Vídeo: José Manuel Fernandes: “A situação dos sem-abrigo nos Anjos é apenas a ponta do iceberg”

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a Igreja dos Anjos e Agrário do oriente estou a falar de Lisboa eu diria que são que é a ponta do iceberg que é o mais visível é aquilo que todos vemos e o o grande problema do CH Abrigo São é uma expressão que eu uso há muitos anos são boquinhas traseiras do país que é em Portugal vê-se muito pouco eh os marginais a pobreza os excluídos É difícil ver eh aliás uma das coisas que eu achei mais enfim é é um parêntese uma das coisas que eu me recordo de ser quase um choque para muitas pessoas foi quando foi inaugurada a circular externa de Lisboa de repente percebeu-se quem andava só de carro em autoestradas tanto as pessoas que iam na no post turil e para mesmo para a outra para a margem sul de repente viram os bairros que ficam nas encostas de trás da da cidade quer dizer alturas enfim Odivelas Loures e perceberam que há bairros diferentes um bocadinho piores um bocadinho menos e mais com pior aspeto pelo menos e e e de vez em quando Quando acontecem situações que podem ser muito diferentes pode ser eh os incêndios é uma situação típica de repente percebe-se que temos o o interior desocupado Quando Às vezes há alguns crimes e nós percebemos que há situações de famílias completamente disfuncionais eh e acontecem enfim infelizmente eh com alguma regularidade E no caso dos Sem Abrigo também foi um foi uma situação de um crime o abandono de um recém-nascido que de repente alertou as pessoas para uma situação que existia numa zona que não sei como é que está agora porque que não se tem falado que era perto da estação de Santa apolónia agora eh quem eh quem está no terreno e nós aqui há não sei há quanto tempo mas talvez há um ano fizemos ve uma reportagem sobre isso que descobriu situações que não eram só de Sem Abrigo eram de outras situações eh quem por exemplo anda naquelas organizações de Soledade Que distribuem comida sabe que há eh que há essas traseiras Eu recordo Nessa altura até a situação que causou maior choque foram umas crianças literalmente umas crianças deves lembrar de UMS irmãos dessa reportagem uns irmãos que vinham de muito longe eh para eh serem alimentados no sold danha havia uma uma distribuição no Saldanha portanto que é o centro da cidade de Lisboa Nós também sabemos por exemplo que eh relativamente a esta situação dos Sem Abrigo Primeiro as estatísticas indicam que eles têm vindo a aumentar todos os anos não temos eu o ano passado citei estatísticas do ano anterior nós fizemos um programa mais ou menos para esta altura também em outubro sobre Sem Abrigo eh portanto é um tema recorrente aqui no no no no contracorrente eh e na altura tinha encontrado números mais recentes e que indicavam mais ou menos uma taxa quase todos os anos subiam à volta de 10000 10000 10000 quer dizer havia sempre mais um bocadinho e e a perceção de que aquilo não apanhava Toda a realidade apanhava apenas uma parte da realidade estamos a falar uma percentagem pequena da população 1% se calhar 1 e 1000 quer dizer 1 e 1000 não 1 e 1000 portugueses mas eh mesmo assim estamos a falar de algo que é muito eh preocupante eh e muitas vezes há uma discussão sobre este tema eh houve vários planos não é Portanto o Presidente da República empenhou-se nisso sobretudo quando foi a questão de Santa apolónia Houve várias Promessas de que pelas teria resolvido até 2022 2023 bem estamos em 2024 e não está resolvido houve a pandemia Entretanto a pandemia olha sabes que sabe lembras-te e a pandemia foi usada como argumento no entanto no ano da pandemia os números foram o crescimento anual não não Salou o ritmo foi semelhante aumentou um bocadinho no ano seguinte mas eu i imag que já provia do aumento da imigração e não exatamente por causa da pandemia pant o que aqui há é uma coisa diferente que é imigração até porque apareceram Digamos um número de 100 abrigos menos habitual quer dizer em Lisboa sempre houve é uma coisa antiga não é e nós estamos a falar dos mendigos tradicionais estamos a falar de situações que eu já vou falar um bocadinho delas porque são alumas muito diferentes no porto também e houve vários fenómenos ao longo da história mas em Beja como de repente soubemos que havia esse dilema e que que o município de Beja que estava a enfrentá-lo portant estou apenas a dar esse exemplo mas há outras cidades do país Braga e Porto enfim mesmo agora há poucos dias aqui Loures aqui mesmo ao lado de Lisboa não é só o que está mais visível não é só a Igreja dos Anjos nem a estação nem a gard do oriente que Como são os sítios por nós jornalistas passamos é aqueles às vezes de que falamos Ora bem e agora Ora nós quando olhamos para fenómenos desses temos que