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ora viva sejam bem-vindos ao clube do 52 Este é um ciclo de conversas no âmbito dos 10 anos do Observador 52 personalidades foram desafiadas a pensar a próxima década do país Rui Miguel nabeiro é o convidado de hoje é diretor executivo do grupo nabeiro Delta cafés eh Rui Miguel lairo bem-vindo é um gosto recebê-lo aqui neste clube dos 52 um gosto é meu é um prazer estar aqui no artigo que escreveu para esta iniciativa que no fundo é também o ponto de partida para esta para esta nossa conversa eh fala de várias fragilidades do país e aponta também alguns motores de crescimento e as fragilidades são a falta de investimento são também a falta a baixa produtividade burocracia Enfim uma série delas porque é que nós não temos sabido corrigir estas fragilidades apesar de muitas serem evidentes e estarem perfeitamente identificadas B eu acho que essa é uma grande uma grande pergunta e é a pergunta mais importante de de de todas para a qual obv não tenum uma resposta óbvia porque enfim nós e eh como país diria que temos tudo de facto para ser bem sucedidos e na verdade não somos propriamente muito mal sucedidos mas tínhamos potencial para fazer de facto muito muito melhor porque temos todas as condicionantes para para isso porque é que não atacamos as questões enfim quer dizer isso é muito mais um tema para os políticos do que propriamente para para os gestores enfim nós no nosso caso vamos fazendo o nosso papel e creio que não o vamos fazendo mal eh Infelizmente não temos tido talvez perícia no no meio político para saber criar as dinâmicas corretas no país e criar as bases importantes para a criação de valor porque todos estes problemas acabam por por vir muito da falta de criação de riqueza eh e acho que eh sinceramente passamos muito tempo a a discutir como é que vamos distribuir o que temos e pouco a pensar Como É Que Nós criamos mais para todos termos termos mais e esse e esse é talvez o problema o problema de base porque na verdade todos percebemos que não se pode distribuir mais se não se criar e eu vejo distribui aquilo que não se tem de alguma maneira e vejo enfim talvez pelo nosso caso a preocupação que o meu avô sempre teve foi eh E que nos passou a nós nós temos que ter ambição e e não é problema nenhum ter ambição para criarmos mais para fazermos mais para aí sim podemos estar a criar mais postos de trabalho e a distribuir mais riqueza sempre foi este o modelo económico que em Campo Maior se implementou eh Se cá temos que o trazer um bocadinho para o país e e mudarmos este mindset de andarmos a discutir se tiramos a quem tem mais mas sim criarmos para todos termos realmente mais acho que isso é muito importante isso passa pelo crescimento económico porque naquilo que diz e ligando também a uma uma das frases que está no seu artigo escreveu eh que acredita que as mesmas estratégias que são utilizadas no mundo Empresarial para fortalecer Marcas para expandir mercados para reter talento que que essas essas estratégias podem e devem ser aplicadas ao desenvolvimento do do do país eh ou seja nós até sabemos fazer temos pessoas que sabem fazer mas praticamos pouco quando chegamos a um nível Nacional de alguma maneira pois seguramente eh hoje eh na verdade a marca Portugal evoluiu muito portanto também temos que dizer a verdade daquilo que que que se passa a marca Portugal hoje tem um valor completamente diferente eu quando entrei para a Delta há 20 anos chegarmos a Espanha e dizermos que somos portugueses não tinha a mesma força que tem hoje hoje de facto a marca Portugal progrediu não sei se tem um posicionamento muito claro que esse é o ponto Quando falamos em marcas posicionamento é algo que é que é que é muito importante da forma como somos percebidos mas na verdade quando falamos de notoriedade as pessoas hoje todas sabem onde é Portugal já não acontece aquela coisa de irmos à China ou aos Estados Unidos e dizemos Portugal a small Country in Europe Western Europe não quer dizer já as pessoas já sabem onde é Portugal já ouviram falar de Portugal e já não é só pelo futebol na verdade já é por um por um conjunto enorme de de de de características agora e eh na verdade há ainda muita prática de gestão