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[Música] está na hora de viajar pelos cinco continentes na rádio observador já sabe que é por aqui que analisamos a geopolítica internacional todas as semanas e sempre com o historiador Bruno Cardoso Reis Bruno bem-vindo mais uma semana mais uma vez como estás Olá obrigado tudo bem tudo bem tudo bem por aí pelos Estados Unidos da améric já hor jás estamos a habitar tá bom tempo e o que nem sempre é o caso por aqui mas mas realmente aqui na capital tem estado um tempo ótimo sim Ótimo esperamos que se mantenha assim depois das eleições também or exato o ambiente em geral é isso é isso principalmente vamos falar obviamente das eleições dos Estados Unidos H na segunda parte vamos também às tensões entre o Canadá e a Índia também uma viagem de Carlos I que se diz que pode ser uma viagem de despedidas já lá vamos primeiro Como disse nesta primeira parte Vamos então às guerras e às eleições nos Estados Unidos é precisamente por aí começamos Bruno estás como dissemos no melhor Sítio do mundo para nos falar sobre isto olhamos primeiro para as sondagens porque Donald trump voltou a ter algum ascendente depois da recuperação de camela Harris a pergunta que faço Bruno é Com estes números podemos dizer que trump tem a Vitória Garantida bem é assim por um lado temos que ter algum cuidado porque as sondagens mais recentes dão nalguns casos vantagem Donald trump mas sempre dentro da margem de erro ou seja o tipo de vantagem que Camel haris também foi conseguindo À Volta do 2% e e se olharmos para um indicador um pouco mais seguro e que são aqueles agregadores ou ou somatórios de sondagens no fundo que fazem médias de muitas sondagens h e de facto aí a Camel haris continua com vantagem embora uma vantagem que está a reduzir-se mas que anda à volta também dos 2% agora eh Apesar de tudo eu acho que a pergunta faz sentido eh não não a ideia de uma Vitória Garantida ou seja acho Com estes números eh a única resposta séria que se pode dar é ninguém tem Vitória Garantida e portanto não sabemos eh até porque as sondagens têm margens de erro por alguma razão mas apesar de tudo eu diria que estes números e o contexto geral eh Tend a favorecer um pouco mais Donald trump e portanto à partida ser ele o vencedor será o mais expectável por um lado porque ele não precisa de vencer e as eleições no voto popular eh e tipicamente os Democratas precisam de ter uma margem grande no voto popular no voto popular nacional para acabarem por vencer a naquilo que conta que são as eleições estado a estado e em particular naqueles estados oscilantes que nesta eleição são sete h e portanto aí realmente eh nessa matemática do colégio eleitoral a partirda Donald trump tem uma certa vantagem e as sondagens o que mostram é que eh Camel haris tem ligeiras vantagens nos Estados do norte eh Donald trump tem ligeiras vantagens nos estados do sul eh destes estados oscilantes estados como por exemplo o Arizona ou a Geórgia eh tendencialmente as sondagens favorecem Donald trump estados como a Pensilvânia e o Michigan ou viscon entendem a favorecer camela haris e depois há um ou outro que está empatado em que estão basicamente empatados como a Carolina do Norte ou ou novada eh mas eh além disso em termos de contexto eh Há de facto uma insatisfação dos norte–americanos com a economia a economia é a primeira prioridade para a maior parte das pessoas enfim Voltaremos a esse ponto mais adiante eh mas há realmente uma insatisfação muito grande em particular com a questão da inflação apesar dos salários até terem acompanhado muito mais do que na Europa a inflação os preços Estão realmente bastante mais caros estima-se cá H volta de 25% mais caros durante o mandato de biden eh e portanto isso é nota-se e e de facto estando aqui é fácil ver isso as coisas parecem caras realmente é difícil arranjar qualquer coisa a menos 10 dólar e portanto Isso irrita muitas pessoas e falando com as pessoas isso é bastante Evidente e portanto Tend a isso tende a favorecer quem não está no poder quem está na oposição e e sobretudo e como é o caso Donald trump Também quem tem respostas muito populistas e simplistas para problemas complicados e como esta questão da inflação ou da ou da desindustrialização da perda de empregos mais bem pagos nas indústrias mais tradicionais que é realmente um um processo global e que tem muito a ver também com a globalização que é difícil de gerir porque os países também precisam de exportar e portanto se restringem demasiada das importações eh se aumentam muitas taxas alfan garas isso vai criar problemas depois às suas exportações guerras comerciais e também vai ter um efeito de aumentar a inflação eh mas realmente na digamos no discurso Donald trump tudo isso eh não aparece parece bastante simples h e portanto eu diria que tendencialmente realmente