pensar em pelo menos em dois problemas que é por um lado o que é que leva à pessoas a ficar numa situação Sem Abrigo uhum e por outro lado como é que isso pode ser e mitigado ou resolvido eu tenho como já Como já veremos acho que é difícil resolver de uma vez por todas porque há fenómenos que são eu diria virtualmente impossíveis de erradicar mas há outros que podem-se mitigar segura há um estudo eh relativamente recente aliás eu eu pelo nome de uma das alturas penso que ela é portuguesa mas trabalha é numa universidade francesa mas o estudo foi feito em Portugal e enfim a amostra é pequena estamos a falar de 220 pessoas e esse estudo é sobre e no fundo O que é que impede Os Sem Abrigo de ou regressarem ao mercado de trabalho ou regressarem a uma situação de maior maiores contabilidade e e o que ela diz é que a maior barreira apesar de tudo são a aquilo consideram ser as condições de trabalho portanto consideram que não tem as condições de trabalho eh suficientes mas atenção isto não tem apenas a ver com salários pode ter a ver com situações por exemplo de abusos no local de trabalho pode ter a ver com problemas de conflitos pode ter a ver com problemas de saúde portanto Ou pelo menos às vezes a saúde das há pessoas que um pequeno problema de saúde que qualquer um de nós resolve ficando num dia em casa se transformam em grandes problemas e depois eh conseguir ter um emprego estável torna-se muito difícil não é portanto E isto é é apontado e estamos a falar de 39% das pessoas apontaram Isto como sendo um problema para regressarem ao mercado de trabalho e portanto assim terem um rendimento que lhes permitisse sair da rua a segunda eh tem a ver com eh a que também imaginamos muito possível que é níveis portanto falta de Formação nível Educacional muito baixo falta de formação e e e uma coisa que aparece eu acho isto muito importante algo que aparece muito associado a isto que é eu não tenho objetivo na vida eu não tenho objetivo na vida estou assim estou bem portanto Isto é muito desesperante mas é infelizmente é muito frequente e já vou falar um pouquinho também sobre isso e depois há h Hum uma outra situação que por ex enfim eu sei que noutros países é porventura mais frequente que em Portugal eu nos Estados Unidos Cheguei também há muitos anos panto H primeira vez que lá fui tive uma oportunidade de poder andar até distribuir comida a a a a sem abrigos em na cidade de Washington na altura enfim isto depois mudou muito mas na cidade de Washington havia Sem Abrigo sem abrigos à vista da Casa Branca portanto não era assim nos cantos era nas avidas principais portanto eh e há uma questão aqui que tem a ver com famílias portanto não tem família não tem nenhum laço estão completamente e completamente perdidos e isto muita vez associado a questões de também problemas de saúde mas problemas de saúde que muitas vezes são agravados pela pela própria condição de Sem Abrigo como é natural as pessoas não têm o conforto do dia a dia Muitas vezes não tem a alimentação que deveriam ter e portanto isto depois H um ciclo de que não se sai agora eu recordo-me que há muitos anos portanto década de 90 pá aí há isto ap ter sido há 30 anos como Isto é pr internet não consegui descobrir onem andei à procura não consegui descobrir essa reportagem uma jornalista do público eu trabalhava no público na altura aliás infelizmente ela já já faleceu eh mas era enfim era uma das pessoas com quem eu dava muito bem tinha uma excelente relação com ela e que era uma pessoa muito atrevida fez um dia uma reportagem que era ela também ser uma Sem Abrigo portanto também ser uma Sem Abrigo e portanto juntar-se e uma das coisas que resultou e que de alguma forma era surpreendente é que ela percebeu que havia pessoas que não queriam deixar ser Sem Abrigo portanto não era apenas não tem dinheiro para para ter casa não tem dinheiro tem que optar entre a casa e alimentação não tem emprego fixo não havia modos de vida assim que era uma coisa que às vezes não cabe na nossa cabeça mas que existe pronto nós tivemos depois também outros ciclos e todos se recordam por exemplo das tendas que existiam perto do casal ventoso semana passada falamos cá do problema da droga e dos problemas associados ao consumo de droga hoje como também discutimos a semana passada são diferentes e não temos a dimensão que já tivemos porque a dependência da heroína que era o grande problema português é muito diferente as atuais ou dependências ou vícios varia um bocadinho portanto a temos aqui uma isto indica que nós temos aqui problemas que não são apenas os problemas que às vezes associamos que é pobreza falta de emprego falta de habitação muito cara esses problemas existem nós fizemos recentemente aqui no observador também em penso que em julho uma