🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
Esta é a história do dia da Rádio observador as incongruências no caso de Odair Munis e entraram para dentro do átrio desse prédio nunca entraram dentro de nenhuma residência e nós refutamos Clara e perentoriamente que nunca houve entrada dentro de nenhuma residência forçada por parte da polícia de Segurança Pública Pedro goveia é o diretor Nacional da PSP Em substituição nesta conferência de imprensa na quarta-feira falava de um dos vários pontos que ainda causam muitas dúvidas sobre este caso de Odair Muniz e das consequências que esta morte provocou há muita informação a circular e há sobretudo informação contraditória facto que é aproveitado para justificar a violência na grande Lisboa Mas afinal o que sabemos sobre o que aconteceu verdadeiramente naquela madrugada vamos parar e rever notas Vamos tentar perceber onde estão as certezas e as dúvidas com a ajuda da jornalista Adriana Alves da secção de sociedade do Observador eu sou Ricardo Conceição e esta é a história do dia de sexta-feira 25 de outubro bem-vindo Adriana Olá Ricardo Adriana antes de irmos às dúvidas Vamos tentar ir primeiro às certezas do que sabemos sobre o que é que aconteceu eu vou ter que pôr aqui uma um peso de dúvida ou terá acontecido na madrugada de segunda-feira nesta fase as dúvidas ainda ultrapassam as certezas sabe-se que odeir monis um homem de 43 anos eh morreu na na segunda-feira eh vítima de disparos de um agente da PSP sabe–se também que ele fugiu de uma patrulha da polícia para o bairro de da cov da amoura isto na na versão da PSP ainda que não seja Claro o porquê Dee ter fugido em primeiro lugar eh sabe-se também que o autor dos disparos é um agente eh com pouco mais de 20 anos eh que tinha apenas um ano de serviço na na polícia e que neste momento está a receber a companh psicológico is está de férias não é essa foi uma das informações que foram divulgadas sim só só aqui ainda um pormenor Adriana H Tu disseste que não sabemos não se sabe e aqui Já começamos a entrar no terreno das dúvidas porque é que ele terá fugido houve uma tentativa de um intercetar na estrada cruzaram-se de carro como é que é essa parte da história é uma parte que que também não está muito clara no comunicado o primeiro comunicado que que a polí Segurança Pública emitiu diziam apenas que que estes agentes procederam à interceção de deste homem eh e não fica claro nunca o motivo de o terem abordado eh portanto não não era uma operação stop não é não não nada não foi dada nenhuma indicação nesse sentido na primeira conferência de imprensa sobre o assunto e a PSP veio de dizer que H houve um comportamento que os agentes viram como suspeito eh mas em em momento nenhum eh Foi explicado concretamente O que é que os será levado a essa ideia bom então já vamos talvez regressar aí queria primeiro perceber ainda outra coisa Adriana nesta altura eh Há um inquérito sobre a morte entregue à polícia judiciária portanto uma investigação que está a cargo da polícia judiciária e depois há outros inquéritos a decorrer paralelamente que inquéritos são esses quantos inquéritos temos Afinal a PJ está a conduzir o inquérito à morte de deste homem e até agora não prestou quaisquer esclarecimentos à imprensa sobre o que é que já foi possível apurar eh Há também um inquérito de natureza disciplinar que foi aberto pela inspeção geral da administração interna a pedido do da ministra da administração internação do Ministério não é sim com um carácter de urgência portanto O Observador confirmou que isto já já se iniciou eh E também o processo no Ministério Público que que já constituiu este agente que disparou sobre adeir miz como arguido argo que é Normal também nestas nestas situações Vamos então regressar à madrugada da morte de Odair Muniz tu falavas aí há pouco num comunicado e num primeiro comunicado Eh vamos tentar recentrar noos aí o que é que dizia Afinal esse primeiro comunicado sobre o que o que terá acontecido na madrugada de segunda-feira este comunicado diz então que eh os agentes da polícia interceptaram um homem suspeito eh que ao aperceber-se da presença do do carro da polícia Eh fugiu da Avenida da República portanto na amadour para o bairro da cova da Moura uhum eh segundo a PSP e este condutor que se revelou ser Odir monis acabou por se despistar eh abalroando vários carros que estavam estacionados naquela zona eh e que quando os agentes da polícia o tentaram a bordar Ele resistiu à atenção e tentou agredi-los com uma arma branca isso era o que dizia o comunicado exatamente da versão da PSP é que tendo um dos os polícias esgotado outros mais esforços é assim que está escrito e aparece escrito no