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nós vivemos em sociedades onde há cada vez mais pessoas idosas e em particular pessoas com mais de 80 anos Ricardo salgado por acaso tem 80 anos exatos filos há pouco tempo mas há muitas pessoas com mais de de de 80 anos em Portugal são quase 7% da população portanto uma pessoa em cada 15 mais ou menos portanto já é um número muito significativo eh e acontece que nós quando eh tem a probabilidade de ter Alzheimer depois dos 80 anos é muito elevada estamos a falar de 20% Ora bem porquê olha eu diria que isto é um problema que a gente devia perguntar ao Darwin basicamente nós estamos programados para viver tanto tempo nós estamos programados para viver tanto tempo portanto nós estamos programados a seleção natural Eh que que naturalmente determinou aquilo que nós somos biologicamente é evidente que a medicina depois Fez muitas outras coisas mas aquilo que foi a nossa evolução ao longo enfim praticamente até à 50 60 70 80 anos atrás este século século passado foi determinado por eh outros fatores eh que não eh enfim eu vou dizer uma coisa muito impopular também que di esta não é muito impopular Isa é uma constatação um aviso há outra que é muito popular Nós também não fomos programados por assim dizer para ter filhos tão tarde e portanto os riscos que muitas mulheres têm hoje em dia em ter o primeiro filho às vezes depois dos 40 anos é um bocadinho contra aquilo para que o nosso corpo e o corpo em particular das mulheres foi desenhado digamos assim desenhado pela natureza neste caso concreto o que é que do que é que estamos a falar estamos a falar de como nós ao longo da sobretudo dos últimos dois séculos fomos resolvendo alguns problemas que levavam a uma mostra idade mais precoce coisas tão diferentes como os antibióticos sim por exemplo como as vacinas eh as razões digamos as razões os motivos que levavam muitas pessoas a morrer até as guerras que temos hoje uma mortalidade derivada nós falamos muito de guerras não é mas a mortalidade derivada de conflitos em termos proporcionais é hoje muito menor do que já foi no passado pronto eh Além disso temos naturalmente tudo aquilo que tem a ver com doenças infecciosas de vez em quando apanhamos um susto com covid e mas mesmo assim e estamos sempre a falar quando comparamos por exemplo a taxa de mortalidade e Global do covid à escala mundial com aquilo que tinha acontecido 100 Anos Antes com com outro vírus também de uma espécie de uma gripe A Chamada gripe espanhola H percebemos que é são escalas completamente diferentes uma cala completamente diferente e depois temos um conjunto de outras maleitas digamos assim para as quais também temos vindo a encontrar e soluções umas mais sofisticadas outras menos sofisticadas e designadamente est TM por exemplo com nossa e sistema cardiovascular que a mesmo assim uma das principais razões de de mortalidade hoje em dia não era passado no passado as pessoas morriam de de de de gripe de pneumonia de tuberculose de enfim antes de Rebelo de sarampo dessas coisas todas que hoje em dia já não se morre já ou morre-se muito pouco portanto isto tem duas consequências nós já fizemos aqui uma vez um programa sobre uma dessas consequências que é a probabilidade de quase todos nós E aqui já falo mesmo não é apenas 20% mas quase todos nós desenvolvermos algum tipo de cancro ao longo das nossas vidas que começaram a ser muito longas e portanto o tipo de erros de de digamos de multiplicação de células que levam a origem dos dos cancros a probabilidade deles ocorrerem numa vida mais longa naturalmente é maior pronto no caso concreto da da das doenças que levam à demência e ao alzaimer em particular estamos a falar eh de da descencia digamos assim de partes do do cérebro que não não são todas todas as mesmas não ocorrem não têm todas as mesmas razões podem ocorrer em partes diferentes do cérebro e portanto provocar demências de tipo de tipos diferentes há demências que têm a ver com a perceção outras têm a ver com o comportamento portanto há vários tipos de demências E no caso concreto do Alzheimer é uma demência que quase sempre tem como primeiro sinal a a perda de memória de curto prazo portanto e fizemos ontem ou que fizemos até às vezes hoje um pouco tempo antes não é portanto género eh enfim há pouco tempo um amigo meu eh contava-me que o pai tinha deixado era um leitor de fanático de jornais coisa que hoje em dia já quase não existe jornais em papel eh e que tinha deixado de comprar porque quando acabava de ler o jornal já não se lembrava do que tinha lido Portanto ele próprio se foi a percebendo disso mas este é um dos problemas é que na meu na maior parte destas doenças que isto são doenças o doente não se apercebe do que lhe está a acontecer e é muito frequente e ir e a família perceber que alguma coisa não está normal e isso nem sempre é fácil detetar porque nós Há muitas