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com a Associação Portuguesa de bancos a comorar 40 anos é a altura então para fazer este balanço Vitor Bento Bom dia bem-vindo bem-vindo a este explicador Podemos dizer que a banca em Portugal está a passar o melhor momento destas quatro décadas O melhor é difícil é difícil fazer uma avaliação do melhor em em quatro décadas porque cada cada tempo teve a sua circunstância que é um tempo suficientemente confortável onde a banca tem um nível de resiliência muito muito elevado isso sem dúvida nenhuma e portanto se não for o mais elevado é seguramente dos mais elevados da da história da banca em Portugal uhum nós perguntamos isso porque olhamos e vemos que a banca está sólida nos lucros na rentabilidade também nos capitais porque as regras mudaram nos últimos anos nós sabemos os bancos centrais eh T exigido cada vez mais níveis de capitais aos bancos eh aliás sobre os lucros há mesmo quem diga eh que os lucros dos bancos em Portugal são exagerados concorda isso E para isso tem que ter um elemento de referência o que é que é o valor que seria aceitável or e já que falamos nisso eu posso por exemplo dizer que ao longo dos últimos anos todos até 2023 em média a rendibilidade da banca foi inferior à rendibilidade média das grandes empresas de todos os setores mas isto tem todos os anos está a falar de rendimento capitais próprios é isso exatamente a rendibilidade de capitais próprios porque uma das coisas que as pessoas esquecem quando falam em lucros é que olham para o volume de lucros mas não olham para o capital que é empatado para gerar esses lucros e portanto aquilo que é economicamente relevante é a relação dos lucros com o com o capital e portanto aí a taxa de rendibilidade só em 2023 é que marginalmente a taxa de rendibilidade da banca é maior que a média das outras grandes empresas mas ainda assim e provavelmente será paraci vou lhe dar só indicação de setores que tiveram rendibilidade maior do que a banca muito maior do que a banca setor de espetáculos e desporto e atividades administrativas diversas tiveram rid rendibilidades no ordem de 30% a da banca já agora foi 14,8 por. Mas acima da banca temos ainda Transportes e armazenagem consultorias científicas alojamento e restauração saúde e apoio social e o comércio o apar portanto isto só para ver que eh é ess digamos esse tipo de afirmações tem muito de ilusório e muito e muito deo E porque é que que acha que se cria esta ideia de que os lucros da banca São são exagerados é é desconhecimento tem a ver com o facto também por vezes Eh claro nesta atividade neste Setor O os clientes terem o o seu dinheiro no nos Bancos Isto pode gerar eh distorções eh da realidade e dos bancos não eu J que enfim que há uma questão cultural e que é muito muito antiga que tem raízes de várias tem raízes de várias naturezas desde uma raíz religiosa a uma riz é uma uma riz marxista enim que ter uma grande hostilidade contra o contra o setor financeiro Esso é um enfim é um background cultural que é mais filosófico não vamos entrar nisso não vamos entrar nisso agora mas depois como normalmente a informação que é divulgada sobre esta sobre esta matéria incide excessivamente sobre o volume dos lucros e portanto não tem em conta quer a dimensão das empresas quer Como disse há pouco o capital que é investido isso acaba por criar uma ideia sim as pessoas têm como referência os seus ordenados e obviamente Aqui estamos a trabalhar em em ordens de grandeza completamente diferentes aí a comparação que temos que fazer é com outras é com outras atividades e com a mesma atividade noutros noutros locais historicamente portanto e aqui historicamente estou-me a referir pelo menos desde 2008 a a rendibilidade da banca foi sempre tirando o ano 2023 foi sempre inferior à aquilo que é o custo do Capital O que significa que o setor da banca até muito recentemente não era um setor atrativo para os investidores e aliás a prova disso é que nos Bancos cotados nós em Portugal só temos um mas na Europa Temos vários o o valor de mercado dos bancos cotados aquilo aquilo que que o mercado os avalia é inferior ao valor que a sua contabilidade apresenta Portanto o que significa que os investidores consideram que a rentabilidade que os bancos vinham a proporcionar era insuficiente para investirem o seu capital e daí que tivessem que descontar o valor de capital para atingirem uma rendibilidade que valesse a pena investir em alternativa a outros setores neste momento a banca portuguesa é sólida não deviam Por isso os bancos ajustar em baixa à tabela de comissões uma vez que a margem financeira regressou à normalidade mas esse é outra essa outra ilusão também que que é muito propagado o valor das comissões enfim temos que ter temos que ter indicadores de comparação mas e e isso é que é importante não é em valores não