares vais encontrar há aqui Este mecanismo de a eu Todos nós sabemos uma coisa de repente vejo uma coisa que contradiz o que todos sabemos Então as pessoas gostam muito de partilhar disto e v vais encontrar vídeos e textos partilhados por milhares e milhares e milhares de pessoas a dizer que é vai a Roma e já fiz a experiência não foi não foi de propósito mas escrever um texto em que tinha vai vai a Roma e lá recebi não sei quantos comentários a dizer que eu estava enganado que aquil não não não podia ser também é preciso Audácia dizer-te Marco Neves que tu estás enganado sobre todos todos nós nos enganamos isso não há ningém CL Então pronto Fica que eu aviso a versão original do ditado é quem tem boca vai espaço a Roma vai do verbo ir a Roma podem vear o que quiserem e não não não façam é sobre este podcast por favor e e não espalem aqui estes estes pequenos erros estes pequenos mitos não é H ora chegamos ao fim mais um episódio olha temos temos o o e-mail não sei se já dissemos hoje não diss não sei mas vamos dizer outra vez vamos dizer outra vez português suave com os dois s ou seja o s de português sem o O circumflex sem o circunflexo português neste caso português suave @t es os vossos comentrios obviamente em princípio teremos esse episódio especial mais mais tarde ex só com as dúvidas dos nossos ouvintes que são muitas venham mais e Marco vem tu também na próxima semana estaremos prx [Música]