coisas que vamos D arranjando desculpas mesmo na família porque a velhice é velhice portanto a idade faz-nos perder algumas capacidades quer dizer como é óbvio não é não temos jogadores de futebol de 80 anos só temos jogadores de futebol enfim hoje em dia já temos até aos 40 mas não era não era habitual habitualmente aos 30 acabavam portanto e porquê Porque perde-se massa muscular portanto mesmo fazero muito exercício perde-se massa muscular e perdem-se outras eh capacidades no caso concreto e ia só para acabar este aspeto da do diagnóstico que é um diagnóstico complicado complexo é é muito frequente estes doentes serem levados ao médico e dizerem Então mas o que é que sente el dias não sinto nada tou bem s e isto é uma das é uma das dificuldades deste tipo de de de de de de doenças no caso concreto e do Alzheimer o Alzheimer tem sido repara estamos a falar de uma doença que tem uma presença tão tão grande só para dar um números a Portugal para as pessoas terem uma noção da dimensão o último número que eu tenho que encontrei enfim não é um número muito recente é já de 2018 fala em quase 190.000 casos uhum portanto Admito que hoje já já estejamos nos 200.000 é praticamente 2% da população uma pessoa em cada 20 não é ah não perdão uma pessoa em cada 50 uma pessoa em cada 50 panto já é é é uma é uma im como como dizias faz com que quase qualquer um de nós já contactou de perto com a doença Exatamente exatamente ou na nossa família ou em famílias de amigos já contactamos com essa doença e mais do que isso e a perspectiva com apenas por basicamente por pelo fator de envelhecimento e o as estimativas é que nós cheguemos a 4% da população portanto um em cada 25 pessoas a não é daqui a muito tempo é 2050 portanto Isto são estimativas como é óbvio portanto estamos a falar dise doença do século pode mesmo ser a doença do século quer dizer porque é uma é uma doença que não que era raríssima no tempo que as pessoas não passavam dos 60 ou dos 65 ou dos 70 ou dos 80 hoje em dia temos esperanças de vida à nascença que no caso das mulheres em alguns países se aproximam dos 90 anos portanto H nascença e se pensarmos na esperança de vida aos 65 anos que é outra métrica aí já estamos muito em muitos países muito próximo dos 0 dos 90 anos mas isto é muito frequente é muito frequente termos pessoas com mais de de 80 anos em Portugal já temos uma população muito numerosa de octogenários ou mais octogenários portanto estamos a falar de 6 a 7% da população portuguesa 7% sensivelmente da população portuguesa com uma particularidade eh eu já vou aqui ver porque é que isto é importante com uma particularidade segundo o o último sensos 40 cerca de 40% destes destas pessoas com mais de 80 anos vive sozinha por que vive sozinha basicamente porque um dos membros do casal faleceu e os filhos estão noutro lugar ou ou às vezes alguns casos Não Têm filhos na maior parte desta digamos pessoas desta geração existe família T filhos portanto e mas tem em outras vidas emigraram estão emigraram até emigraram internamente não não vivem com eles e nós vemos isso basta sair vemos issoo quer diz era fácil perceber isso e em em muitos sinais diferentes muitos sinais diferentes podemos falar dos sinais do mundo Rural mas podemos falar de um outro sinal que perce quem tem como Sabes eu tenho cães e portanto ten amigos veterinários e que me dizem que a importância que tem por exemplo para pessoas idosas ter um animal de estimação precisamente por estar pela solidão pela solidão Ora bem eu já referi que um dos problemas do diagnóstico é que o próprio tende a não a não diagnosticar o outro problema é que uma das características das demências e do Alzheimer particular é que as pessoas perdem a capacidade de serem autónomas perdem a capacidade de se vestir perdem a capacidade de se orientar perdem a capacidade de se alimentar de manter a sua higiene e isso obriga é é a proximidade com estas pessoas e o cuidado destas pessoas pode ser muito muito pesado Porque isto pode ter reflexos na vida na não é só na vida diária é na vida também noturna portanto aquilo que se passa durante a noite eh na na na vida destas pessoas e portanto Isto é é eh quando nós falamos há uma um um um um uma errância noturna Hum uma uma instabilidade noturna sim sim que que é que é muito e que é muito característica portanto estamos a falar portanto como se como eu creio que estou a tentar explicar as dificuldades quer dizer a dimensão do problema e as dificuldades de lidar com ele isto tem consequências brutais portanto por um lado aspeto positivo isto tem levado a uma investigação nesta área cuja evolução nas últimas décadas é Colossal nós hoje temos meios designadamente diagnóstico muito mais sofisticados e é possível é possível ver coisas que eram impossíveis de ver aqui há uns tempos atrás por exemplo uma coisa que é o consumo de glucose glucose é um açúcar diferenciado pelas