Donald trump eh eh tem um certo favoritismo eh nestas eleições eh e portanto eh não me espantaria realmente se o final fosse que ele acabasse por vencer até porque e terminava com esse ponto há um terceiro uma terceira tendência que é uma tendência aliás global que é a tendência para a rejeição e de quem está no poder Donald trump já sofreu com isso quando perdeu a sua reeleição agora consegue aparecer novamente como uma figura digamos renovada e e e é também por isso Donald trump tenta associar muito Camel Harris a Joe biden e é por isso que ela eh cometeu um erro quando e recentemente numa entrevista disse que não se não ocorria nada que fizesse diferente em relação ao Joe biden e entanto já foi corrigindo isso e insistindo que vai ser uma presidente diferente de Joe biden Portanto vamos ver se consegue convencer os eleitores realmente disso uhum Bruno normalmente Nós deixamos aqui nos C continentes as perguntas dos nossos ouvintes para a segunda parte até para mais para o fim do programa Mas esta semana Antecipamos porque temos um pedido precisamente sobre os Estados Unidos ora o nosso ouvinte António Ramos a quem obviamente enviamos um abraço agradecemos o e-mail Deixa deixa-te esta pergunta o que é que pesa mais nesta eleição norte–americana Bruno são as guerras culturais Como por exemplo o combate ao fenómeno woke por exemplo ou a economia se é o se é a carteira dos Americanos que pesa mais eh bem muito obrigado ao António pela pela questão que é muito pertinente Já começamos um bocadinho a responder na anteriormente mas mas realmente é uma questão central e que merece ser respondida de uma forma um bocadinho mais mais aprofundada se nós olharmos para as sondagens aquilo que aparece realmente como prioritário de forma destacada 30% portanto geralmente o dobro de da percentagem que aparece para outras questões é realmente a questão da da economia e em particular e somos um bocadinho mais fundo esta questão da da inflação e uma outra questão ainda que nós também percebemos muito quando estamos aqui nos Estados Unidos eu acho que já me foram oferecidos para aí quatro ou cinco cartões de crédito Praticamente em qualquer compra se oferece um cartão de crédito eh e h e realmente os americanos recorrem muito ao crédito eh o ao crédito para o consumo eh esse crédito tem taxas sempre muito elevadas eh e que se tornam ainda Mais elevadas também Neste contexto ou seja com a subida das taxas de juro nós sofremos disso também na Europa os dois fenómenos aliás mas por exemplo em Portugal isso pesa muito sobretudo na questão da Habitação que é onde estão muito concentrados os empréstimos dos portugueses mas nos Estados Unidos é uma questão muito mais Ampla ainda e e portanto H depois surgem questões como por exemplo as migrações as migrações T certamente também uma dimensão cultural identitária Portanto o que é que queremos aqui dizer com cultural é só esta questão das guerras em Torn do oiso e de usar exões corretas os pronomes corretos Eh Ou são outras questões eh e portanto mas por exemplo a imigração aparece como eh logo com números que são metade da economia ou a questão por exemplo do aborto que é eh outra questão que podemos ver como parte destas guerras culturais em torno de costumes de princípios de normas tradicionais e e e e e no fundo mudanças nessas normas tradicionais e mas claro por exemplo somarmos esses dois já vamos ter valores próximos da economia não é portanto eh apesar de tudo eu acho que a o digamos aqui o nosso ouvinte tem alguma razão eu acho que este fator não deixa de ser importante acho que não é por acaso por exemplo a campanha de trump Insistiu muito agora na última semana em em clipes publicitários que também se vem com muita frequência aqui nas nas televisões eh por exemplo de que Camel Harry teria estaria a defender mudança portanto cirurgia para mudança de género não é eh para presos não é para pessoas que estão Presas no na no sistema prisional americano inclusive para Imigrantes Ilegais que estão presos eh no sistema eh americano eh a Camel Harry lá respondeu bem isso é a lei enfim eh mas eh eh se houver razões médicas para isso mas realmente isso é uma forma de no fundo procurar lembrar aos eleitores da parte da campanha de trump que eh Camel haris que o partido democrático tem aqui uma visão que para muitos americanos eh mais conservadores é uma visão muito radical muito extremista muito hoquista ou seja muito eh de policiamento da linguagem de policiamento dos comportamentos uhum eh de cancelamento de repressão digamos de de expressões ou de frases que de repente passaram a ser inaceitáveis e e portanto tudo isso eu acho que eh realmente é aqui um elemento também na campanha e de acordo com alguns especialistas por exemplo um sociólogo e especialista em comportamento eleitoral eh e também de campanha eh o Rui Teixeira