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o 25 de Novembro foi sempre um tema que causou divisão no país a ação militar que pôs fim ao prec levou à estabilização da vida política e passou a ser Para muitos o verdadeiro dia do nascimento da democracia em Portugal mas Apesar da pouca unanimidade O parlamento aprovou em Junho deste ano que o 25 de Novembro seja assinalado todos os anos na Assembleia da República com uma sessão solene proposta partiu do cdspp teve votos a favor de toda a direita com toda a esquerda a votar contra exceto o pan que se absteve agora há poucos dias dessa sessão solene já sabemos que o Partido Comunista não vai estar presente e com a questão a fazer-se em vários quadrantes do setor partidário faz sentido fazer uma sessão solene no Parlamento para comemorar o 25 de Novembro é essa a pergunta que serve de ponto de partida para o debate desta semana juntou-se a nós dois antigos deputados da Assembleia da República de um lado do PSD temos Ângelo correia do outro do outro lado aliás do PCP temos João Ferreira a moderação deste causa própria como sempre é do jornalista André Maia Ângelo Correia João Ferreira bem-vindos obrigado por ter aceitado o nosso convite para estar aqui neste sábado a debater antes de vos passar a palavra porque temos muito que que falar relembro que agora o causa própria também é alargada aos nossos ouvintes seguidores do Observador temos como sempre uma publicação dedicada a este Episódio na nossa conta de Instagram em @ observador fazemos a pergunta aqui em debate com uma votação que está aberta desde ontem para também os nossos ouvintes e eleitores seguidores poderem responder a esta pergunta por aqui falamos então com Ângelo Correia e João Ferreira e começo por ti por si Ângelo Correia bem-vindo Bom dia par si faz sentido haver uma sessão solene no Parlamento para assinalar o 25 de Novembro Pois é uma questão que eu tenho algumas dúvidas eh porque atribuir ao 25 de Novembro uma importância histórica é um facto mas eu talvez não a pusesse no mesmo pé de igualdade com o 25 de Abril já que o 2 de Abril foi de facto e pela extensão Nacional pelas reformas que promoveu para a alteração de tudo foi um momento de rotura na sociedade portuguesa portanto momento de rotura positiva o 25 de novembro não é tanto uma rotura uma correção do caminho que tinha sido empreendido durante 1975 portanto de facto o Marco histórico aquilo que simbolicamente a história guardará deste deste período que atravessamos é que o 25 de Novembro é o essencial o o o o 25 de Abril é o essencial o 25 de Novembro é uma continuidade do 25 de Abril no sentido de correção de Um percurso histórico que tinha sido pervertido em 1975 e que através do 25 de Novembro é reposto uhum João Ferreira Bom dia bem-vindo também faço a mesma pergunta para si se faz sentido haver uma sessão solene no Parlamento para assinalar o 25 de Novembro Bom dia quero começar por cumprimentar vos cumprimentar todo o auditório Dr Ângelo Correia também nós para responder essa pergunta temos de procurar identificar Quais são os objetivos desta operação do ponto de vista dos seus promotores faz ido muito embora o que se quer fazer o que a direita que propôs esta comemoração no Parlamento quer fazer não é história não é evocar factos passados o que a direita quer fazer é política e fazer política no presente reescrevendo a história nesse sentido nós estamos perante muito mais do que uma sessão nós estamos perante uma operação que de facto quer hoje 50 anos depois do 25 de Abril 49 anos depois do 25 de Novembro anos em que nunca se assinalou eh desta forma e eh esta data aquilo que se quer é intervir passado todos estes anos para sobretudo a partir como muito a partir de setores revanchistas muitos reacionários que não se conformaram nem se conformam com o que são aspectos que o regime democrático preserva do 25 de Abril que no essencial as conquistas os valores os ideais da revolução de Abril continuam presentes desde logo na nossa Constituição da República e há setores da sociedade Portuguesa que nunca se conformaram com ISO is e que não é por acaso que é neste momento em que nós temos no atual contexto uma expressão de forças de direita e de extrema direita reacionárias revanchistas maior do que noutros momentos é julgam ser esta a oportunidade para um acerto de contas tardio com aquilo que nunca aceitaram do 25 de abril e esta sessão solen deve ser vista inserida Como estando inserida nesta operação mais vasta e desse ponto de vista do ponto de vista da aques que a promovem eh entenderão que faz sentido agora do ponto de vista e