é em valores absolutos temos que ter posições relativas para comparar e se compararmos com a Europa por exemplo utilizando mais uma vez o capital como como denominador das comparações Portugal está abaixo da Média europeia eh o peso que as comissões têm no capital portanto a relação do do valor das comissões cobradas com o capital éem inferior ao é inferior à média à média europeia portanto não é um valor não é um valor elevado agora as comissões no fundo são o pagamento de um serviço da mesma forma que todos os outros serviços são pagos e eu enfim não resisto e tendo em conta aquilo que tem sido Enfim uma polémica muito recente não resisto a dizer vocês jornalistas também Pagam uma comissão por renovar a carteira dois em dois anos é uma é uma é uma comparação e tentadora de facto Se bem que esse é um custo pessoal E aqui as no fundo estas comissões que os bancos recam por serviços são colocadas aos clientes clientes muitas vezes mas ó Paulo os serviços têm custos por trás Isto é têm pessoas A a desenvolver esses serviços T sistemas informáticos T consumos de energia tem instalações tem um conjunto de serviços tem um conjunto digamos de de de de fornecimentos necessários para que esse serviço seja prestado com a E com o tempo desejado esses custos têm que ser ressarcidos e e para serem ressarcidos ou são diretamente através do utilizador e essa é a forma do utilizador escolher a quantidade do bem que quer consumir ou depois acabam por ser pagos por outros de forma indireta nomeadamente na no crédito da Habitação ou no crédito das empresas que é aí que depois acabam por ser diluídos os custos portanto a afetação dos custos de cada de cada serviço ao ser utilizador parece nisto como em qualquer outra atividade económica parece-me a solução mais racional e mais eficiente para a alocação dos recursos económicos eh na na na atividade acha que há equilíbrio nisso isto porque se olharmos também para a evolução das comissões elas subiram bastante diríamos numa altura em que a margem financeira era particularmente baixa ou até negativa isso de facto era uma anormalidade não reposta agora alguma normalidade na margem financeira e a pergunta é de facto se não se devia ajustar também a tabela de comissões ó ó Paulo insisto neste insisto neste pontoo nós temos que ter elementos de comparação não podemos fazer juízes não podemos fazer juízes sem sem ter uma base de comparação uma base de medida e Como disse quando nós comparamos com a média Europeia o o peso das comissões por exemplo no capital portanto a relação dos das comissões capital é inferior à média europeia por outro lado isto é uma matéria relativamente à qual cada banco tem sua prática independente diz que não há nenhuma não há nenhuma prática comum cada banco define a sua política comercial e a tua em concorrência com todos com todos os demais e e e aquilo que é essencial assegurar é que haja concorrência no mercado e que os clientes possam mudar deam mudar de ban existe existe essa concorrência tivemos a condenação recente por concertação na fixação do dos spredes que os bancos ficou provado que partilhavam essa informação Bruno primeiro isso não foi ente uma atividade de concertação qualquer das formas eu não vou entrar na discussão substancial do problema lembro apenas que estamos a falar de uma de uma prática ou de um evento que ocorreu há uma dze de anos não tem nada a ver com a atualidade o processo é que demorou o tempo que demorou mas isso é uma realidade que teve lugar há uma dúzia de anos atrás não tem nada a ver com a realidade de hoje e hoje aquilo que é um indicador muito mais significativo veja e e o banco de Portugal Tem dados sobre isso que é a única entidade que pode recolher dados e coletivamente o o que é que foi a mudança de instituições no crédito à habitação e nos depósitos recentemente durante a a grande subida de taxa de Júri portanto durante o grande choque que que ocorreu no mercado hipotecário houve um houve uma enorme transferência de crédito de umas instituições para as outras Isso é que é a prova de que o mercado funciona e que de facto há há concorrência qualquer das formas o facto de nós termos instituições de várias dimensões aquilo que diz a teoria económica é que as instituições mais pequenas têm todo o incentivo em ganhar cota de mercado e portanto o seu incentivo é despotar os clientes de da da das demais instituições é do seu é do seu interesse próprio fazerem isso portanto não há nada que não há nada que impeça isso agora a concorrência depende dos dois lados portanto depende do lado quem oferece e depende do lado quem procura hum Vítor Bento a banca tem um papel fundamental no mercado da Habitação porque concede crédito num país que e de alguma forma se habituou de facto a ter habitação própria com crédito bancário o governo criou recentemente aquela pública para o apoio