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foi ministro dos negócios estrangeiros ministro da Defesa vice-primeiro-ministro Dr Paulo Portas muito obrigado por ter aceitado o nosso convite H começava por Boa tarde raqu Boa tarde são já 1000 dias de guerra mais de 2 anos de combates no terreno o que é que há a esperar do des envolvimento deste conflito bem e eh ponderando os objetivos iniciais como se lembrará a Rússia esperava ocupar a Ucrânia ser recebida com popularidade h e conquistar as principais cidades nomeadamente keve no espaço de uma semana ou semanas nada disso se verificou eh também é verdade que e e não tendo eh não tendo sido possível a Rússia conseguir os seus objetivos H iso se deve essencialmente o à resistência dos ucranianos à sua liderança que foi subestimada pela liderança russa E H ao apoio do ocidente não em eh Soldados no terreno mas em equipamento e financiamento para a Ucrânia poder resistir depois a guerra teve um outro momento que foi uma contraofensiva que a Ucrânia tentou fazer cujos resultados não foram significativos talvez por infração de uma regra básica que é não se anuncia ao inimigo aquilo que se vai fazer com meses de antecedência porque isso deu à Rússia a possibilidade de construir defesas eficientes e depois aconteceu já mais perto deste tempo uma incursão bem sucedida da Ucrânia em território Russo que significa obviamente a conquista de território e e acrescentar um elemento valioso para a posição ucraniana quando e Se chegarmos a negociações diplomáticas que é o fim de e qualquer conflito mas não se confunde com uma rendição eh h e portanto neste do ponto de vista operacional a a a Rússia não conseguiu o que queria Embora tenha mais território do que aquele que obteve também pela coerção e pela força em 2014 território de um país e soberano e internacionalmente reconhecido estamos no século XX eh e e a Ucrânia ainda não recuperou aquilo que precisa de recuperar para poder haver uma negociação equilibrada e referiu aí esta resistência da Ucrânia h e e é certo que tem resistido a pergunta é até quando é que isso será possível bem até hoje resistiram como o e a história da Ucrânia tem muito H tem muita resistência Como sabe e muita vontade de independência eh e até agora a verdade é que entre eh uma Rússia que é uma superpotência militar e a Ucrânia eh eh eh que inicialmente eh eh teria eh do ponto de vista do do cálculo das operações militares muito menos força muito menos equipamento e muito menos capacidade a verdade é que resistiu e resistiu porque a causa está certa e é justa eh os russos Talvez tenham dificuldade em compreender que se não foram recebidos eh eh eh eh com Libertadores e se não foram aclamados é porque estão em terra que não é deles eu vou eu e Esse princípio não importa apenas para a Ucrânia se porventura no século XXI alguém decidir entregar a a a Vladimir Putin uma vitória política que não teve militarmente Vladimir Putin nunca respeitou a fraqueza alheia e tomará isso como uma licença para invadir e continuar portanto este assunto é muito sério e não é apenas da Rússia e da Ucrânia ache se me permite um fator novo que é um fator muito preocupante que é dentro do eixo estratégico que a Rússia e a China tentam construir até hoje sem qualquer prova de que a China dê fornecimentos diretos à Rússia não creio que tenha passado essa Fronteira mas há uma eh um fator novo que é a presença de milhares de soldados ou Mercenários assim talvez seja melhor chamá-los eh da Coreia do Norte que já é uma incipiente potência Nuclear no conflito entre a entre a Ucrânia e a Rússia do lado do invasor e isso é muitíssimo preocupante e eu sempre achei que os Estados Unidos não deixariam que isso acontecesse sem reação e é do seu ponto de vista é por causa disso que biden deu agora autorização a à Ucrânia para poder usar eh armamento os os mísseis em em território Russo Vamos lá ver eh eh o a Inglaterra o Reino Unido e a França já tinham feito isso mesmo essa licença condicionada eh e os Estados Unidos já o tinham feito uma vez numa circunstância muito precisa que foi um ataque muito violento que os russos tentaram a fazer a car kiv que é a segunda cidade da Ucrânia e a possibilidade de usar esse tipo de mísseis táticos mas de alcance maior no no caso dos europeus cerca de 150 km no caso dos Americanos cerca de 300 eh é uma possibilidade