comunicado eh recorreu à arma de fogo e atingiu o homem que acabou por morrer devido aos ferimentos mas entretanto essa versão oficial alterou-se ou não oficialmente não a PSP mantém o que disse no primeiro comunicado aliás O Observador questionou a PSP novamente esta quinta-feira sobre se havia de facto uma arma de que tipo e de que forma é que foi usada em resposta ao final da noite a PSP reafirmou o que estava escrito no comunicado do dia 21 de outubro por seu lado a CNN avançou na quarta-feira que nos relatos aos investigadores da PJ os dois agentes da PSP que estão envolvidos neste caso eh reconheceram que não foram ameaçados diretamente pela vítima com uma arma eh e que na verdade esta estaria eh guardada dentro de uma bolsa que foi encontrada mais tarde isto portanto é aqui uma clara contradição faceo à versão da PSP h e esta quinta RTP noticiou que o dermis não empunhava a arma branca mas que ameaçou retirá-la a tal arma branca que é referida no tal primeiro comunicado não não ameaçou os agentes é isso exat é o que eles dizem portanto é o que diz a c de Portugal citando estes dois agentes E durante esta declaração à polícia judiciária mas a faca existe ou não segundo a PSP a faca a arma branca que eles nunca referem concretamente Que tipo de arma é eh existe e portanto Voltamos ao comunicado Inicial que menciona que eh a esta arma branca foi utilizada para ameaçar os agentes portanto há aqui uma contradição muito clara exato e e e e extremamente importante nesta nesta situação eh mas estaria na mão de deste senhor deste de Odair eh Muniz foi usada para ameaça estava guardada porque também há vários várias versões de onde é que estaria a faca não é isso é algo que a as câmaras portanto as imagens do sistema de vídeovigilância que foram recolhidas podem ajudar a também a determinar H diz o Diário de Notícias que a PJ já já olhou para estas imagens eh e que e nestas imagens não seria visível qualquer arma na mão de odeir menis Ok H há um momento que que eles referem que imediatamente antes do primeiro disparo eh a mão deste homem desce eh portanto estavam com as duas mãos no ar que a certo momento eh a sua mão deixe e portanto Deixa de ser possível perceber se estava com alguma coisa na mão uhum eh EA parece ser assim um momento de maior indecisão eh mas de resto eh nas imagens eh diz o Diário de Notícias que não eh havia qualquer arma na sua mão não é visível mas quem é que diz que eh od Dair desce a mão nesse nesse instante isto é uma fonte judicial eh que explica ao DN que está a par desta das desta investigação que está a de correr e que lhe explicou que eh a certo momento H Então esta eh ele está com este homem que está com as mãos as duas mãos no ar e desce uma delas e pode haver aqui algo que tenha sido visto como os polícias como ameaça não é e e e sabemos se esta prova se esta faca foi recolhida pela polícia judiciária o que ao que tudo indica a a arma branca Foi recolhida sim eh eo está na posse da da polícia judiciária sendo do que o local onde a faca esta arma branca foi encontrada ainda há dúvidas se estaria então na mão de odeir Muniz seria no chão exatamente ou se estava numa bolsa que é a versão que foi contada à cen de Portugal e segundo o relato dos dois agentes que estavam lá presentes porque obviamente é muito importante perceber para já se a FAC existia ou se não existia não é e onde é que estava naquele momento porque é determinante para avaliar a reação da PSP perante este cidadão não é é esta questão ajuda-nos a perceber se realmente foi um ato de legítima defesa deste deste agente que ajou para para se defender de uma ameaça iminente ou se foi usada força de forma desproporcional Nessa altura estavam apenas dois agentes com do já regressamos à conversa com a jornalista Adriana Alves até que ponto estas dúvidas que persistem alimentam os episódios de violência a que temos assistido ela era genuinamente uma mulher revoltada Esta é a história de Vera Lagoa a mulher mais temida pelos poderosos de todos os regimes afrontou aazar desafiou os militares de abril e ridicularizou os que se achavam donos do país Episódio 4 a perigosa reacionária a grande provocadora é uma série para ouvir em cinco Episódios faz parte dos podcast Plus do Observador é narrada por mim José mata com banda sonora original de molin os assinantes do Observador T acesso antecipado a todos os episódios desta série os podcast Plus do Observador tem o apoio da Kia estamos de regresso à conversa com Adriana Alves jornalista da secção de sociedade do Observador que acompanha este caso desde o primeiro dia Adriana há pouco falaste dos disparos feitos pela PSP ora nestes dias já ouvimos falar em três disparos quatro