que é um que é um um norte-americano de origem portuguesa eh que tem décadas de experiência em campanhas do partido democrático por exemplo uma das questões que o preocupa Ele publicou um livro recente que nós já aqui recomendamos eh Where have all the democrats Gone por onde é que foram os os eleitores tradicionais Democratas e e uma das questões que ele coloca é muitos destes eleitores tradicionais Democratas trabalhadores menos qualificados homens brancos trabalhadores menos qualificados em Estados como a Pensilvânia por exemplo eh realmente eh não se identificam com estas mudanças muito radicais de comportamento linguagem etc e sentem-se também no fundo a apontados quer dizer estigmatizados quase pelo partido por um partido que vem como muito elitista muito preocupado com debates digamos académicos de das Universidades etc e e portanto não se deixaram de se identificar com com o partido e Portanto acho que isso é mais um fator que torna mais complicada a vida para os Democratas e para camela Harris apesar de tudo volto a sublinhar a eleição É continua a ser bastante competitiva muito renhida portanto não há aqui vencedores garantidos à partida mas certamente que este fator também pesará alguma coisa vamos aguardar até ao próximo dia 5 de novembro Dia das eleições norte-americanas Claro com Onde está Campo aqui no na rádio observador onde vai poder ouvir tudo o que acontecer nesse dia eleitoral e marcante para os Estados Unidos e para o mundo Bruno vamos até à Ucrânia e esta semana tivemos vlodimir zelenski a apresentar aquilo que chamou de plano de Vitória o presidente ucraniano afirma que se este plano for posto em prática a guerra acaba no próximo ano para mim é muito importante partilhar o nosso plano de Vitória com todos os líderes que nos ajudaram o nosso plano é fortalecer a Ucrânia para ser forte e estar pronta para tudo e é ótimo Na minha opinião que este plano não dependa da vontade da Rússia mas apenas da vontade dos nossos parceiros eu acho que isto cria uma oportunidade para que este plano se torne real precisamos de dinheiro e parcialmente virado de bens Russos congelados vamos precisar dele para a produção de inverno a decisão política sobre os 35 milhões depende agora apenas da União dos líderes europeus Bruna Afinal que que plano é este e e pergunto também se esta Vitória de zelens principalmente Vitória tão rápida no próximo ano se é realista também bem eu acho que temos de ver isto sobretudo como digamos parte do trabalho zelens como líder de um país em guerra que é de procurar continuar a motivar as pessoas Claro depois de um enorme desgaste não é estamos a falar de uma guerra que vai para o terceiro ano vai completar o seu terceiro ano e portanto eh Realmente isso é um enorme desgaste eh sendo muito claro muito analítico eh não parece que haja aqui um plano de Vitória realista de zelenski ou de outro ator qualquer sobretudo Vitória total em relação à Rússia de Vitória militar total em relação à Rússia mas também não parece que haja um plano credível eh e aqui estou por exemplo sa Donald trump de negociações de compromisso de uma de uma digamos de uma paz pela Via pela Via diplomática que de por exemplo reais garantias de segurança à Ucrânia de que ela não voltará a ser atacada pela Rússia no curto prazo eh ou de que H eh de facto eh poderá depois manter-se independente e prosseguir a sua própria política externa eh portanto um dos pontos de base que eu tenho sempre insistido em relação à análise este conflito é não há saídas simples e garantidas e rápidas seja pela Via militar seja pela Via diplomática e apesar de tudo eu diria é possível e e já foi em parte alcançado uma vitória parcial com enorme custo com enorme heroísmo da parte dos ucranianos também com um grande apoio e da parte e do ocidente em particular em termos militares dos Estados Unidos Mas também da Europa e e portanto essa vitória parcial no entanto para ser mantida tem exige a continuação desse esforço porque por parte quer da da população ucraniana portanto a uma manutenção do apoio da população ucraniana a esforço de guerra e também uma manutenção do apoio em termos financeiros em termos económicos em termos militares dos países ocidentais à Ucrânia É exatamente esse esse é um Ponto Central aqui deste plano zelenski que a par disso insiste nesta questão que eu também estou inteiramente de acordo com e reverse uma série de linhas vermelhas artificiais sobre o emprego de armamento para a Ucrânia se defender mais eficazmente contra alvos no interior de território Russo mas que são usados para depois atacar a Ucrânia lançar mísseis sobre a população ucraniana preparar ataques sobre zonas do território ucraniano portanto tudo isso me parece fazer bastante sentido e agora infelizmente não parece também eh mais uma vez sendo muito analítico e muito Claro e muito