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bem-vindo ao clube dos 52 esta é mais uma conversa com as várias personalidades que convidamos para assinalar os 10 anos do Observador e os 5 anos da Rádio observador esta semana convidamos Adriana Cardoso é professora Universitária é mestre em ciências farmacêuticas pela faculdade de farmácia da Universidade de Coimbra é gestora de processos de comparticipação e avaliação de tecnologias da saúde no infarmed mas é sobretudo conhecida no espaço público im mediático pelo comentário político com fundadora da próxima a primeira academia política apartidária em Portugal Adriana Cardoso muito bem-vinda a este Clube em que estamos a olhar para a próxima década h o que é que a sua geração aquela que está agora a sair das faculdades deseja-se e entrar no mercado de trabalho o que é que esta geração tem para conquistar o que é que vos falta e obrigada pelo convite e particularmente sobre estes temas que eu acho que são tão relevantes e importantes e poucas vezes permeiam para a comunicação social portanto é sempre muito bom ter a oportunidade de falar dos mesmos eu não posso H ter alguma perspectiva dees representar as as preocupações e ideias de uma geração inteira mas evidentemente que eh a par de ser professora universitária de pessoas que estão a sair agora mesmo da universidade e eu própria ter uma idade bastante jovem eh o que eu verifico acima de tudo e é um é uma grande preocupação que que eu verifico na minha geração é que foi-nos feito um pedido pediram-nos que com país altamente atrasada em nível de qualificações que nós nos eh adiantemos e conseguíssemos que o país se atualizasse e nós são porque são a geração mais bem preparada do país é isso e nisso se revê revê nessa geração sim sem dúvida nenhuma e e tendem sempre a dizer que de facto eh todas as gerações são mais Preparadas do que a anterior mas em números líquidos comparado com o resto da Europa nós nunca nos aproximamos tanto do nível de excelência de Educação do que esta geração nós fizemos esse trabalho e o problema é que pós fazê-lo quando nos encontramos na entrada do mercado de trabalho nós não verificamos um país que tenha feito o salto do outro lado para que as nossas qualificações sejam a valorizadas E que nos permitam ficar porque eu também ouo muitas vezes dizer que não tem mal nenhum dos nossos jovens ganharem Mundo Eu concordo mas eh O problema é quando somos empurrados para fora e não vamos para nos melhorar e qualificar eh e eu fiz esse exercício no início deste ano um auditório cheio de futuros alunos a sensas farmacêuticas e perguntei-lhes quantos deles tinham a certeza que o percurso profissional deles não iniciar fora do país e poucas pessoas no auditório 300 pessoas levantaram a mão porque nós sab emos Quais são as condições de trabalho no mercado de trabalho e sabemos por exemplo a concentração geográfica que essas oportunidades têm H que junto com enormes dificuldades de custo de vida que se verificam nas grandes cidades H pensar ao conceber com um salário bastante baixo relativamente à média europeia ficar em Portugal é uma é sem dúvida uma preocupação da da maioria das pessoas que eu conheço portanto não estamos a falar de uma de problemas de uma outra geração que lutou por direitos cívicos ou civis esses estão conquistados talvez possamos vamos ter tempo de certeza de ir para lá mas tem a ver com com condições económicas é isso que falta esta geração acima de tudo condições económicas e não só uma perspectiva por mais que não existam ou seja por mais que cheguemos à conclusão que de facto não estamos no ponto em que quereríamos estar que existe vontade política e concertação entre os dois grandes partidos para Que tal e exista que exista uma e e e para mim Isto é a base elevador social e e da socialdemocracia que é considerar que eu eu eu voto eu vou a eleições porque acredito que o meu voto seja que para que lado tenda eh é em pessoas que têm a mim e a minha realidade como preocupação eh e em todos os estudos e há dados muito claros sobre isto e justificam e mais do que deixam Claro que não eu dou um dado sempre muito muito rápido que é que é muito interessante que foi feito pela Fundação GL benken todas as matérias legislativas eh discursos tudo o que tenha sido falado em sede da Assembleia da República em relação a matérias de futuro que pode ir desde a sustentabilidade h alterações climáticas à sustentabilidade da Segurança Social apenas 19% Foi algo mencionado no campo lexical da Juventude isto indica eu não estou a dizer que a minha geração tem a RTV ligada todos os dias para sentir representada mas é um sinal e é um sinal que dá que não é prioridade eh e eu eu consigo identificar