houve uma conversa num dos programas aqui da da Rádio à tarde com Isabel jonet portanto da da do banco alimentar banco alimentar contra contra a fome e ela que tá muito tem muita relação com estes problemas e sobretudo trabalha muito com as associações que fazem distribuição de comida não é o banco alimentar não distribui diretamente distribui através de ONGs que depois distribuem e de outras associações não é portanto também eh às vezes instiuições oficiais ela dizia que eh de facto eh o o problema de não haver por exemplo habitação para toda a gente estava a fazer aumentar repara isto estamos a falar de julho não há estatísticas nenhumas sobre isso estava porventura a fazer aumentar este problema e nós sabemos por exemplo no sítio na zona dos Anjos a maior parte dos sen abris que lá estavam ap menos uma boa parte deles eram Imigrantes por uma razão ou outra eh Imigrantes recentes às vezes alguns que tinham vindo e não tinham conseguido nada outros que ainda estavam à espera de serem da realização e sabemos que há milhares e milhares e milhares nessa situação outros que vieram para um emprego deram-se mal ficaram desempregados havia muito isso e aquilo ficava e aquilo ficava perto da aa e portanto era assim quase quase estar ali à porta a ver se me consigo coiso mas reparem quando se pensa que os imigrantes que que que os Sem Abrigo é igual a Imigrantes maltratados pá é um bocadinho mas não é só isso portanto isto eu creio que se não pensarmos nisto de uma forma mais abrangente dificilmente procuramos perceber que primeiro há uma questão que é importante que é procurar que não estejam na rua não é E mesmo quando estão na rua em situações de limite dá-lhes outras condições e sabemos por exemplo que em dias muito frios é tradicional as câmaras abrirem abrigos metro por exemplo permitirem para que eles Durmam no metro mas dormirem ao relento pronto mas isso são é mitigação de um problema não é a resolução de um problema aquilo que a câmara de Lisboa fez tem tem significado tem significado porque há aqui um lado que não nos podemos esquecer quando falamos de Sem Abrigo ISO e e falamos podemos falar de pessoas que que tiveram azar e estão desesperadas e podemos falar de outras Como já se percebeu aqui é que elas não tem objetivo na vida aqueles que se habituaram aqueles que têm problemas de doenças e às vezes doenças mentais onde o problema já não é apenas arranjar-lhe não se sentem Livres não se sentem sentem-se obrigados a algumas coisas como por exemplo higiene uhum de que perderam completamente o hábito e eh preferem vend Rua e nesse momento não temos só o problema deles temos os problemas que eles criam à volta porque criam problemas de de de de de de higiene pronto higiene pública e simples e às vezes não é só pública porque podem entrar nas casas para eh fazerem as suas necessidades podem abandonar por exemplo se forem tiverem situações de droga Há muitas muitas zonas onde de repente se acumulam nós falamos aqui a semana passada se formos para aqueles bairros novos ali perto do casal ventoso convena vermos que estamos a pisar e quem lá vive tem esse problema nós não vivemos lá só passamos de carro mas quem lá vive tem esse problema que é cuidado e se for uma criança e vai lá tu com os ténis de repente espeta num uma agulha que ficam ali espalhadas no chão numa seringa portanto estamos a falar de situações que não são apenas quer dizer ali nós falarmos por causa da droga Se tivermos uma zona onde se acumulam sem abrigos por causa deste problema E aparentemente em Lisboa já não falamos muito disso da última vez porque penso que a zona do Beato já tem problemas desses portanto estamos a falar de uma Freguesia eh não muito sexy de Lisboa digamos assim e ponto têm sido empurrados muitas situações de de de de para resolver estes problemas e temos de ter noção que eu achando meritório importante e politicamente significativo aquilo que fez a câmara de Lisboa portanto quer no penso que também foi a câmara que fez na do oriente e agora nos anjos estamos a falar de levar pessoas para para para pensões nalguns casos eh H como é que eh como é que se chama hostels e nos hostels as pessoas vivem quer dizer eh não sei se quem os hostel T blich não é portanto não não tem quartos individuais não são não tem o conforto de uma quer dizer tem tem um conforto diferente da rua mas não tem o conforto de uma casa e portanto isto serão sempre situações de transição Além de que há sempre uma questão que se coloca para todos os efeitos há um custo aqui que tá a ser suportado pelos contribuintes e convinha ver qual é o futuro disto porque isto não é não pode ser uma solução para sempre não pode ser uma solução para sempre portanto Este é um tema obviamente muito delicado que se agra ganhou eu creio