disparos disparos para ar disparos que infelizmente eh terão atingido este homem que acabou por morrer Afinal o que é que sabemos por exemplo sobre quantos tiros foram dados uhum esta é outra questão ainda por esclarecer as autoridades ainda não se pronunciaram sobre o número de disparos eh sobre onde é que est disparos atingiram e Odir Muniz eh o jornal público noticiou eh por estes dias que teriam sido quatro disparos eh dois para o ar e dois sobre sobre este homem uhum já CNN eh que cita o depoimento dos dois agentes eh à polícia judiciária eh fala em três disparos um para o ar e dois que teriam que que atingiram o Dair menis na zona da axila e na zona do abdómen e não nas pernas é que há um vídeo a circular em que há um cidadão um habitante da cova da Moura presume-se pelo menos estava lá nessa altura eh troca umas palavras eh com os dois agentes e alguém disse que foi para as pernas não é esse Esse vídeo foi gravado por um morador e e fornecido ao observador pelo mesmo eh e nele é realmente possível ver como há aqui uma discussão quase um entre e os Agentes da polícia e os moradores há moradores que dizem veja lá se não acertou no peito eh confirmem eh e insistem muito nesta questão e temos um dos polícias a responder eh não eh não acertou na parte de cima acertou eh na parte inferior do corpo isso enquanto o corpo jia eh no chão enquanto se aguardava também Pela chegada da da emergência médica esteve ali Durante algum tempo Sabemos quanto tempo é que esteve ali não não sabemos quanto tempo eh nas nestes vídeos é possível ver eh estes agentes com um ar tenso um deles continua com arma na mão eh e aguardam a chegada da do inem e temos ainda outras dúvidas por exemplo por exemplo o carro em que seguia od Dair Muniz era uma viatura roubada aqui a questão não é tanto e se era ou não uma viatura roubada porque a polícia PSP já veio dizer que não era mas tentar perceber de onde é que isto surgiu uhum h não é muito claro de onde é que partiu esta ideia de que oder tinha roubado o carro H foi muito criticada pelos moradores amigos familiares da vítima que garantiram imediatamente à imprensa que este carro era dele uhum eh O que é certo é que o comandante Luís Elias do comando Metropolitano de Lisboa da PSP explicou que apesar de não saber de onde é que esta informação partiu que é falsa que o carro era do Odir Munis e portanto não era roubado ele estaria a vir de uma festa não é essa hora na na na madrugada é essa informação está de alguma forma confirmada para já ainda não nem essa está confirmada nem essa e depois temos aqui outro problema nesta história já após os confrontos e e e a morte deste deste homem a PSP entrou ou não na casa de Odair Munis no bairro do zambujal E se o fez quantas vezes entrou nesta casa se perguntares à PSP a resposta é um não se perguntares Aos familiares dav vítima a resposta é um sim hum a PP garantiu por várias vezes já que nunca entrou na casa da vítima e reconheceu que entrou numa habitação na noite de terça-feira portanto um dia depois da morte de odeir meniz mas em Apoio aos bombeiros que foram estiveram no local e estiveram a prestar apoio a uma criança que se sentiu mal já a família acho que a PSP Não só esteve na casa como arrombou a porta E agiu com com violên para com os familiares portanto para com os presentes e esse relato chegou-nos e pela pela advogada da família a Catarina Morais esta advogada disse-nos que a PSP entrou na casa num primeiro momento pelas 8 horas portanto terça-feira e que lá está arrombou a porta e h agru duas pessoas incluindo uma de 19 anos e E terá e diz também que regressou uma hora depois e já não chegou a entrar porque viu o advogado a presente pelo menos dois Jornalistas do Observador estiveram nessa casa e testemunharam que a porta tinha sinais de arrombamento ora isto não quer dizer nada mas que a facto é que esses danos eram visíveis na casa exato temos também fotos de um fotojornalista do do Observador que que provam isso mesmo que que a porta foi arrombada e depois temos também a versão da PSP dizer se a porta foi arrombada não quer dizer que tenha ido por nós apesar da da família dar essa garantia de que foi temos aqui verdadeiramente um caso de de duas versões e palavra contra palavra e e não conseguimos perceber qual é que é certa não é sim eh sendo que neste momento a própria família já eh revelou que vai apresentar queixa crime portanto temos também de esperar para ver o que é que o que é que vai acontecer vamos regressar aqui ao aos inquéritos que estão em curso eh porque eh entretanto eh também tivemos notícia e explica-me se isto é mesmo assim ou não de uma conclusão da judiciária que apontaria para um excesso de legítima