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[Música] André zevedo Alves bem-vindo ao colonista do dia no rescaldo das eleições norte-americanas escreveu um artigo de opinião intitulado o que não muda com as eleições nos Estados Unidos da América identifica cinco aspectos em que a política norte-americana não vai mudar eu ia lhe pedir para inverter aqui a ordem queria começar pela questão do país dividido antecipa que continuará a ser assim sim ou seja isso é independente de ter trump ou qualquer outro Presidente no poder antes mais boa tarde parece-me que sim ou seja e é importante também ter presente que num num num sistema digamos partidário como é dos Estados Unidos eh mesmo uma vitória Como foi o caso no colégio eleitoral com uma margem considerável corresponde ainda assim a uma diferença relativamente pequena em termos de voto popular não é portanto Donald trump até para para para surpresa generalizada ganhou também o voto o voto popular os cenários pré-eleitorais apontavam como sendo provável ganhar o o colégio eleitoral e ser presidente mas eventualmente com até perdendo o voto popular ou com uma margem de Vitória muito pequena acabou por ganhar o o voto popular também com uma margem relativamente substancial mas que ainda assim corresponde no essencial eh a um país dividido ao meio não é portanto temos praticamente metade do eleitorado que votou a a votar Republicano e praticamente metade a nível Nacional eh a votar eh a votar Democrata a e parece-me que de facto a polarização e essa Divisão muito H muito intensa que existe na sociedade americana eh é algo que estará para continuar e que e essa um bocadinho a lógica do artigo também estaria para continuar se e a vencedora tivesse sido camela Harris em vez de Donald trump Então vamos vamos à à Ótica do artigo que no fundo é eh diz respeito à forma como nós vivemos e olhamos e para este resultado eleitoral h o André zevedo Alves no fundo defende que aquilo que mais nos preocupa do lado de cá que tem que ver com as questões da Nato e com as questões eh do olhar que os Estados Unidos e do cuidado que os Estados Unidos têm com a Europa que isso eh não vai mudar substancialmente porque já mudou há muito tempo exatamente e esse Aliás na na nossa perspectiva aqui Considerando o nosso à perspectiva Portuguesa e Europeia parece-me o mais relevante e de alguma forma também mais intrigante a pouca atenção que recebe eh ao mesmo tempo por pessoas que ficam muito eh até emocionadas eh com com o resultado eh e que estavam emocionadas também durante durante durante a campanha e aqui parece-me que há dois aspectos principais para os quais também procuro chamar a atenção no no artigo O primeiro é que há um movimento que já terá cerca de duas décadas pelo menos não é podemos chicar identificar sinais até antes dessas para mais de 20 anos atrás mas pelo menos claramente duas décadas de transição da atenção principal dos Estados Unidos e da política externa dos Estados Unidos eh eh para a região da Ásia Pacífico eh e esse é um movimento que não é de agora não é de não é de trump não é de biden H é é um movimento que que que já vem de de bastante antes que só tem sido acentuado pela crescente rivalidade com com a China eh e no palco global claramente que a principal rivalidade geopolítica entre os Estados Unidos e a China e obviamente para nós europeus está mais presente a questão da da da Rússia e da Ucrânia mas na Perspectiva dos Estados Unidos é claro que o principal desafio é é a questão da China e por outro lado o reflexo que isso tem também na própria Nato e e na questão da defesa e nomeadamente na defesa europeia em que também há uma tendência digamos de Médio prazo que vem já bastante detrás eh para que correspondendo a esse esse maior foco dos Estados Unidos na região da Ásia Pacífico aumente naturalmente a pressão para que os parceiros europeus deixem de beneficiar ou deixem de beneficiar pelo menos da mesma forma que aconteceu mais ou menos desde o final da segunda guerra mundial do guarda-chuva de proteção dos Estados Unidos de uma forma mais ou menos Incondicional inclusivamente poupando alguns dos dos principais países europeus assim o caso caso mais extremo o caso da Alemanha até porque ficou com essas restrições depois da segunda guerra mundial durante muito tempo até de de gastar de investir na sua própria defesa e portanto conjugando os dois fatores a mudança de prioridades dos dos dos Estados Unidos afastando-se como principal prioridade da Europa para a região da Ásia Pacífico e este histórico de baixo investimento em defesa da Europa no pós Segunda Guerra Mundial até aos dias de hoje eu parece-me mais uma vez independentemente de quem tivesse ganho as eleições presidenciais este eh este este movimento iria continuar eh depois é mais uma questão de como é que isto é colocado Aos aos europeus e aos líderes europeus se é colocado de uma forma mais direta