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[Música] de que falamos quando falamos de direita a pergunta é lançada pelo escritor politólogo e empresário Jaime no guir pinto e dá título ao livro que acaba de editar com a chancela da Bertram um entre os mais de 20 livros de ciência política e história contemporânea que escreveu com dois romances pelo meio novembro e passageiros da sombra bem-vindo Jaime nir pin Olá boa tarde ora coincidência das Coincidências estamos precisamente no mês de novembro e a pergunta que lhe faço é se há um jogo mais de sombra do que de luzes quando a ideia é definir o que é ser de direita e vamos lá ver e eu há muitos anos que escrevo sobre estes temas e uma das coisas que em Portugal e aliás eu eu num livro que publiquei já há muitos anos mesmo P há 30 anos chamada a direita e as direitas chamava aten são que enfim em Portugal e um bocadinho na Europa Está a mudar bastante a narrativa de um modo geral destas coisas destas categorias era feita pela esquerda e portanto a direita era definida pela esquerda e o que me assumi sempre politicamente como uma pessoa de direita política e culturalmente eh Tenho procurado exatamente enfim definir a direita a partir da direita portanto contar de certo modo que o que eu faço neste livro que é uma uma série de ensaios maior parte deles foram já publicados numa revista que eu tenho com com o Rui Ramos e com o Carlos Maria bobon que é crítica 21 eh é uma série de ensaios que que que exatamente cobre um pouco a história política da direita quer dizer começando nas direitas contrarrevolucionárias conservadoras revolucionárias e acabando agora até talvez com enfim com uma certa oportunidade Ou acabando exatamente eh com o o retrato da da nova direita da nova direita Americana e também da direita Nacional populista na Europa portanto eh procurei quer dizer eu acho que estes ensaios cobrem têm têm também uma certa atualidade porque cobrem exatamente os perfis históricos e e ideológicos destes destes movimentos Jaira pinto e eh diga-me uma coisa antes ainda de chegarmos à Nova direita eh porque é que como é que explica esse ascendente na narrativa política que a esquerda foi sempre tendo e que a direita e aparentemente nas últimas décadas perdeu eh o que que em Portugal é mais fácil talvez de explicar mas mas não é um exclusivo de Portugal Europa na Europa e eu tenho isso enfim relativamente coberto neste neste nestes ensaios na Europa o digamos a esquerda Teve teve o com a Segunda Guerra Mundial a esquerda fez uma coisa no no pós-guerra muito hábil sobretudo na Europa mas também um bocadinho nos Estados Unidos mas sobretudo na Europa que foi de certo modo apresentar e reduzir à direita a direita e há coisa de facto talvez mais negativa que alguma vez apareceu na direita que não é propriamente característica da direita embora fosse mais da direita que da esquerda que é o que é o Nacional socialismo que é o hitlerismo o nazismo aliás é a razão talvez porque e esta capa este livro tem uma capa de certo modo um bocado chocante ou audaciosa sim temos Hitler e Stalin deitados na mesma câ numa Car uma cama mas não estão não estão em posições de qualquer forma qualquer forma em equívocas ou não estão mas estão com um arenteiro está lind está dormindo como se fosse a vozinha do do Capuchinho do Capuchinho Vermelho eé está com um ar assim simpático e surpreende olhando para ele e e ambos têm o tem um pijama com umas suásticas Stalin tem umas um pijama com umas fo e uns martelos e portanto isto eu eu com esta capa end exatamente partir um pouco daquela ideia que a esquerda conseguiu muito muito implantar e que está agora outra vez a a refazer que é a redução da direita primeiro a ideia de que não há direita é extrema direita e depois é a redução da Extrema da da da direita ou da Extrema direita ou das figuras de extrema direita a última agora tem sido trump e a Hitler quer dizer como Hitler de certo modo ficou como digamos a Encarnação de uma espécie de mal absoluto e em vez de estarem a dar ao trabalho dizer o que é que as pessoas pensam O que é que não pensam O que é que os seus programas querem e as suas políticas diz-se este esta Criatura é Hitler ou igual a Hitler e a partir daí há uma espécie de gesto pavloviano e de das pessoas que que leem o que ouvem oou que assistem aparentemente não é isso que está a acontecer aparentemente não é isso que está a acontecer tendo em conta os resultados eleitorais não é exatamente Porque o povo não é tão estúpido como como querem fazer quer dizer a ideia de pegar numa personalidade