defesa ou seja desproporcionalidade na forma como a PSP atuou Porque apesar de tudo a legítima defesa prevê algum grau de proporcionalidade na resposta que é dada por por absurdo eh se tu por acaso te levantares para me bater e se eu te responder com um tanque de guerra há aqui uma isto é uma hipótese completamente absurda não é há aqui uma desproporcionalidade na na na minha resposta perante a tua tentativa de de agressão isto vem de onde esta informação essa informação foi eh avançada pela CNN uhum eh portanto citando a uma conclusão inicial de da PJ no no decurso desta investigação que ainda está a decorrer eh e que portanto teriam chegado à conclusão de que eh houve excesso de força H uma força desproporcional eh naquela madrugada em que odeir minist morreu eh sabemos eh e está muito Claro na lei eh os momentos e a forma como a PSP ou as forças de segurança podem recorrer ao uso de uma arma H só é permitido em caso de absoluta necessidade eh como medida Extrema e quando outros mor dos outros meios e se mostrarem ineficazes portanto não for possível de outra forma eh sendo que também há ressalva de que eh mesmo nestas situações o agente deve esforçar-se ao máximo e por reduzir e as lesões eventuais lesões e Danos e respeitar e sempre preservar a vida humana sabemos que neste caso Odir monis morreu não sabemos exatamente ainda e o que é que os momentos que Em que circunstâncias Não exatamente mas tudo isto está muito Claro na lei não é pelo que pelo que estás a explicar exato a lei é Clara quanto a isto não há qualquer dúvida as dúvidas prendem simplesmente Com estes últimos momentos e com atitude que terá que Odir minist terá tido para com a polícia que ainda neste momento levanta muitas questões ou seja podemos pensar aqui e em grandes momentos que permanecem por esclarecer qual terá sido a a a ação ou reação de Odir miz perante a ordem dos agentes da da PSP o que é que ele terá feito nesse momento e depois também do outro lado qual terá sido a ação dos agentes da PSP perante aquilo que estavam a ver ou seja mantemos aqui um nevoeiro sobre aquele momento que acabou de forma trágica com a morte de um homem não há nesta altura Adriana nada que ajuda a dissipar um pouco este este noiro para já não eh falta esperar que as autoridades agora no decurso desta investigação também nos revelem mais pormenores por agora tm-se mantido bastante eh fechados sobre o assunto e não se prevê que tão cedo digam alguma novidade eh mas só a a versão e que a que chegarem E depois desta investigação nos dirá claramente o que é que aconteceu naquela madrugada mas tu Adriana Alves estiveste E tens estado com este caso desde desde o início desta semana já estiveste no no bairro dos zambujal falaste com polícia falaste com eh com os moradores hã deixa-me fazer a pergunta assim até que ponto é que eh todas estas dúvidas somadas ou ou o facto deste deste noiro vou voltar a usar esta imagem eh se manter tão presente durante estes dias todos percebendo que há prazos legais a cumprir como é óbvio e há matérias formais que é preciso observar Mas até que ponto é que estas dúvidas alimentam ou não alimentam a violência a que temos assistido Aqui Esta reação eh parece muito motivada pelo facto de dos relatos que nos chegam de moradores de vizinhos de amigos familiares que nos dizem que este homem era uma pessoa bondosa tranquila respeitadora amada por esta comunidade do do bairro dos zambujal eh e que vê neste nesta morte e um uso mais mais do que um uso desproporcional da força e um um um crime uhum por um lado tivemos uma manifestação pacífica e à morte deste homem tivemos ISO foi uma vigília que começou na tarde de de terça-feira precisamente foi a primeira vez que eu também estive no bairro dos amb Jal h e pude observar como hh estas Estas pessoas que o conheciam queriam apenas honrar a sua morte chorar a morte deste homem no fundo não é e pedir Por Justiça essencialmente por outro lado também vimos nessa mesma noite eh autocarros a serem incendiados eh moradores que procuravam provocar e a polícia também uhum portanto temos estes dois lados há aqui o lado dos que querem fazer o luto eh em paz e também eh fazer os seus apelos Por Justiça para que este caso não seja esquecido uhum e por outro lado pessoas que estão a revoltar-se também com mais violência e que exigem uma resposta pela força que sentem que não estão a ser ouvidas e estão a recorrer a esta violência Obrigado Adriana obrigada Ricardo Adriana Alves é jornalista da secção de sociedade do Observador e tem acompanhado desde o início esta foi a história do dia a sonoplastia é do Pedro Oliveira a música do genérico do João Ribeiro eu sou Ricardo Conceição bom fim de semana