que ganhou em números uma dimensão Nova pela questão do número de imigrantes que chegaram sem eu diria Vamos lá ver eh à sorte no sentido em que vinham com uma vaga Promessa de emprego depois não era nada essa portanto este governo quer mudar essa política eu acho que bem e o que eu acho muito mal já é algumas reações que tem havido isso eu vejo pessoas a dizer não se pode falar eu vi no outro dia num programa de televisão uma pessoa que até eu tinha muito boa impressão dela a dizer e ela aliás dizer não se pode na Europa mudar o discurso sobre imigração que está a ser feito pelo centro direit e pelo centro de esquerda pelo Centro esquerda O que é verdade também porque isso legitima a h o a reação anti Imigrante de alguns setores da população que passam a achar que é normal e portanto isso vai fazer crescer os partidos extremistas eu acho que é o é ao contrário não é se não se perceber que o problema existe se não se perceber que há pessoas que vivem ao lado que não só são as elites não vivem ao lado destes problemas regras geral vivem longe às vezes quando passavam quando passam pela g p pela nem pelos anjos passavam passam passam muitas elites não é porque não passavam muito passavam viam nas televisões pela gar do oriente passavam e viam aí já viam não é quando pelo menos quando se apanhava o Comboio para ir para o porto o aquele que não vai ter desconto não é portanto usava pendolar as pessoas eh percebiam isso mas há muitos estes há há há as Tais traseiras do País Aqui as Tais traseiras que não não t muita projeção mediática não tem muita não tocam muito quem quem de portanto e quem influencia as decisões e esses problemas estão lá portanto e eu creio que o que aconteceu nos anjos aconteceu na gua de Oriente é bom mas continuamos a ter um bocadinho estes problemas por todo o lado e dificuldade em resolvê-los E ontem por exemplo havia uma notícia que isto é também um discurso muito típico havia uma notícia Porquê o presidente da Câmara de Loures que é socialista e resolveu aliás acusando na câ anterior que era do PCP resolveu que nas Casas da câmara tem que se pagar renda e pá as rendas são ridículas são mínimas algumas são quase simbólicas Mas ganhou se em muitas dessas casas o hábito de não pagar sequer a renda e ele começou a dizer queem não paga a renda ele disse deu deu entrevistas e mandou avisos mandou cartas olha não pagas a renda pode mesmo fazer um plano para pagares a renda vais para a Rua és despejado O que é que onem eu vi numa reportagem num hum publicar Ah vão ficar sem abrigo quer dizer o El ten que resolver é a c se a câmara lhes deu o abrigo contra uma renda simbólica que é preciso resolver quer dizer quem tá preocupado com isso olha arran maneira de ajudar a pagar a renda se a situação é essa se a pessoa de repente ficou desempregada mas a maior parte das vezes não é isso porque também na mesma reportagem se dizia eles não pagam a renda mas têm carros novos à porta P há valores de renda são muito inferiores à aquilo que as pessoas pagam Mas mesmo muito inferiores t por mês há valores de renda de 5 € quer dizer 10€ 20 € quer dizer portanto não não não e não se compara até um carro novo à porta não é pronto estas sões existem e quem faz de conta que não existem felizmente que temos agora um socialista presente da Câmara de Loures confrontado com a situação e a dizer aquilo que tem que dizer o Ricardo Leão é o nome dele que fi a saber o nome portanto que é para não haver dúvidas e portanto isto e é preciso para resolver este problema também é preciso ter se quiserem uma uma uma guerra de ideias mulo de ideias um perceber que isto não se resolve e al achando que quer dizer o o Carlos moedas disse que tem V exploração pela extrema esquerda destas situações para criar problemas eu acho que ele no fundo ele tem razão porque a manutenção de alguns destes problemas faz isso em nos anos mas havia havia tendas desocupadas que não eram tiradas de lá portanto foi por aí que se começou nem se começou sequer pelas estavam ocupadas quando se começaram a tirar as desocupadas os sem que lá estavam ajudaram portanto eh PCP tá preocupado porque parece que desapareceu uma bicicleta e outros bens Ok mas lá resolver esse problema essa bicicleta desapareceu não creio que seja por causa disso que de repente e a operação passou a ser criminosa que roubaram coisas às pessoas portanto portanto Isto é um tema que não pode ser tratado como uma espécie de Cot de que só os ativistas podem falar pelo contrário isto sem ser um tema que como medidas designadamente como estas é retirado ao discurso dos ativistas porque os ativistas também vivem muita manutenção destas situações porque isso permite-lhes aparecer muito preocupados sendo que eles quase sempre só falam de uma parte do problema