que é de facto uma personalidade excessiva controversa muito fora dos cânones tradicionais da polí sobretudo da política conservadora como Donald trump mas a ideia de pegarem nele e no que ele pensa no que ele diz e dizer que ele é o Hitler é é é é é é Absurda quer dizer não não não tem pés nem cabeça Quer dizer não não resiste a um mínimo de de de crítica e e de facto os eleitores não são tão estúpidos como isso e tem t sentido comum quer dizer isso está a acontecer também na Europa quer dizer na Europa também está a acontecer e esses Tais governos ditos ou chamados de extrema direita já governam alguns países na Europa portanto e que eu saiba não não tenha nem suspendido as liberdades nem nem nem nem inaugurado campos de concentração nem nada e dá um exemplo interessante no livro A propósito dos dos Estados Unidos e e destas últimas eleições o presidente de um dos maiores sindicatos norte–americanos discursou na convenção republicana e não foi à Democrata a esquerda perdeu o povo e a direita também não o soube agarrar só a direita populista Eu acho que isso é é um fenómeno interessante quer dizer o a esquerda perdeu eu tenho aliás eu procuro explicar a esquerda com com a sua digamos com a sua sobretudo esta nova esquerda também temos que contar uma coisa que é muito importante no fundo o fim da União Soviética também representou sobretudo para os partidos comunistas que tinham aí uma certa base de apoio e financeira e e até de um certo prestígio apesar de tudo apesar do contra do do socialismos reais funcionarem muito mal mas de qualquer maneira era uma base ideológica e logística importante esse fim também significou o de certo modo a quebra por exemplo com com as forças sindicais e nós vimos por exemplo em França isso passou-se já há 20 anos houve um Êxodo maciço dos votantes do do Partido Comunista francês que foi um partido que chegou a ter ali no nos anos 50 e a mesmo ainda nos anos 60 andar aí pelos 25 30% do eleitorado verificou-se uma passagem praticamente então Os Comunistas não têm não têm votos em em em França uma passagem para os para o f Nacional então de jamah lepen e esse fenómeno de certo modo também se deu nos Estados Unidos nos último e eu julo que tem por um lado a ver com essa essa perda tem também a ver com o o a adoção pela pela pela Nova esquerda eh dos dos padrões do do do oiso do do da das questões da da teoria da da identidade género quer dizer que são coisas nascidas normalmente muito nascidas nas universidades Americanas e a partir de de digamos de teorias bastante sofisticadas e Mas que negam que de certo modo acabam muitas vezes desembocar em situações absurdas e isso também da realidade é uma descolagem da realidade e portanto de certo modo a gente viu claramente nisso viu-se nas Enfim no que valem já nas sondagens e viu-se depois nas votações Não há dúvida que digamos os trabalhadores da indústria e e outros trabalhadores que restam eh também por causa da desindustrialização também por causa de exatamente dessa dessa deslocalização das fábricas quer dizer constituem hoje grupos que que são muito críticos do do do Out sistema por outro lado os partidos conservadores tradicionais ou seja as democracias cristãs também não souberam de certo modo e não souberam captar esse esse tipo de de de eleitorado e já não vão a tempo de recuperar do seu ponto de vista eu acho que já não vão porque esse esse eleitor hoje quer dizer em política Vamos lá ver bem ou mal há um certo horror ao vazio e portanto se há causas se há grupos se há interesses que de certo modo foram abandonados e se surgem depois grupos políticos não é que vão ocupar esse espaço eh ou que se reconverte porque por exemplo quer na Itália quer na França os os partidos do tipo o os os frateli de Itália ou o rassemble Nacional são partidos que vão entroncar curiosamente em partidos muito antigos que tinham à partida de facto características eh daquilo que se que de facto pode chamar de direitas nacionalistas ou e mais radicais mas que também se foram se foram adaptando aos seus eleitores que também é um fenómeno interessante quer dizer porque eh eh não há dúvida que entre o o movimento social italiano da georgio AM miranta e a e os os fratel de Itália da georg Meloni há quer dizer há continuidade mas também há grandes diferenças não é isso e isso aí quer dizer essa plasticidade estes movimentos direita nacionalista e identitária etc souberam souberam também fazer o seu caminho e adaptar-se de certo modo também aos seus eleitor não mas num certo sentido eh eh eh é uma direita diferente da