isto por uma grande razão em primeiro lugar que é a minha geração não é um bloco tanto conciso com reivindicações Claras é a principal rão e é uma geração que não acredita nos políticos eu acho que acima de tudo e é importante também estabelecer isso 85% dos jovens têm orientação política o que significa que T muito bem definido que eh por mais que não tenh um partido definido em que votam tem preocupações políticas e tem coisas que que os preocupam e que consideram que podem fazer reivindicações políticas relativamente às mesmas O que é que eu verifico e nós verificamos por exemplo na próxima geração há um enorme descrédito na na capacidade de acreditar que a política eleitoral e os partidos políticos são capazes de responder a uma nova vaga de de PR opções e de uma nova geração política ponto primeiro eh e aquilo que estão a ser nestes neste momento todas as maneiras de orientação política de jovens tudo indica isso H nós temos tragicamente historicamente uma sociedade civil muito frágil mas se eu sinto que é a geração que está a tentar fazer esse salto é minha saindo daquilo que é o nível político partidário eleitoral Mas passando para para outros pontos eh vi pessoas saírem da próxima geração com ideias muito Claras que queriam ser candidatos europeus tivemos um ex aluno que foi candidato europeu pelo livro Francisco paupério mas também vimos alunos que saíram e criaram uma associação na sua zona porque queriam por exemplo aproximar na zona de de Almada e Os migrantes que lá estavam com a população a nível cultural portanto eh querer acreditar e ter a ideia de que uma contribuição política não se resigna a uma participação eleitoral e partidária está cada vez mais a ser uma realidade para a minha geração Hum e e e mesmo com a a renovação das lideranças dos dos partidos que estão que estão na Assembleia eh continuam a não não conseguir falar tanto para os jovens continua a vero sim eu eu eu eu acho que sim não não não quero dar uma uma uma referência temporal muito clara mas não consigo resistir neste aspecto quando vimos o o maior líder da Oposição a recusar uma proposta de RS jovem e querendo utilizar parte desse dinheiro para subir pensões acho que diz claramente qual é que é a visão que tem para para o país e para a minha geração eh e há outro ponto que para mim é muito importante e algo que eu converso muitas vezes até com com a participantes da próxima geração fechar jovens numa sala a falar sobre Juventude dentro dos partidos e depois quando forem crescidinhos depois podem ir para o partido fazer política a sério não é maneira de carer mais jovens e na política ninguém se lembrou de fazer o consórcio de pensionistas de PS ou de PSD e de fechá-los numa sala a falar sobre pensões nunca se ninguém se lembrou de fazer isso portanto a ideia de que e todos os dados indicam o contrário eh os dois grandes partidos estão a sangrar jovens no seu eleitorado o que está pior é o partido socialista mas PS não está muito melhor e os partidos que estão a aparecer agora desde a Il ou livre a maior percentagem do seu eleitorado são jovens isso indica precisamente que uma nova forma de de fazer política eh com ideias que eu não acho que ninguém pode dizer que a plataforma de iniciativa Liberal ou do livre é direcionada para a juventude mas a maneira como a apresenta e como permite que as suas bases que pessoas que são candidatas e que estão mesmo em posição de decisão e internamente no partido conseguem eh ter uma palavra a dizer sobre políticas públicas sendo jovens é maneira de se trazer para a política ora e e e como é que se trazem as mulheres não só para a política mas para o espaço público há também essa geração esta esta geração mais jovem está a conseguir ultrapassar obstáculos que outras gerações enfrentaram acho que existia um telhado de vidro que já foi ultrapassado em muitos aspectos foi foi Acho que é um bocado como o o buraco da camada dozon está lá o buraquinho Mas pode-se fechar a qualquer momento e eu não eu acho que o buraco Já devia ter aberto muito mais do que aquilo que que está Hum qualquer mulher no espaço público pode dizer que é muito difícil e é muito mais difícil do que qualquer outro homem no espaço público eu não consigo Qualquer que seja jornalisando Qualquer que seja a sua circunstância sem dúvida a maternidade por exemplo não é um acho que é ess esse é o principal fator E especialmente os partidos políticos é o principal fator mas ser mulher a priori é logo uma desvantagem e é por uma razão eh se tiver uma uma posição pública que permita que a sua imagem seja Vista a sua imagem é constantemente documentada Ah porque estando num ciclo que mais por mais consiga entrar é um ciclo tradicionalmente