objetivo não parece que zelenski tenha conseguido aqui grandes avanços nesse sentido eh enfim conseguiu o anúncio de mais apoios Por exemplo dos Estados Unidos com eh 500 eh Milhões de Dólares mais mas a verdade é que e sobretudo Este é o ponto crucial eh Há aqui um elefante na sala que é eh uma das razões pelas quais não houve grande avanço nem grande compromisso a este a este nível foi porque tá toda a gente à espera das eleições norte-americanas não é e portanto eh os Estados Unidos não são aqui o único apoio relevante da Ucrânia já vimos aqui esses números a Europa neste momento até apoia mais em termos do agregado do somatório todo Tod o tipo de apoios do que os Estados Unidos eh mas o apoio americano é realmente eh insubstituível sobretudo ao nível militar e eu diria mesmo também ao nível diplomático eh Global eh para haver uma vitória Total O que é que seria realmente necessário bem é algo que não depende em última análise da Ucrânia ou dos países ocidentais ou de um plano deste tipo eh a não ser indiretamente Eh Ou seja basicamente seria necessária a mudança do regime na Rússia eh isso às vezes já foi dito até explicit por zelenski eh mas eh mas de facto isso não depende em última análise dos ucranianos ou dos europeus depende dos russos em particular das elites russas que têm enormes interesses investidos neste regime inclusive interesses corruptos e criminosos portanto e dificilmente vão ter grande entusiasmo por uma mudança de regime eh e h e portanto desse ponto de vista H é o que escapa ao controlo da Ucrânia embora seja verdade quanto mais tempo o conflito se mantiver quanto mais esta pressão militar continuar a existir sem grandes resultados para o lado Russo maior é será a probabilidade eh enfim de que essa eventual mudança de regime possa existir mas de facto isso é alo que é impossível de de prever ou ou de antecipar ou até de eh enfim de haver aqui uma intervenção direta eficaz de Fora para que isso aconteça uhum Brun nesta nesta primeira parte temos apenas 3 minutos e temos aqui duas perguntinhas portanto sugeria 1 minuto minuto e meio para cada uma delas vamos ao médio Oriente esta semana o destaque vai precisamente para o posicionamento de alguns países fao a Israel incluindo de Portugal eh no debate preparatório do Conselho europeu desta semana o primeiro-ministro Luis Montenegro pediu um sar fogo imediato condenou também a força exiva de de Israel Isto é alguma mudança de posição do governo português Bruno muito rapidamente não não creio que seja e uma grande mudança é eventualmente um ligeiro recalibrar eh e e explica-se uma questão Portugal neste ponto não quer ter uma posição muito diferente dos seus principais parceiros europeus ao contrário por exemplo da Espanha que assumiu claramente aqui uma posição muito pro árabe e muito crítica de Israel quer por razões aliás política interna eh enfim de de uma Coligação com partidos bastante à esquerda no governo quer também de política externa sempre teve uma política muito pró árabe Portugal quer basicamente seguir a posição dominante ao nível sobretudo do resto da Europa e aí o que se nota realmente é uma maior impaciência em relação a Israel eh mesmo da parte dos países que mais apoiam Israel no contexto europeu como a grã-bretanha ou a Alemanha e portanto desse ponto de vista parece-me que Portugal decidiu acompanhar no fundo essa essa tendência e é isso que explica estas declarações Uhum E num minuto também muito rapidamente entretanto Israel anunciou a morte do líder do ramas a sinua e ele que liderava a organização em gasa há 7 anos Que efeito é que esta morte pode ter Bruno bem permite a Israel declarar Vitória eh e é realmente objetivamente um objetivo muito importante sin noar não é um líder como outros líderes do amas que foram sendo abatidos era realmente claramente o líder mais importante mais radical eh foi o principal responsável pelo ataque do 7 de outubro e por uma radicalização violenta do amas que sempre foi movimento radical e violento e e digamos que tendeu a rejeitar qualquer compromisso negociado com Israel mas com ele ainda mais e portanto tudo isso diria eu abre a possibilidade de uma certa viragem de página daria margem ao governo de Israel para provar mente eh dar algum espaço para negociações para voltar a pensar em termos mais estratégicos e não tanto operacional e operacionais estáticos militares eh em termos da da região e de prosseguir esta estratégia de procurar normalizar relações com os estados mais moderados mais conservadores da região Se quisermos inclusive a Arábia Saudita foi esse um dos grandes objetivos do ataque do 7 de outubro pelo amas com apoio do Irão foi descarrilar esses esses acordos Mas não é para mim todo garantido que seja Realmente isso que aconteça e também não é é todo garantido que isto seja o fim do hamas ou da Resistência armada