aos jovens naqueles 15% que por regra os bancos por uma questão de segurança de crédito não emprestam acha que esta é uma boa medida enfim não vou não vou entrar nesse campo porque isso no fundo é é um juízo é um juízo político é aquilo que que o governo considera como sendo adequado como política pública para facilitar a vida dos jovens enfim vamos ver qual vai ser o impacto que isso vai ter mas é uma boa medida é uma boa medida para os bancos Vítor Bento Não sei não sei sincero quer dizer não não não sei se isso for bom para a sociedade será também bom será também bom bom para os bancos aquilo que vamos ver portanto aquilo que que eu posso descaminhar é que houve um empenhamento dos bancos em facilitar a aplicação dessa dessa medida e portanto em facilitar em que essa eh essa política pública chegue aos seus a Aos aos visados no fundo que são jovens esse empenhamento existe nós ao nível da associação colaboramos com o governo no sentido de de assegurar que que a eficácia desejada podia ser atingida e portanto não era entravada por dificuldades administrativas ou por uma conceção da da dos dos aspectos operacionais da medida a partir daí mais uma vez é uma decisão de cada banco aplicar e aderir e e enfim e incluir isso nas suas próprias políticas comerciais mas mais uma vez isto depende da oferta e depende da procura e e tem ideia se vai haver muitos bancos à medida a ideia que eu eu não tenho ideia de haver nenhuma recusa pelo menos que tenha sido ostensiva portanto Eu presumo que vai haver uma uma adesão significativa das instituições bancárias a a disponibilizarem a medida quando esta medida foi anunciada alguns responsáveis de bancos eh disseram afirmaram na altura que não é isto que vai resolver o problema da da Habitação que o problema da Habitação resolve-se com com mais oferta existe algo alguma desconfiança quanto à possível eficácia desta medida não se em primeiro lugar se eu bem me lembro também Dos comentários que eu vi ouvi comentários muito mais complexos do que esse ouvi ouvi comentários mais entusiasmados e comentários que faziam esse tipo de observação esse tipo de observação não é necessariamente uma discreen na medida em si porque a medida eh extensivamente e declaradamente atua sobre o lado da procura portanto destina-se a facilitar o acesso dos jovens ao crédito pugar Óbvio toda a gente reconhece que o problema mais sério de e do setor da Habitação se prende com oferta mas mas a oferta não se resolve de um dia para outro Isto é se puser neste momento em prática medidas de oferta medidas destinadas a oferta elas não vão estar disponibilizadas no mês seguinte e esta medida deada à procura está disponibilizada num prazo mais curto portanto isto só para dizer que não podemos fazer necessar não podemos pôr as duas coisas em contraponto no mesmo espaço temporal hum eh nós temos no horizonte Vitor Bento muitos investimentos muitos deles de Gênese pública para os próximos tempos basta pensar no na na alta velocidade Ferroviária o novo Aeroporto a questão da Habitação também aí nível Nacional privado ou Municipal a questão é o balanço dos bancos neste momento é suficiente para financiar estes investimentos eh ou terá que ver terá que vir muito dinheiro muito financiamento exterior ó ó ó Paul eu já responder à questão mas licença só para ligar à à à questão anterior porque acho que é importante de facto faço sinalar o papel muito importante que a banca tem tido em garantir o acesso à habitação da população portuguesa eu Julgo que não ser esta estimativa é grosseira e portanto obviamente que é contestável mas eu Julgo que não andaria muito longe dos dois terços das famílias portuguesas que tiveram acesso à habitação através de financiamento bancário e que de outra forma não não teriam digamos esse acesso Ou pelo menos no tempo útil em que tiveram indo à ind à sua questão em princípio os bancos têm disponibilidade desde que desde que os projetos eh sejam projetos eh enfim solvável os bancos têm disponibilidade os bancos têm os bancos têm liquidez disponível e portanto tem tem a disponibilidade para correr aos financiamentos que a economia necessite desde que insisto os projetos sejam sustentáveis e enfim financeiramente uhum relativamente ao orçamento de estado de Vítor Bento este orçamento deve ser aprovado é um bom orçamento ó ó ó Bruno este este or digamos as discussões a que nós temos assistido relativamente a este orçamento têm muito pouco a ver com a economia tem mais a ver com com política e com táticas políticas e portanto eh eu não sei se eu tenho alguma coisa de útil a acrescentar o orçamento provavelmente é aquele que pode ser tendo em conta a configuração eh que o Parlamento tem que resultou das últimas eleições e e e julgo enfim que do ponto de vista económico não é não é na na na economia que há qualquer obice à sua aprovação ou não