de Evocação de de factos históricos da Verdade histórica nós estamos perante uma grotesca operação porque de facto aquilo que se está a fazer não é volto a dizer não é fazer história não é assinalar o que foram factos passados é uma grotesca operação de reescrita da história em que aqueles que se envolveram no 25 de Novembro mas que não conseguiram que o 25 de Novembro fosse aquilo que eles queriam fosse querem eh passados estes anos todos reescrever a história e dizer que mesmo o 25 de Novembro foi aquilo que não foi uhum ul Correia o 25 de de Abril Como disse é um momento que recolhendo mais ou menos simpatia por partido x ou Y acaba por ser um um momento unânime no caso do 25 de Novembro eh olhando por exemplo para a proposta para as celebrações do CDs foi aprovada unicamente pela direita rejeitada totalmente pela esquerda com a abstenção do do Pan H pergunto se uma sessão solene no Parlamento pode ser visto ou pode ser vista e como uma imposição de uma narrativa só de um lado da história aqui pegando nesta neste ponto que falava o O João O João Ferreira se pode ser visto também como um escrever a história o facto de estarmos apenas a fazer uma celebração que é neste caso apoiada ou teve apenas o apoio da direita eu e o facto de de haver partidos quiseram fazer uma cerimónia oficial na Assembleia da República Não é questão que me preocupe não é isso que me interessa discutir nem vou discutir vou discutir a história o que é que aconteceu as razões anteriores e atuais que isso é que eu estive envolvido participei e conheço em 1974 o 25 de Abril deu uma ideia de esperança de luz de democracia de liberdade a partir de janeiro de 75 eh a declaração da unicidade sindical levou da me lembro tão bem os dois grandes discursos Francisco salgado desenha e Manuel Alegre a chamar a atenção para o desvio da Democracia que estava a travar segundo há uma operação Militar de 11 de Março que leva a que imediatamente a seguir o governo declara a nacionalização de todos os setores praticamente todos os setores produtivos colocando Portugal num esquema político análogo ao das democracias socialistas ou seja da União sov S ética tudo isso aconteceu com a tolerância digamos a tensão existente a partir de certa altura digamos a partir de abril de Maio Junho há uma cisão no movimento militar e é precisa aí perceber uma questão histórica as forças armadas portuguesas naquela altura eram forças de conscrição Isto é o país o país não eram profissionais e ao serviço militar obrigatório através dele tinha participação direta na vida militar e foi nessa altura que se percebeu uma realidade que já se tinha percebido no 25 de Abril é que os movimentos militares não são autónomos da sociedade projetam as lutas projetam as tensões projetam as esperanças e as desilusões da sociedade Quem fez o 25 no foram os militares mais uma vez fizeram o 25 de Abril fizeram o 25 de novembro e fizeram num sentido revisão daquilo que durante 75 encaminhou Portugal não para a liberdade Mas para a intolerância e para a ditadura de novo uhum palavras não são minhas são de Mário Soares é por isso que o 25 de Novembro foi celebrado sobretudo e em primeiro lugar PS PSD os dois mais importantes partidos Ora bem desviar historicamente falar de mistificação hoje perante a verdade histórica ser os dois grandes partidos nacionais conduziram a luta é esquecer a luta e a história mais dizer hoje colocar hoje que a intenção é reverter reescrever a história no sentido de hoje se provocar alterações fundamentais na textura política é esquecer outras três coisas primeiro o resultado das eleições as primeiras em 1975 aliás em 76 mostraram já qual era o sentimento que nós tínhamos aliás desculpa armá para concluir corre para passarmos ao para concluir é para perceber duas coisas primeiro não há nem pode haver nenhuma intenção de se mudar a história reescrever a história porque ele está a fazê-lo hoje em dia ao partido comunista dos seus amigos dizendo que não houve nada que isto era um golpe de direita não isso foi um movimento Maitá entre minoritários que refletiram o sentimento da sociedade e o resultado foi a conção de 76 se dizer que o golp do do 25 de novembro é um golpe terrível para a democracia é esquecer que a sua consequência foi a constituição que até o PCP votou uhum PP votou aquilo que eu votei em 76 foi a constituição que decorreu do 25 de novembro o que acontece é que o primeiro pacto do mfa jul Correia vou ter mesmo de passar a palavra ao João Ferreira para equilibrar aqui um bocadinho um bocadinho os tempos João Ferreira H pegando nisto que disse obviamente o anulo