condicionada e limitada a objetivos precisos nomeadamente permitir à Ucrânia atacar na fonte eh eh os meios Aéreos por exemplo ou os equipamentos terrestres e que permitem à Rússia eh continuar a pressão no donets ou em certas outras áreas da Fronteira da Ucrânia h eh mas isso eh eu creio que está evidentemente relacionado com o fator Coreia do Norte porque o o as os soldados ou mercenários da Coreia do Norte estão concentrados na região ou nas regiões que a Ucrânia tomou este verão com grande surpresa da Rússia e grande incapacidade de recuperação da Rússia eh junto à Fronteira com a Ucrânia é portanto para evitar creio eu a a a o o desequilíbrio causado pela presença de forças da Coreia do Norte que é autorizada este uso em todo caso condicionado nas finalidades e condicionado no território Ou seja no alcance Qual qual é que é a importância entretanto por causa disso Vladimir Putin alterou a sua chamada doutrina nuclear Serguei lavrov hoje sublinhou a importância de que os países ocidentais olhem com atenção para essa alteração russa devemos ficar preocupados ou é só mais uma ameaça como temos ouvido tantas nestes 1 dias e muitas vezes fazendo apelo ao nuclear quando aconteceu a Adesão da Suécia e da Finlândia à Nato foram usadas ameaças físicas no terreno parecidas com a deslocação por exemplo de a instalações de de equipamento nuclear militar para território da bielorrússia como se lembrará e e e e Vladimir Putin já tinha feito em setembro eh a ameaça de que modificaria eh um dos elementos da da doutrina nuclear russa eu nessa matéria tenho sempre um princípio até hoje a dissuasão nuclear prevaleceu sempre sobre o conflito nuclear bastou ao mundo da experiência de Nagasaki e de Hiroshima para não repetir houve uma um um quase episódio que poderia ter sido fatal durante a crise dos missis de Cuba mas o sistema de dissuasão nuclear Ou seja a Nato tem vários países e em particular Os Estados Unidos mas não só com armamento nuclear o armamento nuclear não se fez para fazer a guerra fez para evitar a guerra porque o forte tema o forte e o forte não respeita ao fraco e foi essa a lógica que permitiu à Nato e que nós devemos à Nato durante mais de 70 anos de conseguir a paz na Guerra Fria e no que se lhe seguiu e portanto eh eh eu acho que é muito mais eh e a Rússia sabe exatamente os termos em que os Estados Unidos autorizaram este esta utilização que a Inglaterra e a França já tinham autorizado E H é é é é mais e eh uma política de comunicação agressiva e atrevida e para causar alarme nos Aliados ocidentais e em particular europeus mas não creio que seja eficiente e por causa dessa política agressiva ontem uma série de países escandinavos distribuíram um peto pelas populações com instruções sobre como agir em Tempo de Guerra acha que esses panfletos deviam ser distribuídos aos restantes países europeus cada país tem a sua política nessa matéria porque as geografias não são as mesmas não se esqueça que a Finlândia tem uma laríssa fronteira com a Rússia e sobretudo a Finlândia sabe o que é uma guerra com a União Soviética que a União Soviética julgou que ganhava facilmente e o resultado Foi no mínimo muito Modesto e os finlandeses nunca mais esqueceram essa experiência a mesma coisa relativamente aos países nórdicos eles estão muito perto da Rússia e há uma coisa que talvez em Portugal não se perceba completamente quem está perto da Rússia quem já sentiu desculpe a expressão a pata da Rússia em cima quem ficou privado de liberdade durante décadas e vidas inteiras por causa da União Soviética sabe muito bem o que é ameaça russa e portanto eu não primeiro há uma certa tradição nos países nor mas não só e e e de fazer esse tipo de informação mas é evidente que qualquer pessoa dotada de uma meridiana inteligência faz a si própria esta pergunta mas se o ocidente deixar Putin ganhar na Ucrânia quem é que nos garante que ele fica pela Ucrânia ele não respeita a fraqueza a única coisa que o contém é a força do adversário ele já fez oito intervenções fora da Rússia ao longo de 25 anos no poder como primeiro-ministro ou como presidente e f-l sempre em antigas repúblicas soviéticas que hoje são e países independentes a Ucrânia é apenas a oitava embora seja a segunda vez na Ucrânia e de modo que e quem sente geograficamente a proximidade da ameaça obviamente tem mais e e sente mais intensamente