masculino eh e é normal que as pessoas fazendo parte de um ciclo depois estendam convites que aproximem pessoas que já conhecem portanto aquele círculo masculino mantém-se e as mulheres quando quando entram por porque estão em desvantagem numérica a priori eh é sempre difícil de de de quebrar e porque nós também e nesse aspecto eu tento combater isso a todo a todo o momento e temos algum perido e temos um grande síndrome de impostor que eu acho que muitos homens não têm e em por exemplo estar numa sala puramente masculina nós temos a única mulher acho que existe muito esse esse perido ainda eu não não me identifico com ele e gostava que mais salas tivessem mais mulheres mas se não existir uma primeira mulher a tomar e iniciativa de estar para que outra mulher se possa sentir representada tal não é feito furar esse esse vidro furar teto de vidro mas na maternidade para responder a isto que é mesmo muito importante nos partidos para mim esta parte fica fica absolutamente permanente hh para se avançar na vida e na na escadinha polític partidária é preciso ter disponibilidade para jantares h a qualquer altura reuniões a altas horas da noite e disponibilidade temporá temporá temporária eh enorme e uma mulher que é mãe não tem a mesma disponibilidade não tem a mesma capacidade que um homem que é pai porque em Portugal temos uma maternidade e e paternidade Mas neste aspecto uma maternidade que é muito focada na mãe é perfeitamente normal e estabelecido que os nossos políticos eh tenham uma reunião ao fim do dia e vão porque a criança fica em casa com a mãe não é igual quando é a mãe que tem que sair para ir ter a reunião e uma das maiores provas eh disso mesmo é que nós temos 50 anos de democracia e eh mesmo agora falando-se numa possível candidata da aa da direita para Presidente da República eu eh pergunto-me como é que não há mais e como é que por exemplo eh tivemos um caso que foi numa altura muito contada não é de uma primeira ministra portuguesa mas foi uma janela temporária muito curta e foi por uma razão muito específica e não foi Eleita foi apontada não foi sujeita a sufrágio e todas as experiências que temos tido mulheres a colocarem-se a eleições e por si só já são muito muito poucas mas tenho muitas dúvidas que o país tivesse pronto para uma mulher primeira ministra a presidente da república e vou dar um exemplo muito claro a Alexandra Leitão Quando deixou em aberto claro que me considero com capacidade para poder ser primeira-ministra imediatamente foi está-se a atravessar à frente do seu Líder como é que ela acha que tem capacidade eh como é que isto é possível mas qualquer outra pessoa do partido que já fez essas declarações várias vezes quando lhe foram perguntadas nunca existiu esse tipo de de de pergunta e de e de questão isso ficou mais difícil agora e e falamos até de da imagem da mulher e a e e e a a influência das redes sociais ficou mais difícil para uma mulher hoje em dia eh impor-se do que eventualmente no tempo de Maria lures pin Celo eu acho e eu nisto e tenho tenho eu entendo e alguma preocupação que as pessoas têm relativamente ao peso que as redes sociais poos estão a estão a ter mas eu vim do meio profundament desprivilegiado sem acesso à Elite política lisboeta e de uma área profissional que não indicaria que estaria no meio em que estou e se não fosse as redes sociais e não tivesse iniciado a expor publicamente dessa forma eu tenho não tenho dúvidas que não estaria aqui portanto é muito preocupante mas é muito democrática nesse aspecto e vejo muitas mulheres muitas mulheres muito boas com projetos muito bons a Diana Duarte com a minha geração começou aqui no observador o caso da Catarina Marques Rodrigues que tem um programa inteiro em que traz mulheres muito boas nas suas Áreas o ce é o limite um conjunto de de de projetos que só foram possíveis Exatamente porque as redes sociais existem e e também há outra capacidade que é eh é muito mais fácil de identificar mulheres que são excecionais portanto já não existe desculpa não não existe desculpa para painis puramente masculinos em questões técnicas não existe não existe desculpa para numa sala em conversação de matéria de políticas públicas e não existir uma mulher não existe desculpa para um painel de comentário não ter uma mulher não existe e porque a não ser que me consigam provar e todos os dados dizem o contrário que não existem mulheres qualificadas e com capacidades para estar e eu diria que é uma falta mesmo de de procura e de tentar que estejam e existe razões atendíveis para direitos como a lei do aborto e estar com dificuldade em ser implementada e ser questionada sim e até do ponto Vista político H nós acima de tudo eh não nunca foi um eu