aprovação é apenas no no no no teatro do confronto político e do documento que foi que foi apresentado e que ainda vai ser eh negociado certamente e alterado no Parlamento eh para o setor financeiro o setor bancário eh Há algum Impacto mais relevante ou é um documento que será relativamente indiferente àquilo que são as condições de exploração da banca não indiferente não é porque Como sabe portanto está previsto que continua continua a ser aplicada a a fiscalidade extraordinária sobre o sistema bancário que coloca o sistema bancário em desvantagem competitiva com os com as instituições com géneros europeias e instituições que operam também no mercado português diretamente no no no no mercado português aliás eu tenho ideia 30% do do crédito às empresas tem origem tem origem no exterior e portanto as empresas os bancos portugueses competem no terreno europeu numa desvantagem nessa nessa frente mas essa contribuição extraordinária tá a ser contestada legalmente uma delas que é do adicional de solidariedade tem sido contestada e assim tem havido tem sido dada razão no nos tribunais sobre sobre o setor o setor bancário Vitor Estamos quase a chegar ao fim aqui do nosso do nosso explicador H é necessária mais concentração dos bancos Isto é precisamos de bancos maiores Para que sejam mais competitivos nomeadamente em termos externos Olha eu não eu aí como por razões que compreenderá eu não posso entrar nessa questão porque sendo presidente da associação para mim enfim todas as instituições têm todas o o mesmo peso eh dentro da da da associação e obviamente cada uma delas é que fará as contas àquilo que ser as suas estratégias mais desejáveis portanto se se funcionarão melhor aumentando a sua dimensão através de concentração ou se preferem crescer organicamente portanto Isto são opções individuais que cada um dos bancos tomará eu se tivesse com um outro chapéu poderia enfim emitir uma opinião mais ou menos especulativa nest neste chapéu não posso não posso entrar nesse terreno então fazemos fazemos outra pergunta pergunto-lhe quais são os grandes desafios para a banca para a banca portuguesa mas aproveito para lhe dizer que os índices concentração na banca Portuguesa São relativamente moderados e portanto nós temos níveis de concentração eh a eh indicadores portanto indicadores de concentração indicadores de concentração de mercado Não estou não me estou a referir à dimensão das organizações inviste de concentração de mercado tem nós estamos abaixo dos Países Baixos estamos abaixo da Grécia são países mais ou menos da nossa dimensão e estamos ao nível de ao nível da Espanha ou até ligeiramente melhor do que a Espanha sendo que a Espanha tem um mercado cinco cinco vezes maior do que o nosso Portanto o nosso mercado é um mercado competitivo uhum eh e aliás eh fazia referência a isso há pouco ao dizer que o facto de haver instituições mais pequenas eh tem têm elas todo o interesse em em em promover a a concorrência conquistar e a Sua cota de mercado perguntava-lhes grandes desafios nos próximos tempos a breve prazo para a banca portuguesa a banca portuguesa tem portanto além do do do desaa acompanhar a economia acima de tudo e essa é uma parte importante o o principal interesse da da da banca Portuguesa e Admito que a banca noutros países é acompanhar e e favorecer o desenvolvimento das respectivas sociedades e das respectivas e das respectivas economias e porque eh como digo o interesse da sociedade é o interesse também de cada uma cada uma das instituições depois em particular neste momento temos os os desafios da transição digital enfim que é Um Desafio em permanência e em contínuo eh e e se eu posso utilizar o pleonasmo é Um Desafio continuamente desafiante portanto vem introduzindo novos elementos de de de de desafio como é neste momento o caso da Inteligência Artificial e temos o o outro desafio onde onde os bancos são mais uma vez instrumento da aplicação de políticas públicas que é ser um um terem um papel pivô na transição energética de toda a economia portanto os bancos os bancos são chamados não apenas a fazer a sua própria transição energética enquanto instituições mas a ter um papel pivô na transformação de todo do do resto do do resto da economia e já agora deixa-me aproveitar esta esta deixa para dizer outra coisa os Ban os bancos são aplicam para bono e e apesar dos estudos que ISO envolve várias políticas públicas importantes que são do interesse do estado e da sociedade desde a prevenção do branqueamento capitais e do financiamento do terrorismo a agora assegurar a transição energética da economia Isto é um serviço público que os bens prestam muito bem Vítor Bento obrigado pela disponibilidade por estar connosco nesta terça-feira nos numa altura em que a Associação Portuguesa de bancos comemora então 40 anos Bom dia e obrigado e boa semana obrigado [Música]