que que de facto Pode ser traz ida para para o mundo para o mundo e o mundo do país não é percebermos de facto onde é que devemos apostar há bocado falou e ouv que falou no tema da produtividade nós temos que desmistificar isto porque ficamos todos muito agarrados à ideia e E durante durante a a a intervenção do do do FM do FMI em Portugal de que éramos pouco produtivos porque trabalhávamos poucas horas ou porque não não trabalhávamos bem E isto é uma mentira absoluta portanto nós nós somos efetivamente pouco produtivos mas não é porque trabalhamos mal ou porque trabalhamos pouco nós somos pouco produtivos porque não criamos a tal a tal riqueza portanto nós produzimos para outros nós não temos marcas que é o que agrega valor e o modelo económico é o modelo baseado em baixo custo e e baixo valor portanto de facto temos que conseguir dar este salto para criar mar para criar valor porque é aí que de facto está a riqueza é na criação de de de valor E aí sim seremos mais produtivos não é porque nós trabalhamos mal portanto criou-se eu acho que se criou muito esta ideia e depois os trabalhadores parece que são os culpados E os responsáveis que trabalham pouco e trabalham poucas horas o que é uma mentira absoluta porque a conta é uma conta de dividir não é é é aquilo que nós criamos de riqueza a dividir pelo que trabalhamos claro que o problema tá na na na qu ade riqueza que nós que nós produzimos não no número de de horas que que trabalhamos e Portanto acho acho que é importante desmistificar essa ideia porque porque trabalhamos estatísticas trabalhamos mais horas em número de horas trabalhamos mais horas do que outos seguramente o português é conhecido por ser trabalhador vai para qualquer lado fora de Portugal Mas mesmo em Portugal somos ótimos ótimos tá noos a faltar aquela criação de riqueza aquela criação de valor que vai buscar esse valor e para podermos ser de facto mais produtivos é isso que vai fazer a diferença para que cada hora de trabalho renda mais de alguma maneira em valor produção seguramente nós nós por exemplo no nosso caso podíamos ser um mérito reator de café e portanto torramos café na nossa fábrica podíamos uma marca para outros e aquilo que acontecia era que os outros vendiam com o valor da sua marca e portanto a mim ficava só à margem de de de de torrar café quer dizer Graças a Deus que o me meu avô decidiu que a marca Delta era importante que tinha um conjunto de atributos de valores que iria ter o seu papel na sociedade e e e e é aí que se constrói a riqueza para poder depois ganhar a sua dimensão Porque é que o Não há segredo neste neste tema todos conhecemos o tema do da importância das marcas da importância da criação de valor da Inovação que que também falo de facto no meu no meu que é aqui que vamos todos criando criando valor portanto isto já se conhece essa receita que bem me pergunta é porque é que não A implementamos pois não sei Olha falta de ambição ou ou falta de se quiser de processo da parte dos dirigentes políticos certamente para para implementar e ainda pegando aqui no exemplo das empresas que podem servir de alguma forma ao país também H aquilo que nós chamamos desertificação do interior é um fenómeno e está vai-se agravando até e lá está o o grupo naveiro eh mostra que isso não é uma fatalidade Porque estão encostados à Fronteira com a Espanha em Campo Maior não cito absolutamente Improvável para a atividade que têm nem há nenhuma raiz de café ali a tradição de café ali Hã Não é bem verdade porque Há ali um cluster de café que vem do tempo da da da Guerra Civil Espanhola e do tempo do contrabando em que havia escassez de produtos em Espanha e portanto criou-se ali um cluster de várias indústrias ligadas ao ao ao café sim Campo Maior eh e portanto criou-se ali essa essa dimensão exatamente pela escz que havia em Espanha e e e era orientado para Espanha mas eu acho que nós hoje temos essa vantagem competitiva não é uma desvantagem muitas vezes di Mas é uma é uma desvantagem estar em Campo Maior eu digo não quer dizer nós estamos a ambicionar para crescer na Europa na verdade a a posição e geográfica é mais favorável para quem está mais próximo de Espanha mais próximo de França a nossa única fábrica enfim tirando tirando