palestiniana porque um fenómeno possível é renovação dentro do hamas até configuras igualmente radicais ou a fragmentação ou seja outros movimentos como a giade islâmica e outros outros movimentos armados no fundo virem substituir aqui o papel do amá na luta armada com Israel uhum Bruno vamos ao conselho europeu que foi muito marcado pela questão das migrações por aquilo que ouvimos podemos dizer que o velho continente se está a fechar Bruno eu penso que sim ou seja na na aquele saudou programa o café Europa em que eu participava com o Henrique pornet com Madalena resend comog realmente eh realmente ess este tornou-se um dos grandes temas portanto é um tema que vem ganhar importância nos últimos anos eh e eu defendi várias vezes e penso que os os factos têm validado isso que havia realmente esta tendência e que era uma tendência em que realmente há partidos de direita radical de extrema direita Se quisermos que tem um peso grande mas cada vez mais partidos digamos eh do sistema partidos tradicionais do sistema de direita mais mas também de esquerda uma um dos países por exemplo que se empenhou nesta agenda foi a Dinamarca que é que tem um governo um governo socialista social-democrata Se quisermos eh e portanto eh isto isto reflete realmente também ao que nós percebemos nas sondagens que é uma impaciência da opinião pública com a ideia de eh imigração descontrolada de fronteiras eh sem controles eficazes eh e também eh por exemplo num país como a Alemanha que tamb mais uma vez tem um governo de esquerda mas onde da Extrema direita tem subido muito eh por exemplo o problema da deportação de e daqueles daquela percentagem muito pequena mas depois tem um impacto enorme de imigrantes ou refugiados que são acolhidos eh nos países europeus e depois desenvolvem atividades criminosas ou até terroristas eh e portanto eh e muitas vezes percebe-se que de facto essas pessoas estavam num processo de portação portanto Já deviam ter sido expulsas do país mas isso não tinha sido possível h e portanto Eh claro claramente há aqui uma uma tendência para um maior fechamento eu aliás acho que esta é uma tendência Global tivemos a falar das eleições Americanas Donald trump encarna isso de uma forma digamos quase que espanando Mas mesmo o partido democrático mesmo Joe biden tem uma postura muito mais protecionista nacionalista do que tinha há uns anos atrás portanto é realmente uma tendência global é também uma tendência forte na Europa A parte disso eh um outro dado que foi aqui destacado foi eh o maior protagonismo de países que a que não são a França e a Alemanha Portanto o eixo a Paris Berlim está enfraquecido os líderes respectivos estão politicamente enfraquecidos eh e portanto países como por exemplo a Polónia assumiram aqui um protagonismo maior eh isso também é um dado interessante para terminar eu diria apesar de tudo é fundamental e Recordar aqui alguns pontos cruciais que é É verdade que historicamente eh se quando temos imigração eh muito significativa percentagens que andam à volta dos 10% ou mais o que acontece n alguns países europeus o O que significa nas zonas onde essa imigração se concentra muitas vezes nas grandes cidades percentagens muito acima disso tipicamente há uma reação nativista Se quisermos uma reação da população eh digamos desses países a a esta perceção de que H zonas do país em que já não se sentem em casa eh mas também é verdade que H em termos económicos a imigração é extremamente importante eh é fundamental para o dinamismo da economia é fundamental para termos uma população ativa num contexto de envelhecimento eh muito acelerada da população europeia eh e portanto por razões pragmáticas de interesse próprio realmente a Europa tem de encontrar aqui uma política de imigração que seja eh que seja viável que tenha apoio público da opinião pública eh mas também não feche completamente as portas eh porque isso teria consequências económicas negativas basta olhar por exemplo ao caso do Japão que já falamos também aqui algumas vezes onde não há problemas de populismo identitário Mas onde há décadas que há problemas muito sérios de estagnação eh económica e uma das razões que é frequentemente apontada pelos especialistas é uma política muito restritiva para a migração eh e a questão do digamos da deportação não é por acaso que é uma questão complicada é porque isso implica ter acordos com os países de origem e em muitos casos isso é muito difícil os países de origem não tão interessados em em em em trazer de volta eh pessoas que emigraram para regiões mais ricas e de onde aliás podem depois enviar remessas eh como faziam os imigrantes portugueses com muo com um peso enorme no passado na na economia portuguesa eh ou no os casos por razões até de de corte de relações por exemplo a questão da Síria é um exemplo disso não há relações com o regime