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[Música] Espanha Valência olhar e não ver é este o título da crónica publicada hoje no observador uma reflexão sobre a forma como os decisores políticos lidaram com a tempestade de Ana que como sabemos teve consequências catastróficas mais de 200 pessoas morreram vítimas das inundações professor Miguel Miranda bem-vindo e muito obrigado por ter aceitado ser hoje o colonista do dia o que é que foi olhado e não visto pelos decisores políticos Boa tarde a todos eu penso que tento eu tento expor o que eu acho que é algun dos aspectos mais incríveis dos últimos tempos e aliás devo dizer que tem alguma relação com a vossa peça anterior até que ponto é que nós podemos olhar para uma situação ela ser claramente dramática e estarmos tão indiferentes que não percebemos que respostas têm que serje ontem amanhã já isso aplica-se a muitas situações a parte o que é que a situação de Valência tem realmente de de de incrível é que hoje em dia as televisões transmitem as grandes catástrofes de forma mais rápida que os próprios sistemas internos aos governos são capazes de fazer e nós estamos pant numa situação em que as imagens são apocíticas para quem conhece as situações de catástrofe percebe que estamos a falar de um desastre muito grande semelhante à aqueles que a gente ou falar em sítios mais longinquos e vê-se que o sistema todo os minimiza de uma forma absurda o primeiro número que que o que o presidente do governo espanhol e falou de ajuda à zona da Valência não devia chegar para resolver o problema de de nenhuma das das localidades que foi filmada nem sequer do centro delas portanto estamos a falar de uma incapacidade de compreender a Catástrofe e o que é que o que é que aconteceu do seor ponto de vista partindo do princípio que um político não gosta de desvalorizar essas coisas pelo contrário quer e dar sempre esta imagem de que é capaz de resolver os problemas o que é que aconteceu foi desvalorizado o aviso eh foi ignorado eh foi incompetência pura e dura o que o que é que do seu ponto de vista aconteceu porque é comumo aceito que os avisos foram feitos sim mas na verdade nós temos Ach que não iria ser tão qu pens achou-se que Maria tão mal apesar das imagens estarem Nem todas as televisões na altura eh achou-se que se calhar Sea responsabilidade não for Nossa o problema não é assim tão grande eu penso que na na pior das situações que eu espero que não seja verdade e existiu um papel do chamado a passar a responsabilidade para o outro como sabem a Espanha é um país que tem autonomias que tem um governo Central Depois tem um Depois tem um governo autonómico e a vida das pessoas não pode ser ada nesses jogos digamos de Florais e e que tem a ver com com a importância política de cada um se está Aim e aos outros porque essa foi uma das razões que foi que foi sendo avançada que sendo os responsáveis a nível Nacional de um partido e a nível regional do outro e que quiseram deixar a batata quente cada um para o seu oponente pronto Esse é pior é a pior das interpretações eu não digo que seja impossível que eu já vivi já tenho uma vida longa e já passei por muitas situa mas e outra a outra situação que é alternativa é que realmente do ponto de vista e dos decisores políticos Existe uma grande Existe uma grande insensibilidade pant o que é que é a dimensão de Um grande desastre ou vocês viram as imagens dos rios que estavam cheios de carros sim falam de 100.000 carros destruídos 100000 viaturas sim as imagens são muito Il CDA S coisas que a gente s viu no TCO no sismo da Turquia a situações completamente extremas como é que é possível que se tenha enviado para o local 500 militares 5 militares é para fazer o quê conferencias de imprensa que interpretação é que faz desse facto dessa avaliação das consequências catastróficas Como já aqui dissemos das inundações eu di que está a ver muitas vezes no no no no nosso mundo europeu rico e envelhecido uma ideia de que só acontece aos outros e portanto eh nós nós desacoplado das imagens que vemos eh nós já confundimos a realidade com um bocadinho da ficção e eu eu lamento mas eu Isto é um problema que não é para mim que sou físico Isto é mais para um psicólogo que saiba bastante mais que eu mas a verdade é que nós vemos tudo todas as desgraças nos parecem muito longínquas menos à pessoas até que nos batem à porta até que nos batem à PTE mesmo para as pessoas que lá estão a raiva de das pessoas da da dos valencianos é brutal e a raiva deles é sentirem-se joguetes é sentirem-se que Não Contam A pior coisa que se pode se pode fazer é este