Correia mas gostava de lhe perguntar o 25 de Novembro recolhendo mais ou menos simpatia eh sendo reconhecido de uma ou outra forma acabá por ser um momento importante na história eh política em Portugal o PCP eh rejeitar esta ação solene e não estar presente nesta ação solene não está a desvalorizar também a importância da história da democracia em Portugal Olhe eh falemos de verdade histórica eu ouvi o Dr Ângelo Correia falar de de verdade histórica eh e e terei de percorrer algum dos aspectos que ele foi mencionando talvez comece pelo fim quando ele começou por dizer quando ele disse que aprovou a Constituição de 1976 É verdade ela foi aprovada depois do do 25 de Novembro uma constituição votada P PSD É verdade que previa por exemplo a irreversibilidade das nacionalizações que foram feitas e portanto essa ideia que o Dr Ângelo Correia aqui trás que as nacionalizações eram um perigoso desvio no sentido de uma ditadura socialista Eu recordo foram os países no essencial os países da Europa Ocidental capitalistas não socialistas que no pós-guerra cons iram um amplo setor Empresarial do Estado nacionalizando empresas que eram privadas portanto não foi mas mas mas não obstante a constituição aprovada em 76 bem depois do 25 de Novembro previa ela própria o PSD votou a favor como o PS também a irreversibilidade do processo das nacionalizações a reforma agrária a construção de uma sociedade socialista sem classe portanto falando de verdade e de mentira é bom que 50 anos passados nós nos vamos esclarecendo sobre de que lado está uma e está a outra eh mais vencedores do 25 de Novembro eh o o Tem havido uma uma uma uma tentativa recorrente de situar quer PSD quer PS Como estando nos vencedores do 25 de novembro o 25 de Novembro eh resultou de uma Coligação muito heterogenia que embarcar que incluía inclusivamente setores e que vinham do antes do 25 de Abril é bom a gente não se esquecer que é verdade que o 25 de Abril uniu o povo português mas ele fez contra algo e contra alguém e e as pessoas e os interesses contra quem ele se fez não desapareceram no dia seguinte da sociedade portuguesa continuaram a atuar a intervir a conjuminar recorrendo inclusive ao terrorismo bombista toda aquela catrefa de mdlp zeles Marias da fonte estiveram presentes foram forças que tiveram presentes no 25 de Novembro simplesmente não foram esses setores que prevaleceram foram os setores e que se foram protagonistas Vasco Lourenço ranes Costa Gomes Mel Antunes e é bom ver o que disseram esses personagens ao longo da história esses protagonistas sobre posicionamento de outros protagonistas inclusivamente PS e PS João Ferreira para responder à minha pergunta para agora em nome da Verdade histórica o PPD do Ângelo Correia a seguir ao 25 de Novembro logo no dia seguinte Estava a fazer um comunicado a dizer que era inaceitável que os comunistas continuassem no governo provisório como continuaram o CDs também eu dizer que era inaceitável e que ele próprio é que deveria ir parao governo provisório Portanto o CDs que agora propõe esta são solen e faz do 25 de Novembro aquilo que ele verdadeiramente não foi verdade histórica Temos mesmo de avançar dizer estas coisas agora o essencial não é isto o essencial porque Quem promove isto não quer fazer história volto a dizer quer fazer política quer fazer política no presente reescrevendo a história e é isso que deve neste momento preocupar todos os Democratas todos os verdadeiros Democratas e rechaçar esta e esta operação dos setores mais revanchistas e inconformados com o 25 de Abril que a sociedade portuguesa tem e que Neste contexto n nas atuais circunstâncias adquiriram uma força eh que lhes permitiu fazer isto mas não estarão de mãos livres certamente sei que o tempo é é pouco e infelizmente vai vai correndo muito rapidamente eh gostava apenas de voltar àquilo que disse ao início ou seja temos aberta uma votação já desde o dia de ontem aberta para os nossos ouvintes também leitores e seguidores do Observador em que deixávamos exatamente a mesma pergunta que vos colocamos avós Angelo Correia também João Ferreira se faz sentido Celebrar o 25 de Novembro com uma sessão solene no Parlamento ora dizem os seguidores do Observador 86% diz que sim eh 14% diz que não que não faz sentido haver uma sessão Soler sessão que vai acontecer já esta segunda-feira daqui a dois dias no próximo dia obviamente 25 de novembro vai acontecer então essa primeira sessão solen no Parlamento Ângelo Correia João Ferreira Infelizmente não temos tempo para mais mas agradeço muito a vossa disponibilidade paraar aqui connosco obrigado obrigado