de assado e portanto essa é uma questão prática bastante complicada de resolver independentemente dos comunicados e das decisões e das resoluções no conselho europeu uhum Bruno pegamos então nas malas e bagagens vamos até a África tivemos uma simeira tripartida pelo Egito eritreia também Somália que afirmou não ser contra a Etiópia Qual é que é o histórico de relações nesta região do corno de África bem eh é é uma simeira que teve lugar eh na capital da da eritreia eh e portanto eh que tipicamente não é digamos assim uma um grande centro diplomático asmara eh que reuniu realmente o presidente cí do Egito o presidente Isaías aerc da eritreia e o presidente do governo internacionalmente reconhecido da Somália o Sheik mahmud eh mas eh realmente eh essa essa declaração é bastante reveladora ou seja geralmente e geralmente é desconfiar não é quando uma simeira quando um grupo de países se sente obrigado a dizer nós não estamos contra este outro país se calhar há ali qualquer coisa e realmente na na no comunicado oficial há ele ele começa por dizer uma das prioridades destes três países é o respeito pela integridade territorial dos países desta região do do chamado corno da África da África Oriental ora eh o o problema que está em cima da mesa e que claramente motivou esta simeira e esta aproximação convergência crescente entre os três países é o facto da Etiópia ter assinado um acordo com uma região separatista uma região Independente de facto eh no contexto da Guerra Civil da Somália a somalilândia que era a antiga Somália britânica Portanto o norte a zona mais a norte da Somália para no fundo ter acesso ao mar e poder até desenvolver aí um Porto eh a Etiópia é um país encravado é um país enorme com enorme dinamismo mas encravado perdeu o seu acesso ao mar com a independência precisamente da eritreia e historicamente ao long ao longo de muitos séculos esta foi uma uma preocupação Uma Obsessão uma prioridade estratégica dos do dos sucessivos impérios etiopes podemos recuar ao século XIV ao século XV ao século XV por exemplo quando os portugueses estavam a chegar a esta região e que vão ajudar Aliás o império etiope uma das grandes preocupações até para garantir mais facilmente o acesso à ajuda portuguesa à ajuda militar portuguesa do império etiope Nessa altura era precisamente tentar voltar a ter portos a na na ou ou no Índico ou no mar ou no Mar Vermelho e o o grande império etiope do enfim do século XIX do século XX nomeadamente com a selá a grande prioridade que ele tem eh depois da segunda guerra mundial de vencer a segunda guerra mundial com a ajuda dos Aliados contra os italianos é precisamente anexar a eritreia para ter esse tal acesso ao mar eh mas portanto voltou a perder isso e essa voltou a ser uma questão porque é que aparece aqui o Egito bem é o é um grande poder Regional nesta região e tem uma outra questão com a Etiópia que é a questão do Nilo e o Nilo basicamente nasce 85% da água do nilo vem dos dos planaltos da Etiópia do chamado Nilo Azul ora a Etiópia está a construi uma enorme barragem e chamada barragem da renascência etiope precisamente nesse Nilo azul e o Egito tem E desde essa altura portanto n na última década Tem havido tensões crescentes porque o Egito tem uma enorme preocupação de que a Etiópia de facto restrinja muito a quantidade de água que vai até ao Egito e como sabemos também há milhares de anos que o Egito é basicamente eh a fonte de digamos de que alimenta a civilização eh egípcia não é e portanto isto explica Aqui Esta convergência entre estes três países infelizmente aquilo que podemos concluir daqui é que há uma tendência séria para o intensificar das tensões dos conflitos nesta região não falamos que é do Sudão mas por exemplo na guerra civil no Sudão estes países também estão a apoiar lados diferentes eh o Egito do lado das Forças Armadas a Etiópia por exemplo do lado destas forças de apoio rápido das forças Rebeldes Se quisermos e portanto há realmente uma tendência muito séria para eh conflitos renovados e intensificados entre diferentes países e entre diferentes grupos armados nesta nesta região da do corno da África ou da África Oriental uhum Bruno vamos viajar então até à Ásia Pacífico tivemos a 23ª simeira dos chefes do Governo da organização para a cooperação de Shangai qual é que é a importância desta organização e também desta simeira Bruno bem é uma organização que é criada em 2001 com esta designação inicialmente é formada portanto a sua antecessora os chamados cinco de Xangai eh é formada logo em 95 pela Rússia e pela China basicamente para lidarem com junta junta a estes países com os países da Ásia Central da antiga Ásia Central russa e Soviética que se tinham Tornado independentes e portanto é no fundo uma forma de lidar com aqui um certo risco de um vazio de poder nesta região da Ásia Central que