a necessidade de fazer esse tipo de comunicação pensando no futuro numa entrevista nos últimos dias Durão Barroso disse que é impensável um acordo de paz em que a Ucrânia recupera a Crimeia Como é que vê um entendimento justo que ponha fim este conflito mas que ao mesmo tempo seja realizável a Crimeia data de 2014 não é e é em si mesma mais complexa do ponto de vista histórico agora o que está aqui em causa é a parcela de território na Crimeia por um lado no donets por outro H hum hum que a Rússia acrescentou a partir de 24 de fevereiro de 2022 Eh Ou seja é maior a parcela de território e conquistado à força e coercivamente pelos Russos à Ucrânia e por outro lado está aqui em causa quem é que decide A política externa e de segurança da Ucrânia porque a pretensão da Rússia é eh proibir impedir a Adesão da Ucrânia à aliança Atlântica e à União Europeia portanto não é apenas uma questão de forças e territórios é uma questão de H de qual é a visão que nós temos no século XX sobre a soberania dos estados e sobre a sua independência e portanto são estas matérias que estão ainda eh como lhe disse há pouco as guerras acabam com rendição ou acabam com negociação H nenhuma nenhuma negociação se Deve parecer como a rendição e portanto o que está em causa é não permitir à Rússia eh perceção de que tem licença para invadir e condicionar E em janeiro Há um novo inclino na Casa Branca temo que Donald trump ven a impor à Ucrânia um acordo de paz que resulte numa redução acentuada do território ucraniano a avaliar por declarações de campanha eleitoral pela escola mais isolacionista a que o presidente eleito dos Estados Unidos pertence a avaliar pela ideia que eu acho desajustada historicamente e de que os Estados Unidos não precisam do mundo e que o mundo não precisa dos Estados Unidos h e avaliar por algumas das escolhas feitas já para a nova administração eh Há um esse risco não é eh des excluir mas é preciso ver o que é que efetivamente eh o novo presidente dos Estados Unidos fará em matéria de política de segurança externa de compromisso com a aliança Atlântica isso é muito relevante porque a a Nato foi essencial para a prevalência do acidente para a liderança dos Estados Unidos e para a segurança da Europa e portanto qual quer quebra na pertinência e na capacidade da Nato prejudica as três partes não prejudica apenas uma Dr Paulo Portas mesmo para terminar tem sido dito muito a propósito até da Nato e da necessidade dos países europeus reforçarem o seu investimento em defesa Portugal é um dos países europeus que tem maiores fragilidades em matéria de defesa eh não só em termos de Recursos Humanos mas também em termos de de do do estado do seu equipo do equipo que tem isso preocupa o o nosso a forma como nós estamos ou não preparados para responder a esse apelo ra o compromisso dos parceiros da Nato atingirem os 2% de investimento em segurança e defesa é um compromisso que vem de 2014 que foi feito junto de presidentes americanos tão difer como Obama trump e biden há um facto ignorado na recente campanha eleitoral dos Estados Unidos espantosamente ignorado é que antes da guerra da Ucrânia havia nove países da Nato que tinham 2% de investimento em segurança e defesa no final deste ano haverá 23 Portugal não faz parte dos que já cumpr o compromisso mas os compromissos são para cumprir e portanto tendo nós a dimensão que temos as possibilidades que temos tem que se fazer o caminho para cumprir com as regras da aliança não se pode querer beneficiar da Paz e achar que há paz sem defesa e a defesa implica investimento investimento obviamente também cooperativo Porque a Europa como diz o relatório Drag e muito bem a Europa tem um mercado é muito fragmentado h e eh e e tem que se preparar para ter a sua autonomia do ponto de vista de segurança e defesa eh eh eu tenho ouvido o tanto o primeiro-ministro como a ministra da Defesa dizerem que nós vamos fazer um caminho até 2029 creio que inclusive para e os 2% e eu acho que isso é inevitável porque senão fica demasiado Óbvio H que nós temos preguisa em cumprir E isso não pode ser Paul portas Muito obrigado pela disponibilidade para se juntar a nós nest nestes 1 dias do conflito entre a Ucrânia e a Rússia no direto ao assunto da Rádio observador se gostar deste podcast pode seguir dar C estrelas e 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