tradicional direita do ponto de vista ideológico era isso que eu gostava de lhe perguntar porque muitas das até como vemos aqui em Portugal por exemplo com o chega muitas das soluções que o chega defende eh está-se sempre a falar do conluio entre o chega e o partido socialista mas a verdade é que eh Nos programas eleitorais as coisas estão lá e portanto da do ponto de vista em muitas matérias mas sobretudo do ponto de vista económico e de de organização do Estado eh o chegue é um partido que vai buscar muito ao socialismo sim mas esses partidos todos repar por exemplo em França neste momento tá a nascer uma polémica muito interessante de certo modo porque Marine le pen mantém um bocado que o raç Nacional não é da direita nem de esquerda e o e o bardela que Pronto agora é o presidente do partido agora nesta neste livro que que acabou de publicar lá está defende e com esse nome uma uma frente das direitas portanto E isso também está patente e não há dúvida que que estes estas direitas eu eu tenho faço muitas historial que é o que el chama as direitas as direitas revolucionárias que tenm a ver exemplo com os movimentos movimento o fascismo italiano teve muito a ver com isso essas direitas revolucionárias tinham um lado também socializante é muita coisa quer dizer e não era imponent que por exemplo o próprio Nacional socialismo se chamava Nacional socialismo E era um partido que acabou por ter votações operárias muito grandes quer dizer portanto aí Não há dúvida que aquela ideia que a gente tinha que é muito uma ideia dos anos 80 também é preciso ver que foi uma ideia muito que veio do do reaganismo e que veio do taxismo que era a ideia de que a direita estava encostada ou que a ao liberalismo a um liberalismo económico puro e duro também desapareceu completamente quer dizer mesmo mesmo nos estad nos próprios Estados Unidos o trumpismo e é por isso que como estavam a referir aí há bocadinho o o o presidente do do Sindicato dos timster e foi ao ao convenção republicana e não foi só para terminarmos mesmoa pin estamos no limite do nosso tempo é esse fantasma da direita Nacional populista como apelida no livro que paira sobre a Europa e é um fantasma cada vez mais de carneosso digamos assim no caso português eh e olhando aqui para os os partidos que compuseram o sistema e compõem o CDs chegou a estar fora do Parlamento regressou graças à Coligação com o PSD estes partidos acabaram por se desviar da Matriz que os caracterizava bom a a matriz quer dizer Vamos lá ver a questão em Portugal foi sempre a partir de enfim do do da da da revolução de do do do golpe de estado 25 de abril e enfim e uma certa revolução de esquerda que se seguiu sobretudo até ao 25 de novembro e não há dúvida que a a narrativa o peso cultural tudo isso ficou muito pelo lado da esquerda e portanto as direitas Sobreviventes foram um bocadinho direitas em cunhadas de certo modo e e e e aí o sucesso do do do fenómeno digamos populista do chega para além de enfim do do do líder que um líder tribun icio e e e de grande capacidade oratória é também vir preencher Digamos um espaço que estava que que que que o que o CDs de certo modo acabou por abandonar completamente e portanto esse acabou por ser preenchido já agora numa modalidade que também é uma modalidade que começa a ser pelo menos euroamericana não é que é que são movimentos que têm como valores o quê a nação a identidade nacional que são de certo modo do ponto de vista eh económico não tenhem abandonaram em muita coisa o o liberalismo pur e duro económico quer dizer tem muitos aspectos de justicialismo social que foi sempre aliás uma grande preocupação das direitas também quer dizer não foi isso apareceu já e eu tenho isso historiado no livro e ficamos a perceber no livro que de facto há há várias direitas e talvez uma só definição seja também difícil Jaime Nogueira pinto muito obrigada por esta conversa aqui a propósito do livro que acaba de lançar de que falamos quando falamos de direita é a pergunta lançada neste livro [Música] se gostar deste podcast pode seguir dar cinco estrelas e comentar o episódio na Apple podcasts ou no Spotify pode também subscrever e gostar no YouTube Assim recebo uma notificação sempre que houver um novo episódio
1 comentário
Um dos gurus da extrema-direita. Colaborou por exemplo, na feitura do "Dicionário Político do Ocidente" , uma obra aberrante.
(O verbete dedicado a Hitler diz que este foi o maior e NADA consta sobre a Guerra, apenas que os EUA e a "Rússia" entraram no conflito em 1941 e a Alemanha bateu em retirada …..Sintomático.