era muito importante para a segurança que er da China que er da da Rússia até por causa também do receio de movimentos islamistas radicais giad distas etc da proximidade Afeganistão mas entretanto eh e sobretudo por causa da China eh e ao serviço da agenda chinesa foi-se alargando muito significativamente atualmente já tem 10 estados membros os últimos países a aderir significativamente foram o irão em 2023 e a bielorrússia em 2024 é já a maior organização regional em termos de população e diária em termos de população tem quase eh 50% da população do mundo à volta de 40% isto explica-se nomeadamente porque junta alguns dos países mais populosos inclusive os dois mais populosos do mundo a Índia e a China agora há aqui uma questão que é como eu referi é cada vez mais está cada vez mais ao serviço de uma agenda chinesa Aliás a China vai assumir agora a presidência rotativa e já apresentou a sua agenda o primeiro ponto é exatamente um esforço para uma maior convergência estratégica entre os Estados membros eh e eh e para terminar eh dois pontos primeiro é isto cria crescente resistência da parte da Índia que é um estado membro continua a participar mas tem deixado tem sinalizado um desinvestimento na organização isto Ficou claro eh também pelo facto da simeira ser em islam Abada ou seja na capital do Paquistão eh a China tem relações eh eh peço desculpa a Índia tem relações muito tensas com o Paquistão como sabemos eh desde 2015 que nenhum eh dirigente indiano nenhum eh responsável indiano eh visitava o Paquistão desta vez visitou mas foi não o chefe do governo não modi mas o Ministro dos negócios estrangeiros e portanto isto é uma forma diplomática de sinalizar esta crescente reserva em relação à organização e de cooperação de Xangai por parte da Índia precisamente porque a vê como um instrumento do Poder chinês e e a Índia obviamente preocupa-se muito com esta crescente eh este crescente poder da China ambições expansionistas inclusive em termos territoriais na zona dos himalaias H já agora e para terminar eu diria Isto mostra como é é bastante questionável todo aquele discurso sobre os riscos do alargamento da Nato isso é que explica que a Rússia esteja tão preocupada com a sua segurança bem então a o alargamento da organização de cooperação de Xangai que eu saiba a Nato ainda não se alargou para a Ásia e a a organização de cooperação de Xangai já chou às Fronteiras da Nato e da União Europeia com esta adesão da bielorrússia eh portanto claramente o que temos aqui é um Bloco Eh uma tendência uma confirmação desta tendência para a Constituição de blocos securitários económicos eh também político-militares eh E no caso da organização de cooperação de Xangai um bloco que é sobretudo um um um agrupar um sumar de autocracias de regimes autocráticos eh muito ostis ao acidente e e cada vez mais dependentes eh alinhados com uma agenda chinesa com a exceção da Índia uhum Bruno temos 6 minutos até ao final vamos dar um saltinho até à Austrália eh temos a decorrer neste momento a visita de Carlos I de Inglaterra a ao país é uma visita que está a passar principalmente não vou dizer como foco principal mas mas podemos dizer talvez assim o facto de estar a ser apelidada de uma visita de despedida E é verdade que o rei britânico tem um um cancro mas Bruno aqui esta razão é mais política não é esta esta questão de despedida não é tanto pela doença de Carlos mas sim por motivos mais políticos sim ou seja é no fundo o mote de uma campanha do dos republicanos australianos eh que aliás enviaram uma carta ao monarca britânico precisamente a apelar no fundo ao fim da monarquia claro que Carlos Terceiro e enfim a sua equipa responderam de uma forma muito correta como corresponde a um monarca constitucional dizendo que cabe aos australianos decidir isso eh ora eh e portanto eu diria é um slogan se calhar um bocadinho infeliz precisamente pela razão que referiste ou seja e quase que parece que se estava aqui a despedir porque se espera que o o o o monarca britânico venha a falecer no curto praz por causa da sua doença ele realmente teve de interromper o tratamento e para fazer esta visita eh Foi por causa também do cancro certamente que a visita não ocorreu mais cedo já passaram 3 anos Este é o primeiro reino dos Tais 14 reinos para além da grã-bretanha que Carlos Terceiro é o chefe de estado países como o Canadá como a Nova Zelândia é o primeiro que que a visita claramente a Austrália é dos mais importantes eh a par destes que eu referi em termos de população de dimensão da economia etc eh mas e há realmente esta a questão eh do movimento republicano mas a verdade é que por muito que isso eh enfim entristeça os republicanos australianos não há nenhuma indicação de que o movimento esteja a ganhar força o atual governo australiano até um governo de esquerda eh do primeiro-ministro