Angola também mas a fábrica que temos na Europa é em Campo Maior e que continuará a ser estamos a investir bastante para modernizar para termos mais capacidade e responder àquilo que nós ambicionamos de crescimento estar no interior é uma vantagem estratégica neste neste caso e Campo Maior de facto é uma vantagem muito grande para além da vantagem de conseguirmos ter e e e gente para trabalhar aqui por exemplo mais na no litoral não tem sido fácil encontrar pessoas para tem facilidade neste momento uma maior facilidade de contratar em Campo Maior do que no litoral ah seguramente e uma lealdade das pessoas diferente e um compromisso diferente p a formação é uma obrigação Nossa nós temos dar formação das pessoas seja aa maior ou no outro lado qualquer nós teremos sempre que que dar formação em todas as áreas em que temos seja el Industrial comercial enfim o que seja não é claro Portanto o país também podia aprender com isso ou pode aprender com isso isso eh que é possível ter negócios ter desenvolvimento ter crescimento e rendimento no interior seria arrogante dizer que podem aprender o que o que eu digo o que eu digo o que eu digo é que que que enfim é um caso é o nosso e e e e há um caso que que corre bem que temos um compromisso com a nossa região que continuamos a apostar ali e é ali que Queremos estar porque temos todas as razões para para para o fazer nós neste Estamos também a reforçar as nossas áreas de contacto center em Campo Maior eh portanto temos um conjunto de fatores não é só o café também a fábrica de máquinas que hoje já já Ali temos Portanto vamos reforçando ali porque nos sentimos bem corre bem e faz mesmo sentido estar ali de facto onde há muita oportunidade para nós para nós crescermos uhum falou há pouco falamos da da da formação e e o RI Miguel nabeiro coloca também no artigo particular importância ao ao sistema de ensino eh diz que é essencial é um dos fatores de facto de crescimento a parte da da Inovação H nós tivemos uma evolução olhamos para os principais indicadores de ensino e de formação e temos hoje de facto uma paisagem completamente diferente daquela que tínhamos há 50 anos na na Fundação da democracia de qualquer forma apesar da evolução destes indicadores eh acha que o nosso sistema de ensino eh os programas que são lecionados estão desajustados daquilo que é necessidade do das empresas não não diria que tão desajustados Creio que ainda temos do ponto de vista da nossa população um caminho muito grande a fazer e já fizemos Como diz e bem não é nós já fizemos e hoje deparamos-nos com este problema que é reter os mais qualificados que vamos que vamos formando mas este problema coloca-se exatamente pelo início da nossa conversa se nós não não temos empresas apetecíveis empregos apetecíveis trabalhos não é empregos é trabalhos que sejam estimulantes para um conjunto de pessoas que andou a estudar e que hoje tem tem qualificações acabam por serf quando comparam as condições de trabalho a dinâmica porque não é só o salário o salário é uma parte importante naturalmente mas também aquilo que podem acrescentar de valor nas empresas e é por isso que depois acabam por ir lá para fora por tem desafios muito mais interessantes do que nós temos aqui portanto temos de facto conseguir construir um um próximo nível de de empresas que que trazem valor de facto à economia mas também bem-estar e dinâmica para para para as gerações atuais e e futuras penso que passa muito por aqui de facto temos que fazer ainda Ao caminho da qualificação das pessoas Ainda temos um país do ponto de vista de educação bastante atrasado quando comparamos com as médias europeias o progresso é muito rápido portanto isto os números são como tudo não é como há contabilidade como é como é que est a dizer os números não mentem mas as pessoas mentem com os números o o o o o é factual que a evolução foi muito grande mas também é factual e que estamos bastante atrasados em quando comparados com com a média europeia portanto na verdade aquilo que temos que fazer é continuarmos a fazer este trabalho e acelerarmos ao máximo eu penso que hoje temos ótimas universidades do ponto de vista de gestão Quando falamos em métodos de gestão quer dizer a universidade nova de Lisboa