desligar de quem dirige das pessoas reais eu acho que isto é tão verdade pense na peça anterior eu não quero dar dar exempl dizer nomes como compreenderá Pens por exemplo no que aconteceu no bairro do samb bojão e penso como é que é possível que nós não tinhamos empatia porque estamos a falar de empatia como é que nós acabamos com a empatia com as pessoas simples e normais imagino durante o período em que esteve à frente do ipma do Instituto Português de Mara da atmosfera tenha passado por situações que à semelhança de Valência exigia uma atuação atempada dos decisores políticos por força dessa experiência estão os decisores em Portugal mais revelam uma maior sensibilidade uma maior sensibilidade bem Portugal é um país um bocadinho diferente da da da Espanha porque exatamente não temos apesar das regiões e das dos Municípios não há este este sa acoplamento entre entre o governo de maderia e o governo e o governo da Autonomia e contudo devo dizer que em muitas situações é é preciso e digamos eh era foi sempre foi preciso do meu lado muito esforço para que se compreendesse a gravidade das situações que estávamos a viver e e eu eu vi isto eu vi isto no dia a dia deixa-me fazer-lhe uma pergunta a a dimensão daquilo que aconteceu em Valência é de tal forma brutal eh estávamos a falar das imagens que se viram e do muito que não vimos H mesmo que houvesse eh mesmo com que que tivesse havido uma reação e aos ao que aí vinha aos avisos do que aí vinha como é que é possível fazer Face a uma situação como aquelas depois vir em auxílio e Já percebemos que obviamente os os os os os o socorro não chegou atempadamente mas como é que se previne uma situação destas bem Este todas as situações que têm a ver com água e E é isso que eu tento falar de hoje são complicadas porque nós temos uma perceção da água que não é uma perceção de medo não uma perceção de fuga não temos aparentemente dizem quem quem faz história do ambiente que até o século X havia sempre uma ideia de que o mar e a água eram eram atores negativos não é até porque nós antes das barragens e da regularização dos rios tínhamos cheias frequentes e as cheas eram destruidoras e e nós hoje em dia associamos não associamos a água ao risco que a água tem e é uma coisa que se viu muito muito em Sumatra quando foi o sismo que fez o descob que fez agora 20 anos e quando o mar começa a subir em bandad C as pessoas acham todas que conseguem fugir quando quiserem e não é verdade quando você tem um fluxo de água cheio de detritos ninguém consegue resistir e e vimos na televisão por exemplo Uma Peça em que havia uma uma senhora que dizia o meu pai saiu para ir buscar a sua Mota o seu o seu motociclo eh na altura Em que em que vem a onda ele pensava que podia fazer isso e voltar para casa sossegado é impossível fazer-se isso portanto falta falta alguma pedagogia junto das populações para que se preparem para estas coisas eu francamente tive na tivemos na na academia das ciências uma discussão sobre esse assunto assim como é que nós podemos tornar as nossas reações em relação à água mais intuitivas não é quando você vai vai atravessar o é porque muita gente foi por exemplo aos parques de estacionamento buscar o carro CL exatamente e morrar nas garagens Claro e portanto repar como é que nós conseguimos fazer uma situação tornar-se intuitiva você quando atravessa a rua e houve um ruído de um de uma viatura digamos sai do sítio sem pensar nós temos que tornar intuitivas as nossas reações perante perante os riscos relacionados com a água e eles não são intuitivos até porque os fenómenos são cada vez mais frequentes não é os fenómenos são mais frequentes sempre existiram atenção este fenómeno é um fenómeno que é conhecido na região é um fenom que não é muito frequente mas é suficientemente frequente para que os políticos os tratem pelo nome não é sem terem nenhuma formação meteorológica especial contudo é óbvio que nós não estamos preparados para lidar com eles e pior que isso tendo acontecido o pior que foi a a onda destruidora que foi p o antigo canal do Rio nó nós estragos as 24 horas que temos para tentar retirar as pessoas dos escombros é criminoso e deixo que que diga quem quer que seja que assuma qualquer responsabilidade trata-se de uma frase da boca para fora o que é que significa assumir a responsabilidade de uma morte fica essa mensagem e essa reflexão que partilha com os ouvintes eleitores do Observador no artigo hoje publicada em observador.pt com este título Espanha Valência olhar e não ver professor Miguel Miranda muito obrigado por ter sido hoje o colonista do dia muito boa tarde