albanês um governo trabalhista não há nenhuma indicação de que esteja interessado em organizar um novo referendo e o último referendo eh em 1999 realmente deu uma maioria Clara dos australianos a preferirem manter o sistema que existe que obviamente é uma Monarquia Constitucional em que o monarca britânico é representado por um governador geral portanto por um elemento da da Elite australiana escolhido por consenso entre Carlos terceiro e os responsáveis australianos que o representa e portanto aparentemente os australianos não querem mudar isso já agora e para terminar é nesta visita e Carlos Terceiro vai também às Ilhas Samoa para a simeira do commonwealth da comunidade britânica da comunidade britânica Se quisermos da cplp britânica embora na verdade historicamente a nossa CP que é que surge um pouco a imitar este modelo da da commonwealth da comunidade britânica no caso desta comunidade britânica eh eh reinha Isabel i como agora caros terceiros são digamos os presidentes honorários a cabeça a expressão inglês é head of the commonwealth portanto eh ele vai ter também essa função digamos de presidir de forma enfim honorária simbólica esta reunião desta comunidade de mais de 40 países a maior parte delas antigas colónias britânicas mas que inclui por exemplo e curiosamente o Moçambique podemos falar disso isso noutro noutro programa é tem mesmo de ser Bruno porque temos mesmo de acelerar e vamos pegar nas malas Vamos até à Nova caledónia falamos de um conjunto de ilhas do pacífico que são território francês e que revogou agora um acordo com o Azerbaijão eh qual é o significado que isto tem Bruno é é uma coisa que pode parecer bastante paradoxal e é até certo ponto são são dois territórios extremamente distantes não é o Azerbaijão no Cáucaso eh nova caledónia é um conjunto de ilhas precisamente em frente à Austrália eh mas um território Ultramarino francês eh O que é que se explica isto bem o movimento independentista eh na nova caledónia que esteve no poder Há uma grande autonomia deste território assinou um acordo com o Azerbaijão eh houve muitas alegações dos responsáveis franceses de envolvimento Azerbaijão em campanhas desinformação eh em torno daqueles conflitos violentos que falamos aqui também a nova caledónia está a passar também por uma situação económica difícil ligada a uma crise com o preço do Níquel que é o grande minério que anima a economia desta desta desta pequena ilha e mas realmente o novo governo que não é independentista refogou esse acordo aquilo que explica aqui alg envolvimento do Azerbaijão que obviamente o governo nega o governo Azer nega oficialmente é a proximidade da França com a Arménia e e obviamente a Armênia tem Estado em guerra com Azerbaijão com alguma frequência nas últimas décadas e a França tem uma enorme comunidade e de de origem Arménia e portanto tradicionalmente apoia a Arménia e isto explica aqui as tensões entre os dois países uhum esta relação Bruno vamos terminar a nossa viagem desta semana na América do Norte com um olho na Ásia há tensões diplomáticas entre o Canadá e também a Índia houve mesmo expulsões cruzadas de diplomatas por ambos os países o que é que aconteceu bem eh é algo que para quem ouve com atenção aqui o nosso programa não será uma surpresa já falamos disso aqui e houve um um uma tentativa de assassinato de um eh digamos do independentista SIC envolvendo a realmente a Austrália eh uma tentativa que realmente se concretizou envolvendo a Índia os serviços créditos de anos de acordo com o Canadá a Índia nega isso mas no fundo isto culminou depois de muitos meses de tensão mais de um ano e de facto na expulsão do e alto comissário ou seja do embaixador indiano os países do commonwealth têm entre si não embaixadores mas altos Comissários quer a Índia quer o Canadá são membros common Wel esta comunidade de países que fizeram parte do império britânico e a Índia retaliou também da mesma forma vamos ver se a questão fica por aí porque há por exemplo interesses económicos há uma enorme comunidade de origem indiana também no Canadá eh muito significativos mas eh mas não é garantido que seja assim mas vamos ver portanto Pode ser que com esta com este gesto diplomático haja espaço para depois uma certa viragem de página mas claramente confirmou-se aquilo que aqui fomos avançando que era o risco de uma tensão crescente por causa deste desta questão entre o Canadá e a Índia quem ouve o cinco continentes sabe primeiro que acontece no mundo um pouco por todo o mundo Bruno cardos Reis é isso é isso obrigado Mais uma vez Voltamos no próximo sábado claro já sabe também que pode enviar as suas perguntas sobre história geopolítica internacional para Bruno Cardoso Reis através do e-mail @ observador.pt Bruno Muito obrigado até para a semana e um forte abraço bom fim de semana até para a semana [Música]