se é colocado numa linguagem enfim podemos dizer mais doce mas o efeito final seria a meu ver muito semelhante independentemente de quem tivesse ganho nas eleições e esse até é um dos pontos em que Portugal pode ser influenciado diretamente ou seja o esforça adicional que terá que fazer na área da Defesa sim sem dúvida até porque Portugal no contexto da nato é é dos países que Digamos que está com maior atraso nessa nessa matéria não é o único mas por exemplo enquanto que que que que países mais na Europa central e de Leste até pela maior proximidade com a Rússia ou outros países por por razões do seu próprio papel histórico como como como a França o próprio Reino Unido tem apesar de tudoo Apesar dessa grande dependência Face aos Estados Unidos Mas algumas capacidades próprias e investimento ao longo do tempo Portugal será um dos um dos exemplos mais mais claros a desse desse desse desinvestimento ao longo dos ao longo dos tempos e portanto será provavelmente dos países em que e Esta esta esta exigência se vai sentir de forma mais aguda e naturalmente também com implicações do ponto de vista das próprias Finanças Públicas com o ponto de vista do ponto de vista das prioridades em termos de de investimento do estado e repito parece-me algo paradoxal e intrigante que haja debates tão apaixonados so sobre os efeitos possíveis de de ter ganho ter ganho trump ou antes das eleições sobre quem ia ganhar e que mais ou menos se ignorem aspectos que me parecem bastante mais importantes bastante mais estruturais e que e que serão e que seriam sempre em larga medida Independentes de de quem de de ganhar camela Harris ou de ganhar Donald trump André e essa essa ignorância eh enfim nas consequências ou no naquilo que decorre de vencedor de que qualquer um que vencesse as eleições eh estende-se de acordo com o seu artigo também eh para a a forma como eh se evitam fazer leituras mais realistas sobre aquilo que motiva a divisão eh de votos na América as duas metades de que fala que estão eh radicalmente eh em confronto eh eh e e e a reação que o lado perdedor neste lado neste caso os chamados progressistas eh têm diante desde do fenómeno que aconteceu na América e que tem acontecido um pouco por todo o mundo sim Cre que há também aqui um outro elemento que mais uma vez enfim neste caso eu eu eu diria que provavelmente a vitória de trump acentuará ainda um pouco mais essa tendência Mas que mesmo que trump tivesse perdido eh não era a derrota de trump que iria fazer alterar também eh ou ou eliminar essa essa alteração mais estrutural eh até porque o também isso no artigo observamos isso eh noutros casos de vitórias eleitorais recentes eh à direita ou de crescimento recente à direita estou a pensar por exemplo no caso de milei na na na Argentina estou estou a pensar eh eh estou a pensar em em no caso de orban enfim já há mais tempo atrás no caso no caso da Hungria e na ascensão e no crescimento de de partidos enfim direita radical direita populista eh e nesse nesse sentido também J que houve muito havia muito durante a campanha a ideia de que caso trump perdesse de alguma forma magicamente essa esse esse tipo de movimento e esse tipo de alteração estrutural e de alguma substituição do do que era um centro direita tradicional que evitava tocar em muitos dos temas eh digamos da agenda cultural que acabou por ser dominada gradualmente pela pela pela esquerda e pelas forças progressistas e que isso seria poderia ser digamos varrido com uma derrota de trump Ou seja que trump fe fecharia uma derrota de trump teria fechado isso ora o que me parece enfim não ignorante que a vitória de trump ajuda a reforçar essa tendência Mas que mesmo que trump tivesse perdido Essa era uma alteração que estaria para ficar ou seja não era não era por por trump ter perdido que e enfim que imediatamente voltaríamos a ter o Partido Republicano que existiria há 15 anos ou que no contexto europeu ou deoutros países o tal centro de direita tradicional que evitava muito eh tocar nesse nesse ess tipo de questões de agenda cultural que evitava confrontar eh eh eh o oquis smo etc que isso Voltaria a ser digamos o modo eh eh dominante de de de fazer política digamos no espaço eh à direita do centro ou seja eh parece-me que aí nesse aspecto como também aliás refiro no artigo Mesmo que trump tivesse perdido as eleições presidenciais de alguma forma já teria ganho eh no no sentido das alterações mais culturais que trump e outros e outros atores políticos com com algumas semelhanças obviamente também com diferenças mas com algumas semelhanças a este nível de diferente postura e diferente atitude digamos colocaram em cima da mesa e que isso e que também isso estaria para ficar independentemente do resultado nas nas eleições nos Estados Unidos André zedo Alves chegamos ao fim do nosso tempo obrigado pela disponibilidade para se juntar a esta edição do colonista do dia ob n [Música]