acho que nunca foi um tema consensual nas elites políticas e nos partidos em si mas acho que o tema pela sua premência e ficou provado na altura do referendo que eh por mais que seja um tema que mexe com direitos liberdades e antias e portanto fica à consideração de cada um dos dos portugueses que mais não seja a ideia de que é um procedimento de saúde que muitas mulheres precisam e que tem que estar disponível no serviço Nacional de saúde parece-me um preceito que é altamente aceitável pela pela sociedade Portuguesa e há também Outro ponto que é importante portanto é consensual dirá que é consensual que mais não seja que mais não seja nessa visão que é há um conjunto de circunstâncias em que uma mulher tem que poder ter direito a fazer essa escolha Podemos depois escamotear as o número de semanas se deve ou não ter uma coisa que para mim não faz absolutamente sentido nenhum que é um tempo de reflexão como não gosta nada no artigo escreveu não gosto chama-lhe uma relíquia não é uma relíquia histórica não não não existe e nenhuma H homologia ou seja o que for noutro tipo de de processo legislativo da Europa ocidental é uma relíquia portuguesa eh é uma relíquia portuguesa neste momento e é uma coisa é que numa janela temporal e de 202 qu não faz absolutamente sentido nenhum eh e que dada a forma como é contabilizada como são contabilizadas as semanas em Portugal que prejudica muito a mulher no acesso porque tem que esperar essas duas semanas nós temos as 12 semanas contabilizadas que são contabilizadas pelo fim da da última mestruação que que teve Há muitas mulheres que eh têm endometrios outras patologias que não têm uma regularidade de menstruação e portanto não conseguem fazer o cálculo a priori por mais que quisessem eh utilizar a janela temporal que é pedida eh o período de reflexão de duas semanas com a incapacidade do serviço Nacional de saúde de ter geograficamente bem espalhado a disponibilidade para as mulheres terem acesso ao ivg ainda mais prejudica e é uma noção muito paternalista de que uma mulher precisa de refletir mais sobre uma decisão que não é fácil de chegar acho que ninguém é para o aborto nem as mulheres que o fazem H porque nunca é uma decisão fácil de ser feita mas quando chega a mesma não é uma mulher que precisa que lhe que que lhe digam e que vá um bocadinho pensar para casa porque se calhar podia podia pensar na situação melhor acho que é mesmo uma atitude excessivamente paternalista e e nem é conservadora em certo aspecto é muito reacionária do estado social e eu nisso e estando em 2024 não consigo perceber não consegue perceber o que é que esta geração quando tiver cabelos brancos portanto não vai ser daqui a 10 anos que é o nosso desafio aqui no observador o que é que ela irá dizer sobre si própria H perante os fios que tem agora o que é que precisa de fazer para sentir que é uma a tal geração plena de que está de que de que quer de que quer fazer parte eu acima de tudo e é e é uma das coisas com com as quais eu me debato mais eu gostava que esta geração V os vícios que foram feitos pela geração política anterior e que pelo menos tentasse não os repetir e que mais não seja não os repetir que é para a outra geração que vier que é a geração do meu irmão da minha afilhada não ter que estar a ter o mesmo tipo de conversas que eu tenho não faça hum todos nós e muitas pessoas e perguntam-me isto muitas vezes estás no comentário político gostarias de ter uma um papel político ou partidário ativo hum para mim a minha resposta é sempre e pergunta-me se é uma ambição que é sempre a palavra que utilizam é uma ambição alguém a olhar para o serviço político público como uma ambição é já o problema a priori eh olhar para o serviço político como uma carreira é um problema a priori na não renovação geracional que nós verificamos se nós entrarmos nela e e entrarmos em espaços que depois nos perpetuamos nestes e não abrimos portas para que outras pessoas consigam estar é um problema e é um perraro eh E acima de tudo tenho receio que com tantos problemas que nós temos para resolver e não existindo disponibilidade eh do outro lado do lado legislativo e político de que as nossas preocupações sejam respondidas que a minha geração se refugie nas outras formas de fazer política e que se impeça e se aut censure de aparecer e de querer estar isso para mim é uma das principais preocupações porque eu costumo dizer que não nos vão abrir a porta nós temos garantir que a porta escancarada nem que seja à força nem que seja à à força a meter o pé a trancar a porta Adriana Cardoso muito obrigada esta conversa passou a voar mais uma Obrigada por ter vindo ao clube dos 52 uma personalidade todas as semanas olhar para o futuro