partes do cérebro permite ver até que ponto é que há partes que colapsaram e outras que não ou que estão a colapsar coisas deste gnero estás a ver a deteção de certas proteínas que podem ser indicadores do princípio da doença portanto a evolução é muito grande H há exames destes que são muito caros há outros que são mais acessíveis mas isto ajuda a perceber quando é que ajuda a perceber aquilo que neste momento é uma das preocupações dos médicos que é procurar a deteção precoce E isto é muito importante precisamente porque os sinais exteriores são muito difíceis de de perceber e por outro lado porque não há neste momento e nada a não se encontrou Nenhuma forma de fazer parar a doença porque o que é que é esta doença Isto é aquilo que se chama doença é de alguma forma uma doença degenerativa é um processo durante o qual morrem neurónios portanto no nosso cérebro para se ter uma ideia nós temos um número Alucinante de ne o número de que se fala enfim está cientificamente provado que é esse número exato não mas o número que os cientistas referem é 100.000 milhões Agora imagina para ver a complexidade do que é esta Esta coisinha que nós temos dentro da nossa cabeça e cada neurónio pode ter através das suas diferentes sinapses 10.000 conexões 100000 milhões 10000 conexões isto é uma Lou sim é exponencial é uma coisa completamente eh imensa O que acontece no caso concreto dos do do Alzheimer eu não vou entrar em grandes detalhes sobre isto acho que não vale a pena mas é que há duas proteínas importantes em todos estes processos e uma delas pode formar uma uma espécie enfim não o nome não é uns discos umas acumulações porque torna-se menos solúvel essas acumulações podem provocar engarrafamentos por assim dizer da transmissão dos dos sinais e ao mesmo tempo há uma outra proteína que também se pode ter uma aaria e e e e e também prejudicar a transmissão desses sinais dentro dos próprios neurónios eu estou a dizer isto de uma forma menos complicada possível para quem não não percebe e muito visual pronto quando estas coisas acontecem isto leva à morte de de neurónios e depois também tem implicações portanto a maior parte só para também coisa os neurónios estão a maior parte deles esmagadora maioria deles estão naquilo que nós habitualmente chamamos a massa cinzenta mas a massa cinzenta é apenas a parte exterior do cérebro a parte interior é é mais esbranquiçada se nós alguma vez Vimos um cérebro uma mioleira pronto para dier para para Assis que faz impressão a muita gente mas eu sou do tempo é que estava miira aos filhos portanto vi muitas milir e comia que eu pronto T comia miira e devo dizer que gosto pronto para acabar ir já com esta discussão só me lembro do ministro da Agricultura a comer min pron mas Pronto quem já viu sabe quem quem já veio Pode ser às vezes ver cência para comer não é portanto eh é H uma a parte interior é mais branquiçada até Men não há neurónios mas não é a mesma coisa estão sobretudo canais de comunicação e portanto os sinais habitualmente são o errar vou usar uma expressão alegórica de algumas partes do cérebro algumas demências são localizadas e portanto T consequências em processos determinados como por exemplo da perceção ou da memória no caso concreto da da doença do Alzheimer isto acontece em várias partes do do cérebro os primeiros sinais são de facto os que têm a ver com com a memória de curto prazo mas depois eles vão se tornando cada vez mais alargados e com outras com outras consequências Ora bem ligação nos últimos anos permitiu permitiu perceber que é possível detetar a presença de uma destas proteínas avariadas digamos assim em análises de sangue pronto eu penso que são anális de sangue S são detetar a sua presença e portanto perceber antes porque isto é uma digamos ência leva tempo e antes de se manifestar externamente já está ser portanto aquilo que os médicos procuram os cientistas é procurar perceber quando é que ela é desencadeada para procurar aí parar ou atrasar esta decência isto levanta vários problemas complicados complexos primeiro porque a simples existência desta proteína pode não ser numas análises pode não ser suficiente indicador de que esse processo já começou ou possa vir a ter consequências porque nós sabemos que por exemplo que os tais os tais nódulos os tais discos que esta que esta proteína eh acaba por formar eh São detetados por exemplo em cerbos de pessoas que morreram por exemplo no acidente Fiação e depois é feita uma análise eh e e elas têm 40 50 anos e e t não t nenhum sinal de doença mas já T muitos destes nódulos no seu céreo portanto não é o único o único indicador de que a doença existe não é portanto e há já alguns medicamentos que permitem e Contrariar a formação destas proteínas e até fazer reverter a existência dos Tais nóos não mas não isto não para não para a doença estas esta há duas duas dois medicamentos pelo menos nos Estados