com Campus completamente incrível a Universidade Católica que vai também fazer um Campus incrível e que são duas das escolas que estão no top das escolas a nível Global em gestão eh n este nível temos escolas muito bem Preparadas para preparar os alunos que hoje já quem faz os mestrados cá já não são só portugueses né aliás eu creio que a maioria até já são alemães que vêm para cá fazer os os mestrados nova na nova essa a realidade facto e portanto eh diria que temos aqui capacidades muito muito muito boas para qualificar as nossas as nossas pessoas as escolas hoje também deram um salto e temos é que recuperar de facto nós o que temos at que ter a noção que sim estamos a progredir bem não podemos é ficar felizes porque estamos a progredir bem porque temos que ir muito mais depressa do que os outros uma vez estamos mais atrás quando comparados com os outros e esta decalagem se não acelerarmos vai ter tendência a guizar e a aumentar não é quando falamos que os nossos salários são estão muito mais enfim atrasados em relação à média europeia se não criarmos as bases se a única coisa que tivermos a fazer dizer foi aumentar salários sem criar de facto profissões mais qualificadas e também que as pessoas se sintam bem nelas e acabamos por não resolver o problema é meramente um um Pens rápido que estamos a pôr na situação hum outro Outro fator e estamos quase quase a chegar ao fim da da desta nossa conversa Outro fator essencial que aponta é de facto a Inovação há barreiras especiais em Portugal para se Inovar de alguma forma ou não temos um ambiente de inovação propício nadamente que junta as Universidades as empresas onde de facto a Inovação seja muito premiada não eu acho que temos temos boa inovação em Portugal temos escolas eu acho que não tem a ver com a com com a com a escala tem precisamos é de muito mais eh o nós somos se há coisa que o português é é é ótimo no deser Rasco e ser deser rasque é o quê é criatividade isto traduzido de facto para a realidade nós somos criativos Ora se nós somos criativos não aproveitamos isso para criar de facto inovação para trazer novidade para trazer diferenciação mas nós fazemo-lo nós nós trabalhamos com muitas universidades des Universidade do Minho e aqui várias universidades na zona de Lisboa em Aveiro nós nós trabalhamos muito a Inovação na Delta estimulamos muito as nossas pessoas a Inovar e é isso que acontece nós temos de facto tido essa essa sorte de ter muita inovação que Inovação de produto mas também tecnológica todos todos os níveis eh porquê porque também não estamos fechados sobre nós próprios estamos abertos a ter parcerias com universidades que é uma coisa muito muito importante eh e e e e as escolas hoje têm um papel essencial portanto a colaboração creio eu entre o mundo Académico e o mundo o mundo Empresarial é essencial para criarmos e valor que se traduza em patentes porque as patentes são importantes para proteger a propriedade intelectual porque lá está Quando temos uma patente já criamos valor já há aqui qualquer coisa que que que é possível e eh eh ser vendida no futuro com o valor diferente de enfim de um produto que base que não tem não tem não traz inovação e o consumidor seja em que sentido for procura inovação no nosso segmento nós não podemos eh fazer as coisas exatamente igual aos outros temos que trazer novidade temos que trazer inovação e a velocidade a que o mundo vai evoluindo é tão grande e nós hoje já não competimos só dentro de Portugal se não se as nossas empresas não inovarem e não se modernizarem vai aparecer um Player qualquer de outro lado que se calhar nem sequer fazia o mesmo que nós fazíamos E que nos vai roubar o negócio portanto hoje não podemos estar cómodos é é é eu acho que é uma mensagem importante para todos não podemos estar cómodos de braços cruzados à espera que as coisas aconteçam precisamos ter dinâmica e as empresas têm que ter dinâmica e a Inovação é a criação de valor para a empresa e para o país muito bem Ficamos com essa ideia da de algum dos assoo que é preciso criar em todos nós para de facto inovarmos e para criarmos riqueza Rui Miguel noiro foi um gosto de recebê-lo aqui no clube dos 52 nós Voltaremos brevemente com novo podcast e novo convidado até lá