Unidos eu na Europa não não conseguo perceber provavelmente Elas também já são usados mas para ter uma ideia para números para os Estados Unidos Isto é um tratamento que custa dezenas de milhares de de Dólares portanto eh não custa os milhões que custam outros tratamentos que a gente sabe que existem também não é tão caro como algumas alguns tratamentos para o cancro que podem ainda ser mais mais caros mas levanta aqui um um outro problema que é um problema económico que é se nós tivermos cada vez mais pessoas com este tipo de doenças vamos os ter recursos para as tratar os nossos sistemas de saúde vão ter recursos para tratar nós muitas vezes falamos que os nossos sistemas de saúde estão sob pressão por causa de de de as pessoas mais velhas terem mais doenças isso é em parte verdade mas o a parte principal dessa verdade é que nós temos cada vez mais medicamentos e medicamentos mais caros para tratar essas doenças e isso é que faz mais do que o número de doentes é e o custo exponencial dos tratamentos e dos próprios métodos de Diagnóstico que alguns deles são muito sofisticados e portanto exigem são muito caros que levam a este aumento cois há aqui um problema económico depois como você já tem perceber há um problema sociológico que é o que é como é que tratamos estas pessoas uma coisa está na família e ter apesar de tudo um cuidador familiar outra coisa é viver sozinho e não ter cuidador nenhum outra coisa é o que se passa nos sistemas nos lares na no no nas residências assistidas nesses locais onde sabemos que e a forma de acompanhamento é pode variar imenso imenso imenso e ainda hoje há uma uma notícia do dia não é que nós temos problemas de monst tratos em muitos lares portanto panto temos aqui uma galáxia de de questões ainda há outra questão Hum que eu achei muito interessante e que também que é uma questão que eu diria No Limite ética portanto Como eu disse há medicamentos que permitem atrar controlar a tal proteína portanto atrasar o desenvolvimento da doença mas não não a param e não a evitam neste momento estou a falar deste momento o o que levanta uma questão que é os médicos estão a colocar é assim bem mas até onde é que nós estamos a tratar uma pessoa se a partir de um determinado momento essa pessoa deixa de ter qualidade de vida por mais que nós façamos portanto porque há no desenvolvimento desta doença que também é digamos uma característica dela é que pode haver um período longo que não é um período um período longo em que a pessoa que mantém qualidade de vida portanto e até mantém autonomia e até qualidade de vida e depois há um período a partir do qual essa qualidade de vida desaparece e a pessoa pode ficar viva durante muito tempo portanto faz sentido manter o o tratamento quando já não há nada que se possa fazer pela qualidade de vida e e e numa altura em que a pessoa também já não quem é que toma a decisão é o próprio ou é o cuidador E se o cuidador não foi da família portanto há aqui imensas questões muito complexas e além da comp idade da própria doença em si portanto sendo que isto não é um problema pequeno como algumas doenças raras é uma doença comum e que se vai tornar cada vez mais comum portanto eh creio que quando vimos ontem Aquelas imagens muito que nós achamos mas como é que aquele homem que há 10 anos era o Don era como se dizia o Don distudo e que tinha um poder imenso e que tinha uma capacid quer dizer tinha era alguém que obviamente tinha capacidades e grandes capacidades po pode estar 10 anos depois naquele estado quer dizer aquilo é teatro não aquilo quer dizer pelo todos os indicadores que nós temos não é teatro é assim mesmo pode acontecer pode acontecer pode acontecer a qualquer um de nós e eh as únicas coisas que nós podemos fazer Contra isso há algumas coisas que podemos fazer Contra isso eu vou só dizer ser muito rápido porque nós hoje temos muito pouco tempo tem a ver com hábitos de vida hábitos de vida designadamente com um fenómeno que nós passamos a vida a falar aqui na rádio que é no programa da Maria Chaves aprender a comer e que é uma coisa que que é estranha de falar que é inflamação uhum Hoje em Dia Uma Obsessão de de sim a alimentação antiinflamatória alimentação anti-inflamatória alimentação que provoca inflamação e de facto um menos inflamação ajuda a criar portanto a atrasar este todos estes processos e portanto há uma quantidade de coisas que ajudam ajudam a controlar o peso ajudam exercício ajudam atividade sociabilidade Há muitas coisas que ajudam mas sobre isto mais uma vez não é nada é completamente determinante porque voltando ao ponto inicial o nosso design não foi feito para nós vivermos tantos anos como estamos a viver isso e pode-se de vez pode de vez em quando acontecer mas como quando quando se torna a regra ou quase a regra naturalmente que vem associado a problemas
1 comentário
Mais um trabalho excelente
Muito muito obrigada JMF